sábado, junho 03, 2006

Tá na cara

Faz de conta: governo finge que não sabe de nada enquanto partidos de oposição fingem que investigam tudo
— A Veja deste fim de semana vê a parcela de culpa das oposições na longa crise política que tomou conta do país: "A crise do mensalão, que já dura um ano, trouxe à tona cenas inesquecíveis: petistas flagrados com dólares na cueca e com Land Rover na garagem, muitas mãos na cumbuca do valerioduto, marqueteiro com depósitos do PT em paraísos fiscais, ex-ministro qualificado em documento da Justiça como 'chefe da quadrilha', filho de presidente da República beneficiado com milhões de reais de uma empresa de telefonia e por aí vai. O Brasil nunca viu uma seqüência tão grande de escândalos – nem uma oposição com tão pouco apetite para investigá-los. Mesmo entre líderes dos dois principais partidos adversários do governo – PSDB e PFL – é consenso que a oposição, em momentos decisivos da crise, não esteve à altura do seu papel. Pior: em algumas oportunidades, a força antagônica que deveria ser responsável por fiscalizar o governo optou por poupá-lo e a seus dirigentes. Incluídos, aí, o próprio presidente Lula e seus parentes enrolados em negócios mal explicados. (...) Ao preferir delegar à imprensa e ao Ministério Público a tarefa de investigar as denúncias, a oposição pretendia surfar na onda dos escândalos, sem, no entanto, se submeter ao risco de aproximar-se demais do centro da crise. 'Não quiseram sujar as próprias mãos. Com isso, deixaram o interesse público em segundo plano', diz o filósofo Roberto Romano, da Unicamp. (...) Para além do oportunismo, do medo e da incompetência, a oposição, ao longo da crise, foi-se acovardando devido a um acordo espúrio com o PT. Ele pode ser resumido assim: 'Não investigue os meus que eu não investigo os seus'. Ou seja, optou-se por preservar o governo para não virar alvo de acusações semelhantes. (...) Situações desse tipo enfraquecem e desautorizam a oposição. Acima dos interesses pessoais, partidários e eleitorais, existe uma fronteira que separa o legítimo do imoral. Por mais de uma vez, o governo ultrapassou essa linha divisória – e acabou impune graças a um pacto de não-agressão que a oposição se achou no direito de firmar com ele, sem a chancela da sociedade."

Fonte: primeiraleitura.com.br

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