ÉPOCA falou com o ex-jogador Casagrande no centro de reabilitação onde há sete meses ele se recupera da dependência
Walter Casagrande Júnior, comentarista de futebol e ex-jogador, levanta-se cedo todos os dias. Às 7 horas começa sua rotina na Greenwood, uma clínica de reabilitação cercada por árvores e pela névoa da montanha em Itapecerica da Serra, município da Grande São Paulo, onde está há sete meses isolado. Lá dentro, Casagrande, ídolo do futebol, é apenas mais um dos pacientes que lutam para sair do abismo da dependência química. Assim como a maior parte dos internos da clínica, entrou ali de forma involuntária, por decisão da ex-mulher Mônica e de um dos três filhos, o produtor de rádio Victor Hugo Casagrande, o Kasinha, de 22 anos. A internação involuntária é permitida por uma lei federal, a nº 10.216, que autoriza essa internação psiquiátrica mediante laudo médico, termo assinado pela família – que se torna responsável pela entrada e saída do doente – e aprovação do Ministério Público. ÉPOCA encontrou Casagrande e publica seu primeiro depoimento desde a internação, há sete meses. “Tenho prazer em sentir que estou evoluindo”, diz.
Até agora, apenas os íntimos sabiam onde Casagrande estava. Em março, a revista Placar noticiou que ele estava internado, mas não se sabia em que clínica. O sigilo se explica pela natural preocupação da família e dos amigos em proteger a privacidade durante o tratamento. Localizado por ÉPOCA, ele aceitou falar sobre sua recuperação.
“As pessoas que gostam de mim podem ficar tranqüilas. Estou me tratando bem”, disse na tarde da sexta-feira, vestindo uma bata branca, óculos escuros, calça jeans e tênis de cano longo. Estava bronzeado e com ar bem-disposto. Casagrande chegou à clínica pesando 72 quilos; hoje, está com 92. “Pretendo retornar ao trabalho na TV, no jornal e no rádio, com futebol e rock-‘n’-roll. Tenho s prazer em sentir que estou evoluindo. A recuperação é muito mais difícil do que se afundar, mas posso falar com toda a certeza que é muito mais prazeroso estar se recuperando e limpo do que estar usando drogas”, disse. Casagrande deu um recado a outros dependentes, semelhante ao que outros pacientes que passaram por clínicas deram a ÉPOCA para esta reportagem. “As pessoas precisam aceitar que são dependentes e que estarão em recuperação diariamente, até o final da vida, porque a droga é sedutora” (Clique aqui e leia seu depoimento).
Casagrande foi parar na clínica Greenwood depois de um grave acidente de carro. Na noite de 22 de setembro de 2007, ele perdeu o controle de seu Jeep Cherokee, capotou e atingiu vários carros em uma rua do bairro da Lapa, em São Paulo. Foi internado em estado de coma na UTI do hospital Albert Einstein. De lá, foi levado para a clínica de Itapecerica, onde nos primeiros dias não pôde ver a família – um isolamento inicial que também ocorre com outros pacientes. Nos primeiros dias, a ex-mulher Mônica e os três filhos recebiam as notícias sobre Casagrande pelo telefone.
Embora desde os tempos de jogador Casagrande tivesse se envolvido em incidentes com drogas, esses episódios eram vistos como contratempos iguais aos de muitos jovens de sua geração. Apesar dos 45 anos completados na semana passada (“Fizeram um bolaço de aniversário aqui na clínica”, diz), Casagrande manteve os longos cabelos encaracolados e a imagem de jovem rebelde dos tempos em que foi ídolo dos torcedores do Corinthians (leia o quadro abaixo). Como jogador, ele despontou aos 19 anos, quando marcou três gols em uma vitória de 5 a 1 sobre o rival Palmeiras. Mesmo tão jovem, Casagrande foi um dos mais vistosos membros da Democracia Corintiana, movimento que reivindicava para os jogadores o direito de discutir questões internas do time e participar da política. Pela Seleção, jogou a Copa do Mundo de 1986, no México. Depois de alguns anos no futebol italiano, em um time pequeno (Ascoli) e um grande (Torino), voltou ao Brasil. Encerrou a carreira em 1996, aos 33 anos, e tornou-se comentarista de rádio e de TV. Seu contrato com a TV Globo vai até 2010. Licenciado por tempo indeterminado, continua a receber o salário de R$ 50 mil mensais.
Até agora, apenas os íntimos sabiam onde Casagrande estava. Em março, a revista Placar noticiou que ele estava internado, mas não se sabia em que clínica. O sigilo se explica pela natural preocupação da família e dos amigos em proteger a privacidade durante o tratamento. Localizado por ÉPOCA, ele aceitou falar sobre sua recuperação.
“As pessoas que gostam de mim podem ficar tranqüilas. Estou me tratando bem”, disse na tarde da sexta-feira, vestindo uma bata branca, óculos escuros, calça jeans e tênis de cano longo. Estava bronzeado e com ar bem-disposto. Casagrande chegou à clínica pesando 72 quilos; hoje, está com 92. “Pretendo retornar ao trabalho na TV, no jornal e no rádio, com futebol e rock-‘n’-roll. Tenho s prazer em sentir que estou evoluindo. A recuperação é muito mais difícil do que se afundar, mas posso falar com toda a certeza que é muito mais prazeroso estar se recuperando e limpo do que estar usando drogas”, disse. Casagrande deu um recado a outros dependentes, semelhante ao que outros pacientes que passaram por clínicas deram a ÉPOCA para esta reportagem. “As pessoas precisam aceitar que são dependentes e que estarão em recuperação diariamente, até o final da vida, porque a droga é sedutora” (Clique aqui e leia seu depoimento).
Casagrande foi parar na clínica Greenwood depois de um grave acidente de carro. Na noite de 22 de setembro de 2007, ele perdeu o controle de seu Jeep Cherokee, capotou e atingiu vários carros em uma rua do bairro da Lapa, em São Paulo. Foi internado em estado de coma na UTI do hospital Albert Einstein. De lá, foi levado para a clínica de Itapecerica, onde nos primeiros dias não pôde ver a família – um isolamento inicial que também ocorre com outros pacientes. Nos primeiros dias, a ex-mulher Mônica e os três filhos recebiam as notícias sobre Casagrande pelo telefone.
Embora desde os tempos de jogador Casagrande tivesse se envolvido em incidentes com drogas, esses episódios eram vistos como contratempos iguais aos de muitos jovens de sua geração. Apesar dos 45 anos completados na semana passada (“Fizeram um bolaço de aniversário aqui na clínica”, diz), Casagrande manteve os longos cabelos encaracolados e a imagem de jovem rebelde dos tempos em que foi ídolo dos torcedores do Corinthians (leia o quadro abaixo). Como jogador, ele despontou aos 19 anos, quando marcou três gols em uma vitória de 5 a 1 sobre o rival Palmeiras. Mesmo tão jovem, Casagrande foi um dos mais vistosos membros da Democracia Corintiana, movimento que reivindicava para os jogadores o direito de discutir questões internas do time e participar da política. Pela Seleção, jogou a Copa do Mundo de 1986, no México. Depois de alguns anos no futebol italiano, em um time pequeno (Ascoli) e um grande (Torino), voltou ao Brasil. Encerrou a carreira em 1996, aos 33 anos, e tornou-se comentarista de rádio e de TV. Seu contrato com a TV Globo vai até 2010. Licenciado por tempo indeterminado, continua a receber o salário de R$ 50 mil mensais.
Casagrande teve quatro overdoses nos últimos três anos. “E estou vivo”, diz
O primeiro incidente público de Casagrande com drogas data da década de 80. Em dezembro de 1982 ele foi detido pela polícia com 3 gramas de cocaína. Naquela ocasião, disse ter sido vítima de uma armação. Em 1987, um ano depois de disputar sua primeira e única Copa do Mundo, o jogador foi mais uma vez parar na delegacia. Foi detido na companhia de um músico, Ocimar de Oliveira, que, segundo a polícia, portava 11 gramas de cocaína.
Entre 2005 e 2007 Casagrande teve quatro overdoses (“E estou vivo”, diz). Nesse período, internou-se apenas uma vez, por 40 dias. Esses episódios contribuíram para sua separação de Mônica, com quem foi casado por 21 anos. Depois da separação, ele passou a namorar a psiquiatra Karine Vasconcellos, que estava com ele no carro no dia do acidente (e saiu praticamente ilesa). Casagrande fez questão de dizer a ÉPOCA que Karine, sua ex-noiva, não é usuária de drogas.
Ao chegar à clínica,Casagrande foi avaliado por uma equipe comandada pelos psiquiatras Pablo Roig e Cirilo Tosset, donos da Greenwood. Todos os pacientes passam por essa triagem, em que é feito o primeiro diagnóstico. Casagrande disse que sua primeira reação foi negar estar doente e precisar de ajuda, algo comum entre dependentes químicos. O primeiro adversário de um dependente é reconhecer sua condição. No primeiro mês na clínica de Itapecerica, Casagrande levou quatro meses para aceitar o tratamento. Nessa etapa, psicólogos e pacientes discutiram os efeitos maléficos que a cocaína e a heroína têm. Como em uma final de campeonato, os pacientes precisam de disciplina, concentração e força de vontade para vencer. Os que acompanham o tratamento afirmam que Casagrande tem mostrado essa força de vontade. Os médicos dizem que hoje ele aceita bem o tratamento. Participa de todas as discussões em grupo com os outros companheiros. São três reuniões pela manhã e outras quatro à tarde. Como os demais, ajudou a cultivar a horta que abastece a cozinha da clínica. Ele também joga vôlei e futebol com outros pacientes. Com o mesmo carisma que tinha como jogador e comentarista, Casagrande conquistou os psicólogos e companheiros da clínica. No final do dia, ele participa de uma atividade de relaxamento. “Ele não tem privilégios”, diz um dos médicos.
Fonte: Revista Época
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