segunda-feira, dezembro 29, 2008

Retrospectiva 2008 - Política Brasil

Veja os principais fatos ocorridos na política em 2008

As eleições municipais no Brasil, a demissão da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), a morte da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, e a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, que prendeu o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, estão entre os fatos do noticiário político ocorridos em 2008.
Veja abaixo a retrospectiva das principais notícias da editoria de Brasil deste ano:

09 de dezembro
A Polícia Federal prendeu, na Operação Naufrágio, o presidente do TJ (Tribunal de Justiça) do Espírito Santo, desembargador Frederico Pimentel, e mais seis pessoas por suspeita de participação num suposto esquema de venda e manipulação de sentenças em troca de favores e vantagens pessoais. Foram presos o filho do presidente do TJ-ES, o juiz Frederico Pimentel Filho, os desembargadores Elpídio José Duque e Josenider Varejão Tavares, a diretora de Distribuição de Processos do TJ-ES, Bárbara Sarcinelli --cunhada de Pimentel Filho--, e os advogados Pedro Celso Pereira e Paulo José Duque --filho do desembargador Elpídio Duque.

02 de dezembro
O juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal, condenou o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, a dez anos de prisão por corrupção ativa. Ele é acusado de tentar subornar um delegado da Polícia Federal para ter seu nome excluído das investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Também foram condenados o consultor Hugo Chicaroni e o assessor de Dantas, Humberto Braz, a sete anos de prisão.

26 de novembro
O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu abrir ação penal contra cinco investigados no inquérito sobre a venda de sentenças judiciais para beneficiar a máfia dos caça-níqueis e dos bingos: Paulo Medina --ministro afastado do STJ (Superior Tribunal de Justiça)--, Virgílio Medina (irmão do ministro do STJ), João Sérgio Leal Pereira (procurador regional da República), José Eduardo Carreira Alvim (ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região) e Ernesto da Luz Pinto Dória (desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo). Com isso, eles responderão a processos criminais por participação no esquema da máfia das sentenças. O suposto esquema foi desarticulado pela Operação Hurricane, da Polícia Federal.

20 de novembro
Por unanimidade, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou a cassação dos mandatos do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), e de seu vice José Lacerda Neto (DEM). Ambos são acusados de utilizar programas sociais para a distribuição irregular de dinheiro, via cheques, em um processo denominado Caso Fac (Fundação de Ação Comunitária).

17 de novembro
O Ministério Público Federal em Belo Horizonte denunciou o empresário Marcos Valério e outras 26 pessoas --incluindo diretores e ex-diretores do Banco Rural-- por crimes relacionados ao mensalão mineiro. A denúncia apresentada refere-se a um suposto esquema criminoso que colaborou com a campanha à reeleição do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao governo de Minas em 1998.

05 de novembro
O deputado federal Mussa Demes (DEM-PI) morreu aos 68 anos, em Fortaleza (CE). Ele sofria de câncer no pulmão.

26 de outubro
Mais de 27 milhões de eleitores foram às urnas no segundo turno das eleições em 30 municípios. No município de Benedito Leite (MA), no entanto, os votos dos eleitores foram válidos para o primeiro turno, já que no dia 5 de outubro, cerca de 600 pessoas incendiaram urnas e mantiveram presos o juiz eleitoral da cidade e seu filho.

05 de outubro
A eleição municipal levou mais de 128 milhões de brasileiros às urnas no primeiro turno para eleger prefeitos e vices dos municípios e os 52.137 vereadores para as câmaras municipais. Não votaram os eleitores do Distrito Federal e Fernando de Noronha (PE).

21 de agosto
O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou o texto da súmula vinculante (entendimento sobre o tema) que proíbe o nepotismo no serviço público nos três Poderes. Pelo texto, ficou estabelecida a ampliação do conceito que trata do nepotismo cruzado --quando autoridades contratam parentes de outras autoridades para driblar a relação direta de parentesco¨-- e que envolve diretamente os parentes de autoridades e pessoas que ocupam cargos de chefia ou confiança. A ordem vale para familiares até 3º grau.

14 de agosto
A juíza Márcia Helena Nunes, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região, ordenou a prisão do ex-chefe da Polícia Civil do Rio Álvaro Lins. A magistrada aceitou o pedido feito pelo Ministério Público Federal, que requereu a prisão com base nos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, facilitação de contrabando e lavagem de dinheiro, que resultaram na Operação Segurança Pública S/A, da Polícia Federal. Ele se entregou no dia 19.

12 de agosto
Com um placar apertado, o plenário da Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) aprovou o parecer do Conselho de Ética que pedia a cassação do mandato do deputado estadual Álvaro Lins (PMDB-RJ) por quebra de decoro. Lins é apontado em investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal como o chefe operacional de um esquema de pagamentos de propina dentro da estrutura da Secretaria de Segurança do Rio quando ele era chefe da Polícia Civil do Rio. Ele chegou a ser preso em flagrante no fim de maio durante a Operação Segurança Pública S/A, que desarticulou o suposto esquema. Mas ele foi solto por determinação da Alerj. Os deputados julgaram que o flagrante não estava configurado.

10 de agosto
O ex-prefeito de Juiz de Fora (MG) Carlos Alberto Bejani (PTB), preso por suspeita de corrupção, foi solto após ser beneficiado por um habeas corpus dado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele é investigado por suspeita de desvio de dinheiro do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). O suposto esquema foi desbaratado na Operação Pasárgada, deflagrada pela PF este ano. Bejani foi preso pela primeira vez em abril. Na casa dele, foram encontrados R$ 1,12 milhão em dinheiro, um revólver de uso exclusivo das Forças Armadas, duas pistolas e duas carabinas. O ex-prefeito ficou 13 dias detido e foi solto. Em 12 de junho, voltou a ser preso.

31 de julho
Governo federal abriu debate sobre a possibilidade de responsabilizar quem cometeu crimes de tortura durante a ditadura militar (1964-1985), e a aplicação da Lei da Anistia, de 1979.

17 de julho
O ex-banqueiro Salvatore Cacciola chega ao Brasil após ser extraditado de Mônaco, onde estava preso desde setembro do ano passado. O ex-dono do Banco Marka estava foragido há oito anos. Ele foi condenado à revelia no Brasil a 13 anos de prisão pela prática de vários crimes.

16 de julho
O delegado Protógenes Queiroz deixou a investigação da Operação Satiagraha após uma tensa reunião na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo com delegados enviados pela cúpula da direção geral da PF. Ele foi "convidado" pela direção geral da PF a se afastar das investigações por causa de supostos excessos cometidos durante a operação. A PF, no entanto, afirmou que o delegado deixou o inquérito para realizar um curso obrigatório.

08 de julho
A Polícia Federal prendeu na Operação Satiagraha, contra suspeitos de corrupção e de promover lavagem de dinheiro, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, entre outras pessoas. As investigações são um desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso do mensalão e enviados à Procuradoria da República de São Paulo pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

24 de junho
A ex-primeira-dama Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, morreu em São Paulo, aos 77 anos, vítima de arritmia grave decorrente de doença coronariana.

20 de junho
A Operação João de Barro, deflagrada pela Polícia Federal, cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão temporária em sete Estados --São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal-- contra suspeitos de integrar um esquema de fraude de contratos que desviava recursos públicos de obras realizadas em 119 municípios. Algumas destas obras estavam incluídas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

11 de junho
A Câmara dos Deputados aprovou a recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que agora tem o nome de CSS (Contribuição Social para a Saúde), com 259 votos favoráveis, 159 contrários e duas abstenções. Foram só dois votos a mais do que os 257 necessários para aprovar a proposta.

13 de maio
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) entregou o seu pedido de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela vinha entrando em conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em casos e questões que opõem proteção ambiental a interesses econômicos.

06 de maio
O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido da acusação de ser o mandante do assassinato, em fevereiro de 2005, da freira norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang. Por cinco votos a dois, o Tribunal do Júri de Belém considerou que ele não é culpado do crime de homicídio doloso duplamente qualificado. Bida, que estava preso desde março de 2005, foi libertado no mesmo dia do julgamento.

10 de abril
O reitor da UnB (Universidade de Brasília), Timothy Mulholland, decide se afastar do cargo após ser acusado de usar recursos destinados ao financiamento de projetos de pesquisa e desenvolvimento institucional da UnB para decorar seu apartamento funcional. Cerca de R$ 470 mil foram gastos para mobiliar e decorar o imóvel. Além disso, R$ 72 mil foram usados para comprar um automóvel de uso exclusivo do reitor. Todos os gastos foram custeados pela Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos).

08 de abril
A Polícia Federal prendeu, na Operação Pasárgada, 51 pessoas em Minas Gerais, na Bahia e no Distrito Federal, suspeitas de desvio ilegal de recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), que é repassado pela União. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 200 milhões, em três anos. Entre os detidos estavam 16 prefeitos (14 de MG, um deles afastado do cargo, e dois da BA), quatro procuradores municipais, nove advogados, um gerente da Caixa Econômica Federal e até um juiz federal de Belo Horizonte, além de mais quatro servidores do Judiciário.

03 de abril
A reitoria da UnB foi invadida por cerca de 150 estudantes que exigem a saída do reitor Timothy Mulholland.

28 de março
A Folha publicou uma reportagem revelando que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço-direito da ministra Dilma Rousseff, deu a ordem para a organização de um dossiê com todos os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua mulher, Ruth, e ministros da gestão tucana.

22 de março
Reportagem publicada pela revista "Veja" revelou que o Palácio do Planalto montou um dossiê que detalha gastos da família do então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Os documentos estariam sendo usados para intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. Segundo a revista, o governo teria reunido dados sobre gastos de FHC, da primeira-dama Ruth Cardoso e de assessores por meio de contas tipo B em 1998, 2000 e 2001. Haveria insinuações sobre o desvio de recursos públicos para a campanha que reelegeu FHC em 1998.

1º de fevereiro
O desgaste provocado pela denúncia de irregularidades no uso do cartão corporativo derrubou a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Ela decidiu deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após ser acusada de usar irregularmente o cartão. Em 2007, as despesas de Matilde com o cartão somaram R$ 171 mil. Desse total, ela gastou R$ 110 mil com o aluguel de carros e mais de R$ 5.000 em restaurantes.

23 de janeiro
Reportagem publicada pela Folha mostra que os cartões de crédito corporativo do governo federal, indicados para gastos como a compra de material, prestação de serviços e diárias de servidores em viagens, foram usados em 2007 para pagar despesas em loja de instrumentos musicais, veterinária, óticas, choperias, joalherias e em free shop.

Fonte: folha online

domingo, dezembro 28, 2008

A estrela Nua

Scarlette Johansson

A semana- Revista Itoé edição 2042

O poderoso Lula
Lula figura em 18º lugar na lista das 50 personalidades mais poderosas do mundo feita pela revista americana Newsweek. Ficou na frente de Bill Gates (fundador da Microso ), de Oprah Winfrey (a mais famosa apresentadora de tevê dos EUA) e de Rupert Murdoch (magnata das comunicações). Lula é elogiado por ter colocado o Brasil entre as "economias emergentes mais saudáveis do mundo". No topo da lista está Barack Obama.

0,13%
Foi o índice de queda no número de empregos com carteira assinada, em novembro. Signifi ca na prática a perda de 40,8 mil empregos formais. Os dados são do Ministério do Trabalho e é o primeiro resultado negativo na área de emprego no governo Lula

90%
Dos e-mails enviados em todo o mundo são spams. A informação é da empresa de tecnologia Cisco. Cerca de 200 milhões de e-mails do tipo são mandados diariamente. A maioria dos spams é originada nos EUA

Pernas para o ar
O ministro Joaquim Barbosa, que é o relator da ação penal que apura o escândalo do mensalão, aproveitou o recesso do Judiciário para se desligar totalmente da pauta do STF. "Estou exausto. Vou para fora do País", disse, ao fazer escala no Rio de Janeiro.

Recorde de faltas
Não bastasse a disparada de José Serra nas pesquisas, o deputado Ciro Gomes, candidato do PSB à Presidência, tem outra satisfação a dar a seus eleitores. Segundo levantamento do site Congresso em Foco, ele faltou a mais da metade das sessões da Câmara.

Quem é o prefeito
Já em campanha para o Senado, Lindberg Farias, prefeito reeleito de Nova Iguaçu, pôs em sua cadeira o secretário de Governo Toninho da Padaria, dando-lhe amplos poderes. Na ausência do chefe, o secretário contratou uma nova empresa para coletar o lixo na cidade. Mas tem estreitas ligações com a contratada

A aposta do Bradesco
Titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, o economista Octavio de Barros acertou na bucha quase todas as decisões do Copom no ano que finda. Para janeiro, suas apostas já estão feitas. Ele acredita que, afastado o temor das pressões inflacionárias e com o arrefecimento da atividade econômica, o Banco Central vai reduzir as taxas de juros em 0,5 ponto percentual.

Lobão, o senhor do pré-sal
Em visita a Londres a convite do primeiro-ministro Gordon Brown, para uma reunião da Opep, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi recebido como um príncipe saudita. O tratamento nobre, segundo ele, deve-se à descoberta das reservas de pré-sal. Na volta, Lobão acertou com a ministra Dilma Rousseff uma reunião para a primeira semana de janeiro, na qual será batido o martelo sobre o marco regulatório que vai criar a nova estatal responsável pelas províncias de pré-sal. "Essas descobertas são extraordinárias para o Brasil. As riquezas precisam ser transformadas para que o pré-sal seja de todos, e não de alguns poucos."

quinta-feira, dezembro 25, 2008

História- JESUS VIII

Este homem chamado Jesus

Os Evangelhos
Quase tudo o que sabemos da vida de Jesus vêm de narrativas conhecidas como evangelhos (palavra de origem grega que significa boa nova). A veracidade desses textos chegou a ser contestada por historiadores tão influentes quanto Ernest Renan (1823-1892) e teólogos tão importantes quanto Rudolf Bultmann (1884-1976).
De fato, vários evangelhos seguem a estrutura de um gênero literário muito apreciado na Antigüidade: os relatos sobre a vida de homens ilustres. Seus autores não tinham a preocupação de documentar rigorosamente os acontecimentos narrados. E misturavam, com muita liberdade, ingredientes históricos, lendários e doutrinários. É esse tempero peculiar que confere às obras seu sabor inconfundível.

As influências
São evidentes nos evangelhos as influências de antigas tradições judaicas, de mitologias pagãs (greco-romana e orientais) e de correntes esotéricas do século 1 d.C.. Mas isso não diminui sua confiabilidade como fontes de informação factual. Ultrapassando as objeções de Renan e Bultmann, os pesquisadores da atualidade tendem a valorizá-los cada vez mais.
Há um grande número de evangelhos. Apenas quatro são aceitos por todas as igrejas cristãs: os chamados canônicos (de acordo com a regra), atribuídos aos redatores Marcos, Mateus, Lucas e João. Os demais foram considerados apócrifos (não-autênticos). Porém, alguns deles vêm despertando grande interesse entre os estudiosos. É o caso do Evangelho de Tomé, redescoberto em Nag Hammadi, no Egito, em 1945.
O evangelho mais antigo, o de Marcos, deve ter sido redigido em sua forma final entre os anos 66 e 68 d.C. (certamente antes de 70 d.C.), data da destruição de Jerusalém pelos romanos, pois não há nele qualquer alusão a esse importante acontecimento. Na década de 80 d.C., apareceram, na forma como os conhecemos hoje, os evangelhos de Mateus e Lucas. Entre 90 e 110 d.C., concluiu-se a redação do evangelho de João. Na mesma época ou pouco depois, foi finalizado o Evangelho de Tomé.

Os evangelhos são narrativas confiáveis?
Um dos argumentos levantados contra a credibilidade dos evangelhos são as datas relativamente tardias de sua composição. Afirma-se que eles foram escritos várias décadas depois dos fatos narrados, quando a memória dos acontecimentos já estava deturpada. Mas esse ponto de vista é rejeitado hoje pelos especialistas. Pois cada evangelho passou por uma longa e complexa elaboração antes de chegar ao texto final. Para se ter uma idéia, o evangelho canônico mais recente, o de João, levou quatro décadas até alcançar sua forma definitiva. Isso já deslocaria a versão original dos anos 90-110 para os anos 50-70. É pouco provável que qualquer um dos evangelhos citados seja obra de um único homem. A análise textual indica que eles correram de mão em mão antes de assumirem o formato que conhecemos hoje.

Tudo começou com o Querigma
Os pesquisadores acreditam que, antes de qualquer registro escrito, se consolidou, muito cedo, uma tradição oral acerca da vida e da mensagem de Jesus. Seu núcleo era o querigma (palavra grega que significa anúncio). O querigma era uma fórmula curta, de forte impacto emocional, utilizada pelos discípulos para converter os ouvintes. Em torno dele, juntaram-se frases e parábolas atribuídas a Jesus e um relato mais detalhado de sua morte e ressurreição. À medida que as testemunhas oculares dos acontecimentos começaram a morrer, as comunidades cristãs sentiram a necessidade de fixar essa tradição por escrito. Os textos primitivos passaram, depois, por sucessivas reelaborações, nas quais o material original recebeu acréscimos, sofreu cortes ou foi adaptado às concepções do grupo a que pertenciam os redatores.

Por que sinóticos?
Em sua forma final, os quatro evangelhos canônicos aparecem redigidos em grego, o idioma falado pelos judeus que viviam fora da Palestina. O texto atribuído a Tomé é a versão em língua copta de um original grego. Os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas apresentam tantas semelhanças que era costume colocá-los em colunas paralelas, de modo que pudessem ser abarcados com um só olhar. Daí serem chamados de sinóticos. Eles possuem 330 versículos em comum. Acredita-se que sua redação passou por três etapas: a arcaica, a intermediária e a final. Ao longo dessas etapas, os redatores teriam se influenciado uns aos outros. E também utilizado materiais retirados de documentos independentes, jamais localizados.
Essa hipótese, baseada numa análise crítica dos textos finais, recebeu, em 1992, um reforço espetacular. Foi a descoberta, numa das grutas do sítio arqueológico de Qumran, na região do Mar Morto, em Israel, de um fragmento de papiro, datado do ano 50 d.C., onde se pode ler, em caracteres gregos, trechos de dois versículos do evangelho de Marcos. É impossível saber se o fragmento corresponde ao próprio evangelho ou a algum documento perdido, que o redator utilizou como fonte. De qualquer modo, o achado desmente a idéia de uma composição tardia e, portanto, pouco confiável das narrativas evangélicas. Duas décadas depois da morte de Jesus, sua história já estava sendo escrita.

A época em que Jesus viveu
Na época em que Jesus nasceu, os territórios que correspondem hoje a Israel e à Palestina se encontravam sob domínio romano. Antes disso, desde o século 6 a.C., a região fora conquistada sucessivamente por babilônios, persas e gregos. Roma consolidou sua ocupação em 63 a.C.. E, no ano 40 a.C., o estrangeiro Herodes foi proclamado rei da Judéia pelo senado romano. Seu pai, Antípatro, ocupara a função de procurador na administração romana - cargo cuja principal tarefa consistia em supervisionar a cobrança de impostos. Com muita habilidade política e nenhum escrúpulo, um exército de mercenários e as bênçãos de Roma, Herodes impôs seu reinado sobre um território que se estendia da Síria ao Egito. Foi chamado o Grande graças a um fabuloso programa de obras urbanísticas e arquitetônicas.

O governo de Herodes
Em seu governo, Jerusalém e muitas outras cidades foram reurbanizadas à moda romana: cortadas de ponta a ponta por grandes avenidas (o cardo máximo), subdivididas por ruas formando ângulos retos e embelezadas com palácios, anfiteatros, hipódromos, piscinas e jardins. Acima de todas as obras, destacou-se a suntuosa reconstrução do Templo de Jerusalém, com a qual o rei esperava conquistar a simpatia dos judeus, que o odiavam. O preço desse frenesi de edificações foi a extorsão e a opressão ilimitadas do povo. Constantemente amedrontado pela idéia de perder o poder, Herodes recorreu a todo tipo de crime, inclusive o assassinato de membros de sua própria família. Quando ele enfim morreu, no ano 4 a.C., o reino foi dividido entre seus filhos Arquelau, Filipe e Herodes Antipas, que, sem possuírem o talento do pai, seguiram fielmente seu figurino político.
Jesus nasceu ainda no reinado de Herodes, viveu em territórios governados por seus filhos e morreu sob o poder do romano Pôncio Pilatos, procurador da Judéia entre 26 e 36 d.C.. Foi um período excepcionalmente conturbado na história do povo judeu. A cobrança de impostos, a opressão política e a ingerência estrangeira em assuntos religiosos despertavam exaltada oposição popular e geravam um clima de revolução iminente. Na década de 60 d.C., 30 anos depois da morte de Jesus, o país explodiu em levantes generalizados contra o domínio romano. A repressão a esse movimento insurrecional culminou, em 70 d.C., com a destruição de Jerusalém pelas legiões comandadas por Tito, futuro imperador de Roma.

História- JESUS VII

Jesus: O Nascimento

Você sabia que Jesus nasceu antes do que costumamos chamar de era cristã?Descubra aqui por que os historiadores ainda discutem detalhes dessahistória que marcou o início do cristianismo.

A data
O nascimento de Jesus é o episódio que supostamente assinala o início da era cristã. Mas, devido a um erro de cálculo, cometido no século 6 d.C. pelo monge Dionísio, o Pequeno, as duas datas não coincidem. Sabe-se hoje que Jesus nasceu antes do ano 1 - entre 8 e 6 a.C. Pode-se afirmar isso com razoável segurança, graças a uma passagem muito precisa do evangelho de Lucas. Segundo o evangelista, o fato aconteceu na época do recenseamento ordenado pelo imperador romano César Augusto. Esse censo, o primeiro realizado na Palestina, tinha por objetivo regularizar a cobrança de impostos. E os historiadores estão de acordo em situá-lo no período que vai de 8 e 6 a.C.
Nesse triênio, o ano mais provável é 7 a.C. Pois nele se deu um evento astronômico que poderia explicar uma outra passagem da narrativa evangélica: a estrela natalina mencionada por Mateus. Trata-se da conjunção dos planetas Júpiter e Saturno, que produziu no céu um ponto de brilho excepcional. Se o astro de Mateus for mais do que um enfeite mitológico, ele deve corresponder a tal fenômeno, que certamente impressionou os astrônomos da época. Esses sábios, atraídos a Jerusalém pelo movimento aparente do ponto luminoso, seriam os magos do Oriente, de que fala o evangelista. Com o recenseamento de Lucas e a estrela citada por Mateus, conseguimos chegar o mais perto possível do ano do nascimento. O mês e o dia continuam, porém, em aberto.

Festival Pagão X Festa de Natal
O 25 de dezembro é obviamente uma data simbólica. Nesse dia, ocorria em Roma o festival pagão do Solis Invictus (Sol Invencível). Realizado logo depois do solstício de inverno - quando o percurso aparente do Sol ocupa sua posição mais baixa no céu - o evento celebrava o triunfo do astro, que voltava a ascender no firmamento. Muito cedo, os cristãos associaram as virtudes solares a Jesus, atribuindo-lhe várias qualidades do deus Apolo. Não surpreende que acabassem por transformar o festival pagão na sua festa de Natal. Isso aconteceu por volta do ano 330 d.C.

A ascendência do Messias
Mateus, seguido por Lucas, afirma que Jesus nasceu em Belém - hoje em território palestino. Essa afirmação chegou a ser contestada por alguns estudiosos contemporâneos. Pois Belém era a cidade de Davi e, segundo a tradição, o Messias esperado deveria surgir entre a descendência desse antigo rei de Israel.
Situar o nascimento em Belém - dizem os contestadores - era uma forma de legitimar Jesus na condição de Messias. Embora interessante, esse raciocínio crítico não se apóia em nenhuma prova convincente. Lucas, ao contrário, oferece um bom argumento a favor de Belém: José, o esposo de Maria, futura mãe de Jesus, pertencia a uma família originária daquela cidade e a regra do recenseamento exigia que cada indivíduo se alistasse em sua localidade de origem. Por isso, a maioria dos especialistas aceita Belém sem reservas.

O lugar onde Jesus nasceu
De passagem por essa cidade, José e Maria procuraram onde se alojar. Mas, segundo Lucas, "não havia um lugar para eles na sala". A palavra sala (katalyma, em grego) tanto pode designar uma pousada como a casa de algum parente de José. Estando o local cheio, devido ao grande número de pessoas vindas de outras regiões para o recenseamento, o casal teve que se acomodar do lado de fora, talvez sob um alpendre, junto à manjedoura dos animais. Foi aí que Maria deu à luz.
O nascimento de Jesus nesse local humilde, rejeitado pelas "pessoas de bem", possui um profundo significado teológico. Ele repete a saga de grandes personagens mitológicos, como o deus indiano Skanda-Murugan (correspondente ao Dioniso dos gregos), que nasceu entre os caniços do pântano. E anuncia a trajetória futura daquele que seria a mais perfeita expressão da figura arquetípica do Servo de Deus.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

História- JESUS VI

Jesus: os anos de aprendizado

A infância e a juventude de Jesus não devem ter sido muito diferentes dade qualquer menino judeu da Galiléia naquela época. Aqui você mergulha na infância do Menino Jesus.

As primeiras letras
No tempo de Jesus, o analfabetismo era muito raro entre os judeus do sexo masculino. Pois, ao completar 13 anos, os meninos deviam comparecer à sinagoga e ler uma passagem da Torá (as Sagradas Escrituras judaicas, constituídas pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Era o Bar-Mitzvá, um rito de passagem no qual o jovem se tornava responsável por todos os seus atos. Por força dessa tradição, todos os garotos recebiam uma instrução elementar, que compreendia a leitura, a escrita, a história do povo judeu e o conhecimento dos principais salmos da Bíblia, adotados como orações.
Jesus teve certamente acesso a essa educação básica. E a famosa passagem de Lucas, na qual o menino Jesus debate com os doutores do Templo, é interpretada por alguns especialistas como sendo sua cerimônia de Bar-Mitzvá.

Teria sua instrução se interrompido nesse estágio?
Durante muito tempo, acreditou-se que a pobreza da família impedira seu acesso à educação superior. Tal suposição parecia concordar com certas passagens dos evangelhos - como um trecho de João no qual os ouvintes se admiram com seus ensinamentos, dizendo: "Como pode ser ele versado nas Escrituras, sem as ter estudado. Mas a opinião dos pesquisadores começou a mudar nos últimos anos".
Um estudo mais profundo das narrativas evangélicas e principalmente uma nova compreensão da sociedade judaica da época, parece indicar que nem sua família era tão pobre nem sua instrução parou no nível elementar. Na verdade, os especialistas se inclinam cada vez mais a encará-lo como um rabino, altamente versado na cultura tradicional de seu povo. Rabino, aliás, é o título pelo qual seus interlocutores o tratam em inúmeras passagens dos evangelhos.

Jesus seria um rabino?
Uma das formas de se obter essa educação superior era participar dos círculos de discípulos de rabinos ilustres. Paulo - que inicialmente perseguiu os seguidores de Jesus e depois se tornou o principal teórico e propagandista do cristianismo - recebeu esse tipo de instrução junto ao rabino Gamaliel, um dos maiores mestres da época. Teria Jesus vivido uma experiência parecida? É possível. Porém os evangelhos não fornecem nenhuma informação a respeito. Marcos e João começam seu relato com Jesus prestes a iniciar sua missão, aos 30 ou, mais provavelmente, 33 anos de idade. Mateus e Lucas traçam um brevíssimo retrato da infância e, daí, pulam para a idade adulta. Alguns apócrifos apresentam outras cenas infantis, mas são narrativas tardias e tão fantasiosas que não despertam confiança. O resultado de tudo isso é uma lacuna de cerca de 20 anos na "biografia" do Homem.
Essa omissão de dados deu margem a todo tipo de especulação. Alguns autores associaram Jesus à comunidade dos essênios - conjectura totalmente descartada pelas pesquisas mais recentes. Outros o fizeram viajar à Índia, em busca de conhecimentos esotéricos. Não há nenhuma prova a favor ou contra essa hipótese. De qualquer modo, apesar de fascinante, ela é desnecessária, pois a sabedoria oculta estava disponível na Palestina. O Antigo Testamento menciona explicitamente a existência de confrarias místicas no tempo dos profetas Elias e Eliseu. Elas certamente continuavam a existir, e até com maior expressão, no século 1 d.C., quando o judaísmo se encontrava dividido num sem número de partidos e seitas.
A eventual participação do jovem Jesus num desses círculos iniciáticos é assunto polêmico. Mas poderia explicar as peculiaridades de alguns de seus ensinamentos, certas passagens obscuras de sua vida, e até mesmo a maneira como estruturou seu próprio grupo de discípulos.

O jovem trabalhador
A tradição cristã diz que José, o esposo de Maria, exercia a profissão de carpinteiro. O evangelho de Marcos vai além. E afirma que o próprio Jesus seguia esse ofício: "Não é este o carpinteiro, o filho de Maria (...)?", perguntam seus ouvintes, admirados com a profundidade dos ensinamentos que acabara de proferir na sinagoga.
Esse dado é muito verossímil, pois, na época, as profissões passavam de pai para filho. Mas a tradução não faz inteira justiça ao texto grego do evangelista. Pois a palavra tékton, utilizada por Marcos, possui um significado mais amplo, e se aplica tanto à função de carpinteiro quanto às de pedreiro e serralheiro.
O mais provável, portanto, é que Jesus fosse um trabalhador autônomo, capaz de exercer essas diferentes habilidades profissionais, de acordo com a demanda dos clientes. Tal interpretação converge com o que escreveu o autor cristão Justino de Roma, no ano 150 d.C.. Esse escritor, que nasceu na Galiléia, a região onde Jesus viveu, afirma que ele fazia cangas para bois e arados.

A língua do Mestre
O idioma usado por Jesus no dia-a-dia era o aramaico. Pois, em sua época, o povo já não falava mais o hebraico. Considerado uma língua sagrada, o hebraico era empregado apenas na composição de obras eruditas e nos ritos religiosos.

A língua do povo
Na comunicação cotidiana, desde a época do exílio na Babilônia (586 a.C.- 538 a.C.), só se utilizava o aramaico. Trata-se de um idioma do grupo semítico, originário da Alta Mesopotâmia, falado ainda hoje em círculos restritos. É tão semelhante ao hebraico quanto o espanhol ao português. E, a partir dos últimos reinados assírios e persas, no século 6 a.C., tornou-se uma língua internacional, empregada principalmente no comércio.
Nas sinagogas, as leituras dos textos eram feitas em hebraico. Mas, para que as pessoas comuns pudessem compreendê-las, um servente as traduzia ao aramaico. Como rabino, Jesus estava perfeitamente familiarizado com o idioma sagrado. Isso fica bem claro numa passagem do evangelho de Lucas, na qual ele lê na sinagoga um trecho do livro do profeta Isaías, e depois o comenta para os ouvintes. Segundo os estudiosos, a leitura foi feita em hebraico e o comentário em aramaico.

As línguas estrangeiras
A terceira língua falada na região era o grego, o inglês da época, disseminado por todo o Oriente Médio com as conquistas de Alexandre, o Grande, no século 4 a.C.. O grego era utilizado, principalmente, pelas comunidades judaicas que viviam fora da Palestina. Mas é bem provável que Jesus o conhecesse. Quanto ao latim, o idioma do Império, seu uso se restringia aos quadros da administração romana.

História- JESUS V

Jesus: O Libertador

O povo de Israel esperava um guerreiro que os libertasse dos seus opressores.Jesus pregava o amor irrestrito e o Reino de Deus na Terra. Saiba mais sobre o choque inevitável entre duas visões tão diferentes.

Esperando um guerreiro invencível
No tempo de Jesus, a expectativa em relação à volta do Messias tornou-se extraordinariamente intensa. Era a resposta do imaginário popular frente a um contexto de aguda opressão econômica, social e política e profunda crise dos valores tradicionais. Como enviado de Deus, o Messias deveria liderar uma revolução capaz de enxotar os dominadores romanos e derrubar a corrupta dinastia herodiana, restaurando uma realeza legítima em Israel.
Isso era o que o povo esperava de Jesus. Na condição de Messias, ele foi recebido em triunfo em Jerusalém, no início de sua última semana de vida. Mas a rápida evolução dos acontecimentos frustrou essa expectativa guerreira, nacionalista e monárquica. E a frustração popular foi habilmente explorada pelos inimigos de Jesus (especialmente os saduceus), que o condenaram à morte.

Por que o povo abandonou Jesus?
No famoso livro Jesus Cristo Libertador, o teólogo brasileiro Leonardo Boff analisa essa contradição entre a atuação do mestre e as ilusões messiânicas de seu tempo. A prática de Jesus, diz Boff, contesta as estruturas da sociedade e da religião da época. Ele não se apresenta como um reformista ascético à maneira dos essênios, nem como observante da tradição como os fariseus, mas como um libertador profético. No entanto, prossegue o teólogo, Jesus não se organizou para a tomada do poder político. Pois sempre considerou o poder político como tentação diabólica, porque implicava uma regionalização do Reino, que é universal.

A revolução de Cristo
A revolução messiânica que muitos aguardavam tinha um caráter imediatista e limitado. Bastava libertar o país da dominação estrangeira, restabelecer a legitimidade política e tudo estaria resolvido. A revolução proposta por Jesus era um processo de longo prazo, incomparavelmente mais amplo e profundo. Ela deveria ocorrer no interior das consciências, exteriorizando-se como transformação radical de toda a existência. Sua meta: realizar o Reino de Deus na Terra. "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância", afirma Jesus, no evangelho de João.

História- JESUS IV

Jesus foi um iniciado?

Muitos estudiosos levantam pistas sobre um período da vida de Jesus no qual eleteria se dedicado ao estudo das religiões esotéricas da época, incluindo a Cabala,a mística judaica. Mergulhe nesse fascinante universo de indagações.

Alguns evangelhos apócrifos (Tomé, Felipe, Pistis Sophia e outros) atribuem a Jesus ensinamentos esotéricos que se aproximam muito do gnosticismo (corrente mística que teve sua maior expressão no século 2 d.C.). A autenticidade das supostas palavras do mestre é duvidosa no Pistis Sophia (Fé e Sabedoria) - um documento tardio, do século 2 ou 3, que apresenta uma doutrina gnóstica extremamente rebuscada. Mas parece bastante plausível em Tomé. Certos especialistas chegam mesmo a afirmar que muitas de suas sentenças são mais confiáveis do que as correspondentes nos evangélicos canônicos. A imagem de Jesus que resulta desses textos é bem mais complexa do que a convencional.
Teria ele transmitido dois corpos complementares de ensinamentos: um, exotérico, adaptado à capacidade de compreensão do grande público; outro, esotérico, destinado a um círculo mais íntimo de discípulos?
Numerosas correntes espirituais, dentro e fora do cristianismo, acreditam que sim. Para umas, ele foi um grande mestre da Cabala, a tradição mística judaica. Para outras, o portador de um conhecimento oculto que vem sendo comunicado à humanidade desde tempos imemoriais - conhecimento cujas origens remontam aos mais antigos iogues indianos e, antes deles, aos xamãs pré-históricos. As duas hipóteses não são contraditórias. E mais algumas poderiam ser acrescentadas.
Nesse terreno movediço das suposições, é muito arriscado fazer qualquer afirmação taxativa. Mas, apenas como subsídio à reflexão, é interessante rever, à luz dessas hipóteses, algumas passagens da história de Jesus:

O batismo
Após um período de aproximadamente 20 anos, do qual nada se sabe, ele iniciou sua atuação pública. Essa nova fase da vida foi precedida por um rito iniciático adotado por várias tradições místicas. Trata-se do batismo. A prática era utilizada pelos essênios. Mas não apenas por eles. Comunidades esotéricas de diferentes épocas, regiões e ambientes culturais recorreram e ainda recorrem ao mesmo ritual. Nele, o aspirante vivencia, de maneira simbólica, um processo de morte e renascimento. Ao ser submerso na água, "morre" para sua antiga existência. Emergindo dela, renasce para uma vida nova.

A prova de fogo do deserto
Depois do batismo, Jesus viveu ainda uma outra experiência iniciática, jejuando durante 40 dias no deserto da Judéia. Provas desse tipo são tão antigas quanto o xamanismo e continuam a ser utilizadas por várias tradições místicas. Sua função é submeter o aspirante a uma condição de isolamento e privação, na qual ele seja levado a confrontar o lado sombrio de si mesmo. Nos evangelhos - especialmente em Mateus - esse domínio obscuro da psique assume a forma do Diabo, que assedia Jesus com três tentações: quebrar o jejum, transformando em pães as pedras do deserto; atirar-se do alto do Templo de Jerusalém, para que os anjos o amparassem; adorar o próprio Diabo, em troca do reinado sobre a Terra. Essas três tentações poderiam ser analisadas à exaustão. Mas basta dizer que elas tinham todas o mesmo objetivo: desviar Jesus de sua missão, levando-o a direcionar seus poderes para metas egoístas. Ele as rejeitou, de maneira soberana.

O círculo hermético
Iniciada a missão, suas ações e palavras passaram a atrair um número cada vez maior de pessoas. Os evangelhos distinguem três tipos de público: a grande massa, à qual ele se dirigia nas sinagogas e outros espaços coletivos; um contingente amplo de discípulos, com os quais se mantinha em freqüente contato; e o grupo mais restrito dos "doze", cujos integrantes tiveram que abandonar seus compromissos profissionais e familiares para segui-lo.
A narrativa de João informa que pelo menos dois dos "doze" haviam sido antes discípulos de João Batista, e deixaram seu mestre para aderir a Jesus. A constituição e estrutura desse círculo talvez fossem bem menos informais do que se supõe, obedecendo a um modelo há muito estabelecido nas comunidades místicas.
Um exemplo típico de ensinamento destinado à multidão é o Sermão da Montanha, ambientado numa colina próxima à cidade de Cafarnaum. Sentenças mais densas, encontradas no evangelho de Tomé, mas também aqui e ali nos canônicos, poderiam conter parte das lições esotéricas transmitidas aos discípulos.

O texto oculto na tabuleta fixada na cruz
Depois de o mestre ter sido julgado e condenado à morte, o procurador romano Pôncio Pilatos escreveu pessoalmente numa tabuleta a frase "Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus". Essa inscrição, redigida em hebraico, grego e latim, foi afixada à cruz. E costuma ser interpretada como um resumo da acusação imputada a Jesus. Porém, à luz das especulações de que estamos tratando, pode ter um significado bem diferente do convencional. Nazareno parece ser o designativo de habitante da cidade de Nazaré, onde ele teria vivido parte de sua existência. Mas poderia se referir também ao status de nazir ou nazireu, indivíduo inteiramente consagrado a Deus, que, entre outras obrigações rituais, devia se abster de cortar os cabelos.
Sansão, um personagem semi-lendário do Antigo Testamento, era nazir e teria perdido temporariamente os poderes sobrenaturais quando seus cabelos foram cortados. Também na Índia, muitos iogues, devotos de Shiva, não cortam os cabelos e a barba, porque acreditam que os pêlos funcionam como antenas, conectando o corpo físico do homem aos seus corpos sutis. Haveria alguma ligação entre a mística judaica e o shivaísmo indiano? Vários indícios apontam nesse sentido. Mas o desenvolvimento do tema é extenso demais para ser exposto aqui.
Outra palavra da inscrição de Pilatos que costuma ser reinterpretada pelas escolas místicas é o termo rei. Ele não se referiria a um cargo político. Mas ao título que, nos círculos esotéricos, era dado ao indivíduo que iniciava os demais adeptos no conhecimento dos mistérios. O filósofo neoplatônico Porfírio (233-305) foi chamado de Malchos, que significa rei em idioma siríaco. E, com essa conotação de mestre iniciático, a palavra foi amplamente utilizada pelos sufis, integrantes de uma tradição mística que teve sua maior expressão no mundo muçulmano.

Os partidos e as seitas que existiam na Galiléia na época de Jesus
Jesus era um judeu, dirigindo-se a interlocutores judeus. E, como tal, contracenou com os diversos grupos político-religiosos que se movimentavam em Israel no seu tempo. Em vários momentos de sua atuação pública, ele divergiu desses partidos e seitas, e criticou duramente seus adeptos. Suas palavras não eram nada suaves nessas ocasiões: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão". Quem eram esses indivíduos que despertavam a indignação do mestre? A que segmentos sociais estavam ligados? Quais suas principais idéias em matéria de política e religião?

Saduceus
Integrantes de um partido constituído por grandes proprietários de terras (anciãos) e membros da elite sacerdotal. O famoso historiador judeu Flávio Josefo (35 d.C. - 111 d.C.) escreveu que os saduceus representavam o poder, a nobreza e a riqueza. Conciliadores em relação ao domínio romano, eles controlavam o Sinédrio (o senado de Israel) e o Templo de Jerusalém. Negavam a imortalidade da alma, rejeitavam o Talmud (conjunto de opiniões e comentários dos antigos rabinos) e aceitavam apenas o que estava escrito na Torá (as Sagradas Escrituras judaicas, constituídas pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), cuja redação era atribuída a Moisés. Mais do que qualquer outro grupo, foram os saduceus os principais responsáveis pela condenação de Jesus (leia o artigo "A morte, os presságios e a ressurreição").

Doutores da Lei (Escribas)
Indivíduos que não estavam ligados a um segmento social específico, nem constituíam uma seita ou partido, na acepção estrita das palavras, porém desfrutavam de enorme autoridade, como intérpretes abalizados das Sagradas Escrituras. Homens de grande erudição, eram consultados em assuntos polêmicos e influenciavam as decisões do Sinédrio, onde estavam representados - por isso, tiveram também sua parte na condenação de Jesus. Ao contrário dos saduceus, cuja atividade religiosa se exercia somente no Templo de Jerusalém, os doutores atuavam também nas sinagogas e escolas rabínicas. Reverenciavam mais do que ninguém a Torá, mas não se prendiam a uma leitura literal do texto sagrado, reconhecendo nele toda uma dimensão esotérica. Muitos doutores pertenciam ao grupo dos fariseus.

Fariseus
Integrantes de um movimento com ramificações em todas as camadas sociais, principalmente nas classes dos artesãos e pequenos comerciantes. Muito religiosos e extremamente formalistas, os fariseus se separavam do resto da comunidade judaica pelo cumprimento ultraminucioso de todas as regras de pureza prescritas na Torá, em especial no livro do Levítico. Daí seu nome, fariseus, que deriva da palavra hebraica perishut (separação). Eram ativos nas sinagogas e, em várias ocasiões, foram admoestados por Jesus, que os criticava por se apegarem aos detalhes epidérmicos da Torá, enquanto negligenciavam seu conteúdo profundo. Dirigindo-se a eles e aos doutores, o mestre os chamou de "condutores cegos, que coais o mosquito e tragais o camelo!" Apesar disso, a doutrina farisaica exerceu forte influência sobre o futuro pensamento cristão, legando-lhe, principalmente, a crença na imortalidade da alma e na ressurreição do corpo. Em política, os fariseus eram nacionalistas, e aguardavam a vinda do Messias, que deveria libertar Israel da dominação romana.

Zelotas
Dissidentes radicais da seita dos fariseus, pretendiam expulsar pelas armas os dominadores pagãos, e cometiam atentados terroristas contra os representantes do Império. Por isso, eram cruelmente perseguidos pelo poder romano. A base social do partido dos Zelotas era formada pelo pequeno campesinato e outros segmentos pobres da sociedade. Sua doutrina era um misto de religiosidade extremada e ultranacionalismo político. Entre os 12 discípulos mais íntimos de Jesus, havia pelo menos dois zelotas: Simão, o Zelota (não confundir com o outro Simão, que o mestre denominou Pedro), e Judas Iscariotes, aquele que o traiu. O termo Iscariotes, acrescentado ao nome de Judas, tanto pode significar que ele fosse originário da cidade de Kariot, foco da rebelião zelota, como derivar da expressão aramaica ish kariot (aquele que porta um punhal), alusão ao fato de os membros dessa seita andarem armados.
Os zelotas parecem ter depositado grandes esperanças na liderança política de Jesus. Porém a amplitude, a profundidade e o longo alcance da mensagem do mestre se chocaram com o caráter restrito, superficial e imediatista do projeto revolucionário zelota. Isso talvez explique a traição de Judas.

Essênios
Puritanos que viviam em comunidades ultrafechadas, como a que se desenvolveu na região de Qumran, às margens do Mar Morto. Muitos essênios eram sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém. Para eles, nem mesmo os fariseus e os zelotas eram suficientemente rigorosos no cumprimento da Lei judaica. Sua confraria - acreditavam - era o único remanescente puro de Israel. Opunham-se à propriedade privada e ao comércio, valorizavam o trabalho na lavoura e levavam uma vida comunal extremamente austera. Praticavam o celibato ou se casavam somente para perpetuar a espécie. Combatiam intransigentemente tanto os romanos quanto o poder concentrado no Templo de Jerusalém, opondo-se ao sacrifício de animais. E aguardavam a vinda do Messias, que deveria liderar uma guerra santa para eliminar os pecadores e instaurar o reino dos justos.
Os essênios cultivavam uma doutrina mística de tipo gnóstico. Seus aspirantes deviam passar por um período de iniciação, que durava três anos e culminava no ritual do batismo. Pesquisas arqueológicas recentes levaram à descoberta de que havia em Jerusalém um bairro essênio, contíguo ao bairro cristão. Certamente ocorreu uma troca de influências entre as duas comunidades. Mas a especulação de que Jesus tenha pertencido a essa seita é totalmente rechaçada pelos estudiosos contemporâneos. Um essênio jamais se sentaria à mesa de um cobrador de impostos ou perdoaria uma mulher adúltera, como fez Jesus. Apegados aos preceitos de pureza e ao seu próprio orgulho, os essênios se afastavam de um mundo supostamente corrompido para não se contaminarem. Jesus, ao contrário, transgredia deliberadamente essas mesmas regras. E mergulhava no mundo para transformá-lo.

História- JESUS III

Jesus: Do confronto a condenação

Uma semana antes de ser executado, Jesus foi recebido como um rei em Jerusalém.Como foi que o grande mestre aclamado por todos se tornou um condenado? Percorra os meandros das manobras políticas que acabaram levando Jesus à morte.

O poder do grande Templo de Jerusalém
Nos tempos antigos, havia vários santuários espalhados pelo país e a prática religiosa estava muito mais próxima da vida cotidiana do povo. Mas, no século 7 a.C., uma reforma violenta, realizada de cima para baixo, modificou profundamente o formato do culto judaico. Ela ocorreu durante o reinado de Josias, que se estendeu de 640 a 609 a.C.
Sob o pretexto de depurar a religião das influências pagãs, herdadas dos povos vizinhos, Josias destruiu os antigos santuários, queimou seus objetos sagrados, massacrou seus sacerdotes e centralizou o culto em Jerusalém.
Por trás de seu furor reformista, havia um inconfessável objetivo político: centralizar o culto e obrigar o povo a acorrer a Jerusalém nas datas estabelecidas era uma forma de unificar o país em torno da casa real de Judá. A centralização do culto fortaleceu a casta sacerdotal e enriqueceu seus integrantes mais ilustres.

A cobrança pelos sacrifícios
Com a desagregação da monarquia, esse alto clero assumiu o controle da vida nacional. As bases econômicas de seu poder eram os sacrifícios diários de animais (bois, carneiros, pombos) e a cobrança de impostos realizados no Templo. Os animais a serem sacrificados passavam por um rigoroso controle de qualidade, baseado nas regras de pureza estabelecidas no livro do Levítico. Essa "peneira fina" barrava os animais trazidos pelos fiéis, que, em seu lugar, deviam comprar outros, vendidos nos pátios do Templo. "Coincidentemente", esses animais aptos eram criados pelas próprias famílias sacerdotais ou por grandes proprietários com elas relacionados.
Os preços flutuavam de acordo com a demanda. E disparavam na época das festas religiosas. Um pombo, o animal mais barato, chegava a custar então cem vezes o seu preço normal, sendo comercializado por um denário (quantia equivalente ao salário pago por um dia de trabalho).
Estudos recentes dão uma idéia da importância econômica dessas transações. Eles informam que, numa única data da vida de Jesus, por ocasião da Páscoa, foram imolados no Templo nada menos do que 250 mil cordeiros!

O comércio religioso
Os altos sacerdotes não lucravam apenas com a venda dos animais. Tiravam proveito também da conversão do dinheiro utilizado no pagamento. Pois as moedas correntes não podiam entrar no Templo. O motivo alegado era que se tratava de dinheiro impuro. Mas a verdadeira causa estava na corrosão de seu valor real devido à inflação. Tanto é que as moedas comuns deviam ser trocadas pela tetradracma tíria, cunhada na cidade de Tiro, na Fenícia, atual Líbano.
Em matéria de pureza ritual, dificilmente poderia ser encontrado algo menos adequado do que esse dinheiro estrangeiro, que trazia, numa das faces, a imagem do deus pagão Melkart, protetor dos tirenses, e, na outra, a águia de Júpiter, principal divindade dos romanos. A diferença é que a tetradracma tíria era uma moeda forte, que não sofreu qualquer desvalorização num período de 300 anos. Pela troca do dinheiro, os cambistas, aliados dos sacerdotes, cobravam um ágio de 8%.
Além dos sacrifícios de animais e do câmbio, a casta sacerdotal locupletava-se ainda com a cobrança do dízimo. Todo judeu do sexo masculino, com mais de 20 anos, era obrigado a pagar. E o Templo possuía o cadastro de cerca de um milhão de contribuintes, dentro e fora da Judéia. Não admira que judeus puritanos, como os essênios, abominassem o sistema econômico-político-religioso estruturado em torno do Templo.
Muitos deles eram ex-sacerdotes, que haviam renunciado à sua proveitosa condição por razões de consciência. Quando Jesus virou as mesas dos cambistas e expulsou os vendedores de animais do Templo, ele se chocou de frente contra essa máquina poderosa. A resposta não se fez esperar. Dias depois, o Sinédrio (o senado de Israel) o condenou à morte.

A condenação
Controlado pelas duas famílias sacerdotais mais poderosas de Israel, as de Anás e Caifás, o Sinédrio - Sanhedrim, em hebraico - era o braço político do sistema de poder estruturado em torno do Templo de Jerusalém. Não por acaso, esse órgão se reunia nas dependências do Templo, na Sala da Pedra Talhada. A ele cabiam todas as decisões de natureza legal ou ritual. E sua autoridade se estendia às populações judaicas que viviam fora da Palestina. Era composto por 70 membros, escolhidos entre os homens mais ilustres da comunidade (saduceus, doutores da lei, fariseus) e presidido pelo sumo sacerdote em exercício. Foi essa instituição, de certo modo semelhante ao senado romano, que condenou Jesus.

A ameaça Jesus
O Sinédrio não se respaldava numa longa tradição. Pois sua existência remontava apenas ao século 2 a.C. e encerrou-se em 66 d.C.. Também não desfrutava de sólida legitimidade política aos olhos da população, devido a sua política de colaboração com os romanos. Por isso, seus chefes se sentiram altamente ameaçados com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Eram suficientemente ardilosos, porém, para tirar vantagem do desapontamento popular causado pela recusa de Jesus em assumir o papel de líder messiânico. Traído pelo zelota Judas quando se encontrava em oração no monte das Oliveiras e preso pelos soldados do sumo sacerdote Caifás, o mestre foi levado a uma masmorra existente na casa deste último e cruelmente espancado.

Por que Pôncio Pilatos lavou as mãos?
Segundo o relato de Mateus, o Sinédrio condenou Jesus à morte sob a acusação de blasfêmia. A instituição não tinha, porém, autoridade para executar o condenado, pois algumas de suas antigas atribuições haviam sido cassadas por Roma. Por isso, Caifás encaminhou Jesus a Pôncio Pilatos. Para a mentalidade pragmática de um procurador romano, a acusação, de caráter religioso, não fazia o menor sentido. Daí a hesitação de Pilatos em ratificar a sentença. Mas, no final, ele acabou cedendo.
Numa época de aguda fermentação política, os romanos crucificavam aos milhares. Somente na repressão ao levante nacionalista do ano 4 d.C., dois mil judeus foram crucificados. Ao seu olhar insensível, Jesus era apenas mais um. Por que se indispor com o Sinédrio por causa dele?

terça-feira, dezembro 23, 2008

História- JESUS II


A morte, os presságios e a ressureição
Conheça aqui os eventos dramáticos da Via Crucis e os acontecimentosinexplicáveis e extraordinários que ocorreram logo após a morte de Jesus.

A cruz
Ela não era alta e imponente como imaginaram os pintores renascentistas e os cineastas americanos. Era baixa, acanhada, quase insignificante em sua crueldade. Fabricada a partir de uma árvore de pequeno porte, a oliveira palestinense, a cruz não excedia a altura de um homem. Para acomodar-se nela, a vítima devia ser pregada com os joelhos dobrados. Havia três categorias de cruzes. A mais simples não ia além da própria árvore, com os galhos aparados. A intermediária utilizava o tronco ainda enraizado da oliveira, ao qual se amarrava com cordas uma barra horizontal, conduzida ao local de execução pelo próprio condenado. A mais sofisticada consistia num poste rústico, feito a partir do tronco e permanentemente fixado no chão; nele, a barra era encaixada por meio de uma fenda. Nos três casos, um pequeno suporte horizontal permitia à vitima sentar-se, impedindo que seus pulsos rompessem devido à ação do peso e prolongando-lhe a agonia.

Os ferimentos
Apesar de Jesus não ter carregado a cruz inteira, como supôs a piedosa imaginação popular, a barra horizontal era suficientemente pesada para lhe ter provocado grandes hematomas nas costas. Ao menos, é o que se depreende da dramática imagem do Santo Sudário. Ainda mais impressionantes são os sinais de 90 a 120 ferimentos, causados pelo açoite. E 72 perfurações na cabeça, produzidas pela coroa de espinhos. Os pregos, de cerca de 18 centímetros, não lhe foram afixados nos meios das mãos, como se acreditou durante muito tempo. Mas numa parte do pulso conhecida pelos anatomistas como espaço de Destot, entre os ossos rádio e una. Se o traspassamento tivesse ocorrido nas mãos, estas teriam rasgado com o peso do corpo. No espaço de Destot, a introdução dos pregos assegurava uma firme sustentação na cruz. Um terceiro prego, juntando os dois pés, completava a fixação.

Morte por asfixia
Na cruz, os braços altos dificultavam a respiração do condenado; os líquidos se acumulavam nos pulmões; e a morte sobrevinha por asfixia. Para tomar fôlego durante a longa agonia, as vítimas erguiam-se várias vezes de seus assentos, sustentando-se nos três pregos. Por isso, após várias horas de suplício, suas pernas eram quebradas, de modo a acelerar a morte. A análise do Sudário mostra que esse procedimento de rotina não ocorreu no caso do homem cuja imagem ficou gravada no tecido - o que concorda com a narrativa dos evangelhos, segundo a qual não foi quebrado nenhum dos ossos de Jesus.
A estocada de lança, um golpe de misericórdia, perfurou o peito do homem quando ele já se encontrava morto. Um forte jato de hemácias (a parte vermelha do sangue) seguido de um fluxo de plasma (a parte clara) prova que grande quantidade de sangue se acumulara e decantara no pericárdio. E essa informação outra vez converge com o texto bíblico, que fala "num jorro de sangue e água".

Presságios e acontecimentos extraordinários
Era comum os crucificados sobreviverem por até três dias. Talvez devido às terríveis torturas que sofreu na casa de Caifás e entre os soldados romanos, Jesus morreu em apenas seis horas.
Os evangelhos narram diversos acontecimentos, que teriam pontuado essas horas dramáticas. A narrativa mais detalhada, a de Mateus, diz que "desde a hora sexta até a hora nona, isto é, do meio dia as três da tarde, houve treva em toda a terra".
Quando Jesus exalou o último suspiro, o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam. Se as trevas mencionadas pelo evangelista corresponderem a um eclipse, a morte de Jesus deve ter ocorrido no ano 30 d.C., quando se deu um evento dessa natureza. Considerando que Jesus nasceu entre os anos 8 e 6 a.C., ele deve ter vivido então de 36 a 38 anos, e não 33 conforme fixou a antiga tradição cristã.

A ressurreição
Para os discípulos e outros que acreditaram nele, a morte de Jesus deve ter sido um golpe demolidor. Surpresos com a rapidez dos acontecimentos, aturdidos com um desfecho que contrariava suas expectativas, amedrontados com o possível alargamento da repressão, eles certamente sentiram o chão ceder debaixo dos pés. Que perplexidade, que angústia, que desalento! No entanto, toda a sua perspectiva se refez com a notícia da ressurreição. Manipulação? Metáfora? Milagre? Como interpretar esse derradeiro mistério?

O sepulcro vazio
Segundo o teólogo Leonardo Boff, a análise crítica dos evangelhos sugere que se constituíram inicialmente dois relatos independentes acerca da ressurreição: o do sepulcro vazio, visto pelas mulheres que foram visitá-lo na manhã do terceiro dia após a morte; e o da aparição do mestre ressuscitado aos discípulos.

O Mestre em carne e osso
Mais tarde esses dois retalhos da tradição oral foram costurados na composição dos evangelhos. A narrativa resultante é muito sumária em Marcos e Mateus e bem mais extensa e inspiradora em Lucas e João. O texto dos Atos dos Apóstolos, uma obra também atribuída ao evangelista Lucas, fixa em 40 dias o tempo de permanência de Jesus ressuscitado na Terra. O evangelho gnóstico Pistis Sophia prolonga a estadia para 11 meses e apresenta os ensinamentos esotéricos supostamente comunicados durante esse período. Os canônicos afirmam que os discípulos não reconhe-ceram Jesus num primeiro momento. E o fazem aparecer e desaparecer de cena misteriosamente. Certas correntes do cristianismo primitivo interpretaram esses dados como indícios de que o mestre voltara à Terra num corpo sutil. No entanto, em Lucas, o próprio Jesus insiste na materialidade de seu corpo: "Vede minhas mãos e meus pés: Sou eu! Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho".

A ressurreição à luz das religiões orientais
O mistério da ressurreição certamente escapa à capacidade interpretativa da ciência atual. Mas a idéia da transmutação do corpo físico e da conquista da imortalidade não é estranha à antigas tradições espirituais como o shivaísmo indiano e o taoísmo chinês. Embora extrema-mente rara - dizem - essa possibilidade estaria no horizonte de todo ser humano. E teria sido alcançada pelos siddhas (perfeitos): homens e mulheres que, pela devoção integral a Deus, pelo exercício sistemático da auto-observação e pela prática intensiva das diversas disciplinas da yoga, supostamente atingiram um estágio supremo de desenvolvimento, realizando a essência divina em todos os planos da existência. Essa hipótese permite-nos enxergar Jesus por mais um ângulo. E acrescenta uma nova configuração a sua imagem caleidoscópica.


Charge


História- JESUS I

O verdadeiro rosto de Jesus
Sabe aquela imagem de Jesus, de cabelos alourados e traços bem europeus?Estudos mais recentes comprovam que esse pode não ser o rosto verdadeiro do Mestre. Acompanhe aqui as tentativas de desvendar a real face de Cristo.

O Cristo Pantocrator
Os evangelhos canônicos nada dizem sobre a aparência de Jesus. E as primeiras imagens cristãs, produzidas sob influência da arte romana, o mostravam como um jovem imberbe, de cabelos frisados. Tal forma de representação sofreu uma brusca mudança no século VI d.C. Foi quando os religiosos do mosteiro de Santa Catarina, no Egito, produziram um magnífico ícone, que apresenta Jesus de barba, longos cabelos repartidos ao meio, e feições muito próximas do tipo semítico. Esse ícone - o Cristo Pantocrator do Sinai - tornou-se um modelo para a posteridade e ainda impressiona pelo realismo, beleza e majestade. Que fator teria provocado essa mudança na representação de Jesus?

O desafio do Santo Sudário
Utilizando uma sofisticada técnica de superposição de imagens, o pesquisador americano Alan Whanger, da Universidade de Durham, na Carolina do Norte, obteve nada menos do que 170 pontos de congruência entre a face desse ícone e a figura impressa no Santo Sudário - um tecido de linho, que, segundo a tradição, teria sido o lençol mortuário de Jesus.
A autenticidade do Santo Sudário é um assunto extremamente polêmico. Nenhum objeto foi tão estudado quanto essa relíquia, guardada na catedral de Turim, Itália. E dezenas de livros e artigos foram escritos a favor ou contra a tradição de que ele tenha envolvido o corpo de Jesus morto.
Uma datação feita em 1988, com base no método do carbono 14, fixou como período de fabricação do tecido os anos compreendidos entre 1260 e 1390. Concluiu-se então, apressadamente, que o lençol seria uma fraude medieval. Porém a qualidade desse teste foi contestada por especialistas com as melhores credenciais científicas. E Harry Grove, principal responsável pela datação, admitiu que a grande contaminação que o pano sofreu ao longo dos séculos pode ter falseado seus resultados.
A questão continua em aberto. Não se trata de desenvolvê-la aqui. Mas vale lembrar a opinião de vários pesquisadores que associam o Sudário ao Mandylion de Edessa, uma relíquia venerada em território bizantino desde o século VI d.C. e desaparecida durante o saque de Constantinopla pelos cruzados, em 1204. Se for verdadeira, a hipótese de que o Mandylion era o Sudário restabelece a conexão entre o lençol de Turim e os primeiros tempos do cristianismo. E fortalece a opinião de que esse pano tenha sido utilizado no sepultamento de Jesus.

Retrato de Jesus
Nesse caso, o estudo da imagem do Sudário forneceria informações detalhadas de como teria sido a aparência de Jesus:
Ele teria aproximadamente 79 kg de peso e 1,80 m de altura - pouco mais do que a estatura média dos judeus adultos do século 1, estimada em 1,77 ou 1,78 m;
Seria um homem musculoso - o que converge com a informação dos evangelhos de que exercia a profissão de carpinteiro e fazia longas viagens a pé;
Possuiria barba e cabelos longos, trançados abaixo do pescoço - uma moda comum entre os homens judeus de sua época;
Seus traços faciais seriam característicos do grupo racial semita - o que diverge dos retratos convencionais, inspirados pela arte renascentista européia, que o mostram com olhos azuis e cabelos ruivos.
Fonte:www.spectrumghotic.com.br

Candidatos BIzarros


2008 em frases IV

Janeiro
- "Estou limpo. Esse processo já é coisa do passado. Vou trabalhar com gastronomia, que é o que eu gosto." (Silvinho Pereira, ex-secretário-geral do PT, depois de fechar acordo judicial para sair do banco de réus do mensalão em troca de serviços comunitários).
- "Rezem para mim. O negócio está feio. Estou saindo satisfeito porque sou assim mesmo, mas que a coisa é preta, é." (Vice- presidente José Alencar, na saída do hospital Sírio-Libanês, depois de sessões de quimioterapia contra o câncer).
Fevereiro
- "Não me despeço de vocês. Desejo combater como soldado das idéias. Continuarei escrevendo sob o título 'Reflexões do companheiro Fidel'. Será uma arma a mais em nosso arsenal". (Fidel Castro, descendo à tumba, imaginando-se ainda detentor de um 'arsenal' de idéias aproveitáveis).
- "Me parece que o uso do cartão corporativo se transformou numa espécie de mensalinho para alguns privilegiados do governo." (José Agripino Maia, líder do DEM).
- "Não tem com que se preocupar. As roupas da Ruth, era eu mesmo quem pagava." (FHC, ao comentar a CPI que investigaria gastos com cartões corporativos).
- "Para nós, quanto menor a transparência, maior é o grau de segurança." (General Jorge Felix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, sobre a conveniência de manter à sombra as faturas dos cartões do Planalto).
- "Transparência, no governo Lula, é como lingerie de bordel: o que revela é sempre um escândalo." (Roberto Jefferson, presidente do PTB).
- "Um homem negro não ficaria muito tempo na posição de presidente dos Estados Unidos. Provavelmente o matariam." (Doris Lessing, escritora britânica, Nobel de Literatura, referindo-se ao então pré-candidato democrata Barack Obama).
Março
- "Nossa economia é resistente e, a longo prazo, confio que continuará crescendo, porque seus fundamentos são sólidos". (George Bush, risonho, discorrendo sobre o futuro no instante em que a crise engolia o presente. O dos EUA e o do resto do mundo).
- "Sabemos que estamos em forte desaceleração." (Henry Paulson, secretário do Tesouro dos EUA, em locução premonitória).
- "Essa crise é trinta vezes mais forte do que a da Malásia, porque é na maior economia do mundo (...). E até agora não aconteceu nada com nosso querido Brasil." (Lula, numa versão preliminar do presidente-marolinha).
- "Senhor ministro da Defesa, mova dez batalhões até a fronteira com a Colômbia, de imediato, batalhões de tanques. Eles que não pensem em fazer o mesmo aqui, porque seria muito grave, seria motivo de guerra." (Hugo Chávez, em meio à crise provocada pelo ataque do Exército colombiano a guerrilheiros das Farc, em solo equatoriano).
- "Hugo Chávez tem mais peso na língua do que nos fatos." (Alfonso Gómez Méndez, líder do Partido Liberal da Colômbia, de oposição a Uribe).
- "Do ponto de vista prático, a Colômbia poderia ter pedido ao Equador que fizesse a prisão [de Raul Reyes, das Farc, morto na operação]. Mas isso não aconteceu." (Lula).
- "Já se escutam com força as trombetas da guerra." (Fidel Castro, como que desejoso de ver o circo pegar fogo na América Latina).
- "Se eu vier a me candidatar à Presidência da República, minha candidatura não será anti-Lula, mas pós-lula." (Aécio Neves, governador de Minas e presidenciável do PSDB).
- "Há uma patrulha ideológica que tenta implodir pontes para o diálogo entre o PT e o PSDB, mas, nem que fosse uma pinguela, eu iria ajudar a construir." (Aloizio Mercadante, um dos poucos petistas que se animaram a defender a aliança do PT com Aécio, em Minas).
- "Não há uma pessoa humana embrionária. Mas embrião de pessoa humana." (Ministro Carlos Ayres Britto, do STF, ao justificar o voto favorável à liberação das pesquisas com células-tronco).
- "Seria tão bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas deles, o Legislativo apenas nas coisas deles e o Executivo apenas nas coisas deles. Nós iríamos criar a harmonia estabelecida na Constituição." (Lula, irritado com o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, que enxergara propósitos eleitoreiros no programa Territórios da Cidadania).
- "O que eu disse, repito: no ano eleitoral não podemos ter incremento, alargamento de programas sociais. O programa pode ser elogiável, mas tem época em que não deve ser implantado. As regras jurídicas não são de fachada. Paga-se um preço por viver em uma democracia." (Marco Aurélio Mello, dando de ombros para a irritação de Lula).
- "Nós estamos em estol. Nessa velocidade, qualquer coisa que sair errada te leva para o chão." (Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, valendo-se de uma analogia aeronáutica -"perda total da sustentação"- para fazer soar os tambores da crise americana).
Abril
- "A Dilma é uma espécie de mãe do PAC". (Lula, num pa©mício no Rio, exibindo a munição da candidata à sua sucessão).
- "Vim para mostrar o aumento do PIB e para botar o PIB na mesa." (Guido Mantega, posando de macho em encontro com economistas de agências de avaliação do risco-país, nos EUA).
- "Eu queria desejar e dirigir um especial cumprimento às mulheres aqui da frente que hoje animam, sem dúvida, este comício." (Dilma Rousseff, a dodói de Lula, trocando as bolas em cerimônia oficial do PAC, em Belo Horizonte).
- "Estou com a gripe Dilma Rousseff. Exige um dossiê de remédios." (Rita Lee, durante um show).
- "Se não fiz dossiês em 2005, na época em que precisava fazer enfrentamentos, por que os faria agora? A quem pode interessar isso agora?" (Lula, tirando o corpo fora da nova trapalhada de seus aloprados).
- "O Lula deseja fazer seu sucessor. Mas eu digo que, se você perguntar aos brasileiros, o que os brasileiros desejam é que Lula fique mais tempo no poder." (O vice José Alencar, num ataque de febre continuísta).
Fonte: blog do josias de suza(folha online)

Candidatos Bizarros


2008 em frases III


Maio
- "Reconheço que saiu da minha máquina, mas foi sem dolo nem má-fé. Tive uma surpresa quando percebi que tinha enviado." (José Aparecido Nunes Pires, ex-funcionário da Casa Civil, com dificuldades para explicar como o arquivo com o dossiê anti-FHC foi parar na caixa de e-mails de André Fernandes, assessor do tucano senador Alvaro Dias).
- "Ele só falava para mim que foi a Erenice [Guerra] que preparou um dossiê. Ele usou um banco de dados seletivo. Ele me contou que no dia 8 de fevereiro foi chamado para fazer isso." (André Fernandes, arrastando a secretária executiva da Casa Civil, lugar-tenente de Dilma, para o centro da encrenca do dossiê).
- "O Lula nunca fez um gesto de diálogo, nunca. Definiram, a meu ver equivocadamente, o PSDB como adversário principal. Foram buscar apoio no que havia de mais podre na política brasileira, e deu no mensalão." (FHC, esquecendo-se, em entrevista a Ricardo Kotscho, que também recorrera a aliados 'podres').
- "É como um cofrinho. Você tem o seu salário e faz as suas despesas. No fim do mês, o que sobrar vai ser colocado em um cofrinho." (Guido Mantega, explicando a jornalistas, em linguagem infantil, como funcionaria o Fundo Soberano).
- "Em nenhum momento soube que era travesti. Sou completamente heterosexual". (Ronaldo, o 'Fenômeno', tentando explicar o inexplicável).
- "A parte íntima da vida dele não interessa a ninguém, e ele não nos deve satisfação. A vida é assim: complexa e bonita, como os travestis." (Caetano Veloso, o especialista em assuntos aleatórios, saindo em socorro do craque).
- "Eu não brinco com democracia, porque toda vez que se brinca com democracia a gente quebra a cara. A alternância de poder é importante. Toda vez que um dirigente político se acha imprescindível e insubstituível, está começando a nascer um pequeno ditadorzinho dentro dele." (Lula, em Manaus, em pajelança do PAC, chutando a macumba do terceiro reinado).
- "Eu tinha 19 anos. Fiquei três anos na cadeia. E fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousa dizer a verdade para interrogador compromete a vida dos seus iguais." (Dilma Rousseff, no Senado, dando o troco a uma provocação inábil do 'demo' José Agripino Maia).
- "Os esforços do Fed nos últimos nove meses me lembram a antiga série de TV MacGyver, cujo herói saía de situações difíceis montando dispositivos inteligentes com objetos caseiros e fita adesiva." (O economista Paul Krugman, farejando a encrenca que resultaria dos 'arranjos improvisados' do banco central americano diante de uma crise até então apenas imobiliária).
- "Ninguém consegue fazer tudo em oito ou dez anos." (Lula, numa recaída continuísta).
- "Eu não sei nem falar direito a palavra [investment grade], mas, se a gente for traduzir isso para uma linguagem que os brasileiros entendem, o Brasil foi declarado um país sério." (Lula, decodificando para o eleitorado do Bolsa Família o significado da elevação do Brasil ao grau de investimento pela agência Standard & Poor's).
- "Não estou certo do que vou fazer depois de deixar a Presidência. Logo após o seu mandato, o vice-presidente Al Gore ganhou um Oscar e um Prêmio Nobel. Quem sabe eu poderia ganhar um prêmio. A loteria, por exemplo." (O presidente George Bush, fazendo piada para jornalistas na fase pré-crise).
Junho
- "Em nome de Serra, venho trazer essa saudação a Geraldo Alckmin." (Alberto Goldman, vice-governador tucano de São Paulo, em plena convenção do DEM, trocando o nome do candidato 'demo' Gilberto Kassab pelo do tucano Alckmin).
- "Nós estaremos juntos de qualquer forma. Se não for agora, de imediato, será daqui a noventa dias. Por isso, trago esta saudação ao companheiro Geraldo Kassab." (Goldman, no mesmo discurso, trocando as bolas pela segunda vez).
- "Eles adotaram aquilo que o comunicador de Hitler, Joseph Goebbels, dizia: uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade. E como mentem. Eles agora querem inventar trocando as letras, chamando de CSS." (O senador Mão Santa, do PMDB piauiense, erguendo barricadas contra a recriação da CPMF, que acabaria empacada na Câmara).
- "São as mesmas forças que mataram Getúlio, fizeram Jango renunciar e expulsaram Brizola do país. Isso faz parte da vida, e eu não fujo da luta." (Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, tentando dar verniz histórico à trapaça do desvio de verbas do BNDES).
- "A situação é gravíssima. Tem algum termo mais forte que gravíssimo?" (Inocêncio Oliveira, corregedor da Câmara, qualificando o escândalo que enredou o colega Paulinho. Um escândalo que, depois, o Conselho de Ética mandaria ao arquivo).
- "Ninguém que tiver cometido algum erro vai ser protegido por nós, não vamos salvar a pele de ninguém." (José Serra, o governador tucano de São Paulo, prometendo isenção na apuração do esquema de pagamento de propinas da multinacional Alstom, que fez negócios durante o governo Covas).
- "A causa é maior que o cargo, que está a serviço da causa" (Marina Silva, explicando a razão do desembarque do ministério do Meio Ambiente).
- "O Minc já falou em uma semana mais do que a Marina falou em cinco anos e meio." (Lula, na posse de Carlos Minc, realçando as diferenças do sucessor de Marina).
- "Os amigos daqui me advertiram de que há uma ordem de captura... [Mas me disseram que] a cúpula do governo, com apoio de Celso Amorim, estava a par. Eles não apoiariam uma captura por crimes políticos." (Trecho de e-mail de Olivério Medina, 'embaixador' das Farc no Brasil, pescado no computador de Raúl Reyes, o mandachuva das Farc, morto por soldados colombianos no Equador).

Fonte: blog do josias de souza (folha online)

Candidatos Bizarros


2008 em Frases II


Julho
- "Nessa questão da sucessão à Presidência,, eu estou subordinado ao presidente Lula, que, como é óbvio, não me tem como pré-candidato." (O ministro petista da Justiça Tarso Genro, num rompante de realismo político).
- "Se você ligar para mim, quem vai atender vai ser o Gilberto Carvalho. Peça a Deus para seu telefone não estar sendo gravado, senão vai aparecer sua conversa." (Lula, abespinhado com o grampo que da Satiagraha, que pilhou conversa do seu chefe-de-gabinete com um dos advogados a soldo de Daniel Dantas, o ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh).
- "Espero que Daniel Dantas tenha o mais amplo direito de defesa, que consiga provar que é inocente." (Tarso Genro, na fase em que a PF ainda não transformara o investigador Protógenes em investigado).
- "Este magistrado tem consciência de que, como funcionário público, serve ao povo, verdadeiro legislador e juiz, e para corresponder à sua confiança não abre mão dos deveres inerentes ao cargo que ocupa." (Fausto Martin de Sanctis, o juiz da Satiagraha, depois de mandar prender Naji Nahas, Celso Pitta, Daniel Dantas e Cia).
- "Saí do país usando meu passaporte, com carimbo e tudo." (O sem-banco Salvatore Cacciola, tentando negar que fugira do Brasil para a Itália).
- "É ilusão pensar que inflação elevada não vá levar à redução da atividade econômica. Já conhecemos essa história no Brasil." (O presidente do BC, Henrique Meirelles, justificando a política de juros lunares como tática de combate à inflação).
- "Se eles nos congelarem, não haverá mais petróleo para os EUA. E o preço do petróleo vai a US$ 300 o barril." (O companheiro Hugo Chávez, numa fase em que não lhe passava pela cabeça que a cotação do petróleo roçaria os US$ 50).
Agosto
- "Da mesma forma que a gente faz a reforma agrária na terra, vamos fazer uma reforma aquária, na água." (Lula, justificando a inacreditável proposta de converter a Secretaria da Pesca em ministério).
- "Se fosse por importância econômica, seria melhor criar o ministério da Banana, que movimenta 7 milhões de toneladas por ano." (O líder tucano José Aníbal (SP), expondo o ridículo do projeto, que seria, depois, retirado pelo Planalto).
- "Agora posso dizer o que quiser; xingar, se eu quiser; dizer que amo, dizer que odeio. Não preciso ser politicamente correto, no sentido da ética pública." (Gilberto Gil, depois de bater em retirada do ministério da Cultura).
- "Precisamos tratar um pouco melhor os nossos mortos. Esse martírio nunca vai acabar se a gente não aprender a transformá-los em heróis." (Lula, atiçando a polêmica da revisão da Lei da Anistia. Um debate que agora quer abafar).
- "Temos de fazer uma lei adequada ao nosso país. Não adianta querer fazer lei de país civilizado porque este país não o é." (O juiz da Satiagraha, Fausto Martin De Sanctis, num rasgo de sinceridade na CPI dp Grampo).
- "Nós deixamos ainda mais claro, ainda mais explícito que o nepotismo é proibido em toda a administração pública brasileira." (O ministro Carlos Ayres Britto, do STF, nas pegadas da decisão que proibiu o nepotismo nos três poderes).
- "Toda polícia do mundo usa algemas. Temos que garantir a integridade do preso, do policial e de terceiros." (O diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, abespinhado com a decisão do Supremo que limitou o uso de algemas em operações policiais).
- "O importante é que cumpram as decisões do Supremo. Se ele cumpre de bom humor, de mau humor, se cumpre rindo ou se cumpre chorando, essa é uma outra questão." (Gilmar Mendes, o presidente do STF, dando de ombros para os queixumes da PF).
- "Eu digo todo dia: governo para todos, não discrimino ninguém. Mas faço como a minha mãe. Se eu tiver um bife, não tem um filho mais bonito que vai comer sozinho, não. Todos vão dar uma lambidinha." (Lula, na inauguração de uma universidade no Ceará).
- "Não sou amarelão." (O ginasta Diego Hypólito, justificando a queda que converteu em fiasco uma das esperanças de ouro da delegação brasileira nas olimpíadas de Pequim).
Setembro
- "Vayanse al carajo yankees de mierda, que aqui hay um pueblo digno". (Hugo Chávez, valendo-se de um linguajar que transforma o 'sifu' de Lula em vocábulo de criança).
- "O Brasil está preparado para enfrentar uma situação adversa dos mercados. Mas não existe descolamento completo de nenhuma economia." (Henrique Meirelles na ilha de realismo do BC).
- "Que crise? Vai perguntar pro Bush!" (Lula, em resposta a jornalista que lhe perguntaram o que achava da crise).
- "Todos os que achavam que havia uma luz no fim do túnel agora se dão conta de que é uma locomotiva, que vem em sua direção." (Peer Steinbrueck, ministro das Finanças da Alemanha).
- "O Brasil estaria de quatro, em outra situação." (Guido Mantega, comparando a crise atual com as encrencas financeiras que engolfaram a gestão FHC).
- "Temos de pôr as barbas de molho. O ministro [Mantega] não tem barba, mas tem de ficar um pouco mais alerta antes que a barba cresça." (FHC, evitando se dar por achado).
- "Para mim, o modelo é contínuo. Um modelo sem a presença de ilhas. Os índios brasileiros são visceralmente avessos a qualquer idéia de nichos, guetos, cercas, muros, viveiros." (Carlos Ayres Britto, ao relatar o processo da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol).

Fonte: blog do josias de souza (folha online)