domingo, fevereiro 15, 2009

Com 27 partidos, Brasil vive bipartidarismo de fato


Os arquivos do TSE informam que há no Brasil 27 partidos políticos regularmente constituídos. À primeira vista, um espanto!
A realidade, porém, empurra o país para uma quadra política dicotômica. A despeito das quase três dezenas de legendas, vive-se um bipartidarismo de fato.
Nas últimas quatro eleições presidenciais, o que se viu foi uma disputa praticamente monopolizada por dois partidos: PSDB e PT.
O tucanato prevaleceu duas vezes com FHC. O petismo, sempre com Lula, triunfou primeiro sobre Serra e depois sobre Alckmin.
Em 2010, vai-se para uma espécie de tira-teima com cara de ‘déjà vu’. Sem Lula, o PT fabrica Dilma. O PSDB oscila entre Serra e Aécio.
Somando-se os dois mandatos de FHC e o par de gestões de Lula, chega-se a um período de 16 anos.
Com mais quatro anos de PT ou de PSDB, o bipartidarismo à brasileira fará aniversário de 20 anos em 2014.
E não há no horizonte sinais de que a coisa vá se alterar. Pelo menos nas eleições nacionais, tudo parece conspirar a favor dessa polaridade.
Chega-se, então, à pergunta fatídica: o duopólio que converteu o PSDB e o PT em provedores exclusivos de presidenciáveis é bom para o Brasil?
Ao fixar-se nas opções oferecidas pelas duas legendas, o eleitor brasileiro parece responder que sim, o bipartidarismo de fato seria bom.
PSDB e PT lograram fixar na cabeça do eleitorado a idéia de que são as únicas legendas que dispõem de projetos de país.
FHC, com o Real, domou a inflação. E foi premiado com dois mandatos. Lula adicionou à estabilidade econômica uma malha de proteção social. E também foi premiado.
Tudo leva a crer que a peleja de 2010 vai girar ao redor da plataforma da continuidade. Bom para o PT.
Ruim para o PSDB, que ainda não conseguiu responder à pergunta do samba de Noel: ‘Mas com que roupa?’
De resto, a rivalidade tucano-petista proporciona avanços e retrocessos. Avança-se porque já não parece haver espaço para um franco-atirador como Collor.
Retrocede-se porque, no poder, PT e PSDB igualam-se na perversão da baixa política. Convivem e até estimulam o fisiologismo e o clientelismo.
Sob FHC e sob Lula, petistas e tucanos chafurdaram no arcaísmo. Para sobreviver, legendas como PMDB, DEM e um imenso etc. engancharam-se aos projetos alheios.
Diz-se que a rendição dialética à imoralidade é inevitável. Sem ela, nenhum presidente obteria suficiente apoio no Congresso para governar.
É nesse tilintar de verbas e cargos que a profusão de partidos emerge como problema. Quanto mais partidos há, maior é o balcão, eis o drama do bipartidarismo à brasileira.

Fonte: blog do josias de souiza (folha online)

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