Essa história de que Jarbas se preparava ou se posicionava para ser o vice de José Serra surgiu nos meios subjornalísticos — aquela geste esquisita que, na expressão de Millôr, já empregada aqui hoje, é livre como um táxi. É a turma assalariada do oficialismo, que está na folha de pagamentos de empresa pública.
Jarbas ser obrigado a negá-lo tem um quê, ou muitos quês, de absurdo. Por quê? O vice de Serra terá de sair de um partido — o mais provável é que venha do DEM. Poderia sair do PMDB? Ora, claro!, se o PMDB, oficialmente, fosse fechar com o tucano, coisa de que duvido. A menos que haja um cataclismo econômico, que empurre ladeira abaixo a popularidade de Lula — o que é improvável —, o PMDB continuará firmão na base do governo. Até porque uma aliança com a oposição implicaria a desocupação da máquina pública, a entrega de milhares de cargos.
O partido vai em peso para a candidata de Lula? Não! Não vai. Jarbas Vasconcelos é a melhor evidência disso. Grande parte do PMDB de São Paulo, também. Haverá outras defecções, sempre de olho nos números das pesquisas. Ora, não podemos garantir se será o PSDB ou o PT a liderar o próximo governo. A única coisa certa é que o PMDB estará lá. Com Serra ou com Dilma. Se o tucano se consolida e dispara nas pesquisas, o partido cristianiza a petista antes de o galo cantar três vezes. Mas volto.
Ainda que o PMDB viesse a ter o vice na chapa de Serra, Jarbas certamente não seria o homem escolhido pelo partido. Quando essa hipótese foi aventada, procurava-se atribuir à já histórica entrevista do senador concedida à VEJA alguma motivação especial que não a que está lá expressa: o seu inconformismo com a corrupção de valores e a corrupção ela-mesma, que tomam conta da política.
O alcance de suas palavras vai muito além das urnas de 2010. Querer reduzi-las a uma disputa pelo poder corresponde a negar os fatos óbvios que elas denunciam.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo (Veja online)
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