terça-feira, dezembro 23, 2008

2008 em frases III


Maio
- "Reconheço que saiu da minha máquina, mas foi sem dolo nem má-fé. Tive uma surpresa quando percebi que tinha enviado." (José Aparecido Nunes Pires, ex-funcionário da Casa Civil, com dificuldades para explicar como o arquivo com o dossiê anti-FHC foi parar na caixa de e-mails de André Fernandes, assessor do tucano senador Alvaro Dias).
- "Ele só falava para mim que foi a Erenice [Guerra] que preparou um dossiê. Ele usou um banco de dados seletivo. Ele me contou que no dia 8 de fevereiro foi chamado para fazer isso." (André Fernandes, arrastando a secretária executiva da Casa Civil, lugar-tenente de Dilma, para o centro da encrenca do dossiê).
- "O Lula nunca fez um gesto de diálogo, nunca. Definiram, a meu ver equivocadamente, o PSDB como adversário principal. Foram buscar apoio no que havia de mais podre na política brasileira, e deu no mensalão." (FHC, esquecendo-se, em entrevista a Ricardo Kotscho, que também recorrera a aliados 'podres').
- "É como um cofrinho. Você tem o seu salário e faz as suas despesas. No fim do mês, o que sobrar vai ser colocado em um cofrinho." (Guido Mantega, explicando a jornalistas, em linguagem infantil, como funcionaria o Fundo Soberano).
- "Em nenhum momento soube que era travesti. Sou completamente heterosexual". (Ronaldo, o 'Fenômeno', tentando explicar o inexplicável).
- "A parte íntima da vida dele não interessa a ninguém, e ele não nos deve satisfação. A vida é assim: complexa e bonita, como os travestis." (Caetano Veloso, o especialista em assuntos aleatórios, saindo em socorro do craque).
- "Eu não brinco com democracia, porque toda vez que se brinca com democracia a gente quebra a cara. A alternância de poder é importante. Toda vez que um dirigente político se acha imprescindível e insubstituível, está começando a nascer um pequeno ditadorzinho dentro dele." (Lula, em Manaus, em pajelança do PAC, chutando a macumba do terceiro reinado).
- "Eu tinha 19 anos. Fiquei três anos na cadeia. E fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousa dizer a verdade para interrogador compromete a vida dos seus iguais." (Dilma Rousseff, no Senado, dando o troco a uma provocação inábil do 'demo' José Agripino Maia).
- "Os esforços do Fed nos últimos nove meses me lembram a antiga série de TV MacGyver, cujo herói saía de situações difíceis montando dispositivos inteligentes com objetos caseiros e fita adesiva." (O economista Paul Krugman, farejando a encrenca que resultaria dos 'arranjos improvisados' do banco central americano diante de uma crise até então apenas imobiliária).
- "Ninguém consegue fazer tudo em oito ou dez anos." (Lula, numa recaída continuísta).
- "Eu não sei nem falar direito a palavra [investment grade], mas, se a gente for traduzir isso para uma linguagem que os brasileiros entendem, o Brasil foi declarado um país sério." (Lula, decodificando para o eleitorado do Bolsa Família o significado da elevação do Brasil ao grau de investimento pela agência Standard & Poor's).
- "Não estou certo do que vou fazer depois de deixar a Presidência. Logo após o seu mandato, o vice-presidente Al Gore ganhou um Oscar e um Prêmio Nobel. Quem sabe eu poderia ganhar um prêmio. A loteria, por exemplo." (O presidente George Bush, fazendo piada para jornalistas na fase pré-crise).
Junho
- "Em nome de Serra, venho trazer essa saudação a Geraldo Alckmin." (Alberto Goldman, vice-governador tucano de São Paulo, em plena convenção do DEM, trocando o nome do candidato 'demo' Gilberto Kassab pelo do tucano Alckmin).
- "Nós estaremos juntos de qualquer forma. Se não for agora, de imediato, será daqui a noventa dias. Por isso, trago esta saudação ao companheiro Geraldo Kassab." (Goldman, no mesmo discurso, trocando as bolas pela segunda vez).
- "Eles adotaram aquilo que o comunicador de Hitler, Joseph Goebbels, dizia: uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade. E como mentem. Eles agora querem inventar trocando as letras, chamando de CSS." (O senador Mão Santa, do PMDB piauiense, erguendo barricadas contra a recriação da CPMF, que acabaria empacada na Câmara).
- "São as mesmas forças que mataram Getúlio, fizeram Jango renunciar e expulsaram Brizola do país. Isso faz parte da vida, e eu não fujo da luta." (Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, tentando dar verniz histórico à trapaça do desvio de verbas do BNDES).
- "A situação é gravíssima. Tem algum termo mais forte que gravíssimo?" (Inocêncio Oliveira, corregedor da Câmara, qualificando o escândalo que enredou o colega Paulinho. Um escândalo que, depois, o Conselho de Ética mandaria ao arquivo).
- "Ninguém que tiver cometido algum erro vai ser protegido por nós, não vamos salvar a pele de ninguém." (José Serra, o governador tucano de São Paulo, prometendo isenção na apuração do esquema de pagamento de propinas da multinacional Alstom, que fez negócios durante o governo Covas).
- "A causa é maior que o cargo, que está a serviço da causa" (Marina Silva, explicando a razão do desembarque do ministério do Meio Ambiente).
- "O Minc já falou em uma semana mais do que a Marina falou em cinco anos e meio." (Lula, na posse de Carlos Minc, realçando as diferenças do sucessor de Marina).
- "Os amigos daqui me advertiram de que há uma ordem de captura... [Mas me disseram que] a cúpula do governo, com apoio de Celso Amorim, estava a par. Eles não apoiariam uma captura por crimes políticos." (Trecho de e-mail de Olivério Medina, 'embaixador' das Farc no Brasil, pescado no computador de Raúl Reyes, o mandachuva das Farc, morto por soldados colombianos no Equador).

Fonte: blog do josias de souza (folha online)

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