domingo, abril 23, 2006

E fala do Homem do cheque em branco de Lulalau

Jefferson: denúncia do mensalão poupa os tubarões Folha ImagemO deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) –aquele que, depois de experimentar da verba, decidiu abrir o verbo—,continua com a língua solta. Gostou da denúncia do Ministério Público contra a “quadrilha” dos 40 do mensalão, ele incluído. Mas acha que ficaram de fora os “tubarões”. Menciona explicitamente o ex-ministro Ciro Gomes (Integração Nacional).
Segundo Jefferson, Ciro teve parte das despesas de sua campanha presidencial de 2002 liquidadas com recursos (R$ 500 mil) provenientes do valerioduto. Também os doadores do caixa dois estão sendo poupados, acusa Jefferson. O ex-deputado falou à Agência Nordeste (para assinantes). Eis os principais trechos:

- A denúncia do Ministério Público: “O relatório da Procurador-geral da República retrata 80% daquilo que foi denunciado por mim e apurado pela CPI dos Correios.”

- Não falta Lula? “O povo está dizendo isso. Eu tenho lido muitas cartas dos leitores aos jornais e sempre a figura que aparece como Ali Babá é a do presidente Lula. Já o José Dirceu é o chefe direto da quadrilha e do bando. Ele é chamado pelo procurador de chefe da quadrilha e bando. É assim mesmo, o que diz o Código Penal.”

– Impeachment: “Eu penso que o impeachment perdeu o seu momento político. Ele pode pedir o impeachment de maneira judicial, ainda, mas seria mais lento. O momento certo, a meu ver, para o impeachment, foi durante a confissão do publicitário Duda Mendonça, que disse, aos olhos atônicos do País, que recebera todas as contas da campanha do presidente Lula e dos senadores e deputados do PT em paraíso fiscal fora do Brasil (...). Ali era a hora do impeachment (...). Mas todo mundo quis preservar o Lula (...).”

– A oposição foi incompetente? “Foi incompetente ou julgou mal o episódio político. Não querendo uma luta aberta, mas radicalizada com o presidente Lula e o PT, a oposição esperou que ele sangrasse (...). Mas parece que ele está tendo um público muito forte lhe sustentando, de acordo com os resultados das pesquisas.”

- A blindagem do presidente: “Não consigo compreender (...) que ele se mantenha ainda em forma e distante do desgaste pela opinião pública e de um processo de responsabilidade criminal (...). O eleitorado, principalmente as classes mais baixas, tem uma visão de que todo político é ladrão (...). E agora o raciocínio é inteiramente pragmático: um dos nossos, um operário está sendo acusado de corrupção. Nos outros governos sempre houve isso. Por que vão jogar o nosso no chão agora? É um raciocínio simples, mas é que vem prevalecendo nas camadas mais humildes.”

– A pizza do mensalão: “O Congresso Nacional não julgou o crime de responsabilidade dos ministros. O Ciro Gomes tirou R$ 500 mil e foi o senhor Márcio Lacerda, seu então secretário executivo, que foi ao Banco Rural e assinou a retirada, e não houve nada contra ele. Não recebeu processo de improbidade administrativa e ficou por isso. Ele apenas demitiu o seu secretário executivo, o Márcio, que foi o seu tesoureiro na campanha presidencial. Essas coisas foram descobertas pela Polícia Federal, pela CPI e o Ciro ficou de fora. Ou seja, deixaram os tubarões de fora. Me admira a pressão para cassar o (Professor) Luizinho (PT-SP) com R$ 20 mil e o José Mentor (PT-SP) com R$ 120 mil, se os ministros levaram 25 vezes mais, 10 vezes mais, que esses que estão sendo acusados. Que há uma pizza há, mas nós já esperávamos isso desde o início.”

- Os doadores de campanha: “(...) Mais uma vez, se preservou a identidade dos doadores do caixa dois. Eles continuam encobertos (...). Os homens que fizeram o caixa dois, que depositaram na caixa do Delúbio, do Marcos Valério, continuam no anonimato e eu tenho a preocupação de que eles possam fazer caixa dois de novo nas eleições que se avizinham e um outro mensalão, se for (eleito) o Lula, porque ele vai ter muita dificuldade para governar e só fazendo outro mensalão para construir uma base parlamentar.”

Fonte: blog do Josias de Souza, folha online, em 23.04.2006

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