Voçê já foi a Bahia? Não, então vá.

Só se vê na Bahia?!
O mercado fonográfico baiano tem as suas especificidades. Por aqui, enquanto artistas já consagrados vêem na pirataria um obstáculo a ser vencido, bandas desconhecidas tomam impulso, chegam à massa e ganham as rádios graças a esse mercado ilegal, que oferece títulos a apenas R$ 5. O valor é extremamente acessível e faz toda a diferença na Bahia, Estado que possui uma população na sua maioria formada por pessoas de baixa renda, e com um mercado conhecido por oferecer baixos salários quando comparado com o resto do país.
Foi assim com Vixe Mainha, ex-Afrodisíaco, que viu seu CD de divulgação se proliferar pela cidade nas mãos dos camelôs, mas só agora, depois de um ano de estrada, lançou seu primeiro CD de carreira, como são chamados os álbuns gravados e produzidos para venda no mercado formal.
"Fizemos cerca de duas mil cópias do CD divulgação e enviamos para rádios, jornais, blocos, parceiros e clientes, mas o disco ganhou uma dimensão que a gente não esperava", afirma Jotage, um dos produtores da dupla Vixe Mainha.
Os CDs de divulgação não são produzidos para a venda. Como o próprio nome define, servem apenas para divulgar as músicas do artista. São estes CDs que chegam às mãos dos camelôs, que os distribuem nas ruas e praias da cidade a preços irrisórios. Ainda sem público, bandas e cantores iniciantes acabam chegando à massa graças a esse fenômeno, que empresários e artistas, pelo menos num primeiro momento, fazem vista grossa. Um cantor chegou a admitir, sob a condição do anonimato, que a pirataria é benéfica para bandas ainda sem expressão. "É uma coisa maravilhosa. O trabalho do artista se expande para São Paulo e outros mercados graças à pirataria. Só temos a agradecer", defendeu.
No entanto, no momento em que um CD é lançado por uma gravadora no mercado, o que antes era visto como vantajoso torna-se uma dor de cabeça. "Perde-se muito em direitos autorais, porque os artistas e os compositores acabam não ganhando nada pelo trabalho", finaliza Jotage.
Só se vê na Bahia?!

Fonte:viniciuxfactum.blogspot