sábado, março 14, 2009

Encontro de Lula e Obama ou Muito Baruilho por nada

Visita de Lula aos EUA põe América Latina no mapa de Obama

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington tem servido para colocar no radar do novo governo de Barack Obama não só o Brasil mas a América Latina, região que vem sendo deixada no pé das prioridades do democrata em seus primeiros 50 dias no cargo. Horas antes do encontro entre os dois líderes, que acontece hoje, a Casa Branca anunciou oficialmente o primeiro posto para a área.
É o enviado especial ao 5º Encontro das Américas, que acontece em Trinidad e Tobago de 17 a 19 de abril, que será ocupado pelo diplomata Jeffrey Davidow. Ele ocupou embaixadas na região sob Bill Clinton (1993-2001). A cúpula será a primeira vez que o presidente norte-americano tomará contato com a maioria dos líderes latino-americanos.
Obama anunciou também que o vice-presidente, Joe Biden, vai ao Chile no fim do mês, onde se encontrará com Lula, a chilena Michelle Bachelet e a argentina Cristina Kirchner. Por fim, voltou a circular rumor de que o presidente democrata aproveitaria a viagem ao 5º Encontro para visitar mais dois países da região, na qual ele nunca colocou os pés.
O Brasil estaria na lista, talvez Manaus. O assessor de Segurança Nacional de Obama, o general reformado James Jones, teria recomendado a visita. A Casa Branca diz que não há nenhuma decisão tomada ainda quanto a viagem para o país.
Nos últimos dias, o governo brasileiro vem dizendo que aproveitará o encontro, o primeiro de um líder latino-americano desde a posse de Obama, para tentar mudar a conturbada relação norte-americana com países como Bolívia, Cuba e Venezuela. "Nós valorizamos o interesse do Brasil", disse Shannon. "Esse é um aspecto importante da diplomacia brasileira já há algum tempo." Isso não quer dizer, afirmou, que as demandas serão aceitas.
À Folha, Mike Hammer, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC), que auxilia as políticas de Defesa e relações externas de Obama, disse que o Brasil era um "líder-chave regional", com o qual os EUA compartilhavam "amplo leque de metas". Mas citou outros "parceiros-chave hemisféricos", como México, Canadá e Argentina.
Lula chegou, na noite de ontem, à Base Aérea Andrews, em Maryland, Estado vizinho a Washington, mas não quis dar entrevista. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, falou sobre a expectativa do encontro. "Relação pessoal é importante. O presidente [Lula] tem facilidade de estabelecer esses vínculos", afirmou.

Protecionismo não é saída, afirma Lula antes de ver Obama

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende atacar o protecionismo dos países ricos no encontro que terá hoje em Washington com o colega Barack Obama, informa Clóvis Rossi, em matéria publicada na Folha (a reportagem está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL).
Antes de embarcar para os EUA, Lula afirmou em entrevista no Planalto que o protecionismo é "um desastre para a economia mundial" no médio prazo. "Não é possível que o mundo rico, que passou meio século dizendo que era preciso ter livre comércio, no primeiro calo que começa a doer, ache que tem que voltar ao protecionismo".
O presidente defenderá uma ordem mundial de mais equilíbrio entre ricos e emergentes. Ele pretende dizer que sua maior preocupação é a retomada do crédito internacional e que os ricos "precisam aprender a tomar conta dos seus bancos".
Na véspera do encontro com o Obama, Lula disse que o sistema financeiro americano "promoveu o maior desastre das finanças" que o mundo já viu. "Todos nós sabemos que a crise se originou nos Estados Unidos, que foi o sistema financeiro americano que promoveu o maior desastre das finanças que nós já vimos e, consequentemente, isso mexeu com grande parte do mundo", afirmou.
O presidente brasileiro vai defender, no encontro com o Obama, mudanças no sistema de crédito que permitam à população ter acesso a empréstimos. "Hoje, o maior problema significa ausência de crédito no mundo, ou seja, o dinheiro desapareceu. O que eu quero conversar com o presidente Obama de forma muito franca é como fazer para restabelecer o crédito internacional. Não é um crédito do Estado para o Estado, mas crédito para quem quiser tomar dinheiro emprestado."
Além do encontro com Obama, Lula pretende discutir a crise econômica com líderes internacionais durante reunião do G-20, marcada para abril. "Tudo isso vai ser possível no G-20. Por isso que continuo com o meu otimismo, continuo acreditando."

Morales saúda reunião de Lula com Obama, mas pede "respeito"

O presidente boliviano, Evo Morales, saudou nesta sexta-feira a gestão de seu colega Luiz Inácio Lula da Silva junto ao líder dos Estados Unidos, Barack Obama, para melhorar a relação de Washington com a região.
"Saúdo a iniciativa do companheiro Lula", disse Morales em La Paz sobre a possível gestão do líder brasileiro no seu encontro deste sábado com Obama, em Washington, em favor de Bolívia, Cuba e Venezuela.
Morales destacou que Lula "fará isto por iniciativa própria, e não a seu pedido", mas reconheceu que a gestão "é bem-vinda".
"Algo que devem saber, tanto Lula como Obama, é que qualquer relação bilateral [com os EUA] tem que ser baseada no respeito", disse Morales. "Não vamos aceitar chantagem, condições, e muito menos complôs e conspirações, nem vamos aceitar, como antes, essa chamada cooperação ou que se subordinem créditos, por exemplo, à privatização dos nossos recursos naturais ou dos nossos serviços básicos."
As relações entre Bolívia e os Estados Unidos estão em um momento crítico, com a recente expulsão de Francisco Martinez, um diplomata americano a quem Morales acusa de conspirar contra o seu governo e de ter relações com a CIA (central americana de inteligência).
Washington negou as acusações e advertiu Morales que suas atitudes não contribuem em nada para melhorar as relações entre os dois países, que, de acordo com os EUA, estão "em estudo".
Seis meses atrás, Morales também expulsou, sob a mesma acusação, o embaixador americano, Philip Goldberg, e proibiu as atividades da DEA (agência antidrogas americana) na Bolívia
Morales afirma que a oposição, com o apoio da embaixada dos Estados Unidos em La Paz, deflagrou "um golpe de Estado civil contra seu governo, quando invadiu repartições públicas e ocupou aeroportos em cinco das nove províncias da Bolívia, em setembro passado.
Após a expulsão de Goldberg, o governo dos EUA reagiu, expulsando o embaixador boliviano, Gustavo Guzman. Os americanos também suspenderam os benefícios tarifários concedidos aos países andinos para recompensar os seus esforços na luta contra o tráfico de drogas.

Reunião entre Obama e Lula é "reconhecimento da ascendência do Brasil", diz secretário americano

A reunião entre os presidentes Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva, neste sábado na Casa Branca, é um "passo importante e espectacular" nas relações entre Estados Unidos e Brasil. Essa é a avaliação do secretário para América Latina do departamento de Estado, Tom Shannon.
"Acreditamos que será um passo para a frente importante e dramático", disse Shannon em uma entrevista coletiva. "É um reconheciento da ascendência do Brasil no mundo."
Entre os temas que serão abordados por Lula e Obama em sua primeira reunião bilateral estão energia, a próxima cúpula do G20 e a cúpula das Américas, disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

Indicado por Obama critica Brasil nos EUA às vésperas de encontro

O indicado por Barack Obama para suceder Susan Schwab no comando do USTr (uma espécie de Ministério do Comércio Exterior), Ron Kirk, fez críticas ao Brasil às vésperas do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o colega norte-americano.
Na sabatina a que foi submetido pela Comissão de Finanças do Senado dos EUA, Kirk, que foi prefeito de Dallas, disse que o Brasil, além da Rússia, da China e da Índia, não pode reclamar do "Buy American" (compre produtos americanos, em tradução livre) porque adota políticas semelhantes.
"China, Rússia, Brasil e Índia mantêm políticas "Buy National" que restringem significativamente a participação das empresas dos EUA nas suas aquisições. Os Estados Unidos não têm obrigação de deixar nenhum país participar nas compras governamentais a não ser que esse país tenha concordado em permitir acesso recíproco e justo para os fornecedores americanos nas aquisições deles", disse Kirk aos senadores.
No final de fevereiro, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, reclamou de emenda protecionista para sua colega americana, a secretária de Estado Hillary Clinton. "Eu disse que é preciso que nós encontremos uma maneira de defendermos o emprego nos nossos países sem criarmos problema de emprego para os outros países, porque, se não, o problema volta para nós."
O "Buy American" é a medida do pacote de US$ 787 bilhões aprovado no mês passado para estimular a economia do país que exige que todas as suas obras usem aço, ferro e itens manufaturados dos EUA ou de parceiros em tratados comerciais, o que exclui os quatro emergentes. A única exceção é se o custo da obra encarecer mais de 25% devido ao uso de produtos norte-americanos.
Kirk disse ainda que o sucesso da Rodada Doha, de liberalização do comércio global, depende se mercados emergentes importantes como o Brasil, a China e a Índia vão se comprometer a abrir mais seus mercados. A rodada começou em 2001 e está travada depois dos fracassos das negociações no ano passado. O ex-prefeito de Dallas foi aprovado ontem pela comissão do Senado, mas ainda precisa ser referendado por toda a Casa para assumir o USTr.

Política de Obama para Brasil "será infinitamente melhor", diz Lula a "WSJ"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse esperar que as políticas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para o Brasil sejam melhores do que as do ex-presidente George W. Bush, em entrevista exclusiva ao jornal americano "The Wall Street Journal", publicada nesta quarta-feira, três dias antes do primeiro encontro entre os dois líderes, em Washington.
"As políticas de Bush para o Brasil eram dignas. Mas creio que elas serão infinitamente melhores com Obama", afirmou Lula.
Segundo o jornal, a "trajetória incomum" do brasileiro até o poder pode favorecer a relação entre os dois presidentes.
"Lula deixou a escola e trabalhou como operário, perdendo um dedo em um acidente de trabalho. Sua trajetória dá a ele uma enorme reserva de boa vontade em uma região onde há um enorme racha entre ricos e pobres", diz o Wall Street Journal. "As origens humildes de Lula também fazem aumentar as expectativas de que ele consiga estabelecer um relacionamento especialmente produtivo com Obama, cujo passado tampouco previa a chegada ao poder."

Lula dirá a Obama que cabe à Justiça definir disputa por menino filho de americano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrará com o colega americano, Barack Obama, no próximo sábado (14), em Washington. Caso Obama aborde a disputa pela guarda de um menino de oito anos, filho de um americano, e que está no Brasil com a família da mãe, Lula dirá que o assunto deve ser resolvido pela Justiça, informa reportagem de Letícia Sander, Kennedy Alencar e Denise Menchen publicada na edição desta terça-feira da Folha de S.Paulo (a íntegra da reportagem está disponível para assinantes do jornal e do UOL).
O assunto ganhou repercussão na imprensa americana e é tratado como fator de estresse diplomático com o Brasil. O assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, diz, no entanto, que o governo brasileiro não acredita que Obama toque no tema.
O pai do garoto, o americano David Goldman, vivia com a brasileira Bruna Bianchi em Nova Jersey desde 1999 --o menino nasceu em 2000. Segundo ele, em 2004, Bruna levou o menino ao Brasil de férias, mas, ao chegar ao país, avisou que queria o divórcio e que manteria o filho no Rio. O pai diz que a criança é mantida ilegalmente no Brasil.
Goldman disputa a guarda do menino. No ano passado, a brasileira morreu após o parto de sua filha com o segundo marido. O padrasto, João Paulo Lins e Silva, é quem hoje detém a guarda do filho de Goldman.
No começo deste mês, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, aumentou a pressão contra o Brasil ao pedir a devolução do garoto. Na ocasião, em entrevista à rede americana NBC, Hillary disse que já levou o assunto "aos níveis mais altos" do governo brasileiro.

Obama quer mais petróleo de Lula e menos da Venezuela, diz "El País"

Brasil e os Estados Unidos estariam mantendo contatos informais com o objetivo de fechar um acordo para aumentar a exportação de petróleo e derivados brasileiros para o território americano, segundo informa, nesta segunda-feira, o jornal espanhol "El País".
Segundo o diário, o governo de Barack Obama quer pôr fim à sua dependência energética com a Venezuela. "Se o pacto comercial se concretizar --algo que hoje depende unicamente do Brasil-- a consequência mais direta será o deslocamento da Venezuela do mercado energético americano, onde atualmente consegue colocar entre 40% e 70% de sua produção petrolífera", afirma o El País.
O jornal diz que recebeu de fontes diplomáticas e governamentais de Brasília a confirmação de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse em aumentar a presença brasileira no mercado americano de hidrocarbonetos, "mesmo que isso implique em uma colisão frontal com os interesses venezuelanos".
"Tudo dependerá da quantidade de petróleo que a Petrobras consiga bombear nos próximos anos dos poços perfurados nos litorais de Rio e São Paulo, assim como do marco jurídico que Washington e Brasília assinem", diz o jornal.
O "El País" afirma que suas fontes em Brasília insistem em que o primeiro objetivo do governo Lula com os recém-descobertos campos de pré-sal é abastecer totalmente o mercado interno e deixar de depender das importações. "Uma vez atingida esta meta, a Petrobas entrará na rinha pelos mercados mundiais de hidrocarbonetos e derivados. Por causa da proximidade geográfica e da fluidez do diálogo político que já estabeleceu com o novo presidente, os EUA se convertem no grande comprador natural do 'ouro negro' brasileiro."
O jornal lembra que 11% das importações americanas de petróleo vêm da Venezuela, mas que o governo dos EUA já está "de olho" há meses nos novos campos de petróleo encontrados no Brasil, tendo, inclusive, reativado sua frota para a América do Sul e o Caribe, composta de 11 embarcações.
"Ainda que não se conheça as reservas exatas, sabe-se que o petróleo encontrado no litoral brasileiro é abundante: se forem cumpridas as previsões, o Brasil passará a ser o oitavo ou o nono produtor do planeta", diz o diário espanhol. "A previsão é que haja petróleo para exportar não só para os EUA, como também a outros países que já se mostraram interessados, como a China e o Japão."
Mas o "El País" afirma que o Brasil teria um interesse maior em vender derivados, como a gasolina, "o que é mais rentável do que a venda de barris de petróleo cru".
"Isso explica por que Lula decidiu apostar em uma grande injeção de capital na Petrobras, para a construção de quatro novas refinarias e na ampliação de outras tantas já existentes", diz o jornal. "O negócio já está andando."

Após cirurgia, Alencar assume Presidência durante viagem de Lula aos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Enquanto estiver discutindo os efeitos da crise financeira mundial em Washington, a Presidência da República ficará sob o comando do vice-presidente José Alencar.
É a primeira vez que Alencar assume a presidência desde que voltou ao trabalho, depois da retirada de tumores na região abdominal. O vice retornou ao Palácio no Planalto no último dia 2 deste mês para participar da reunião de coordenação política. A volta foi comemorada pelo presidente Lula e os ministros presentes à reunião.

Lula e Obama têm trajetórias semelhantes, diz Dilma

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que ''guardadas as proporções, os dois (presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o líder americano, Barack Obama) têm trajetórias semelhantes''.
A ministra chegou na sexta-feira (13) à noite a Washington, acompanhando Lula, que se encontrará com Obama hoje na Casa Branca.
Dilma citou como afinidade entre os dois líderes as mensagens oferecidas por Obama em sua campanha presidencial.
''A campanha dele [Obama] foi uma campanha de mudança, de noção de esperança renovada.''

Obama visto por Gil

O ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, que veio a Washington no mesmo avião que a comitiva brasileira, mas que não integra a delegação do governo, diz que o encontro entre Lula e Obama servirá para que os dois líderes possam 'se perceber' e ''estabelecer o sentido mais direto das percepções que têm um do outro''.
Gil disse que torceu por Obama ao longo da disputa presidencial americana. ''E continuo torcendo pelo trabalho dele, pela afirmação do trabalho dele, que é cada vez mais necessário.''
No entender do ex-ministro, Obama representa ''a emergência de uma mentalidade jovem nos Estados Unidos, preocupada com o futuro da humanidade, em jogar um jogo mais aberto, pluralista''.
Mas Gil afirmou não acreditar que poderá ser incluído na equipe que participará do encontro com Obama. ''Nunca estive com ele, mas claro que gostaria. É um jovem importante, pertencente a uma minoria política que vem historicamente trabalhando para encontrar seu lugar, seu protagonismo.''

Lula se encontra com Obama na Casa Branca em busca de afinidade

Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com Barack Obama na Casa Branca, em Washington (EUA), neste sábado, tornando-se o primeiro presidente latino-americano a se reunir com o presidente americano.
Ambos devem fazer uma declaração à imprensa nesta tarde. Depois, seguem para almoço na embaixada brasileira.
Os presidentes vão tentar iniciar uma relação que deve se estreitar futuramente. De acordo com analistas, mais que buscar acordos específicos, ambos tentarão estabelecer uma afinidade que facilite de um modo geral a relação entre Brasil e Estados Unidos. "Acho ótimo que se conheçam desde o princípio, nos primeiros 50 dias de Obama no cargo", disse à agência Efe Carla Hills, que foi representante de Comércio Exterior dos EUA durante o governo Bush.
Hills destacou que os interesses comuns são grandes. "Os dois países sofrem com a crise econômica e não podem se isolar do resto do mundo. Podemos falar abertamente a respeito do que podemos fazer para fomentar o progresso em nível global e sobre o que, particularmente, nos beneficiará."
O multilateralismo abraçado por Obama é algo que o aproxima de Lula, que tentou tirar o Brasil de seu tradicional retraimento e colocá-lo no centro dos debates internacionais. Os EUA colaboraram com o Brasil principalmente na promoção do etanol e na luta contra a malária e a Aids na África.
Esse vínculo "é um reconhecimento do emergir do Brasil no mundo e achamos que estamos num ponto no qual será possível tornar realidade todo o potencial dessa relação nos próximos meses e anos", disse o secretário de Estado adjunto para a América Latina, Thomas Shannon.
Os líderes também vão conversar comparar as anotações sobre dois fóruns internacionais que estão nas agendas no próximo mês, do G20 (grupo dos países ricos e os principais emergentes).
Tensão
Embora ambas as nações tenham interesses muito parecidos, entre elas também há alguns pontos menores de tensão. Um deles é o comércio. O Brasil protestou abertamente contra a cláusula Buy American (compre produtos americanos, em tradução livre), do pacote de estímulo econômico dos EUA, que privilegia a indústria nacional.
Depois que os principais parceiros comerciais do país reclamaram, o artigo foi modificado e agora especifica que o governo respeitará o tempo todo as obrigações contraídas nos tratados comerciais internacionais.
Outro tema delicado é a tarifa de US$ 0,54 (cerca de R$ 1,24) por galão (3,8 litros) com a qual os EUA taxam o etanol exportado pelo Brasil para proteger os produtores americanos. O governo brasileiro, cujo etanol de cana-de-açúcar é mais barato que o produzido a partir de milho nas destilarias americanas, já pediu várias vezes à Casa Branca que essa barreira alfandegária seja eliminada.
Além disso, um caso familiar surgiu nas relações entre ambos os países. O protagonista dele é Sean Goldman, cuja mãe, Bruna Carneiro Ribeiro, o trouxe para o Brasil há quatro anos, sem nunca mais voltar para os EUA. O pai do menino, David Goldman, luta para recuperar a guarda da criança, que encontra-se com o segundo marido de Bruna, morta há seis meses enquanto dava à luz uma menina.
Segundo Shannon, o polêmico caso chegou ao conhecimento de Obama. E a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, telefonou para Goldman, que está no Rio de Janeiro, para destacar a "importância que o caso" tem para os EUA, acrescentou o secretário de Estado adjunto. A previsão é de que o tema seja abordado no encontro deste sábado entre Lula e Obama.
Um tratado ratificado entre os dois países obriga o retorno de Sean aos EUA, onde as tribunais deverão decidir quem terá a guarda da criança. Porém, o governo brasileiro não quis se envolver no caso. "É um assunto que está na Justiça, que é do direito da família", declarou há algumas semanas em Washington o chanceler Celso Amorim, após uma reunião com Hillary sobre o encontro de amanhã entre os presidentes.
Ambos os governos, no entanto, acham que essas diferenças não amargarão uma relação que promete se desenvolver ainda mais.

"Estou rezando mais por ele do que por mim", diz Lula sobre Obama

Em encontro hoje com a presença da imprensa na Casa Branca, em Washington (EUA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a Barack Obama que reza mais pelo presidente americano do que por ele próprio.
"Com apenas 40 dias de mandato, ter um pepino como esse [a crise financeira]... Eu não queria estar na pele dele", disse Lula. "Ele está parecendo minha mulher falando comigo", brincou Obama, em resposta.
Lula é o primeiro presidente latino-americano a ser recebido na Casa Branca. Ele ressaltou o papel do presidente americano na região. "Obama tem a oportunidade histórica de melhorar as relações com a América Latina e a África", afirmou o presidente brasileiro. O democrata afirmou que espera visitar o Brasil em breve.
À imprensa, ao lado de Obama, Lula destacou ainda pontos que considera importantes para superar a crise econômica mundial, deflagrada nos Estados Unidos.
"O presidente Obama e eu estamos convencidos de que essa crise econômica pode ser resolvida com decisões políticas no próximo G20", disse Lula. "Precisamos restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade no sistema financeiro. Precisamos restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade nos governos. Para isso, precisamos fazer com que o crédito volte a fluir dentro dos países e também facilitar o comércio entre os países."

Lula destaca protecionismo dos EUA; Obama fala em "respeito entre os países"

Em encontro com Barack Obama com a presença da imprensa na Casa Branca nesta tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou mais uma vez a questão do protecionismo adotado pelos Estados Unidos.
"Está claro que, para o tamanho dos dois países, [o comércio entre eles] é muito pouco. [...] O problema é que todo país só quer vender, ou seja, cada país quer ter superávit comercial, e não é possível. O comércio exterior é uma via de mão dupla. Você vende e compra para manter o equilíbrio. E nós precisamos manter isso. Protecionismo, neste momento, agravaria a crise econômica, declarou Lula.
Eu espero que os Estados Unidos e o Brasil possam amadurecer nos seus pensamentos [...] e apresentar ao mundo uma solução para o sistema financeiro, que precisa de regulamentação, e isso é inexorável. O tamanho da regulamentação vamos descobrir. Eu sou otimista", continuou o presidente brasileiro.
Antes, Obama havia afirmado que o objetivo é "não retroceder nos avanços que já aconteceram". "O acordo que nós já conseguimos com o Brasil não pode ser violado. Tenho certeza que o presidente Lula também vai tomar atitudes semelhantes no Brasil para garantir que o comércio mundial não retroceda. [...] Vamos assegurar que o respeito entre os dois países construa um caminho bom para ambos. Não vamos construir muros em torno de nossos países."

Obama fala em possível parceria energética com o Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discutiram sobre alguns dos assuntos de interesse das relações bilaterais como o biocombustível. Na primeira visita de um presidente da América Latina à Casa Branca, Obama informou que considera incrível a liderança do Brasil sobre a discussão do biocombustível.
"Eu tenho uma admiração muito grande pelos passos que foram tomados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do biocombustível. É um investimento que o Brasil vem fazendo há muito tempo. Minha política com relação a isso é dobrar os esforços dos EUA para encontrar também aqui dentro uma energia limpa. Temos que aprender muita coisa com o Brasil", afirmou Obama.
De acordo com Lula, a cada dia que passa o Brasil está provando que o biocombustível é uma alternativa extraordinária e aos poucos os países estarão utilizando os biocombustíveis também. "Eu acredito nisso", disse.
Lula disse ao presidente Obama que deveriam construir parcerias e fazer projetos com terceiros países, sobretudo do continente africano. "As coisas vão andando na medida que as pessoas vão lutando. Ninguém muda de uma hora pra outra a matriz energética. Graças a deus o Brasil já tem mais de 30 anos de domínio tecnológico". O presidente brasileiro vai pedir a Obama que ande em um carro flex quando for ao Brasil. "Ele vai perceber a tranquilidade".
O presidente americano informou que sabe que o tema do bioetanol nos EUA é um motivo de tensão entre os dois países, não vai mudar de um dia para o outro. "Mas eu acho que enquanto continuarmos a construir este intercâmbio de ideias sobre o biodisel, aos poucos esta questão vai se resolver", disse.
Segundo Obama, os dois países têm um potencial de trocar ideias e estruturas muito grande. Lula anunciou que este assunto vai ser discutido em um seminário em Nova York na próxima segunda-feira (16).

Obama diz que EUA "têm muito a aprender com o Brasil" sobre energia limpa

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou neste sábado, durante encontro com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na Casa Branca, que os EUA "têm muito a aprender com o Brasil" no campo da energia renovável e afirmou que pretende usar o vínculo com esse país para "fortalecer" a relação com a América Latina.
"Eu tenho uma admiração muito grande pelos passos que foram dados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do biocombustível. É um investimento que o Brasil vem fazendo há muito tempo. Minha política em relação a isso é dobrar os esforços dos EUA para encontrar também aqui dentro uma energia limpa. Temos que aprender muita coisa com o Brasil", afirmou Obama.

Para Lula, EUA precisam ser parceiros e não fiscais da América Latina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, em Washington, após encontro com o líder americano, Barack Obama, que a relação entre americanos e latino-americanos precisa ser pautada por um "olhar de parceria, não de fiscal''.
Para Lula, por muito tempo o governo dos Estados Unidos agiu como quem ia "combater o narcotráfico ou vigiar alguma coisa, ou combater a luta armada. Isso não existe mais".
Mas o líder brasileiro vê um comportamento distinto por parte do atual presidente dos EUA e acrescentou estar "otimista que a relação do governo Obama com a América Latina e o Brasil vai melhorar muito".
Devido ao suposto novo contexto existente nos EUA e na América Latina, onde segundo Lula, vive-se "uma experiência rica no exercício da democracia", o presidente afirmou que irá propor à Unasul um conselho sul-americano de combate ao narcotráfico.
De acordo com o presidente, a idéia surgiu após um encontro que ele teve com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
Segundo o presidente Lula, os países da região não podem mais ficar "dependendo da ingerência de ninguém numa coisa que temos que resolver pelas próprias mãos".
O comentário foi uma referência às antigas políticas de combate às drogas em países latino-americanos por parte dos EUA.
"Os outros que cuidem de tomar conta dos consumidores. Aí, a gente poderá olhar para a América Latina com um olhar produtivo. Gerar oportunidades para que os países possam crescer."
Lula acrescentou que o Brasil tem mais de 8.000 km de costa marítima, 15 mil km de fronteiras e que, por isso, "estaríamos sendo irresponsáveis se não construíssemos uma parceria para combater o narcotráfico".

Lula pede a Obama aproximação com Cuba, Venezuela e Bolívia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou neste sábado que pediu ao presidente americano, Barack Obama, uma aproximação dos Estados Unidos com Cuba, Venezuela e Bolívia, e que se construa uma nova relação de "confiança e não ingerência" entre Washington e a América Latina.
"Disse ao presidente Obama, e tenho a esperança de que isto vá acontecer, que é preciso que haja uma aproximação com a Venezuela, que haja uma aproximação com Cuba
"Penso que devemos construir na América Latina uma nova relação, uma relação de confiança, de não ingerência, de compartilhar as coisas boas", destacou Lula.
O presidente brasileiro também disse que a eleição de Obama dá uma "oportunidade histórica" para que os Estados Unidos melhorem suas relações com a América Latina, que afirmou que pretende "fortalecer". Esta foi a primeira visita de um presidente latino-americano a Obama na Casa Branca.

Fonte: Folha online

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