quarta-feira, dezembro 06, 2006

Notas


Waldir mentiu para proteger o governo

De Alberto Dines no Observatório da Imprensa:

"Waldir Pires politizou a tragédia desde o primeiro momento. E agora está pagando por isso. Os pilotos do Legacy eram americanos, logo eram liminarmente culpados – estavam na altitude errada, desligaram o transponder, não obedeceram às regras. O jornalista do New York Times que voava no Legacy declarou logo nos primeiros dias que há "pontos cegos" no espaço aéreo da Amazônia. O ministro Waldir Pires caiu de pau nele. Quando apareceram informações sobre o abalo emocional dos controladores que estavam na torre de Brasília na hora da tragédia, o ministro desmentiu. Com mentiras. Quando a categoria dos controladores resolveu agir e iniciar uma operação padrão para chamar a atenção da sociedade, o ministro fez pouco caso, declarou que não havia atrasos nos vôos, estava tudo normal nos aeroportos brasileiros. Mentiu novamente."


Ao gosto do freguês (Por Lucia Hippolito)


Determina o Art. 13 da Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei nº9.096/95) que “tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em cada eleição para a Câmara dos Deputados, obtenha o apoio de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um deles.”
O perigo mora justamente na expressão “funcionamento parlamentar”.
Até agora, quando a cláusula de barreira ainda era um pesadelo distante, a interpretação mais corrente na Câmara era a de que, se o partido não superasse a dita cláusula, não teria direito a liderança, a indicar nomes para compor a Mesa da Câmara, nem as comissões técnicas, especiais, mistas ou CPIs.
Além, evidentemente, de perder a quase totalidade dos recursos do Fundo Partidário e do horário de rádio e TV.
A lei foi aprovada em 1995 – e nenhum dos partidos se preocupou com ela. Na hora agá, uma idéia sempre pinta.
Acontece que, por obra e graça (ou desgraça) das lambanças petistas, em 2005 a presidência da Câmara escapou por entre os dedos gulosos e desastrados do PT e caiu no colo de Severino Cavalcanti, com as conseqüências que se conhece.
Para tentar resolver a crise, adotou-se situação inédita no país – mais um troféu para a Síndrome do Marco Zero: nunca antes na história do Legislativo brasileiro o presidente da Câmara dos Deputados saíra de um partido nanico.
Mas Aldo Rebelo, do minúsculo PCdoB, cumpriu seu papel como fiel escudeiro do presidente Lula.
Presidiu a cassação de Roberto Jefferson e José Dirceu, presidiu a distribuição de toneladas de pizza nos processos dos outros mensaleiros, arquivou pedidos de impeachment do presidente Lula. Leal, fiel, discreto.
O presidente Lula gostou. E quer Aldo novamente como presidente da Câmara nos próximos dois anos.
Mas... No meio do caminho, tinha uma pedra. A lei. Uma bobagem, dirão os mais pragmáticos. Mas a lei da cláusula de barreira deveria entrar em vigor a partir de janeiro de 2007.
Como o PCdoB não superou a dita cláusula, Aldo Rebelo não pode ser nem líder de bancada, quanto mais presidente da Câmara dos Deputados. E agora?
Agora, dá-se um jeito. Apela-se ao TSE, ao STF, alega-se cerceamento à livre organização dos partidos. Qualquer coisa serve para driblar a lei.
Será que é assim mesmo que funcionam as democracias consolidadas?
Pelo jeito, no Brasil vamos viver eternamente uma democracia “ao gosto do freguês”.


Sabotagem, desinformação, invasão de pista

O caos ontem no aeroporto de Brasília foi muito mais grave do que refletiu até agora o noticiário dos jornais e das emissoras de rádio e de televisão.

1. De um grupo de agentes federais, no final da tarde, um ex-ministro de Estado, meu amigo de longa data, ouviu que houve de fato sabotagem na área do Cindacta 1 - Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo). Foram arrancados fios que ligavam equipamentos responsáveis pelo monitoramento de vôos.

2. O colapso das comunicações obrigou os responsáveis a suspender em vários aeroportos do país as decolagens com destino a Brasília. E aqui todas as decolagens. Aviões que voavam para Brasília foram obrigados a usar uma frequência de emergência para se comunicar e a se utilizar de rotas não convencionais.

Durante algumas horas as autoridades temeram uma tragédia.

3. Os mostradores de chegadas e de partidas no aeroporto de Brasília davam informações desencontradas. Naqueles instalados no saguão, vôos cancelados apareciam como confirmados - ao contrário do que informavam os mostradores da área de embarque. Muita gente perdeu o vôo por causa disso.

4. Perto da meia-noite, cerca de 300 pessoas irritadas invadiram a pista do aeroporto. Ali permaneceram por mais de uma hora coram cercadas por agentes de segurança. Os poucos aviões que decolaram depois dessa hora foram forçados a usar uma pista auxiliar.

5. Faltou comida no restaurante do aeroporto e nas lanchonetes.Acabou a água gelada.

6. As companhias de aviação se recusaram a oferecer hospedagem para os passageiros impedidos de voar. Alegaram que a culpa do cancelamento dos vôos não era delas. Os hotéis de Brasília estavam lotados. Muita gente dormiu no aeroporto ou em casas de amigos.

7. A Agência Nacional da Aviação Civil anunciou a suspensão de todas as decolagens previstas para após às 19h30 - mas várias acabaram mantidas mesmo com enorme atraso. E dezenas de passageiros perderam os vôos.

8. Nas vizinhanças de um balcão da TAM no início da noite houve troca de murros entre passageiros preteridos na hora do embarque de um vôo.


Senadores pedem a cabeça de Waldir Pires

A situação de Waldir Pires no Ministério da Defesa está cada vez pior. No Congresso, oposicionistas pediram a demissão do ministro do cargo. Governistas não o defenderam. Alguns, inclusive, reforçaram o coro.

Foi justamente um petista, Delcídio Amaral (MS), que deflagou os discursos no plenário em prol de uma decisão radical no governo:

- Esse é um assunto sério e que está chegando a uma gravidade tal que penso que o Presidente da República precisa se posicionar e alertar a população até para que as pessoas se preparem para isso. Ninguém merece isso! Portanto, nós temos que encarar essa questão com a gravidade que ela merece, mostrando claramente o que se planeja e não situações esparsas ou, então, entrevistas de curta duração para tentar mostrar que nós estamos preocupados. A situação exige um pronunciamento do Ministro da Defesa, de alguém que tenha autoridade, em cadeia nacional, para dizer o que vai ser feito e o que vai acontecer.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), foi direto:

- Não consigo mais ver Waldir Pires como ministro. Ele não é mais ministro.

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (PSDB-CE), reforçou:

- Não existe hoje presidente da República, homem para chamar a si esse problema. O presidente age como uma pessoa estranha, completamente ausente. Não tem um ministro que assuma o setor. As entrevistas do ministro têm sido patéticas. Ele não sabe nada do assunto. O Brasil está vivendo a verdadeira bagunça, de falta de homem, de falta de pulso.
Ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que pouco tem a falar sobre o assunto, restou apenas dizer que se for preciso demitir o ministro, Lula o fará:

- O presidente está tomando as providências. Se precisar mudar alguém, ele vai mudar.

Fonte: blog do noblat

Nenhum comentário: