Testemunha contra Okamotto
Ex-segurança diz que viu presidente do Sebrae com João Arcanjo Ribeiro, acusado de chefiar crime em Mato Grosso. Comissão analisa relatório que aponta movimentação atípica de empresa do petista.Em depoimento fechado, dado ontem na CPI dos Bingos, o ex-jagunço Joacir das Neves forneceu novos detalhes do que seria uma aliança do PT com o bicheiro João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, acusado de chefiar o crime organizado no estado do Mato Grosso. Joacir reconheceu uma foto do atual presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, como sendo um dos petistas freqüentadores do “império” de Arcanjo, em Cuiabá. Lembrou que, numa ocasião, o chefão mandou todos os auxiliares saírem, para que ele recebesse sozinho o ex-ministro José Dirceu, à época dirigente do PT. E reconheceu também o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, e o ex-secretário de Obras de Santo André Klinger Luiz de Oliveira, ambos implicados no assassinato do prefeito Celso Daniel, em janeiro de 2002. Joacir das Neves era jagunço terceirizado. Na verdade, trabalhava para o Sargento Jesus, um PM, já morto, que explorava o jogo ilegal, alugando máquinas caça-níqueis em bares de Cuiabá. Jesus também prestava reverência a Arcanjo, o que bem dá uma idéia de quão poderoso era o Comendador: era o sargento quem fazia a cobrança dos empréstimos que aquele concedia. Joacir guardava as costas de Jesus. E o ajudava a cuidar dos serviços prestados a Arcanjo. O trabalho rendeu trânsito livre em meio às empresas, fazendas e demais imóveis do Comendador, daí ele deter tanta informação.
Aos senadores, ele confirmou o teor do depoimento da cozinheira Zildete dos Reis, outra funcionária dos bastidores do império de João Arcanjo Ribeiro, que na semana passada afirmou ter visto Okamotto, Dirceu e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci saindo de reuniões com o Comendador com malas de dinheiro nas mãos. Como Zildete, Joacir foi apresentado a uma foto de Okamotto. E, novamente, a resposta apareceu segura: “Sim, foi esse aí mesmo”. Farc Os técnicos da CPI vêem “bastante coerência” nos depoimentos tanto de Zildete quanto de Joacir. A linha de raciocínio tangencia as descobertas das CPIs do Narcotráfico e do Banestado. Cruzando-as, segundo eles, surgem dados que fiam uma teia financeira ligando o Comendador Arcanjo à lavagem de dinheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), guerrilha comunista cujo financiamento se dá por meio da venda de cocaína cultivada na selva colombiana. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por seu lado, já investigou elos entre o PT e as Farc, especialmente uma suposta doação de dinheiro para campanhas eleitorais. “Ou seja, é possível que Arcanjo tenha posto sua máquina de lavar dinheiro a serviço do PT. Os dois tinham as Farc em comum”, disse um técnico da CPI ao Correio, logo depois do depoimento de Zildete Reis. “Note que só petistas com acesso direto às finanças do partido foram citados como receptores do dinheiro de Arcanjo: Zé Dirceu, Palocci e Okamotto, que é o homem de confiança do Lula”, concluiu. A CPI está usando essa linha de investigação para analisar dados recém-recebidos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão repressor da lavagem de dinheiro no Brasil, sobre operações atípicas nas contas da Red Star, revenda de estrelas e outros apetrechos do PT, pertencente a Okamotto. No relatório, o Coaf afirma que a movimentação financeira da Red Star entre maio de 2002 e agosto de 2005, de R$ 645 mil, é incompatível com o patrimônio da empresa, resultante de negócios que não eram os normais da firma. A CPI quer descobrir de onde veio o dinheiro. Okamotto pagou R$ 29,6 mil em dívidas pessoais do presidente Lula, com, segundo ele, dinheiro do próprio bolso.
fonte:minutominutopolitico.blogspot.com
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