quinta-feira, dezembro 11, 2008

A Escolha de uma Profissão I

René Descartes
A ambição do jovem René, um jovem Francês provinciano, era seguir uma carreira militar e tornar-se oficial no prestigioso exército comandado por Mauricio de Nassau.

Findo o curso no colégio jesuíta de La Flèche, ele estudou esgrima e equitação antes de alistar-se, aos 22 anos. Acontece, porém que ele era fisicamente tíbio e tinha enorme dificuldade em acordar cedo. O fracasso veio a galope. O pai de René, desapontado, chegou a recriminar o filho caçula, acusando-o de "não servir para nada exceto para ser encadernado em couro de novilho". Frustrado na vida de ação e aventura que pretendera levar, René recolheu-se a um pequeno cômodo em Ultrect, na Holanda, armou-se da dúvida hiperbólica e pôs-se "a conversar consigo mesmo sobre os seus pensamentos". Cogito, ergo sum. desse passo em falso nasceu Descartes.

A ambição de uma carreira militar e a breve incursão do jovem René, em 1618 no exército de Mauricio de Nassau seguem o relato e comentário de Alexander Koyré (Descartes pp.xxvii-xviii): "Teria ele [Descartes] se arrependido de abandonar a ação pela contemplação? Ao que parece, não.Ele conta que, quando considera 'as várias atividades e objetivos humanos, não há quase nenhum que me pareça vão inútil [e] se existe qualquer ocupação humana que possui algum valor e importância sólidos, aventuro-me a crer que é aquela que escolhi'. A opção feita em 1619, quando ele perguntou a si mesmo 'Quod vitae sctabor iter?' [que rumo tomar na vida?], trouxe-lhe satisfação". O desapontamento do pai do filósofo com os caminhos do caçula pode ser avaliado pelo que declarou ao receber o primeiro livro publicado por Descartes, o Discours de la Méthode , em 1637: "Apenas um de meus filhos me dá desgosto. Como posso ter gerado um filho tolo o suficiente para ser encadernado em couro de novilho" ( citado em Gaurkroger, Descartes, p. 23). Sobre os contextos biográfico e intelectual do cogito, ergo sum, ver: Gaukroger, Descartes, Cap. 8, e Rée, Pholophical Tales, pp. 11-24.


Fonte: Politica- Aime quotidien

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