sábado, março 07, 2009

Protogenes bisbilhotou até a vida amorosa de Dilma- 07/03/2009


Documentos provam que delegado espionou autoridades.
Ele disse a agentes da Abin que agia a 'pedido' de Lula.

A CPI do Grampo recebeu na última quinta-feira (5) o material extraído de um laptop e de um pen drive do delegado Protógenes Queiroz.
Os equipamentos foram apreendidos pela Polícia Federal, em novembro de 2008, num apartamento utilizado por Protógenes no Rio de Janeiro.
Continham o produto de um surpreendente esquema de espionagem cladestina montado por Protógenes à margem da Satiagraha.
O repórter Expedito Filho manuseou o kit de Protógenes: 63 fotografias, 932 arquivos de áudio, 26 arquivos de vídeo e 439 documentos em texto.
A PF chegou aos arquivos eletrônicos de Protógenes numa batida policial em que buscava provas da ação ilegal do delegado, convertido de investigador em investigado.
O resultado do arrastão policial foi dividido pela PF em duas partes. Numa foram colecionadas peças do inquérito da Satigraha, que investigou Daniel Dantas.
São relatórios policiais, gravações telefônicas, vídeos e transcrições que deveriam estar nos autos do inquérito, não na casa do delegado.
A segunda parte do material reúne o pedaço clandestino da engrenagem de bisbilhotice montada por Protógenes.
Há gravações telefônicas de arapongas da Abin com dirigentes da agência, fotos e imagens de pessoas que não estavam sob investigação.
Há também informes de agentes da Abin sobre a vida íntima e profissional de autoridades como Dilma Rousseff e ex-autoridades como José Dirceu.
Por último, há documentos que, protegidos por senhas de acesso, ainda não foram abertos pela PF. Os títulos revelam os alvos: “Tucano”, “FHC” e “Serra”.
Nos seus contatos com a turma da Abin, empurrada para dentro da Satiagraja com o beneplácito do ex-diretor Geral Paulo Lacerda, o delegado se dizia a serviço de Lula.
Em depoimento à PF (veja documento lá no alto),o araponga Lúcio Fábio Godoy de Sá contou que Protógenes o chamou à sala dele.
Explicou que “tratava-se de uma investigação que envolvia espionagem internacional”. Daí o envolvimento da Abin no caso.
Disse mais: “A investigação era de interesse do presidente da República”.
Disse Pior: Que Lula “queria essa investigação porque até o próprio filho do presidente teria sido cooptado por essa organização criminosa...”
O filho a que se referiu Protógenes é Fábio Luís. A alegada “cooptação” talvez seja uma referência a um contrato de 2004.
Foi celebrado entre a Brasil Telecom, à época controlada por Dantas, e a Gamecorp, empresa do primogênito de Lula. Rendia a Fábio Luís R$100 mil por mês.
Vão abaixo exemplos do que foi extraído do computador e do pen drive de Protógenes:
1. Dilma Rousseff: A chefe da Casa Civil, candidata de Lula à presidência, foi espionada pela equipe de arapongas a serviço de Protógenes. A ação é descrita em documento que descreve, em termos grosseiros, até supostas relações amorosas da ministra. O parceiro de Dilma é identificado no texto.
2. José Dirceu: Os arquivos de Protógenes revelam interesse também pelo antecessor de Dilma. José Dirceu é apelidado nos textos de “Zeca Diabo”. Referência ao pistoleiro da novela O Bem Amado. Traz detalhes da movimentação de Dirceu. Coisas assim: “Embarcou ontem, 17/04, para o Panamá. De lá, segue um roteiro internacional de negócios até 10 de maio”. Há referências a supostos negócios de Dirceu e encontros que ele teria mantido com réus do escândalo do mensalão.
3. Mangabeira Unger: Protógenes e sua equipe escarafuncharam as relações do ministro da secretaria de Planejamento de Longo Prazo com Daniel Dantas. Laços conhecidos, que tiveram de ser desfeitos antes da entrada de Mangabeira no governo. Um dos documentos chama-se “Confidencial e Privilegiado". É datado de 11 de janeiro de 2005. Outro texto, “Caso Mangabeira”, traz cópias de contratos assinados entre o professor e o Opportunity de Dantas. Estampa também planilhas de pagamentos feitos pelo banqueiro a Mangabeira entre 2002 e 2005. Menciona, de resto, viagem Mangabeira a Nova York, em 29 de janeiro de 2004, supostamente para se encontrar com arapongas da Kroll, agência de investigação contratada por Dantas para espionar seus adversários.
4. “Políticos associados”: Os textos apreendidos na máquina de Protógenes incluem nessa cateria de “políticos associados” ao Opportunity de Daniel Dantas Mangabeira Unger e dois senadores: Heráclito Fortes DEM-PI) e ACM Jr. (DEM-BA).
5. Pantomima da foto: Em relatório de 12 de junho, com a logomarca da PF e o carimbo de “confidencial”, Protógenes diz estar sendo “alvo de constantes vigilâncias”. Cita episódio ocorrido na noite da véspera, no restaurante Original Shundi, em Brasília. Conta que jantava no estabelecimento quando entrou Nélio Machado, o advogado de Daniel Dantas. Sentou-se em mesa próxima, junto com "pessoas não identificadas". Diz o texto: "[Os advogados] passaram a se comportar em (sic) atitudes suspeitas, o que por dever de ofício obrigou o DPF Queiroz a sacar o celular e fazer o registro fotográfico das pessoas que ali se encontravam". As fotos foram ao computador de Protógenes. O delegado fez circular a versão de que, entre os acompanhantes de Nélio Machado, estavam assessores do presidente do STF, Gilmar Mendes. Era conversa mole. A PF identificou os personagens das fotos. Não há entre eles nenhum auxiliar de Gilmar Mendes.

Fonte: Blog do Josias de Souza(Folha online, 07/03/2009)

Nenhum comentário: