domingo, março 15, 2009
No Brasil, 47% dos idosos fazem sexo regularmente- 15/03/2009
Do bolso do microempresário Nélson Oliveira, 66, não sai um tostão para comprar Viagra. E ele garante que, desde que se casou, há 48 anos, transa diariamente com a mulher. Ao lado, Néia, 65, só confirma. "É sim, é sim."
Quando o assunto é desempenho sexual, com frequência se apela a uma testemunha -ainda mais quando quem fala é alguém do sexo masculino e de terceira idade.
Feitas as contas, Oliveira teve com a mulher 17.540 relações nesses quase 50 anos, pontual como um relógio cuco e sem ajuda química.
Esse índice de "abstenção zero" pode gerar polêmica, mas, a julgar pelo Datafolha, a vida sexual após os 60 é mais movimentada do que prega a maledicência popular, que costuma enxergar na terceira idade o fim do erotismo.
Quase metade dos idosos ouvidos na pesquisa declara ter relações sexuais -um quarto deles, uma vez ou mais por semana. Mesmo na faixa dos maiores de 75, 24% se revelaram sexualmente ativos.
Os mais afoitos podem dizer que, com o advento das drogas para disfunção erétil, agora é fácil. Só que 88% dos homens entrevistados dizem nunca ter usado remédio, embora até admitam alguma mudança no desempenho.
Esse índice de "abstenção zero" pode gerar polêmica, mas, a julgar pelo Datafolha, a vida sexual após os 60 é mais movimentada do que prega a maledicência popular, que costuma enxergar na terceira idade o fim do erotismo.
Quase metade dos idosos ouvidos na pesquisa declara ter relações sexuais -um quarto deles, uma vez ou mais por semana. Mesmo na faixa dos maiores de 75, 24% se revelaram sexualmente ativos.
Os mais afoitos podem dizer que, com o advento das drogas para disfunção erétil, agora é fácil. Só que 88% dos homens entrevistados dizem nunca ter usado remédio, embora até admitam alguma mudança no desempenho.
Exemplo: o músico Jurandir Bueno, 62, retratado na capa deste caderno com a namorada, a bailarina Sônia Arakaki, 62, jura que nunca tomou nada e que vai transar até o fim da vida; confia no próprio corpo, diz. Só faz uma ressalva: "O processo é demorado". "Gosto de conhecer bem a pessoa, preciso estar envolvido. Não sou uma máquina!"
Jurandir "pesquisou" a bailarina durante quatro meses, até irem para a cama. "Eu também não estava com pressa. Com a idade, as coisas ficam mais tranquilas", conta Sônia, que foi casada durante 20 anos e tem três filhos.
Reféns do machismo
Em qualquer faixa etária, é previsível uma dose de exagero ou, digamos, de inverdades sobre o desempenho sexual, afirma o geriatra Wilson Jacob Filho, colunista da Folha. Ainda mais quando mexe com alguns tabus da masculinidade. "O que se espera deles é que se mantenham viris, e os que não são suficientemente esclarecidos associam a dificuldade sexual à incompetência, e não a doenças como diabetes, hipertensão, depressão ou problemas na próstata."
Jacob dá um exemplo de como a imagem é fundamental. "Quando o HC tinha o Laboratório da Impotência, atendia dez pessoas. Mudaram o nome para Laboratório da Disfunção Erétil, e o número de pacientes foi para uns 10 mil", conta, rindo.
Em qualquer faixa etária, é previsível uma dose de exagero ou, digamos, de inverdades sobre o desempenho sexual, afirma o geriatra Wilson Jacob Filho, colunista da Folha. Ainda mais quando mexe com alguns tabus da masculinidade. "O que se espera deles é que se mantenham viris, e os que não são suficientemente esclarecidos associam a dificuldade sexual à incompetência, e não a doenças como diabetes, hipertensão, depressão ou problemas na próstata."
Jacob dá um exemplo de como a imagem é fundamental. "Quando o HC tinha o Laboratório da Impotência, atendia dez pessoas. Mudaram o nome para Laboratório da Disfunção Erétil, e o número de pacientes foi para uns 10 mil", conta, rindo.
Na pesquisa Datafolha, a diferença de visão do sexo entre homens e mulheres revela um dado paradoxal: 74% dos homens afirmam ter vida sexual ativa, enquanto 76% das mulheres dizem exatamente o contrário. Considerando que o índice de casados de terceira idade é 47%, com quem eles transam?
Existem várias possibilidades, dizem os especialistas: sozinho (masturbação), com companhias eventuais ou usando outras formas de atingir o orgasmo, sem penetração peniana.
E as esposas "Muitas mulheres consideram sua missão sexual cumprida depois da procriação e acabam consentindo tacitamente que o marido se mantenha ativo", diz Dorli Kamkhagi, da USP.
Embora faça questão de sexo, a cabeleireira Sônia Maria Gonçalves, 63, casada três vezes, três filhos, conta que, com a menopausa, dispensou temporariamente os "serviços" do segundo marido.
E as esposas "Muitas mulheres consideram sua missão sexual cumprida depois da procriação e acabam consentindo tacitamente que o marido se mantenha ativo", diz Dorli Kamkhagi, da USP.
Embora faça questão de sexo, a cabeleireira Sônia Maria Gonçalves, 63, casada três vezes, três filhos, conta que, com a menopausa, dispensou temporariamente os "serviços" do segundo marido.
"Acabou a euforia. Ele foi o homem que mais me ensinou coisas, mas mesmo assim eu não queria saber de sexo. Até disse: 'Pode procurar outra, que comigo não rola'."
Há seis meses, Sônia descobriu um câncer de mama e retirou o seio direito, mas diz que isso não atrapalhou em nada o relacionamento entre ela e o atual marido, que tem 54 anos. "No começo fiquei constrangida, mas ele disse que isso era bobagem e pediu para ver o curativo."A palavra-chave é compreensão, define o empresário Wanderlei Marques, 62, casado há 32 anos. "Quando você é recém-casado, toda hora é hora. É aquela loucura. Mas, como a gente faz muitas vezes, a qualidade fica pra depois."
Ele conta que, em todos esses anos, o período sexual mais difícil foi quando nasceu o primeiro filho. "A mãe, ali, é só da criança. Se você estiver com vontade, vai continuar."
Wanderlei não se incomoda em dizer que usa remédio. "Não adianta dizer que a disposição sexual não cai com a idade. Por sorte, a medicina está a nosso favor."
E manda seu último recado: "Não existe Viagra pra mulher. Então, se você toma o comprimido, mas ela está fria, não adianta nada".
Esta reportagem integra o caderno especial Maioridade, publicado neste domingo pela Folha (íntegra disponível para assinantes UOL e do jornal)
Há seis meses, Sônia descobriu um câncer de mama e retirou o seio direito, mas diz que isso não atrapalhou em nada o relacionamento entre ela e o atual marido, que tem 54 anos. "No começo fiquei constrangida, mas ele disse que isso era bobagem e pediu para ver o curativo."A palavra-chave é compreensão, define o empresário Wanderlei Marques, 62, casado há 32 anos. "Quando você é recém-casado, toda hora é hora. É aquela loucura. Mas, como a gente faz muitas vezes, a qualidade fica pra depois."
Ele conta que, em todos esses anos, o período sexual mais difícil foi quando nasceu o primeiro filho. "A mãe, ali, é só da criança. Se você estiver com vontade, vai continuar."
Wanderlei não se incomoda em dizer que usa remédio. "Não adianta dizer que a disposição sexual não cai com a idade. Por sorte, a medicina está a nosso favor."
E manda seu último recado: "Não existe Viagra pra mulher. Então, se você toma o comprimido, mas ela está fria, não adianta nada".
Esta reportagem integra o caderno especial Maioridade, publicado neste domingo pela Folha (íntegra disponível para assinantes UOL e do jornal)
Fonte: Folha online
No Brasil, 54% dos aposentados ganham um salário mínimo- 15/03/2009
Mais de um quarto deles precisa da ajuda financeira dos filhos, parentes e amigos. Quase um terço dos que se declaram aposentados trabalha para complementar seu benefício, que, na maior parte dos casos, não supera um salário mínimo. E, ainda assim, os idosos brasileiros estão mais protegidos da pobreza que o resto da população -e que os idosos dos países vizinhos.
Eles são os destinatários do maior programa social do país: a previdência pública, cujos gastos somam o equivalente a mais de 20 vezes os do Bolsa Família, principal bandeira do governo. Se, mostra o Datafolha, 54% dos aposentados não ganham mais que o piso salarial nacional, também é verdade que, pela Constituição de 1988, nenhum ganha menos.
David ganha salário mínimo e trabalha para complementar renda dele e da mulher, Dalva (foto),
Trata-se do suficiente para excluir a ampla maioria dos que têm 60 anos ou mais das estatísticas relativas à pobreza e à miséria. Basta dizer que, internacionalmente, convenciona-se classificar a primeira como uma renda abaixo de US$ 2 diários e a segunda, de US$ 1 ao dia; o mínimo atual dá mais de US$ 6.
Escalar alguns degraus na pirâmide social está longe de ser a garantia de uma vida confortável. Apenas 2% dos idosos pertencem à classe A, mesmo percentual da população em geral, enquanto 40% estão nas classes D e E. Segundo o Datafolha, 79% não têm carro, 72% não têm plano de saúde e 63% não têm telefone celular.
Quase a metade (48%) vive em lares onde a renda familiar não ultrapassa os dois salários mínimos, acima dos 42% medidos na população. Em média, os idosos vivem na companhia de 2,4 pessoas, bem abaixo dos 3,8 contabilizados em todas as faixas etárias.
Custo do aposentado
Conforme a leitura, os dados podem alimentar os dois lados da maior polêmica em torno da seguridade social do país: de um lado, critica-se o volume de dinheiro público destinado aos idosos, mais que o dobro, para ficar num só exemplo, dos recursos federais, estaduais e municipais para a educação; de outro, chama-se a atenção para o impacto desses gastos na redução da pobreza e o papel crescente dos idosos no sustento familiar.
O alcance da Previdência brasileira é raro entre países de renda média. Dos pesquisados, 67% afirmaram receber aposentadoria oficial -entre os que têm 70 anos ou mais, a cobertura chega à casa dos 80%. Estudo publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2007 apontou percentuais bem menores em países como México (19%), Costa Rica (37%), Peru (24%) e Bolívia (14,7%), para a população acima de 65 anos.
Confirma-se, no Datafolha, a precocidade da aposentadoria no país: 57% declararam ter começado a receber os benefícios antes dos 60. Defensores da reforma da Previdência advogam que seja estabelecida uma idade mínima de 65 anos, adotada em diversos países como forma de reduzir os riscos de um colapso financeiro do sistema de seguridade.
Na média, cada aposentado recebe R$ 777,60 mensais, segundo as respostas dos pesquisados. O valor supera o rendimento médio dos trabalhadores apurado pelo IBGE em 2007 nas regiões Norte (R$ 741) e Nordeste (R$ 592).
O salário mínimo, desde a última década, tem recebido reajustes superiores aos de praticamente todas as categorias profissionais. Era de R$ 415 em novembro, quando a pesquisa foi realizada, e, em fevereiro, em plena crise econômica, subiu para R$ 465.
Um trabalho apresentado há dois anos pelo economista Ricardo Paes de Barros estimou uma taxa de pobreza abaixo de 15% entre homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, para uma média nacional próxima aos 29%. Pelas estimativas do estudo de Ricardo Barros, não fossem os benefícios previdenciários, a pobreza chegaria a mais de 50% dos idosos.
Fonte: folha online
Eles são os destinatários do maior programa social do país: a previdência pública, cujos gastos somam o equivalente a mais de 20 vezes os do Bolsa Família, principal bandeira do governo. Se, mostra o Datafolha, 54% dos aposentados não ganham mais que o piso salarial nacional, também é verdade que, pela Constituição de 1988, nenhum ganha menos.
David ganha salário mínimo e trabalha para complementar renda dele e da mulher, Dalva (foto),
Trata-se do suficiente para excluir a ampla maioria dos que têm 60 anos ou mais das estatísticas relativas à pobreza e à miséria. Basta dizer que, internacionalmente, convenciona-se classificar a primeira como uma renda abaixo de US$ 2 diários e a segunda, de US$ 1 ao dia; o mínimo atual dá mais de US$ 6.
Escalar alguns degraus na pirâmide social está longe de ser a garantia de uma vida confortável. Apenas 2% dos idosos pertencem à classe A, mesmo percentual da população em geral, enquanto 40% estão nas classes D e E. Segundo o Datafolha, 79% não têm carro, 72% não têm plano de saúde e 63% não têm telefone celular.
Quase a metade (48%) vive em lares onde a renda familiar não ultrapassa os dois salários mínimos, acima dos 42% medidos na população. Em média, os idosos vivem na companhia de 2,4 pessoas, bem abaixo dos 3,8 contabilizados em todas as faixas etárias.
Custo do aposentado
Conforme a leitura, os dados podem alimentar os dois lados da maior polêmica em torno da seguridade social do país: de um lado, critica-se o volume de dinheiro público destinado aos idosos, mais que o dobro, para ficar num só exemplo, dos recursos federais, estaduais e municipais para a educação; de outro, chama-se a atenção para o impacto desses gastos na redução da pobreza e o papel crescente dos idosos no sustento familiar.
O alcance da Previdência brasileira é raro entre países de renda média. Dos pesquisados, 67% afirmaram receber aposentadoria oficial -entre os que têm 70 anos ou mais, a cobertura chega à casa dos 80%. Estudo publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2007 apontou percentuais bem menores em países como México (19%), Costa Rica (37%), Peru (24%) e Bolívia (14,7%), para a população acima de 65 anos.
Confirma-se, no Datafolha, a precocidade da aposentadoria no país: 57% declararam ter começado a receber os benefícios antes dos 60. Defensores da reforma da Previdência advogam que seja estabelecida uma idade mínima de 65 anos, adotada em diversos países como forma de reduzir os riscos de um colapso financeiro do sistema de seguridade.
Na média, cada aposentado recebe R$ 777,60 mensais, segundo as respostas dos pesquisados. O valor supera o rendimento médio dos trabalhadores apurado pelo IBGE em 2007 nas regiões Norte (R$ 741) e Nordeste (R$ 592).
O salário mínimo, desde a última década, tem recebido reajustes superiores aos de praticamente todas as categorias profissionais. Era de R$ 415 em novembro, quando a pesquisa foi realizada, e, em fevereiro, em plena crise econômica, subiu para R$ 465.
Um trabalho apresentado há dois anos pelo economista Ricardo Paes de Barros estimou uma taxa de pobreza abaixo de 15% entre homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, para uma média nacional próxima aos 29%. Pelas estimativas do estudo de Ricardo Barros, não fossem os benefícios previdenciários, a pobreza chegaria a mais de 50% dos idosos.
Fonte: folha online
Aécio inicia no Recife ciclo de viagens de campanha- 15/03/2009
O governador tucano de Minas, Aécio Neves, inicia nesta segunda (16) o prometido ciclo de viagens da pré-campanha de 2010.
Desembarca na cidade do Recife (PE), terra do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
Aécio aproveita-se de um pretexto: o lançamento do livro de Fernando Lyra, um ex-ministro da Justiça que, escolhido por Tancredo Neves, foi herdado por José Sarney.
Mas não esconde que o objetivo central da viagem é arar o terreno presidencial. Busca angariar adesões para a eleição prévia que deseja disputar com José Serra.
“O que nós pretendemos construir agora é a agenda pós-Lula, aquilo que ainda não aconteceu e precisa ocorrer no Brasil”, diz ele.
Acha que, sob FHC, o país experimentou “avanços extraordinários, a começar pela estabilidade econômica”.
Avalia que, sob Lula, avançou-se “nos programas sociais”. Conclui: “Existem méritos em ambos os governos”.
Afirma que, em 2010, “o PSDB tem uma grande oportunidade de voltar ao poder central, mas não basta apenas querer voltar...”
“...É preciso que consolidemos propostas, projetos que voltem a falar à alma, ao coração das pessoas”. Daí as viagens.
Quais serão as próximas escalas do périplo? Aécio diz que a agenda está aberta. Quer fechá-la de comum acordo com o tucanato.
Repisa a tecla de que o melhor seria que José Serra e outras lideranças tucanas –FHC, por exemplo—dividissem o avião com ele.
O curioso é que Aécio põe o pé no asfalto no exato momento em que a oposição acusa Dilma Rousseff de misturar a agenda de ministra à de candidata.
A candidata de Lula protege-se atrás de um escudo administraivo. Diz que percorre o país, inaugurando e inspecionando obras, por dever de ofício.
Aécio nem se perocupa em disfarçar os passos sob uma camada de subterfúgios. Diz explicitamente que está em campanha.
Em jantar com a cúpula do DEM, na útima quinta (12), José Serra dissera que faria o oposto. Governaria São Paulo. A campanha ficaria para mais tarde. Lorota.
Desembarca na cidade do Recife (PE), terra do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
Aécio aproveita-se de um pretexto: o lançamento do livro de Fernando Lyra, um ex-ministro da Justiça que, escolhido por Tancredo Neves, foi herdado por José Sarney.
Mas não esconde que o objetivo central da viagem é arar o terreno presidencial. Busca angariar adesões para a eleição prévia que deseja disputar com José Serra.
“O que nós pretendemos construir agora é a agenda pós-Lula, aquilo que ainda não aconteceu e precisa ocorrer no Brasil”, diz ele.
Acha que, sob FHC, o país experimentou “avanços extraordinários, a começar pela estabilidade econômica”.
Avalia que, sob Lula, avançou-se “nos programas sociais”. Conclui: “Existem méritos em ambos os governos”.
Afirma que, em 2010, “o PSDB tem uma grande oportunidade de voltar ao poder central, mas não basta apenas querer voltar...”
“...É preciso que consolidemos propostas, projetos que voltem a falar à alma, ao coração das pessoas”. Daí as viagens.
Quais serão as próximas escalas do périplo? Aécio diz que a agenda está aberta. Quer fechá-la de comum acordo com o tucanato.
Repisa a tecla de que o melhor seria que José Serra e outras lideranças tucanas –FHC, por exemplo—dividissem o avião com ele.
O curioso é que Aécio põe o pé no asfalto no exato momento em que a oposição acusa Dilma Rousseff de misturar a agenda de ministra à de candidata.
A candidata de Lula protege-se atrás de um escudo administraivo. Diz que percorre o país, inaugurando e inspecionando obras, por dever de ofício.
Aécio nem se perocupa em disfarçar os passos sob uma camada de subterfúgios. Diz explicitamente que está em campanha.
Em jantar com a cúpula do DEM, na útima quinta (12), José Serra dissera que faria o oposto. Governaria São Paulo. A campanha ficaria para mais tarde. Lorota.
Nesta segunda (16), Serra desembarca em Curitiba (PR), informa o Painel. Sob o título “Milhagem”, a seção da Folha anota:
“Enquanto a cúpula do PSDB protesta contra as viagens de Dilma, José Serra irá a Curitiba...”
“...No Palácio das Araucárias, assinará convênio sobre política fiscal com o colega Roberto Requião (PMDB)...”
“...Depois, o prefeito e correligionário Beto Richa o levará para visitar obras -algumas do PAC”.
“Enquanto a cúpula do PSDB protesta contra as viagens de Dilma, José Serra irá a Curitiba...”
“...No Palácio das Araucárias, assinará convênio sobre política fiscal com o colega Roberto Requião (PMDB)...”
“...Depois, o prefeito e correligionário Beto Richa o levará para visitar obras -algumas do PAC”.
Fonte: Blog do Josias de Souza (Folha online)
Arcebispo emérito da PB defende o uso da camisinha- 15/03/2009
José Maria Pires (foto) é arcebispo emérito da Paraíba. Comandou a Arquidiocese do Estado por arrastadas três décadas.
Hoje, aposentado, Dom José Maria faz aniversário de 90 anos. O tempo temperou-lhe a alma.
O raciocínio do velho arcebispo já se autoconcede a prática do vôo livre fora dos limites estritos da doutrina da Igreja.
Ouvido pela repórter Alexsandra Tavares, Dom José Maria referiu-se à camisinha como um mal menor diante da gravidez irresponsável:
Hoje, aposentado, Dom José Maria faz aniversário de 90 anos. O tempo temperou-lhe a alma.
O raciocínio do velho arcebispo já se autoconcede a prática do vôo livre fora dos limites estritos da doutrina da Igreja.
Ouvido pela repórter Alexsandra Tavares, Dom José Maria referiu-se à camisinha como um mal menor diante da gravidez irresponsável:
"O uso do preservativo é algo que merece reflexão. O sexo existe e deve ser usado de acordo com sua finalidade, de aproximar as pessoas, sem destruição da vida...”
“...Na doutrina bíblica a vida tem de ser preservada sempre. Mas se você vai fazer algo errado, que pelo menos proteja a outra pessoa para se evitar um mal maior".
As palavras iluminadas de Dom José Maria chegam no vácuo de uma polêmica.
Envolve o deputado federal e padre Luiz Couto (PT-PB) e o atual Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto.
Em entrevista, o deputado-padre bulira em temas caros à Igreja. “Defendo o uso da camisinha como uma questão de saúde pública”, dissera, por exemplo, Luiz Couto.
Dom Aldo di Cillo cassou-lhe, em 25 de fevereiro, as ordens sacerdotais, privando-o de celebrar missas, batizados, casamentos ou qualquer outra atividade própria de um padre.
O mandachuva da Arquidiocese da Paraíba exigiu de Luiz Couto uma "retratação explícita". Algo que restituísse as “orientações doutrinais, éticas e morais” da Igreja.
Cabe a pergunta: a mão de ferro de Dom Aldo di Cillo pesará também sobre a cabeça do arcebispo emérito José Maria Pires?
“...Na doutrina bíblica a vida tem de ser preservada sempre. Mas se você vai fazer algo errado, que pelo menos proteja a outra pessoa para se evitar um mal maior".
As palavras iluminadas de Dom José Maria chegam no vácuo de uma polêmica.
Envolve o deputado federal e padre Luiz Couto (PT-PB) e o atual Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto.
Em entrevista, o deputado-padre bulira em temas caros à Igreja. “Defendo o uso da camisinha como uma questão de saúde pública”, dissera, por exemplo, Luiz Couto.
Dom Aldo di Cillo cassou-lhe, em 25 de fevereiro, as ordens sacerdotais, privando-o de celebrar missas, batizados, casamentos ou qualquer outra atividade própria de um padre.
O mandachuva da Arquidiocese da Paraíba exigiu de Luiz Couto uma "retratação explícita". Algo que restituísse as “orientações doutrinais, éticas e morais” da Igreja.
Cabe a pergunta: a mão de ferro de Dom Aldo di Cillo pesará também sobre a cabeça do arcebispo emérito José Maria Pires?
Fonte: Blog do Josias de Souza ( Folha online)
FHC profetiza que Dilma subirá a 30% nas pesquisas- 15/03/2009
Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso fez um prognóstico alvissareiro para a candidata de Lula à sucessão presidencial.
FHC previu que Dilma Rousseff subirá nas pesquisas. Estimou que ela fecha 2009 nas cercanias dos 20%.
E pode roçar os 30% nos primeiros meses de 2010. uma avaliação que coincide com a do Planalto. Com uma diferença:
Lula vê na taxa de 30% um piso para Dilma. FHC enxerga no percentual um teto do petismo, que só Lula logrou ultrapassar.
Os presságios de FHC foram verbalizados num jantar que levou a nata do DEM à residência oficial do governador de São Paulo, José Serra.
O repasto começou por volta das 21h da última quinta-feira (12). Estendeu-se até o início da madrugada de sexta (13).
O DEM reunira, em São Paulo, o seu Conselho Político. Dezoito lideranças da tribo ‘demo’ trocaram idéias sobre a conjuntura política.
Depois, foram a Serra, para dividir suas impressões. Organizado como uma espécie de beija-mão, o repasto converteu-se num inesperado jogo da verdade.
Serra, cotovelos acomodados sobre uma mesa retangular, se dispôs a ouvir –um por um— todos os ‘demos’ que roçavam garfos com ele.
Despejaram-se sobre a mesa as contas de um rosário de inquietudes. Abaixo algumas delas:
1. Falta ao linguajar de Serra, hoje o presidenciável tucano mais bem-posto nas pesquisas, um tônus oposicionista;
2. É equivocada a estratégia de delegar a outros líderes da oposição a tarefa de estabelecer o contraponto ao governo Lula. O eleitor quer ouvir os candidatos;
3. Serra e o governador mineiro Aécio Neves, o outro presidenciável tucano, deveriam frequentar o noticiário com a cara de candidatos à presidência;
4. A suavidade do discurso da dupla favorece a candidatura oficial de Dilma Rousseff, que desfila sozinha na passarela que leva a 2010;
5. Lula estaria conseguindo passar a idéia de que seu governo nada tem a ver com a crise, uma encrenca que vem de fora;
6. Na visão dos ‘demos’, é certo que a crise nasceu nos EUA. Mas rói o PIB brasileiro além do razoável graças à suposta “incúria” do presidente e de sua equipe;
7. Eis o raciocínio que resume a opinião média dos ‘demos’: Da fase de bonança da economia mundial, o Brasil aproveitou uma parte. Da tempestade desfruta por inteiro;
8. Na seara política, disseram os ‘demos’, o PSDB tem de cuidar para que a refrega entre Serra e Aécio não descambe para a divisão;
9. Avaliou-se que, unindo São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país, o tucanato vai a 2010 com alguma chance de êxito. Do contrário, nem tanto.
Os demos que soaram mais enfáticos foram: Rodrigo Maia (presidente), José Agripino Maia (líder no Senado), José Roberto Arruda (governador do DF)...
...Roberto Magalhães (deputado), José Carlos Aleluia (deputado), Roberto Brant (ex-deputado) e Luiz Carlos Santos (ex-coordenador político do governo FHC).
Coube a Luiz Carlos Santos construir a analogia mais impactante da noite. Comparou o Serra-2010 ao Geraldo Alckmin-2008.
Disse que, na campanha municipal do ano passado, Alckmin, que entrara na disputa como favorito, foi à breca por falência de mensagem.
Não conseguiu encarnar nem o discurso de oposição, monopolizado pela petista Marta Suplicy, nem o de governo, que pingava dos lábios do ‘demo’ Gilberto Kassab.
Acrescentou que, para fugir ao vexame de Alckmin, Serra deve apressar-se em ocupar o campo da oposição. Algo que não fará se continuar dando refresco a Lula.
Ao final, depois de ouvir calado às observações dos comensais, Serra serviu uma resposta que desagradou boa parte da audiência.
Disse que não é hora de fazer campanha. Precisa governar São Paulo. Na hora própria, vai ter o que apresentar nos palanques.
Como governador, tem de manter abertos os canais de comunicação institucional com o governo federal.
Quanto a Aécio, está disposto a fazer o que for necessário para deixá-lo em situação política confortável.
Também presente ao jantar, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) mencionou a idéia de acomodar Aécio como vice na chapa de Serra. Hipótese que Aécio, por ora, rejeita.
O ex-deputado Roberto Brant lembrou que o movimento representado por Aécio é maior do que ele próprio.
Depois de oito anos de FHC e mais oito de Lula, o eleitor de Minas estaria de saco cheio das alternativas presidenciais construídas a partir de São Paulo.
Produziu-se no jantar uma mísera decisão: vai-se usar a propaganda partidária do PSDB, DEM e PPS para levar ao telespectador uma mensagem oposicionista uniforme.
Ventilada pelas lideranças do DEM, a idéia foi acatada por Serra e pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
No mais, ficou no ar a impressão de que tão cedo Serra não deve mergulhar na campanha de corpo inteiro. Desagradou à maioria. Mas convenceu a alguns.
“Serra está certo”, concedeu José Carlos Aleluia (DEM-BA). “Precisa governar, par ter o que mostrar mais na frente...”
“...A Dilma antecipa a campanha porque é louca. Não entende nada de política. Está sendo conduzida. Ela não pára na cadeira. O PAC está à deriva. Na campanha, vai mostrar o quê?”
FHC previu que Dilma Rousseff subirá nas pesquisas. Estimou que ela fecha 2009 nas cercanias dos 20%.
E pode roçar os 30% nos primeiros meses de 2010. uma avaliação que coincide com a do Planalto. Com uma diferença:
Lula vê na taxa de 30% um piso para Dilma. FHC enxerga no percentual um teto do petismo, que só Lula logrou ultrapassar.
Os presságios de FHC foram verbalizados num jantar que levou a nata do DEM à residência oficial do governador de São Paulo, José Serra.
O repasto começou por volta das 21h da última quinta-feira (12). Estendeu-se até o início da madrugada de sexta (13).
O DEM reunira, em São Paulo, o seu Conselho Político. Dezoito lideranças da tribo ‘demo’ trocaram idéias sobre a conjuntura política.
Depois, foram a Serra, para dividir suas impressões. Organizado como uma espécie de beija-mão, o repasto converteu-se num inesperado jogo da verdade.
Serra, cotovelos acomodados sobre uma mesa retangular, se dispôs a ouvir –um por um— todos os ‘demos’ que roçavam garfos com ele.
Despejaram-se sobre a mesa as contas de um rosário de inquietudes. Abaixo algumas delas:
1. Falta ao linguajar de Serra, hoje o presidenciável tucano mais bem-posto nas pesquisas, um tônus oposicionista;
2. É equivocada a estratégia de delegar a outros líderes da oposição a tarefa de estabelecer o contraponto ao governo Lula. O eleitor quer ouvir os candidatos;
3. Serra e o governador mineiro Aécio Neves, o outro presidenciável tucano, deveriam frequentar o noticiário com a cara de candidatos à presidência;
4. A suavidade do discurso da dupla favorece a candidatura oficial de Dilma Rousseff, que desfila sozinha na passarela que leva a 2010;
5. Lula estaria conseguindo passar a idéia de que seu governo nada tem a ver com a crise, uma encrenca que vem de fora;
6. Na visão dos ‘demos’, é certo que a crise nasceu nos EUA. Mas rói o PIB brasileiro além do razoável graças à suposta “incúria” do presidente e de sua equipe;
7. Eis o raciocínio que resume a opinião média dos ‘demos’: Da fase de bonança da economia mundial, o Brasil aproveitou uma parte. Da tempestade desfruta por inteiro;
8. Na seara política, disseram os ‘demos’, o PSDB tem de cuidar para que a refrega entre Serra e Aécio não descambe para a divisão;
9. Avaliou-se que, unindo São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país, o tucanato vai a 2010 com alguma chance de êxito. Do contrário, nem tanto.
Os demos que soaram mais enfáticos foram: Rodrigo Maia (presidente), José Agripino Maia (líder no Senado), José Roberto Arruda (governador do DF)...
...Roberto Magalhães (deputado), José Carlos Aleluia (deputado), Roberto Brant (ex-deputado) e Luiz Carlos Santos (ex-coordenador político do governo FHC).
Coube a Luiz Carlos Santos construir a analogia mais impactante da noite. Comparou o Serra-2010 ao Geraldo Alckmin-2008.
Disse que, na campanha municipal do ano passado, Alckmin, que entrara na disputa como favorito, foi à breca por falência de mensagem.
Não conseguiu encarnar nem o discurso de oposição, monopolizado pela petista Marta Suplicy, nem o de governo, que pingava dos lábios do ‘demo’ Gilberto Kassab.
Acrescentou que, para fugir ao vexame de Alckmin, Serra deve apressar-se em ocupar o campo da oposição. Algo que não fará se continuar dando refresco a Lula.
Ao final, depois de ouvir calado às observações dos comensais, Serra serviu uma resposta que desagradou boa parte da audiência.
Disse que não é hora de fazer campanha. Precisa governar São Paulo. Na hora própria, vai ter o que apresentar nos palanques.
Como governador, tem de manter abertos os canais de comunicação institucional com o governo federal.
Quanto a Aécio, está disposto a fazer o que for necessário para deixá-lo em situação política confortável.
Também presente ao jantar, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) mencionou a idéia de acomodar Aécio como vice na chapa de Serra. Hipótese que Aécio, por ora, rejeita.
O ex-deputado Roberto Brant lembrou que o movimento representado por Aécio é maior do que ele próprio.
Depois de oito anos de FHC e mais oito de Lula, o eleitor de Minas estaria de saco cheio das alternativas presidenciais construídas a partir de São Paulo.
Produziu-se no jantar uma mísera decisão: vai-se usar a propaganda partidária do PSDB, DEM e PPS para levar ao telespectador uma mensagem oposicionista uniforme.
Ventilada pelas lideranças do DEM, a idéia foi acatada por Serra e pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
No mais, ficou no ar a impressão de que tão cedo Serra não deve mergulhar na campanha de corpo inteiro. Desagradou à maioria. Mas convenceu a alguns.
“Serra está certo”, concedeu José Carlos Aleluia (DEM-BA). “Precisa governar, par ter o que mostrar mais na frente...”
“...A Dilma antecipa a campanha porque é louca. Não entende nada de política. Está sendo conduzida. Ela não pára na cadeira. O PAC está à deriva. Na campanha, vai mostrar o quê?”
Fonte: Blog do Josias de Souza (Folha online)
Caso do Sudão expõe contradições do Itamaraty- 15/03/2009
O caso do Sudão ilustra as contradições da diplomacia brasileira, guiada a princípio pela prevalência dos direitos humanos mas condicionada na prática à tradição de não-ingerência e a metas estratégicas.
O Brasil, signatário do Tribunal Penal Internacional (TPI), se absteve de comentar o mandado de prisão emitido no início do mês contra o ditador sudanês, Omar al Bashir, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade em Darfur.
O Itamaraty afirma que ser membro do TPI implica acatar todas as decisões da corte -entre elas a ordem de prender Bashir caso ele pise em território brasileiro- e insiste em que não é obrigado a se pronunciar.
"Uma declaração oficial seria uma consideração política, não jurídica", justifica Antônio Cachapuz de Medeiros, consultor jurídico do Itamaraty.
O silêncio sobre a ordem do TPI sucede a resistência do Brasil em apoiar condenações contra o Sudão no Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, criado em 2006 em substituição à Comissão de Direitos Humanos, tida como subordinada às grandes potências e seletiva em suas avaliações.
Segundo o Itamaraty, negociações seriam mais eficazes na resolução do conflito em Darfur do que sanções. O mesmo argumento foi usado quando o Brasil articulou com os países africanos do CDH resolução branda contra a República Democrática do Congo, por atacar civis em áreas rebeldes.
No caso do Irã, que o Brasil também se recusou a criticar no CDH por perseguir minorias, foi alegada a tradição brasileira de "não intervir em assuntos internos".
Para os críticos, a atual diplomacia viola o artigo 4º da Constituição Federal de 1988, pela qual a política externa deve ser conduzida sob a "prevalência dos direitos humanos" -o Itamaraty não quis comentar.
A ONG Conectas cita ainda o apoio velado do Brasil às articulações para evitar que abusos de China, Cuba e Zimbábue sejam objeto de resoluções nos fóruns multilaterais. A organização pressiona o Itamaraty a explicar por que o Brasil foi complacente com Sudão e Congo e condenou na Assembleia Geral violações de direitos na Coreia do Norte e em Mianmar.
Analistas apontam que boa parte das gestões externas do Brasil são norteadas pela ambição de aumentar parcerias comerciais e conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança. O governo tende a defender soluções consensuais para crises, com a exceção de países párias -como Mianmar.
Especialista em direitos humanos internacionais, o advogado Joedson Dias diz que o Brasil, apesar das críticas, "é muito respeitado por fazer parte de quase todos os acordos jurídicos internacionais e por receber todos os relatores de órgãos multilaterais".
Em contraste, os EUA, críticos habituais de violações dos direitos humanos em países como Irã e o próprio Sudão, não aderiram ao TPI nem a várias das convenções internacionais sobre o tema.
Fonte: Folha online
O Brasil, signatário do Tribunal Penal Internacional (TPI), se absteve de comentar o mandado de prisão emitido no início do mês contra o ditador sudanês, Omar al Bashir, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade em Darfur.
O Itamaraty afirma que ser membro do TPI implica acatar todas as decisões da corte -entre elas a ordem de prender Bashir caso ele pise em território brasileiro- e insiste em que não é obrigado a se pronunciar.
"Uma declaração oficial seria uma consideração política, não jurídica", justifica Antônio Cachapuz de Medeiros, consultor jurídico do Itamaraty.
O silêncio sobre a ordem do TPI sucede a resistência do Brasil em apoiar condenações contra o Sudão no Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, criado em 2006 em substituição à Comissão de Direitos Humanos, tida como subordinada às grandes potências e seletiva em suas avaliações.
Segundo o Itamaraty, negociações seriam mais eficazes na resolução do conflito em Darfur do que sanções. O mesmo argumento foi usado quando o Brasil articulou com os países africanos do CDH resolução branda contra a República Democrática do Congo, por atacar civis em áreas rebeldes.
No caso do Irã, que o Brasil também se recusou a criticar no CDH por perseguir minorias, foi alegada a tradição brasileira de "não intervir em assuntos internos".
Para os críticos, a atual diplomacia viola o artigo 4º da Constituição Federal de 1988, pela qual a política externa deve ser conduzida sob a "prevalência dos direitos humanos" -o Itamaraty não quis comentar.
A ONG Conectas cita ainda o apoio velado do Brasil às articulações para evitar que abusos de China, Cuba e Zimbábue sejam objeto de resoluções nos fóruns multilaterais. A organização pressiona o Itamaraty a explicar por que o Brasil foi complacente com Sudão e Congo e condenou na Assembleia Geral violações de direitos na Coreia do Norte e em Mianmar.
Analistas apontam que boa parte das gestões externas do Brasil são norteadas pela ambição de aumentar parcerias comerciais e conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança. O governo tende a defender soluções consensuais para crises, com a exceção de países párias -como Mianmar.
Especialista em direitos humanos internacionais, o advogado Joedson Dias diz que o Brasil, apesar das críticas, "é muito respeitado por fazer parte de quase todos os acordos jurídicos internacionais e por receber todos os relatores de órgãos multilaterais".
Em contraste, os EUA, críticos habituais de violações dos direitos humanos em países como Irã e o próprio Sudão, não aderiram ao TPI nem a várias das convenções internacionais sobre o tema.
Filhos de brasileiros são alvo de disputas internacionais- 15/03/2009
Sob um circo na Alemanha, um trapezista paulista conhece uma dançarina ucraniana. Os dois se casam, mudam-se para o Brasil, têm um filho. Alguns anos depois, se separam. Ela volta à Europa e a criança fica com o pai em São Carlos (231 km de SP), mas a disputa de guarda segue na Justiça brasileira. Como é tradição no país, o juiz decide que o filho fique com a mãe.
Um dia (fevereiro deste ano), ela parte para a Ucrânia com o garoto sem autorização do pai, que reclama que precisaria ter sido consultado. Mas o que pode ser feito?
Assim como aconteceu no caso do garoto disputado pelo padrasto carioca e o pai americano --que gera debate diplomático entre Brasil e Estados Unidos-- o artista circense Ricardo Almeida Junior conduz o caso em litígio.
"Mas meu advogado já disse que será difícil conseguir que ele volte", diz.A disputa no interior paulista reflete um quadro comum no Judiciário: em disputas de guarda, a tendência das varas de família de deixar o filho com a mãe costuma se sobrepor a discussões sobre em qual país deve ficar a criança.
"Isso não foi o Brasil que inventou. Ao menos no Ocidente, a tendência dos juízes é deixar os menores com a mãe", diz Eduardo Tess, que preside a comissão de direito internacional da OAB-SP. "A base dessas decisões é um princípio que talvez seja até um pouco machista: o de que o pai ganha dinheiro para o sustento e a mãe fica casa cuidando do filho. Isso está mudando aos poucos, mas ainda domina nas decisões."
Um dia (fevereiro deste ano), ela parte para a Ucrânia com o garoto sem autorização do pai, que reclama que precisaria ter sido consultado. Mas o que pode ser feito?
Assim como aconteceu no caso do garoto disputado pelo padrasto carioca e o pai americano --que gera debate diplomático entre Brasil e Estados Unidos-- o artista circense Ricardo Almeida Junior conduz o caso em litígio.
"Mas meu advogado já disse que será difícil conseguir que ele volte", diz.A disputa no interior paulista reflete um quadro comum no Judiciário: em disputas de guarda, a tendência das varas de família de deixar o filho com a mãe costuma se sobrepor a discussões sobre em qual país deve ficar a criança.
"Isso não foi o Brasil que inventou. Ao menos no Ocidente, a tendência dos juízes é deixar os menores com a mãe", diz Eduardo Tess, que preside a comissão de direito internacional da OAB-SP. "A base dessas decisões é um princípio que talvez seja até um pouco machista: o de que o pai ganha dinheiro para o sustento e a mãe fica casa cuidando do filho. Isso está mudando aos poucos, mas ainda domina nas decisões."
Organização do lar
Para a psicopedagoga Silvia Amaral, não é por acaso que as mães ganham a maioria das ações. "Cada caso é um caso, e o melhor ambiente deve ser buscado, especialmente se a dúvida é entre países. Mas tende-se a achar que, mesmo após a amamentação, a criança precisa de uma organização de lar que em geral é melhor fornecida pela mulher", diz.
Foi o entendimento do juiz no caso recente de uma mãe paulista que se casou na França e trouxe o filho ao Brasil, sem autorização do pai. Alegando que o marido a maltratava, ela conseguiu na Justiça o direito de ficar com o menino. O pai está recorrendo.
Para a psicopedagoga Silvia Amaral, não é por acaso que as mães ganham a maioria das ações. "Cada caso é um caso, e o melhor ambiente deve ser buscado, especialmente se a dúvida é entre países. Mas tende-se a achar que, mesmo após a amamentação, a criança precisa de uma organização de lar que em geral é melhor fornecida pela mulher", diz.
Foi o entendimento do juiz no caso recente de uma mãe paulista que se casou na França e trouxe o filho ao Brasil, sem autorização do pai. Alegando que o marido a maltratava, ela conseguiu na Justiça o direito de ficar com o menino. O pai está recorrendo.
Singularidade
Situações em que não há mãe na disputa tendem a ser ainda mais complexas. É, por exemplo, o que torna singular o caso do menino disputado pelo padrasto brasileiro, João Paulo Lins e Silva, e o pai americano, David Goldman. Bruna Bianchi, a mãe biológica, havia se mudado com o garoto para o Brasil em 2004 dizendo a Goldman que estava apenas visitando a família. O pai tentou a guarda do menino, hoje com oito anos, mas perdeu. Desde que Bruna morreu, no ano passado, ele voltou a pleitear o direito.
No debate diplomático sobre o caso, o governo dos EUA citou a Convenção de Haia de 1980, segundo a qual a criança tirada de um país sem respeito aos direitos de guarda deve retornar. A exceção citada no acordo, do qual o Brasil é signatário, são casos em que a criança já esteja adaptada ao novo país. Com a morte da mãe, a situação se reconfigura e a aplicação da lei ganha mais polêmica.
Situações em que não há mãe na disputa tendem a ser ainda mais complexas. É, por exemplo, o que torna singular o caso do menino disputado pelo padrasto brasileiro, João Paulo Lins e Silva, e o pai americano, David Goldman. Bruna Bianchi, a mãe biológica, havia se mudado com o garoto para o Brasil em 2004 dizendo a Goldman que estava apenas visitando a família. O pai tentou a guarda do menino, hoje com oito anos, mas perdeu. Desde que Bruna morreu, no ano passado, ele voltou a pleitear o direito.
No debate diplomático sobre o caso, o governo dos EUA citou a Convenção de Haia de 1980, segundo a qual a criança tirada de um país sem respeito aos direitos de guarda deve retornar. A exceção citada no acordo, do qual o Brasil é signatário, são casos em que a criança já esteja adaptada ao novo país. Com a morte da mãe, a situação se reconfigura e a aplicação da lei ganha mais polêmica.
Impedir a adoção
Há casos ainda mais complexos, como o da maranhense Civanilde Marques. Mesmo com apoio da diplomacia brasileira, ela não conseguiu impedir na Justiça italiana a adoção de seu filho de 14 anos.
Funcionária pública em São Vicente Ferrer (MA), Civanilde engravidou aos 15 anos, de um homem de 63. Quando o garoto tinha sete anos, ela permitiu que se mudasse para a Itália com a irmã do lado paterno, que havia se casado com um italiano. A relação não deu certo, a irmã acabou em dificuldades e o garoto foi parar em um lar para menores carentes.
"Fui para a Itália duas vezes e tentei impedir a adoção, mas o parecer da psicóloga foi contra a volta do meu filho ao Brasil", ela conta. Depois de tentar "todas as instâncias" na Itália, restou-lhe se conformar. "Hoje, não acho justo pedir que ele volte. Mas vou esperar que ele faça 18 anos e procurá-lo para dizer que ele tem uma mãe."
Há casos ainda mais complexos, como o da maranhense Civanilde Marques. Mesmo com apoio da diplomacia brasileira, ela não conseguiu impedir na Justiça italiana a adoção de seu filho de 14 anos.
Funcionária pública em São Vicente Ferrer (MA), Civanilde engravidou aos 15 anos, de um homem de 63. Quando o garoto tinha sete anos, ela permitiu que se mudasse para a Itália com a irmã do lado paterno, que havia se casado com um italiano. A relação não deu certo, a irmã acabou em dificuldades e o garoto foi parar em um lar para menores carentes.
"Fui para a Itália duas vezes e tentei impedir a adoção, mas o parecer da psicóloga foi contra a volta do meu filho ao Brasil", ela conta. Depois de tentar "todas as instâncias" na Itália, restou-lhe se conformar. "Hoje, não acho justo pedir que ele volte. Mas vou esperar que ele faça 18 anos e procurá-lo para dizer que ele tem uma mãe."
Traumas
Disputas pela guarda podem envolver os filhos em sentimentos ruins, como culpa e rejeição. "Mas é possível preservá-los. Nem todo divórcio é traumático para o filho", diz a psicóloga Maria Luisa Valente, Universidade Estadual Paulista.
Se o fracasso do casamento é inevitável e há disputa judicial, diz ela, a criança fica menos ansiosa quando se sente amada pelos dois lados. "Mesmo as separações em que os pais não se gostam podem ser assimiladas, se a criança entender que isso faz parte da vida -ela também pode brigar com um amiguinho de quem gostava. O que será mais difícil é achar que um dos pais não gosta dela ou que ela foi, de alguma forma, a causa da separação."
Em ex-casais divididos entre países, diz Valente, é preciso aproximar o filho dos dois lados para evitar sensação de abandono. "Com telefone e internet, a criança pode se aproximar do pai e sentir que os adultos se divorciaram entre si, mas não dela."
Para a terapeuta familiar Rosa Maria de Macedo, pais separados costumam "coisificar" a criança disputada, "como se ela fosse um troféu". "Cobrar lealdade da criança e colocá-la para espionar o ex são atitudes comuns que prejudicarão sua formação", diz.
O ziguezague entre países em disputa judicial pode atrapalhar o aprendizado. "Aprender culturas e idiomas é enriquecedor, mas a criança conseguirá fazer isso se estiver segura e estimulada a estudar", diz a psicopedagoga Silvia Amaral. "Isso depende do temperamento da criança, mas sempre vale tomar cuidado."
Disputas pela guarda podem envolver os filhos em sentimentos ruins, como culpa e rejeição. "Mas é possível preservá-los. Nem todo divórcio é traumático para o filho", diz a psicóloga Maria Luisa Valente, Universidade Estadual Paulista.
Se o fracasso do casamento é inevitável e há disputa judicial, diz ela, a criança fica menos ansiosa quando se sente amada pelos dois lados. "Mesmo as separações em que os pais não se gostam podem ser assimiladas, se a criança entender que isso faz parte da vida -ela também pode brigar com um amiguinho de quem gostava. O que será mais difícil é achar que um dos pais não gosta dela ou que ela foi, de alguma forma, a causa da separação."
Em ex-casais divididos entre países, diz Valente, é preciso aproximar o filho dos dois lados para evitar sensação de abandono. "Com telefone e internet, a criança pode se aproximar do pai e sentir que os adultos se divorciaram entre si, mas não dela."
Para a terapeuta familiar Rosa Maria de Macedo, pais separados costumam "coisificar" a criança disputada, "como se ela fosse um troféu". "Cobrar lealdade da criança e colocá-la para espionar o ex são atitudes comuns que prejudicarão sua formação", diz.
O ziguezague entre países em disputa judicial pode atrapalhar o aprendizado. "Aprender culturas e idiomas é enriquecedor, mas a criança conseguirá fazer isso se estiver segura e estimulada a estudar", diz a psicopedagoga Silvia Amaral. "Isso depende do temperamento da criança, mas sempre vale tomar cuidado."
Fonte: Folha online
Morales repassa terras e diz que é "começo do fim do latifúndio" - 15/03/2009
O presidente da Bolívia, Evo Morales, transferiu para agricultores indígenas a posse de milhares de hectares de terras recém-confiscadas de latifundiários.
"Hoje é um dia histórico. A partir de agora estamos começando a por fim ao latifúndio e à escravidão dos (índios) guaranis", disse o presidente ao entregar 34 escrituras de terrenos em solenidade no Alto Parapetí, na Província de Santa Cruz, onde ele enfrenta forte oposição a suas reformas.
Morales afirmou que seu governo vai respeitar a propriedade privada, mas advertiu que os latifundiários "que não estão interessados na igualdade devem mudar sua forma de pensar e se concentrar mais nas necessidades do país do que no dinheiro".
A entrega dos terrenos é feita poucas semanas depois que a Bolívia aprovou uma nova Constituição que limita o tamanho das propriedades e prevê maior controle do Estado sobre os recursos naturais do país. A Carta dá ainda mais direitos para os 36 grupos indígenas da Bolívia.
O documento foi aprovado por cerca de 60% do eleitorado em um referendo em janeiro, mas rejeitado em regiões ricas que se opõem a Morales.
O presidente realizou a cerimônia na antiga fazenda de Ronald Larsen, um cidadão americano que estava entre os ricos proprietários que tiveram suas terras confiscadas no mês passado.
Fonte: Folha online
"Hoje é um dia histórico. A partir de agora estamos começando a por fim ao latifúndio e à escravidão dos (índios) guaranis", disse o presidente ao entregar 34 escrituras de terrenos em solenidade no Alto Parapetí, na Província de Santa Cruz, onde ele enfrenta forte oposição a suas reformas.
Morales afirmou que seu governo vai respeitar a propriedade privada, mas advertiu que os latifundiários "que não estão interessados na igualdade devem mudar sua forma de pensar e se concentrar mais nas necessidades do país do que no dinheiro".
A entrega dos terrenos é feita poucas semanas depois que a Bolívia aprovou uma nova Constituição que limita o tamanho das propriedades e prevê maior controle do Estado sobre os recursos naturais do país. A Carta dá ainda mais direitos para os 36 grupos indígenas da Bolívia.
O documento foi aprovado por cerca de 60% do eleitorado em um referendo em janeiro, mas rejeitado em regiões ricas que se opõem a Morales.
O presidente realizou a cerimônia na antiga fazenda de Ronald Larsen, um cidadão americano que estava entre os ricos proprietários que tiveram suas terras confiscadas no mês passado.
Em encontro entre Lula e Obama, sai o "ponto G" e entra o "pepino"- 15/03/2009
O encontro deveria durar uma hora de um sábado de manhã. Acabou levando duas, das quais Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva gastaram meia hora apenas os dois e seus intérpretes e falaram 40 minutos à imprensa no Salão Oval, no que um veterano cinegrafista da CNN quantificou como o mais longo evento do tipo que ele cobriu na Casa Branca.
Se o parâmetro são as reuniões anteriores com os primeiros-ministros Taro Aso (Japão) e Gordon Brown (Reino Unido), os dois únicos líderes que antecederam o brasileiro em recepções na Casa Branca desde a posse do democrata, houve química entre os dois. Lula fez piadas, Obama riu e o norte-americano até pediu desculpas por falar muito.
Ouviu de volta, entre risos: "Na América Latina não nos assustamos com quem fala muito, todos falamos muito". Havia a preocupação entre os assessores brasileiros quanto ao primeiro encontro entre os dois líderes, que falaram antes duas vezes ao telefone. Embora tenham trajetórias historicamente semelhantes -o primeiro operário no Planalto, o primeiro negro na Casa Branca-, eles são muito diferentes.
Ou não. Obama reafirmou frase que havia dito na campanha, referindo-se a sua cor: "Sim, sou parecido com os brasileiros. Ouço que tenho alguns amigos por lá". Confirmou também que visitará o país em breve, embora não tenham "a data certa". "Não sabemos quanto tempo vamos ficar, mas essa será só a primeira visita."
Ou não. Obama reafirmou frase que havia dito na campanha, referindo-se a sua cor: "Sim, sou parecido com os brasileiros. Ouço que tenho alguns amigos por lá". Confirmou também que visitará o país em breve, embora não tenham "a data certa". "Não sabemos quanto tempo vamos ficar, mas essa será só a primeira visita."
Na abertura de sua declaração conjunta, o brasileiro repetira o que vem dizendo, que rezava pelo colega por conta da crise. "Rezo mais por ele do que por mim mesmo", disse. "Com apenas 40 dias de mandato [na verdade, 53 dias ontem], ter um pepino desses na mão, eu não queria estar no lugar dele."
O intérprete não traduziu a expressão tipicamente brasileira, dizendo apenas que Lula "não queria estar na sua posição". Obama riu e disse que "você soa como alguém que tem falado com minha mulher". Lula já havia arrancado risadas de George W. Bush na visita deste a São Paulo, em 2006, ao dizer que os dois países ainda não haviam chegado ao "ponto G" nas negociações.
As duas equipes trocaram presentes. A brasileira deu um prisma de pedras preciosas e recebeu uma "Constitution Box", caixa comemorativa com a Constituição norte-americana. Obama levou Lula ao carro, acompanhado só do intérprete. Ouviu atento do brasileiro um pedido por um empenho maior no Fórum dos CEOs, que reúne empresários dos dois países. Por fim, colocou as duas mãos nos ombros de Lula e disse: "Nos vemos em Londres".
Fonte: Folha online
O intérprete não traduziu a expressão tipicamente brasileira, dizendo apenas que Lula "não queria estar na sua posição". Obama riu e disse que "você soa como alguém que tem falado com minha mulher". Lula já havia arrancado risadas de George W. Bush na visita deste a São Paulo, em 2006, ao dizer que os dois países ainda não haviam chegado ao "ponto G" nas negociações.
As duas equipes trocaram presentes. A brasileira deu um prisma de pedras preciosas e recebeu uma "Constitution Box", caixa comemorativa com a Constituição norte-americana. Obama levou Lula ao carro, acompanhado só do intérprete. Ouviu atento do brasileiro um pedido por um empenho maior no Fórum dos CEOs, que reúne empresários dos dois países. Por fim, colocou as duas mãos nos ombros de Lula e disse: "Nos vemos em Londres".
Sem "procuração", Lula discute droga e ignora Cuba e Venezuela em encontro com Obama- 15/03/2009
Apesar de ter chegado ao encontro com o papel informal de porta-voz dos países latino-americanos que não gozam de boas relações com os EUA, como Bolívia, Cuba e Venezuela, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse que não falou especificamente de nenhum país em seu encontro com Barack Obama, pelo menos segundo seu relato posterior a jornalistas na Embaixada do Brasil.
"Eu não tratei de Cuba nem de Venezuela especificamente porque não tenho procuração de nenhum governo para tratar de problemas específicos", disse Lula -o presidente venezuelano, Hugo Chávez, havia dito que tinha dado "autorização" a Lula para que falasse em nome dele com Obama.
"Eu não tratei de Cuba nem de Venezuela especificamente porque não tenho procuração de nenhum governo para tratar de problemas específicos", disse Lula -o presidente venezuelano, Hugo Chávez, havia dito que tinha dado "autorização" a Lula para que falasse em nome dele com Obama.
Na coletiva de ontem, o norte-americano praticamente ignorou o assunto América Latina, apesar de Lula ter dito que sua eleição era historicamente importante para a região já no início. O democrata fez menção ao 5º Encontro das Américas, em Trinidad e Tobago, e só.
Mais tarde, Lula daria outros detalhes. "Eu converso muito com o Chávez e ele tem expectativa sobre o presidente Obama de que possa melhorar a relação, e o Obama tem boa vontade, a mesma coisa com [o presidente boliviano] Evo Morales", relatou. "Podemos construir na América Latina uma nova relação, de confiança."
No geral, seu discurso ao democrata, disse Lula, foi pela não-ingerência. "Eu disse que os EUA precisam ter um olhar para a América Latina de parceria, não de fiscal, de que vai combater o narcotráfico ou de que vai vigiar alguma coisa ou combater a luta armada", afirmou. "Isso não existe mais."
O brasileiro disse ter avisado a Obama que vai propor ao Unasul (União das Nações Sul-Americanas) a criação de um conselho de combate ao narcotráfico similar ao de Defesa, para "não ficar dependendo da ingerência de ninguém numa coisa que nós temos de resolver pelas próprias mãos".
Gerald Herbert/AP
Obama pode aproveitar para visitar o Brasil após 5º Encontro das Américas, em abril
Então, cutucou o país: "Os outros que cuidem de tomar conta dos consumidores, que aí quem sabe a gente pode resolver com mais responsabilidade o narcotráfico". A ideia, segundo Lula, surgiu de uma conversa sua com o presidente colombiano Álvaro Uribe.
Mais tarde, Lula daria outros detalhes. "Eu converso muito com o Chávez e ele tem expectativa sobre o presidente Obama de que possa melhorar a relação, e o Obama tem boa vontade, a mesma coisa com [o presidente boliviano] Evo Morales", relatou. "Podemos construir na América Latina uma nova relação, de confiança."
No geral, seu discurso ao democrata, disse Lula, foi pela não-ingerência. "Eu disse que os EUA precisam ter um olhar para a América Latina de parceria, não de fiscal, de que vai combater o narcotráfico ou de que vai vigiar alguma coisa ou combater a luta armada", afirmou. "Isso não existe mais."
O brasileiro disse ter avisado a Obama que vai propor ao Unasul (União das Nações Sul-Americanas) a criação de um conselho de combate ao narcotráfico similar ao de Defesa, para "não ficar dependendo da ingerência de ninguém numa coisa que nós temos de resolver pelas próprias mãos".
Gerald Herbert/AP
Obama pode aproveitar para visitar o Brasil após 5º Encontro das Américas, em abril
Então, cutucou o país: "Os outros que cuidem de tomar conta dos consumidores, que aí quem sabe a gente pode resolver com mais responsabilidade o narcotráfico". A ideia, segundo Lula, surgiu de uma conversa sua com o presidente colombiano Álvaro Uribe.
O país, um dos maiores produtores de cocaína do mundo, é o maior receptor de ajuda financeira e militar norte-americana na América do Sul. Desde que Morales expulsou a DEA (agência antidrogas norte-americana) da Bolívia, os EUA pedem ao Brasil mais envolvimento no combate ao tráfico de drogas regional.
Lula dava assim seu recado de volta à Casa Branca, de que pretende convencer os países da região a tomar a rédea do assunto, que representa uma das principais áreas de atuação dos EUA no continente. "Aos poucos, os países da América Latina estão percebendo que nós precisamos deixar de ser dependentes, porque fica todo o mundo esperando que o país rico vá lá fazer as coisas que nós deveríamos fazer", disse Lula.
Fonte: Folha online
Lula dava assim seu recado de volta à Casa Branca, de que pretende convencer os países da região a tomar a rédea do assunto, que representa uma das principais áreas de atuação dos EUA no continente. "Aos poucos, os países da América Latina estão percebendo que nós precisamos deixar de ser dependentes, porque fica todo o mundo esperando que o país rico vá lá fazer as coisas que nós deveríamos fazer", disse Lula.
Chávez usará prisão contra os que se opuserem a suas ordens na Venezuela - 15/03/2009
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou prender governadores opositores que não acatem a transferência da administração de portos e aeroportos ao poder Executivo, aprovada em uma lei de descentralização. Neste domingo, durante seu programa dominical, "Alô Presidente", Chávez ordenou que as Forças armadas do país tomassem todas as bases marítimas e aeroportuárias sob controle da oposição.
A decisão do presidente da Venezuela divulgada neste domingo nada mais é que o cumprimento de uma promessa feita durante a eleição regional de 2008, quando ameaçou usar as Forças Armadas contra os opositores, para, segundo ele, defender o povo e o "governo revolucionário". Chávez advertiu neste domingo que os governadores oposicionistas que se opuserem à decisão correm o risco de ser presos.
A decisão do presidente da Venezuela divulgada neste domingo nada mais é que o cumprimento de uma promessa feita durante a eleição regional de 2008, quando ameaçou usar as Forças Armadas contra os opositores, para, segundo ele, defender o povo e o "governo revolucionário". Chávez advertiu neste domingo que os governadores oposicionistas que se opuserem à decisão correm o risco de ser presos.
A ordem dada por Chávez neste domingo baseou-se em uma lei aprovada na última quinta-feira (12) pelo Congresso --controlado pelo governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), denunciada pela oposição como uma tentativa inconstitucional de concentrar o poder político nas mãos do governo central.
Após a aprovação da lei que permite ao governo nacional tomar o controle do sistema de transportes do país, o governador do Estado de Zulia, o oposicionista Pablo Pérez Alvarez, do partido Um Novo Tempo (UNT), disse que não aceitaria que o processo de descentralização do poder fosse revertido.
"A aprovação do artigo 8º e as alterações que fizeram na Lei de Descentralização e Transferência de Competência, é como colocarmos uma arma na cabeça e dizermos: vejam, administrem o processo de descentralização, mas vamos fazer o que quisermos", disse Pérez Alvarez.
Segundo a Constituição de 1999, promulgada por Chávez, "a administração e o uso das estradas e rodovias, bem como os portos e aeroportos, para uso comercial" são "competência exclusiva dos Estados", em coordenação com o governo nacional.
O governo de Zulia, um dos Estados mais ricos da Venezuela, será um mais afetados pela decisão de Chávez, perdendo o controle do porto de Maracaibo. Outro porto que passará ao comando do governo central será o de Puerto Cabello, em Carabobo, governado por Enrique Salas, do partido oposicionista Projeto Venezuela.
Os dois governadores declararam à imprensa que tentariam "defender" as atribuições que até agora tinham sobre esses portos.
"O que se passa com esses governadores? Será que acham que aqui vão a fazer algo como a divisão do país? Fiquem em seus lugares!", atacou Chávez durante seu programa dominical de TV, "Alô, Presidente!". "Você [Salas Feo] terá que encontrar uma Marinha de guerra, governador, terá que encontrar um Exército. Não sei o que poderá fazer. Ele disse que vai defender Puerto Cabello, com a polícia de Carabobo. Bem, então vai para a prisão",
"Nenhum venezuelano pode se declarar acima da lei; ela aprovada para cumprida, e o governo está obrigado a fazê-la ser cumprida", afirmou o presidente. Chávez alegou que as razões para assumir o controle dos portos de Maracaibo e Puerto Cabello é que neles "há máfias ligadas ao contrabando, ao narcotráfico e à corrupção", sem especificar os casos.
Durante a campanha para as eleições regionais de novembro passado, Chávez liderou vários comícios em favor dos candidatos do PSUV, ameaçando os opositores com prisão e advertindo que a vitória de seus adversários poderia levá-lo a usar as Forças Armadas.
"Se permitirem que a oligarquia volte ao governo [de Carabobo], vou acabar mandando os tanques da brigada blindada para defender o governo revolucionário e para defender o povo ", disse Chávez, em Carabobo, em novembro.
O PSUV manteve o controle da maioria dos Estado, mas a oposição dobrou para seis o número de governos estaduais sob seu controle, e venceu nos três Estados com maior número de eleitores --Zulia (2.141.055), Miranda (1.781.361) e Carabobo (1.338.601).
Logo após a eleição, Chávez ordenou várias mudanças de competência sobre áreas da administração da região metropolitana de Caracas, cujo governo ficou com o líder opositor Antonio Ledezma. O presidente encampou cerca 30 hospitais, o canal Ávila TV, 22 cartórios públicos e todas as 93 escolas da rede metropolitana, esvaziando o poder do adversário antes mesmo de sua posse.
Após a aprovação da lei que permite ao governo nacional tomar o controle do sistema de transportes do país, o governador do Estado de Zulia, o oposicionista Pablo Pérez Alvarez, do partido Um Novo Tempo (UNT), disse que não aceitaria que o processo de descentralização do poder fosse revertido.
"A aprovação do artigo 8º e as alterações que fizeram na Lei de Descentralização e Transferência de Competência, é como colocarmos uma arma na cabeça e dizermos: vejam, administrem o processo de descentralização, mas vamos fazer o que quisermos", disse Pérez Alvarez.
Segundo a Constituição de 1999, promulgada por Chávez, "a administração e o uso das estradas e rodovias, bem como os portos e aeroportos, para uso comercial" são "competência exclusiva dos Estados", em coordenação com o governo nacional.
O governo de Zulia, um dos Estados mais ricos da Venezuela, será um mais afetados pela decisão de Chávez, perdendo o controle do porto de Maracaibo. Outro porto que passará ao comando do governo central será o de Puerto Cabello, em Carabobo, governado por Enrique Salas, do partido oposicionista Projeto Venezuela.
Os dois governadores declararam à imprensa que tentariam "defender" as atribuições que até agora tinham sobre esses portos.
"O que se passa com esses governadores? Será que acham que aqui vão a fazer algo como a divisão do país? Fiquem em seus lugares!", atacou Chávez durante seu programa dominical de TV, "Alô, Presidente!". "Você [Salas Feo] terá que encontrar uma Marinha de guerra, governador, terá que encontrar um Exército. Não sei o que poderá fazer. Ele disse que vai defender Puerto Cabello, com a polícia de Carabobo. Bem, então vai para a prisão",
"Nenhum venezuelano pode se declarar acima da lei; ela aprovada para cumprida, e o governo está obrigado a fazê-la ser cumprida", afirmou o presidente. Chávez alegou que as razões para assumir o controle dos portos de Maracaibo e Puerto Cabello é que neles "há máfias ligadas ao contrabando, ao narcotráfico e à corrupção", sem especificar os casos.
Durante a campanha para as eleições regionais de novembro passado, Chávez liderou vários comícios em favor dos candidatos do PSUV, ameaçando os opositores com prisão e advertindo que a vitória de seus adversários poderia levá-lo a usar as Forças Armadas.
"Se permitirem que a oligarquia volte ao governo [de Carabobo], vou acabar mandando os tanques da brigada blindada para defender o governo revolucionário e para defender o povo ", disse Chávez, em Carabobo, em novembro.
O PSUV manteve o controle da maioria dos Estado, mas a oposição dobrou para seis o número de governos estaduais sob seu controle, e venceu nos três Estados com maior número de eleitores --Zulia (2.141.055), Miranda (1.781.361) e Carabobo (1.338.601).
Logo após a eleição, Chávez ordenou várias mudanças de competência sobre áreas da administração da região metropolitana de Caracas, cujo governo ficou com o líder opositor Antonio Ledezma. O presidente encampou cerca 30 hospitais, o canal Ávila TV, 22 cartórios públicos e todas as 93 escolas da rede metropolitana, esvaziando o poder do adversário antes mesmo de sua posse.
Fonte: Folha online
sábado, março 14, 2009
UM QUÊ DE ABSURDO
Essa história de que Jarbas se preparava ou se posicionava para ser o vice de José Serra surgiu nos meios subjornalísticos — aquela geste esquisita que, na expressão de Millôr, já empregada aqui hoje, é livre como um táxi. É a turma assalariada do oficialismo, que está na folha de pagamentos de empresa pública.
Jarbas ser obrigado a negá-lo tem um quê, ou muitos quês, de absurdo. Por quê? O vice de Serra terá de sair de um partido — o mais provável é que venha do DEM. Poderia sair do PMDB? Ora, claro!, se o PMDB, oficialmente, fosse fechar com o tucano, coisa de que duvido. A menos que haja um cataclismo econômico, que empurre ladeira abaixo a popularidade de Lula — o que é improvável —, o PMDB continuará firmão na base do governo. Até porque uma aliança com a oposição implicaria a desocupação da máquina pública, a entrega de milhares de cargos.
O partido vai em peso para a candidata de Lula? Não! Não vai. Jarbas Vasconcelos é a melhor evidência disso. Grande parte do PMDB de São Paulo, também. Haverá outras defecções, sempre de olho nos números das pesquisas. Ora, não podemos garantir se será o PSDB ou o PT a liderar o próximo governo. A única coisa certa é que o PMDB estará lá. Com Serra ou com Dilma. Se o tucano se consolida e dispara nas pesquisas, o partido cristianiza a petista antes de o galo cantar três vezes. Mas volto.
Ainda que o PMDB viesse a ter o vice na chapa de Serra, Jarbas certamente não seria o homem escolhido pelo partido. Quando essa hipótese foi aventada, procurava-se atribuir à já histórica entrevista do senador concedida à VEJA alguma motivação especial que não a que está lá expressa: o seu inconformismo com a corrupção de valores e a corrupção ela-mesma, que tomam conta da política.
O alcance de suas palavras vai muito além das urnas de 2010. Querer reduzi-las a uma disputa pelo poder corresponde a negar os fatos óbvios que elas denunciam.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo (Veja online)
Jarbas declara apoio a Serra, mas nega querer ser vice
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) negou hoje que possa sair candidato a vice-presidente numa chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na disputa pela Presidência da República em 2010, em uma eventual aliança PSDB-PMDB. Apesar de declarar apoio ao tucano em uma possível candidatura, Jarbas disse não ter nem 10% de apoio dentro do PMDB e "nem se quisesse" seria candidato a vice. Além disso, apesar das pesadas críticas que tem feito ao seu partido, que acusa de ser fisiológico, descartou a possibilidade de deixar a legenda, a despeito de se sentir desconfortável dentro dela.
"Não, é impossível (ser vice). Mesmo que pretendesse não posso ser porque eu não vou sair do PMDB e o partido não me apoia. Eu não tenho hoje nem 10% de adeptos dentro dele. Essa é uma tese que não prospera", afirmou Jarbas, após participar de palestra Ética, Política e Cidadania, no 1º Encontro Estadual de Agentes Públicos, realizado pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP), em São Paulo. Embora tenha negado a disposição para ser vice de uma eventual candidatura Serra em 2010, o senador admitiu que tem sido sondado sobre a proposta. "Tenho sido perguntado pelas pessoas, têm uns querendo e imaginando. Essa é uma tese incogitável, é impossível."
O senador pernambucano disse que apoiará o governador paulista caso Serra seja confirmado como candidato tucano à Presidência. "Eu defendo Serra. Acho que ele é uma pessoa preparada, um brasileiro capacitado e qualificado para governar o País", afirmou. "Eu já estou articulando dentro do partido. O que eu puder puxar para Serra, eu puxo."
Sem entrar na discussão a respeito da realização de prévias no PSDB, como deseja o governador mineiro Aécio Neves (PSDB), o senador descartou a hipótese de que Aécio deixe o PSDB e passe para o PMDB com o objetivo de disputar as eleições presidenciais de 2010. "Eu não acredito. Se Aécio quer ser candidato a presidente da República, ele não vai entrar em uma legenda que não tem unidade, que não tem conduta uniforme. Como é que ele pode sair do PSDB para vir ao PMDB, onde ele não terá segurança se vai sair como candidato", afirmou.
Quércia
Jarbas participou hoje do debate ao lado do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e do presidente do PMDB paulista, o ex-governador Orestes Quércia. Questionado, o senador negou que Quércia se encaixe no perfil dos integrantes do PMDB, que criticou justamente por estarem atrás apenas de cargos. "Não, ele (Quércia), pelo que sei, está em oposição ao presidente da República exatamente porque não concorda com o PMDB, com o toma-lá-dá-cá. Por isso, o PMDB de São Paulo é dissidente. Esta é a versão que tenho ouvido", respondeu.
Perguntado sobre se Quércia não fazia, com o governo de São Paulo, o mesmo jogo que a maior parte do PMDB faz com o governo federal, o senador afirmou: "O PSDB deu cargo para eles aqui? Eu não sei", disse. "O PMDB de São Paulo, Orestes Quércia me disse na última vez que estive aqui na campanha municipal, vai apoiar Serra" em 2010, afirmou Jarbas.
Sem se referir à disputa municipal de 2008 na capital paulista, em que PT e PSDB duelaram pelo apoio do PMDB visando obter o maior tempo de campanha na televisão e no rádio, o senador também não fez referência ao fato da atual vice-prefeita de São Paulo, Alda Marco Antônio (PMDB), e diversos membros de seu partido integrarem cargos na prefeitura da cidade.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo (Veja online)
VEJA - "Acreditamos em Deus? É sim ou é não".
Dom José Cardoso Sobrinho (foto), bispo de Olinda e Recife, concede entrevista a Juliana Linhares nas Páginas Amarelas. Seguem trechos:
Por que o senhor acha que tantas pessoas, católicas em sua maioria, ficaram revoltadas com a sua posição no caso da excomunhão dos adultos envolvidos no aborto da menina violentada?
Em primeiro lugar, nós temos de colocar essa questão no âmbito religioso. Acreditamos em Deus? É sim ou é não. E eu suponho que a grande maioria das pessoas acredita. E acreditar em Deus significa aceitar que Deus é a origem de tudo e é também o nosso fim. Essa é uma verdade fundamental. É premissa importantíssima para dizer que a lei de Deus está acima de qualquer lei humana. E a lei de Deus não permite o aborto. Então, se uma lei humana está contradizendo uma lei de Deus, no caso, a que permitiu a operação, essa lei não tem nenhum valor. Quanto ao que você afirma, sobre as pessoas estarem revoltadas, tenho de dizer que também houve um clamor grande, eu diria enorme, de autoridades de Roma a meu favor. Tenho sido insultado, claro, mas hoje mesmo recebi uma carta de Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos em Roma, em que me elogia.
O que o senhor diria aos católicos que condenaram sua atitude?
Antes de tudo, quero deixar bem claro que não fui eu que excomunguei os médicos que praticaram o aborto e a mãe da menina. Isso é falso. Eu não posso excomungar ninguém. Eu simplesmente mencionei o que está escrito na lei da Igreja, o cânone 1 398, do Código de Direito Canônico, que está aí nas livrarias para qualquer um ler. Por essa lei, qualquer pessoa que comete aborto está excomungada, por uma penalidade que se chama latae sententiae, um termo técnico que significa automática. Então, não foi dom José Cardoso Sobrinho quem os excomungou. Eu simplesmente disse a todos: "Tomem consciência disto". Qualquer pessoa no mundo inteiro que pratique o aborto está incorrendo nessa penalidade – mesmo que ninguém fale nada. Quem é católico sabe que na primeira carta de São Paulo a Timóteo, no capítulo II, está escrito: Deus quer que todos sejam salvos.
Por que estupradores não são também automaticamente excomungados?
A nossa santa Igreja condena todos os pecados graves. O estupro é um pecado gravíssimo para a Igreja, assim como o homicídio. Agora, a Igreja diz que o aborto, isto é, o ato de tirar a vida de um inocente indefeso, é muito mais grave que o estupro, que o homicídio de um adulto. Qualquer pessoa inteligente é capaz de compreender isso. Eu não estou dizendo que o estupro e a pedofilia são coisas boas. Mas o aborto é muito mais grave e, por isso, a Igreja estipulou essa penalidade automática de excomunhão.
Em que outros casos se aplica a excomunhão automática?
No Código de Direito Canônico anterior, promulgado por Bento XV, havia cerca de quarenta motivos para a excomunhão automática. Em 1983, sob a autoridade de João Paulo II, foi publicado um novo Código. O atual os reduziu a apenas nove. São eles: o aborto; a apostasia, que é quando a pessoa abandona a religião; a heresia, que acontece quando uma pessoa nega um dogma da Igreja; a violência física contra a pessoa do papa; a consagração de um bispo sem a licença do papa; o cisma; a absolvição por um sacerdote do cúmplice de um pecado da carne; a violação direta do segredo da confissão; e a profanação das hóstias consagradas
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo (Veja online)
VEJA 1 - Em depoimento oficial, Protógenes diz que seguiu ordens da Presidência, com o conhecimento de juiz e promotor. Se for verdade, é gravíssimo!
Por Expedito Filho:
Em setembro do ano passado, duas semanas depois de revelados os primeiros abusos na, de outra forma bem-sucedida, operação que levou à condenação do ex-banqueiro Daniel Dantas, o delegado Protógenes Queiroz foi espontaneamente à Procuradoria da República dar sua versão sobre o caso. Ele negou ter cometido ilegalidades, mas fez uma revelação que, se verdadeira, pode vir a ter consequências graves. Protógenes disse à Procuradoria que a operação não foi uma ação comum, mas o desfecho policial de uma investigação sigilosa que teria sido realizada "por determinação da Presidência da República". Protógenes contou à Procuradoria que as ordens de cima chegavam até ele por intermédio do então chefe do serviço secreto brasileiro, delegado Paulo Lacerda, que dirigiu a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, até ser afastado há três meses em consequência das irregularidades hierárquicas e de procedimento da operação comandada pelo delegado Protógenes.
Em setembro do ano passado, duas semanas depois de revelados os primeiros abusos na, de outra forma bem-sucedida, operação que levou à condenação do ex-banqueiro Daniel Dantas, o delegado Protógenes Queiroz foi espontaneamente à Procuradoria da República dar sua versão sobre o caso. Ele negou ter cometido ilegalidades, mas fez uma revelação que, se verdadeira, pode vir a ter consequências graves. Protógenes disse à Procuradoria que a operação não foi uma ação comum, mas o desfecho policial de uma investigação sigilosa que teria sido realizada "por determinação da Presidência da República". Protógenes contou à Procuradoria que as ordens de cima chegavam até ele por intermédio do então chefe do serviço secreto brasileiro, delegado Paulo Lacerda, que dirigiu a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, até ser afastado há três meses em consequência das irregularidades hierárquicas e de procedimento da operação comandada pelo delegado Protógenes.
O depoimento de Protógenes Queiroz à Procuradoria-Geral da República, ao qual VEJA teve acesso, traz uma segunda revelação incômoda. O delegado afirma que a atuação dos mais de oitenta espiões da Abin no caso era do conhecimento do juiz federal Fausto de Sanctis e do procurador da República Rodrigo de Grandis. Alguém está mentindo. O juiz e o procurador já negaram publicamente ter tido conhecimento da participação dos agentes secretos do governo (...). Se o juiz e o procurador estavam realmente cientes do grau de envolvimento da Abin, como revelou o delegado Protógenes, no mínimo desnuda-se a existência de um consórcio de autoridades judiciárias que em nome de um objetivo é capaz de atropelar as leis sem nenhum constrangimento. A hipótese de o juiz e o procurador terem sido enganados é mais grave. Nessa eventualidade, ficaria evidente que um grupo de policiais e espiões oficiais operou no Brasil sem o conhecimento nem o aval da Justiça, alegando estar sob ordens da Presidência da República. A primeira perplexidade que decorre disso tudo é que, se, para prender e condenar um banqueiro acusado de corrupção, o estado brasileiro precisa montar um esquema clandestino de espionagem, a administração vai de mal a pior. A segunda beira o impensável. Se o objetivo não foi prender e condenar por corrupção o banqueiro bilionário, mas apenas usar isso como pretexto para espionar cidadãos, a administração federal deve ao Brasil um rosário de explicações.
Comento
Ah, sim: isso nada tem a ver com prender "banqueiro bandido". Leiam a reportagem para saber por que não. Ninguém precisa se comportar como bandido para prender bandido. Os EUA acabam de meter em cana um figurão. E as autoridades americanas fizeram o seu trabalho seguindo as leis do país.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo (Veja online)
Encontro de Lula e Obama ou Muito Baruilho por nada
Visita de Lula aos EUA põe América Latina no mapa de Obama
A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington tem servido para colocar no radar do novo governo de Barack Obama não só o Brasil mas a América Latina, região que vem sendo deixada no pé das prioridades do democrata em seus primeiros 50 dias no cargo. Horas antes do encontro entre os dois líderes, que acontece hoje, a Casa Branca anunciou oficialmente o primeiro posto para a área.
É o enviado especial ao 5º Encontro das Américas, que acontece em Trinidad e Tobago de 17 a 19 de abril, que será ocupado pelo diplomata Jeffrey Davidow. Ele ocupou embaixadas na região sob Bill Clinton (1993-2001). A cúpula será a primeira vez que o presidente norte-americano tomará contato com a maioria dos líderes latino-americanos.
Obama anunciou também que o vice-presidente, Joe Biden, vai ao Chile no fim do mês, onde se encontrará com Lula, a chilena Michelle Bachelet e a argentina Cristina Kirchner. Por fim, voltou a circular rumor de que o presidente democrata aproveitaria a viagem ao 5º Encontro para visitar mais dois países da região, na qual ele nunca colocou os pés.
O Brasil estaria na lista, talvez Manaus. O assessor de Segurança Nacional de Obama, o general reformado James Jones, teria recomendado a visita. A Casa Branca diz que não há nenhuma decisão tomada ainda quanto a viagem para o país.
O Brasil estaria na lista, talvez Manaus. O assessor de Segurança Nacional de Obama, o general reformado James Jones, teria recomendado a visita. A Casa Branca diz que não há nenhuma decisão tomada ainda quanto a viagem para o país.
Nos últimos dias, o governo brasileiro vem dizendo que aproveitará o encontro, o primeiro de um líder latino-americano desde a posse de Obama, para tentar mudar a conturbada relação norte-americana com países como Bolívia, Cuba e Venezuela. "Nós valorizamos o interesse do Brasil", disse Shannon. "Esse é um aspecto importante da diplomacia brasileira já há algum tempo." Isso não quer dizer, afirmou, que as demandas serão aceitas.
À Folha, Mike Hammer, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC), que auxilia as políticas de Defesa e relações externas de Obama, disse que o Brasil era um "líder-chave regional", com o qual os EUA compartilhavam "amplo leque de metas". Mas citou outros "parceiros-chave hemisféricos", como México, Canadá e Argentina.
Lula chegou, na noite de ontem, à Base Aérea Andrews, em Maryland, Estado vizinho a Washington, mas não quis dar entrevista. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, falou sobre a expectativa do encontro. "Relação pessoal é importante. O presidente [Lula] tem facilidade de estabelecer esses vínculos", afirmou.
Protecionismo não é saída, afirma Lula antes de ver Obama
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende atacar o protecionismo dos países ricos no encontro que terá hoje em Washington com o colega Barack Obama, informa Clóvis Rossi, em matéria publicada na Folha (a reportagem está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL).
Antes de embarcar para os EUA, Lula afirmou em entrevista no Planalto que o protecionismo é "um desastre para a economia mundial" no médio prazo. "Não é possível que o mundo rico, que passou meio século dizendo que era preciso ter livre comércio, no primeiro calo que começa a doer, ache que tem que voltar ao protecionismo".
O presidente defenderá uma ordem mundial de mais equilíbrio entre ricos e emergentes. Ele pretende dizer que sua maior preocupação é a retomada do crédito internacional e que os ricos "precisam aprender a tomar conta dos seus bancos".
Antes de embarcar para os EUA, Lula afirmou em entrevista no Planalto que o protecionismo é "um desastre para a economia mundial" no médio prazo. "Não é possível que o mundo rico, que passou meio século dizendo que era preciso ter livre comércio, no primeiro calo que começa a doer, ache que tem que voltar ao protecionismo".
O presidente defenderá uma ordem mundial de mais equilíbrio entre ricos e emergentes. Ele pretende dizer que sua maior preocupação é a retomada do crédito internacional e que os ricos "precisam aprender a tomar conta dos seus bancos".
Na véspera do encontro com o Obama, Lula disse que o sistema financeiro americano "promoveu o maior desastre das finanças" que o mundo já viu. "Todos nós sabemos que a crise se originou nos Estados Unidos, que foi o sistema financeiro americano que promoveu o maior desastre das finanças que nós já vimos e, consequentemente, isso mexeu com grande parte do mundo", afirmou.
O presidente brasileiro vai defender, no encontro com o Obama, mudanças no sistema de crédito que permitam à população ter acesso a empréstimos. "Hoje, o maior problema significa ausência de crédito no mundo, ou seja, o dinheiro desapareceu. O que eu quero conversar com o presidente Obama de forma muito franca é como fazer para restabelecer o crédito internacional. Não é um crédito do Estado para o Estado, mas crédito para quem quiser tomar dinheiro emprestado."
Além do encontro com Obama, Lula pretende discutir a crise econômica com líderes internacionais durante reunião do G-20, marcada para abril. "Tudo isso vai ser possível no G-20. Por isso que continuo com o meu otimismo, continuo acreditando."
O presidente brasileiro vai defender, no encontro com o Obama, mudanças no sistema de crédito que permitam à população ter acesso a empréstimos. "Hoje, o maior problema significa ausência de crédito no mundo, ou seja, o dinheiro desapareceu. O que eu quero conversar com o presidente Obama de forma muito franca é como fazer para restabelecer o crédito internacional. Não é um crédito do Estado para o Estado, mas crédito para quem quiser tomar dinheiro emprestado."
Além do encontro com Obama, Lula pretende discutir a crise econômica com líderes internacionais durante reunião do G-20, marcada para abril. "Tudo isso vai ser possível no G-20. Por isso que continuo com o meu otimismo, continuo acreditando."
Morales saúda reunião de Lula com Obama, mas pede "respeito"
O presidente boliviano, Evo Morales, saudou nesta sexta-feira a gestão de seu colega Luiz Inácio Lula da Silva junto ao líder dos Estados Unidos, Barack Obama, para melhorar a relação de Washington com a região.
"Saúdo a iniciativa do companheiro Lula", disse Morales em La Paz sobre a possível gestão do líder brasileiro no seu encontro deste sábado com Obama, em Washington, em favor de Bolívia, Cuba e Venezuela.
Morales destacou que Lula "fará isto por iniciativa própria, e não a seu pedido", mas reconheceu que a gestão "é bem-vinda".
"Saúdo a iniciativa do companheiro Lula", disse Morales em La Paz sobre a possível gestão do líder brasileiro no seu encontro deste sábado com Obama, em Washington, em favor de Bolívia, Cuba e Venezuela.
Morales destacou que Lula "fará isto por iniciativa própria, e não a seu pedido", mas reconheceu que a gestão "é bem-vinda".
"Algo que devem saber, tanto Lula como Obama, é que qualquer relação bilateral [com os EUA] tem que ser baseada no respeito", disse Morales. "Não vamos aceitar chantagem, condições, e muito menos complôs e conspirações, nem vamos aceitar, como antes, essa chamada cooperação ou que se subordinem créditos, por exemplo, à privatização dos nossos recursos naturais ou dos nossos serviços básicos."
As relações entre Bolívia e os Estados Unidos estão em um momento crítico, com a recente expulsão de Francisco Martinez, um diplomata americano a quem Morales acusa de conspirar contra o seu governo e de ter relações com a CIA (central americana de inteligência).
Washington negou as acusações e advertiu Morales que suas atitudes não contribuem em nada para melhorar as relações entre os dois países, que, de acordo com os EUA, estão "em estudo".
Seis meses atrás, Morales também expulsou, sob a mesma acusação, o embaixador americano, Philip Goldberg, e proibiu as atividades da DEA (agência antidrogas americana) na Bolívia
As relações entre Bolívia e os Estados Unidos estão em um momento crítico, com a recente expulsão de Francisco Martinez, um diplomata americano a quem Morales acusa de conspirar contra o seu governo e de ter relações com a CIA (central americana de inteligência).
Washington negou as acusações e advertiu Morales que suas atitudes não contribuem em nada para melhorar as relações entre os dois países, que, de acordo com os EUA, estão "em estudo".
Seis meses atrás, Morales também expulsou, sob a mesma acusação, o embaixador americano, Philip Goldberg, e proibiu as atividades da DEA (agência antidrogas americana) na Bolívia
Morales afirma que a oposição, com o apoio da embaixada dos Estados Unidos em La Paz, deflagrou "um golpe de Estado civil contra seu governo, quando invadiu repartições públicas e ocupou aeroportos em cinco das nove províncias da Bolívia, em setembro passado.
Após a expulsão de Goldberg, o governo dos EUA reagiu, expulsando o embaixador boliviano, Gustavo Guzman. Os americanos também suspenderam os benefícios tarifários concedidos aos países andinos para recompensar os seus esforços na luta contra o tráfico de drogas.
Após a expulsão de Goldberg, o governo dos EUA reagiu, expulsando o embaixador boliviano, Gustavo Guzman. Os americanos também suspenderam os benefícios tarifários concedidos aos países andinos para recompensar os seus esforços na luta contra o tráfico de drogas.
Reunião entre Obama e Lula é "reconhecimento da ascendência do Brasil", diz secretário americano
A reunião entre os presidentes Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva, neste sábado na Casa Branca, é um "passo importante e espectacular" nas relações entre Estados Unidos e Brasil. Essa é a avaliação do secretário para América Latina do departamento de Estado, Tom Shannon.
"Acreditamos que será um passo para a frente importante e dramático", disse Shannon em uma entrevista coletiva. "É um reconheciento da ascendência do Brasil no mundo."
Entre os temas que serão abordados por Lula e Obama em sua primeira reunião bilateral estão energia, a próxima cúpula do G20 e a cúpula das Américas, disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
"Acreditamos que será um passo para a frente importante e dramático", disse Shannon em uma entrevista coletiva. "É um reconheciento da ascendência do Brasil no mundo."
Entre os temas que serão abordados por Lula e Obama em sua primeira reunião bilateral estão energia, a próxima cúpula do G20 e a cúpula das Américas, disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
Indicado por Obama critica Brasil nos EUA às vésperas de encontro
O indicado por Barack Obama para suceder Susan Schwab no comando do USTr (uma espécie de Ministério do Comércio Exterior), Ron Kirk, fez críticas ao Brasil às vésperas do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o colega norte-americano.
Na sabatina a que foi submetido pela Comissão de Finanças do Senado dos EUA, Kirk, que foi prefeito de Dallas, disse que o Brasil, além da Rússia, da China e da Índia, não pode reclamar do "Buy American" (compre produtos americanos, em tradução livre) porque adota políticas semelhantes.
"China, Rússia, Brasil e Índia mantêm políticas "Buy National" que restringem significativamente a participação das empresas dos EUA nas suas aquisições. Os Estados Unidos não têm obrigação de deixar nenhum país participar nas compras governamentais a não ser que esse país tenha concordado em permitir acesso recíproco e justo para os fornecedores americanos nas aquisições deles", disse Kirk aos senadores.
Na sabatina a que foi submetido pela Comissão de Finanças do Senado dos EUA, Kirk, que foi prefeito de Dallas, disse que o Brasil, além da Rússia, da China e da Índia, não pode reclamar do "Buy American" (compre produtos americanos, em tradução livre) porque adota políticas semelhantes.
"China, Rússia, Brasil e Índia mantêm políticas "Buy National" que restringem significativamente a participação das empresas dos EUA nas suas aquisições. Os Estados Unidos não têm obrigação de deixar nenhum país participar nas compras governamentais a não ser que esse país tenha concordado em permitir acesso recíproco e justo para os fornecedores americanos nas aquisições deles", disse Kirk aos senadores.
No final de fevereiro, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, reclamou de emenda protecionista para sua colega americana, a secretária de Estado Hillary Clinton. "Eu disse que é preciso que nós encontremos uma maneira de defendermos o emprego nos nossos países sem criarmos problema de emprego para os outros países, porque, se não, o problema volta para nós."
O "Buy American" é a medida do pacote de US$ 787 bilhões aprovado no mês passado para estimular a economia do país que exige que todas as suas obras usem aço, ferro e itens manufaturados dos EUA ou de parceiros em tratados comerciais, o que exclui os quatro emergentes. A única exceção é se o custo da obra encarecer mais de 25% devido ao uso de produtos norte-americanos.
Kirk disse ainda que o sucesso da Rodada Doha, de liberalização do comércio global, depende se mercados emergentes importantes como o Brasil, a China e a Índia vão se comprometer a abrir mais seus mercados. A rodada começou em 2001 e está travada depois dos fracassos das negociações no ano passado. O ex-prefeito de Dallas foi aprovado ontem pela comissão do Senado, mas ainda precisa ser referendado por toda a Casa para assumir o USTr.
O "Buy American" é a medida do pacote de US$ 787 bilhões aprovado no mês passado para estimular a economia do país que exige que todas as suas obras usem aço, ferro e itens manufaturados dos EUA ou de parceiros em tratados comerciais, o que exclui os quatro emergentes. A única exceção é se o custo da obra encarecer mais de 25% devido ao uso de produtos norte-americanos.
Kirk disse ainda que o sucesso da Rodada Doha, de liberalização do comércio global, depende se mercados emergentes importantes como o Brasil, a China e a Índia vão se comprometer a abrir mais seus mercados. A rodada começou em 2001 e está travada depois dos fracassos das negociações no ano passado. O ex-prefeito de Dallas foi aprovado ontem pela comissão do Senado, mas ainda precisa ser referendado por toda a Casa para assumir o USTr.
Política de Obama para Brasil "será infinitamente melhor", diz Lula a "WSJ"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse esperar que as políticas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para o Brasil sejam melhores do que as do ex-presidente George W. Bush, em entrevista exclusiva ao jornal americano "The Wall Street Journal", publicada nesta quarta-feira, três dias antes do primeiro encontro entre os dois líderes, em Washington.
"As políticas de Bush para o Brasil eram dignas. Mas creio que elas serão infinitamente melhores com Obama", afirmou Lula.
Segundo o jornal, a "trajetória incomum" do brasileiro até o poder pode favorecer a relação entre os dois presidentes.
"Lula deixou a escola e trabalhou como operário, perdendo um dedo em um acidente de trabalho. Sua trajetória dá a ele uma enorme reserva de boa vontade em uma região onde há um enorme racha entre ricos e pobres", diz o Wall Street Journal. "As origens humildes de Lula também fazem aumentar as expectativas de que ele consiga estabelecer um relacionamento especialmente produtivo com Obama, cujo passado tampouco previa a chegada ao poder."
"As políticas de Bush para o Brasil eram dignas. Mas creio que elas serão infinitamente melhores com Obama", afirmou Lula.
Segundo o jornal, a "trajetória incomum" do brasileiro até o poder pode favorecer a relação entre os dois presidentes.
"Lula deixou a escola e trabalhou como operário, perdendo um dedo em um acidente de trabalho. Sua trajetória dá a ele uma enorme reserva de boa vontade em uma região onde há um enorme racha entre ricos e pobres", diz o Wall Street Journal. "As origens humildes de Lula também fazem aumentar as expectativas de que ele consiga estabelecer um relacionamento especialmente produtivo com Obama, cujo passado tampouco previa a chegada ao poder."
Lula dirá a Obama que cabe à Justiça definir disputa por menino filho de americano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrará com o colega americano, Barack Obama, no próximo sábado (14), em Washington. Caso Obama aborde a disputa pela guarda de um menino de oito anos, filho de um americano, e que está no Brasil com a família da mãe, Lula dirá que o assunto deve ser resolvido pela Justiça, informa reportagem de Letícia Sander, Kennedy Alencar e Denise Menchen publicada na edição desta terça-feira da Folha de S.Paulo (a íntegra da reportagem está disponível para assinantes do jornal e do UOL).
O assunto ganhou repercussão na imprensa americana e é tratado como fator de estresse diplomático com o Brasil. O assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, diz, no entanto, que o governo brasileiro não acredita que Obama toque no tema.
O pai do garoto, o americano David Goldman, vivia com a brasileira Bruna Bianchi em Nova Jersey desde 1999 --o menino nasceu em 2000. Segundo ele, em 2004, Bruna levou o menino ao Brasil de férias, mas, ao chegar ao país, avisou que queria o divórcio e que manteria o filho no Rio. O pai diz que a criança é mantida ilegalmente no Brasil.
Goldman disputa a guarda do menino. No ano passado, a brasileira morreu após o parto de sua filha com o segundo marido. O padrasto, João Paulo Lins e Silva, é quem hoje detém a guarda do filho de Goldman.
No começo deste mês, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, aumentou a pressão contra o Brasil ao pedir a devolução do garoto. Na ocasião, em entrevista à rede americana NBC, Hillary disse que já levou o assunto "aos níveis mais altos" do governo brasileiro.
O assunto ganhou repercussão na imprensa americana e é tratado como fator de estresse diplomático com o Brasil. O assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, diz, no entanto, que o governo brasileiro não acredita que Obama toque no tema.
O pai do garoto, o americano David Goldman, vivia com a brasileira Bruna Bianchi em Nova Jersey desde 1999 --o menino nasceu em 2000. Segundo ele, em 2004, Bruna levou o menino ao Brasil de férias, mas, ao chegar ao país, avisou que queria o divórcio e que manteria o filho no Rio. O pai diz que a criança é mantida ilegalmente no Brasil.
Goldman disputa a guarda do menino. No ano passado, a brasileira morreu após o parto de sua filha com o segundo marido. O padrasto, João Paulo Lins e Silva, é quem hoje detém a guarda do filho de Goldman.
No começo deste mês, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, aumentou a pressão contra o Brasil ao pedir a devolução do garoto. Na ocasião, em entrevista à rede americana NBC, Hillary disse que já levou o assunto "aos níveis mais altos" do governo brasileiro.
Obama quer mais petróleo de Lula e menos da Venezuela, diz "El País"
Brasil e os Estados Unidos estariam mantendo contatos informais com o objetivo de fechar um acordo para aumentar a exportação de petróleo e derivados brasileiros para o território americano, segundo informa, nesta segunda-feira, o jornal espanhol "El País".
Segundo o diário, o governo de Barack Obama quer pôr fim à sua dependência energética com a Venezuela. "Se o pacto comercial se concretizar --algo que hoje depende unicamente do Brasil-- a consequência mais direta será o deslocamento da Venezuela do mercado energético americano, onde atualmente consegue colocar entre 40% e 70% de sua produção petrolífera", afirma o El País.
O jornal diz que recebeu de fontes diplomáticas e governamentais de Brasília a confirmação de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse em aumentar a presença brasileira no mercado americano de hidrocarbonetos, "mesmo que isso implique em uma colisão frontal com os interesses venezuelanos".
"Tudo dependerá da quantidade de petróleo que a Petrobras consiga bombear nos próximos anos dos poços perfurados nos litorais de Rio e São Paulo, assim como do marco jurídico que Washington e Brasília assinem", diz o jornal.
Segundo o diário, o governo de Barack Obama quer pôr fim à sua dependência energética com a Venezuela. "Se o pacto comercial se concretizar --algo que hoje depende unicamente do Brasil-- a consequência mais direta será o deslocamento da Venezuela do mercado energético americano, onde atualmente consegue colocar entre 40% e 70% de sua produção petrolífera", afirma o El País.
O jornal diz que recebeu de fontes diplomáticas e governamentais de Brasília a confirmação de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse em aumentar a presença brasileira no mercado americano de hidrocarbonetos, "mesmo que isso implique em uma colisão frontal com os interesses venezuelanos".
"Tudo dependerá da quantidade de petróleo que a Petrobras consiga bombear nos próximos anos dos poços perfurados nos litorais de Rio e São Paulo, assim como do marco jurídico que Washington e Brasília assinem", diz o jornal.
O "El País" afirma que suas fontes em Brasília insistem em que o primeiro objetivo do governo Lula com os recém-descobertos campos de pré-sal é abastecer totalmente o mercado interno e deixar de depender das importações. "Uma vez atingida esta meta, a Petrobas entrará na rinha pelos mercados mundiais de hidrocarbonetos e derivados. Por causa da proximidade geográfica e da fluidez do diálogo político que já estabeleceu com o novo presidente, os EUA se convertem no grande comprador natural do 'ouro negro' brasileiro."
O jornal lembra que 11% das importações americanas de petróleo vêm da Venezuela, mas que o governo dos EUA já está "de olho" há meses nos novos campos de petróleo encontrados no Brasil, tendo, inclusive, reativado sua frota para a América do Sul e o Caribe, composta de 11 embarcações.
"Ainda que não se conheça as reservas exatas, sabe-se que o petróleo encontrado no litoral brasileiro é abundante: se forem cumpridas as previsões, o Brasil passará a ser o oitavo ou o nono produtor do planeta", diz o diário espanhol. "A previsão é que haja petróleo para exportar não só para os EUA, como também a outros países que já se mostraram interessados, como a China e o Japão."
O jornal lembra que 11% das importações americanas de petróleo vêm da Venezuela, mas que o governo dos EUA já está "de olho" há meses nos novos campos de petróleo encontrados no Brasil, tendo, inclusive, reativado sua frota para a América do Sul e o Caribe, composta de 11 embarcações.
"Ainda que não se conheça as reservas exatas, sabe-se que o petróleo encontrado no litoral brasileiro é abundante: se forem cumpridas as previsões, o Brasil passará a ser o oitavo ou o nono produtor do planeta", diz o diário espanhol. "A previsão é que haja petróleo para exportar não só para os EUA, como também a outros países que já se mostraram interessados, como a China e o Japão."
Mas o "El País" afirma que o Brasil teria um interesse maior em vender derivados, como a gasolina, "o que é mais rentável do que a venda de barris de petróleo cru".
"Isso explica por que Lula decidiu apostar em uma grande injeção de capital na Petrobras, para a construção de quatro novas refinarias e na ampliação de outras tantas já existentes", diz o jornal. "O negócio já está andando."
"Isso explica por que Lula decidiu apostar em uma grande injeção de capital na Petrobras, para a construção de quatro novas refinarias e na ampliação de outras tantas já existentes", diz o jornal. "O negócio já está andando."
Após cirurgia, Alencar assume Presidência durante viagem de Lula aos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Enquanto estiver discutindo os efeitos da crise financeira mundial em Washington, a Presidência da República ficará sob o comando do vice-presidente José Alencar.
É a primeira vez que Alencar assume a presidência desde que voltou ao trabalho, depois da retirada de tumores na região abdominal. O vice retornou ao Palácio no Planalto no último dia 2 deste mês para participar da reunião de coordenação política. A volta foi comemorada pelo presidente Lula e os ministros presentes à reunião.
É a primeira vez que Alencar assume a presidência desde que voltou ao trabalho, depois da retirada de tumores na região abdominal. O vice retornou ao Palácio no Planalto no último dia 2 deste mês para participar da reunião de coordenação política. A volta foi comemorada pelo presidente Lula e os ministros presentes à reunião.
Lula e Obama têm trajetórias semelhantes, diz Dilma
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que ''guardadas as proporções, os dois (presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o líder americano, Barack Obama) têm trajetórias semelhantes''.
A ministra chegou na sexta-feira (13) à noite a Washington, acompanhando Lula, que se encontrará com Obama hoje na Casa Branca.
Dilma citou como afinidade entre os dois líderes as mensagens oferecidas por Obama em sua campanha presidencial.
''A campanha dele [Obama] foi uma campanha de mudança, de noção de esperança renovada.''
A ministra chegou na sexta-feira (13) à noite a Washington, acompanhando Lula, que se encontrará com Obama hoje na Casa Branca.
Dilma citou como afinidade entre os dois líderes as mensagens oferecidas por Obama em sua campanha presidencial.
''A campanha dele [Obama] foi uma campanha de mudança, de noção de esperança renovada.''
Obama visto por Gil
O ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, que veio a Washington no mesmo avião que a comitiva brasileira, mas que não integra a delegação do governo, diz que o encontro entre Lula e Obama servirá para que os dois líderes possam 'se perceber' e ''estabelecer o sentido mais direto das percepções que têm um do outro''.
Gil disse que torceu por Obama ao longo da disputa presidencial americana. ''E continuo torcendo pelo trabalho dele, pela afirmação do trabalho dele, que é cada vez mais necessário.''
No entender do ex-ministro, Obama representa ''a emergência de uma mentalidade jovem nos Estados Unidos, preocupada com o futuro da humanidade, em jogar um jogo mais aberto, pluralista''.
Mas Gil afirmou não acreditar que poderá ser incluído na equipe que participará do encontro com Obama. ''Nunca estive com ele, mas claro que gostaria. É um jovem importante, pertencente a uma minoria política que vem historicamente trabalhando para encontrar seu lugar, seu protagonismo.''
Gil disse que torceu por Obama ao longo da disputa presidencial americana. ''E continuo torcendo pelo trabalho dele, pela afirmação do trabalho dele, que é cada vez mais necessário.''
No entender do ex-ministro, Obama representa ''a emergência de uma mentalidade jovem nos Estados Unidos, preocupada com o futuro da humanidade, em jogar um jogo mais aberto, pluralista''.
Mas Gil afirmou não acreditar que poderá ser incluído na equipe que participará do encontro com Obama. ''Nunca estive com ele, mas claro que gostaria. É um jovem importante, pertencente a uma minoria política que vem historicamente trabalhando para encontrar seu lugar, seu protagonismo.''
Lula se encontra com Obama na Casa Branca em busca de afinidade
Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com Barack Obama na Casa Branca, em Washington (EUA), neste sábado, tornando-se o primeiro presidente latino-americano a se reunir com o presidente americano.
Ambos devem fazer uma declaração à imprensa nesta tarde. Depois, seguem para almoço na embaixada brasileira.
Os presidentes vão tentar iniciar uma relação que deve se estreitar futuramente. De acordo com analistas, mais que buscar acordos específicos, ambos tentarão estabelecer uma afinidade que facilite de um modo geral a relação entre Brasil e Estados Unidos. "Acho ótimo que se conheçam desde o princípio, nos primeiros 50 dias de Obama no cargo", disse à agência Efe Carla Hills, que foi representante de Comércio Exterior dos EUA durante o governo Bush.
Hills destacou que os interesses comuns são grandes. "Os dois países sofrem com a crise econômica e não podem se isolar do resto do mundo. Podemos falar abertamente a respeito do que podemos fazer para fomentar o progresso em nível global e sobre o que, particularmente, nos beneficiará."
O multilateralismo abraçado por Obama é algo que o aproxima de Lula, que tentou tirar o Brasil de seu tradicional retraimento e colocá-lo no centro dos debates internacionais. Os EUA colaboraram com o Brasil principalmente na promoção do etanol e na luta contra a malária e a Aids na África.
Esse vínculo "é um reconhecimento do emergir do Brasil no mundo e achamos que estamos num ponto no qual será possível tornar realidade todo o potencial dessa relação nos próximos meses e anos", disse o secretário de Estado adjunto para a América Latina, Thomas Shannon.
Os líderes também vão conversar comparar as anotações sobre dois fóruns internacionais que estão nas agendas no próximo mês, do G20 (grupo dos países ricos e os principais emergentes).
Ambos devem fazer uma declaração à imprensa nesta tarde. Depois, seguem para almoço na embaixada brasileira.
Os presidentes vão tentar iniciar uma relação que deve se estreitar futuramente. De acordo com analistas, mais que buscar acordos específicos, ambos tentarão estabelecer uma afinidade que facilite de um modo geral a relação entre Brasil e Estados Unidos. "Acho ótimo que se conheçam desde o princípio, nos primeiros 50 dias de Obama no cargo", disse à agência Efe Carla Hills, que foi representante de Comércio Exterior dos EUA durante o governo Bush.
Hills destacou que os interesses comuns são grandes. "Os dois países sofrem com a crise econômica e não podem se isolar do resto do mundo. Podemos falar abertamente a respeito do que podemos fazer para fomentar o progresso em nível global e sobre o que, particularmente, nos beneficiará."
O multilateralismo abraçado por Obama é algo que o aproxima de Lula, que tentou tirar o Brasil de seu tradicional retraimento e colocá-lo no centro dos debates internacionais. Os EUA colaboraram com o Brasil principalmente na promoção do etanol e na luta contra a malária e a Aids na África.
Esse vínculo "é um reconhecimento do emergir do Brasil no mundo e achamos que estamos num ponto no qual será possível tornar realidade todo o potencial dessa relação nos próximos meses e anos", disse o secretário de Estado adjunto para a América Latina, Thomas Shannon.
Os líderes também vão conversar comparar as anotações sobre dois fóruns internacionais que estão nas agendas no próximo mês, do G20 (grupo dos países ricos e os principais emergentes).
Tensão
Embora ambas as nações tenham interesses muito parecidos, entre elas também há alguns pontos menores de tensão. Um deles é o comércio. O Brasil protestou abertamente contra a cláusula Buy American (compre produtos americanos, em tradução livre), do pacote de estímulo econômico dos EUA, que privilegia a indústria nacional.
Depois que os principais parceiros comerciais do país reclamaram, o artigo foi modificado e agora especifica que o governo respeitará o tempo todo as obrigações contraídas nos tratados comerciais internacionais.
Outro tema delicado é a tarifa de US$ 0,54 (cerca de R$ 1,24) por galão (3,8 litros) com a qual os EUA taxam o etanol exportado pelo Brasil para proteger os produtores americanos. O governo brasileiro, cujo etanol de cana-de-açúcar é mais barato que o produzido a partir de milho nas destilarias americanas, já pediu várias vezes à Casa Branca que essa barreira alfandegária seja eliminada.
Além disso, um caso familiar surgiu nas relações entre ambos os países. O protagonista dele é Sean Goldman, cuja mãe, Bruna Carneiro Ribeiro, o trouxe para o Brasil há quatro anos, sem nunca mais voltar para os EUA. O pai do menino, David Goldman, luta para recuperar a guarda da criança, que encontra-se com o segundo marido de Bruna, morta há seis meses enquanto dava à luz uma menina.
Segundo Shannon, o polêmico caso chegou ao conhecimento de Obama. E a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, telefonou para Goldman, que está no Rio de Janeiro, para destacar a "importância que o caso" tem para os EUA, acrescentou o secretário de Estado adjunto. A previsão é de que o tema seja abordado no encontro deste sábado entre Lula e Obama.
Um tratado ratificado entre os dois países obriga o retorno de Sean aos EUA, onde as tribunais deverão decidir quem terá a guarda da criança. Porém, o governo brasileiro não quis se envolver no caso. "É um assunto que está na Justiça, que é do direito da família", declarou há algumas semanas em Washington o chanceler Celso Amorim, após uma reunião com Hillary sobre o encontro de amanhã entre os presidentes.
Ambos os governos, no entanto, acham que essas diferenças não amargarão uma relação que promete se desenvolver ainda mais.
Depois que os principais parceiros comerciais do país reclamaram, o artigo foi modificado e agora especifica que o governo respeitará o tempo todo as obrigações contraídas nos tratados comerciais internacionais.
Outro tema delicado é a tarifa de US$ 0,54 (cerca de R$ 1,24) por galão (3,8 litros) com a qual os EUA taxam o etanol exportado pelo Brasil para proteger os produtores americanos. O governo brasileiro, cujo etanol de cana-de-açúcar é mais barato que o produzido a partir de milho nas destilarias americanas, já pediu várias vezes à Casa Branca que essa barreira alfandegária seja eliminada.
Além disso, um caso familiar surgiu nas relações entre ambos os países. O protagonista dele é Sean Goldman, cuja mãe, Bruna Carneiro Ribeiro, o trouxe para o Brasil há quatro anos, sem nunca mais voltar para os EUA. O pai do menino, David Goldman, luta para recuperar a guarda da criança, que encontra-se com o segundo marido de Bruna, morta há seis meses enquanto dava à luz uma menina.
Segundo Shannon, o polêmico caso chegou ao conhecimento de Obama. E a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, telefonou para Goldman, que está no Rio de Janeiro, para destacar a "importância que o caso" tem para os EUA, acrescentou o secretário de Estado adjunto. A previsão é de que o tema seja abordado no encontro deste sábado entre Lula e Obama.
Um tratado ratificado entre os dois países obriga o retorno de Sean aos EUA, onde as tribunais deverão decidir quem terá a guarda da criança. Porém, o governo brasileiro não quis se envolver no caso. "É um assunto que está na Justiça, que é do direito da família", declarou há algumas semanas em Washington o chanceler Celso Amorim, após uma reunião com Hillary sobre o encontro de amanhã entre os presidentes.
Ambos os governos, no entanto, acham que essas diferenças não amargarão uma relação que promete se desenvolver ainda mais.
"Estou rezando mais por ele do que por mim", diz Lula sobre Obama
Em encontro hoje com a presença da imprensa na Casa Branca, em Washington (EUA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a Barack Obama que reza mais pelo presidente americano do que por ele próprio.
"Com apenas 40 dias de mandato, ter um pepino como esse [a crise financeira]... Eu não queria estar na pele dele", disse Lula. "Ele está parecendo minha mulher falando comigo", brincou Obama, em resposta.
"Com apenas 40 dias de mandato, ter um pepino como esse [a crise financeira]... Eu não queria estar na pele dele", disse Lula. "Ele está parecendo minha mulher falando comigo", brincou Obama, em resposta.
Lula é o primeiro presidente latino-americano a ser recebido na Casa Branca. Ele ressaltou o papel do presidente americano na região. "Obama tem a oportunidade histórica de melhorar as relações com a América Latina e a África", afirmou o presidente brasileiro. O democrata afirmou que espera visitar o Brasil em breve.
À imprensa, ao lado de Obama, Lula destacou ainda pontos que considera importantes para superar a crise econômica mundial, deflagrada nos Estados Unidos.
"O presidente Obama e eu estamos convencidos de que essa crise econômica pode ser resolvida com decisões políticas no próximo G20", disse Lula. "Precisamos restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade no sistema financeiro. Precisamos restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade nos governos. Para isso, precisamos fazer com que o crédito volte a fluir dentro dos países e também facilitar o comércio entre os países."
À imprensa, ao lado de Obama, Lula destacou ainda pontos que considera importantes para superar a crise econômica mundial, deflagrada nos Estados Unidos.
"O presidente Obama e eu estamos convencidos de que essa crise econômica pode ser resolvida com decisões políticas no próximo G20", disse Lula. "Precisamos restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade no sistema financeiro. Precisamos restabelecer a credibilidade e a confiança da sociedade nos governos. Para isso, precisamos fazer com que o crédito volte a fluir dentro dos países e também facilitar o comércio entre os países."
Lula destaca protecionismo dos EUA; Obama fala em "respeito entre os países"
Em encontro com Barack Obama com a presença da imprensa na Casa Branca nesta tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou mais uma vez a questão do protecionismo adotado pelos Estados Unidos.
"Está claro que, para o tamanho dos dois países, [o comércio entre eles] é muito pouco. [...] O problema é que todo país só quer vender, ou seja, cada país quer ter superávit comercial, e não é possível. O comércio exterior é uma via de mão dupla. Você vende e compra para manter o equilíbrio. E nós precisamos manter isso. Protecionismo, neste momento, agravaria a crise econômica, declarou Lula.
Eu espero que os Estados Unidos e o Brasil possam amadurecer nos seus pensamentos [...] e apresentar ao mundo uma solução para o sistema financeiro, que precisa de regulamentação, e isso é inexorável. O tamanho da regulamentação vamos descobrir. Eu sou otimista", continuou o presidente brasileiro.
Antes, Obama havia afirmado que o objetivo é "não retroceder nos avanços que já aconteceram". "O acordo que nós já conseguimos com o Brasil não pode ser violado. Tenho certeza que o presidente Lula também vai tomar atitudes semelhantes no Brasil para garantir que o comércio mundial não retroceda. [...] Vamos assegurar que o respeito entre os dois países construa um caminho bom para ambos. Não vamos construir muros em torno de nossos países."
Antes, Obama havia afirmado que o objetivo é "não retroceder nos avanços que já aconteceram". "O acordo que nós já conseguimos com o Brasil não pode ser violado. Tenho certeza que o presidente Lula também vai tomar atitudes semelhantes no Brasil para garantir que o comércio mundial não retroceda. [...] Vamos assegurar que o respeito entre os dois países construa um caminho bom para ambos. Não vamos construir muros em torno de nossos países."
Obama fala em possível parceria energética com o Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discutiram sobre alguns dos assuntos de interesse das relações bilaterais como o biocombustível. Na primeira visita de um presidente da América Latina à Casa Branca, Obama informou que considera incrível a liderança do Brasil sobre a discussão do biocombustível.
"Eu tenho uma admiração muito grande pelos passos que foram tomados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do biocombustível. É um investimento que o Brasil vem fazendo há muito tempo. Minha política com relação a isso é dobrar os esforços dos EUA para encontrar também aqui dentro uma energia limpa. Temos que aprender muita coisa com o Brasil", afirmou Obama.
"Eu tenho uma admiração muito grande pelos passos que foram tomados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do biocombustível. É um investimento que o Brasil vem fazendo há muito tempo. Minha política com relação a isso é dobrar os esforços dos EUA para encontrar também aqui dentro uma energia limpa. Temos que aprender muita coisa com o Brasil", afirmou Obama.
De acordo com Lula, a cada dia que passa o Brasil está provando que o biocombustível é uma alternativa extraordinária e aos poucos os países estarão utilizando os biocombustíveis também. "Eu acredito nisso", disse.
Lula disse ao presidente Obama que deveriam construir parcerias e fazer projetos com terceiros países, sobretudo do continente africano. "As coisas vão andando na medida que as pessoas vão lutando. Ninguém muda de uma hora pra outra a matriz energética. Graças a deus o Brasil já tem mais de 30 anos de domínio tecnológico". O presidente brasileiro vai pedir a Obama que ande em um carro flex quando for ao Brasil. "Ele vai perceber a tranquilidade".
O presidente americano informou que sabe que o tema do bioetanol nos EUA é um motivo de tensão entre os dois países, não vai mudar de um dia para o outro. "Mas eu acho que enquanto continuarmos a construir este intercâmbio de ideias sobre o biodisel, aos poucos esta questão vai se resolver", disse.
Segundo Obama, os dois países têm um potencial de trocar ideias e estruturas muito grande. Lula anunciou que este assunto vai ser discutido em um seminário em Nova York na próxima segunda-feira (16).
Lula disse ao presidente Obama que deveriam construir parcerias e fazer projetos com terceiros países, sobretudo do continente africano. "As coisas vão andando na medida que as pessoas vão lutando. Ninguém muda de uma hora pra outra a matriz energética. Graças a deus o Brasil já tem mais de 30 anos de domínio tecnológico". O presidente brasileiro vai pedir a Obama que ande em um carro flex quando for ao Brasil. "Ele vai perceber a tranquilidade".
O presidente americano informou que sabe que o tema do bioetanol nos EUA é um motivo de tensão entre os dois países, não vai mudar de um dia para o outro. "Mas eu acho que enquanto continuarmos a construir este intercâmbio de ideias sobre o biodisel, aos poucos esta questão vai se resolver", disse.
Segundo Obama, os dois países têm um potencial de trocar ideias e estruturas muito grande. Lula anunciou que este assunto vai ser discutido em um seminário em Nova York na próxima segunda-feira (16).
Obama diz que EUA "têm muito a aprender com o Brasil" sobre energia limpa
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou neste sábado, durante encontro com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na Casa Branca, que os EUA "têm muito a aprender com o Brasil" no campo da energia renovável e afirmou que pretende usar o vínculo com esse país para "fortalecer" a relação com a América Latina.
"Eu tenho uma admiração muito grande pelos passos que foram dados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do biocombustível. É um investimento que o Brasil vem fazendo há muito tempo. Minha política em relação a isso é dobrar os esforços dos EUA para encontrar também aqui dentro uma energia limpa. Temos que aprender muita coisa com o Brasil", afirmou Obama.
"Eu tenho uma admiração muito grande pelos passos que foram dados pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do biocombustível. É um investimento que o Brasil vem fazendo há muito tempo. Minha política em relação a isso é dobrar os esforços dos EUA para encontrar também aqui dentro uma energia limpa. Temos que aprender muita coisa com o Brasil", afirmou Obama.
Para Lula, EUA precisam ser parceiros e não fiscais da América Latina
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, em Washington, após encontro com o líder americano, Barack Obama, que a relação entre americanos e latino-americanos precisa ser pautada por um "olhar de parceria, não de fiscal''.
Para Lula, por muito tempo o governo dos Estados Unidos agiu como quem ia "combater o narcotráfico ou vigiar alguma coisa, ou combater a luta armada. Isso não existe mais".
Mas o líder brasileiro vê um comportamento distinto por parte do atual presidente dos EUA e acrescentou estar "otimista que a relação do governo Obama com a América Latina e o Brasil vai melhorar muito".
Devido ao suposto novo contexto existente nos EUA e na América Latina, onde segundo Lula, vive-se "uma experiência rica no exercício da democracia", o presidente afirmou que irá propor à Unasul um conselho sul-americano de combate ao narcotráfico.
De acordo com o presidente, a idéia surgiu após um encontro que ele teve com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
Segundo o presidente Lula, os países da região não podem mais ficar "dependendo da ingerência de ninguém numa coisa que temos que resolver pelas próprias mãos".
O comentário foi uma referência às antigas políticas de combate às drogas em países latino-americanos por parte dos EUA.
"Os outros que cuidem de tomar conta dos consumidores. Aí, a gente poderá olhar para a América Latina com um olhar produtivo. Gerar oportunidades para que os países possam crescer."
Lula acrescentou que o Brasil tem mais de 8.000 km de costa marítima, 15 mil km de fronteiras e que, por isso, "estaríamos sendo irresponsáveis se não construíssemos uma parceria para combater o narcotráfico".
Mas o líder brasileiro vê um comportamento distinto por parte do atual presidente dos EUA e acrescentou estar "otimista que a relação do governo Obama com a América Latina e o Brasil vai melhorar muito".
Devido ao suposto novo contexto existente nos EUA e na América Latina, onde segundo Lula, vive-se "uma experiência rica no exercício da democracia", o presidente afirmou que irá propor à Unasul um conselho sul-americano de combate ao narcotráfico.
De acordo com o presidente, a idéia surgiu após um encontro que ele teve com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
Segundo o presidente Lula, os países da região não podem mais ficar "dependendo da ingerência de ninguém numa coisa que temos que resolver pelas próprias mãos".
O comentário foi uma referência às antigas políticas de combate às drogas em países latino-americanos por parte dos EUA.
"Os outros que cuidem de tomar conta dos consumidores. Aí, a gente poderá olhar para a América Latina com um olhar produtivo. Gerar oportunidades para que os países possam crescer."
Lula acrescentou que o Brasil tem mais de 8.000 km de costa marítima, 15 mil km de fronteiras e que, por isso, "estaríamos sendo irresponsáveis se não construíssemos uma parceria para combater o narcotráfico".
Lula pede a Obama aproximação com Cuba, Venezuela e Bolívia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou neste sábado que pediu ao presidente americano, Barack Obama, uma aproximação dos Estados Unidos com Cuba, Venezuela e Bolívia, e que se construa uma nova relação de "confiança e não ingerência" entre Washington e a América Latina.
"Disse ao presidente Obama, e tenho a esperança de que isto vá acontecer, que é preciso que haja uma aproximação com a Venezuela, que haja uma aproximação com Cuba
"Penso que devemos construir na América Latina uma nova relação, uma relação de confiança, de não ingerência, de compartilhar as coisas boas", destacou Lula.
O presidente brasileiro também disse que a eleição de Obama dá uma "oportunidade histórica" para que os Estados Unidos melhorem suas relações com a América Latina, que afirmou que pretende "fortalecer". Esta foi a primeira visita de um presidente latino-americano a Obama na Casa Branca.
O presidente brasileiro também disse que a eleição de Obama dá uma "oportunidade histórica" para que os Estados Unidos melhorem suas relações com a América Latina, que afirmou que pretende "fortalecer". Esta foi a primeira visita de um presidente latino-americano a Obama na Casa Branca.
Fonte: Folha online
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