sexta-feira, dezembro 08, 2006

Mares negros, tristes mares, de lodo e obscurantismo. Viva a era da Apologia da Ignorancia.


Último suspiro de um velho moço no mar de Brasília

O mar de Brasília é o céu. O azul oceânico convida todos os olhares ao mergulho. Seco, o mar de Brasília não é dado a tormentas. Mas há meses do ano em que ele se encapota. O dia termina mais cedo. Sabe-se que ainda não é noite porque o Sol, embora recolhido, deixa na atmosfera o hálito de fornalha.

Nesta quinta, o repórter Lula Marques pilhou o mar de Brasília num de seus raros instantes de rebeldia. Com o mau tempo a rosnar sobre os prédios dos ministérios, ondas de nuvens penumbrosas recobriram de cinza a praia de uma Esplanada na bica de ser reocupada.

Curiosa coincidência. É como se o mar de Brasília desejasse antecipar a visão do novo ministério que Lula II, em dores de parto, prepara-se para dar à luz. Por trás da penumbra, vislumbra-se o arco-íris do futuro. Tem as cores da fatalidade.

Prevalecem os tons de PMDB. Embora esmaecidas, percebem-se também as pitadas de PT, PP, PL e PTB. São as tonalidades de ontem. Prenúncio de que o amanhã se resumirá a uma troca de cúmplices. Pena. O novo governo arrisca-se a morrer jovem. Afogado nas nuvens do mar de Brasília.

“Ah, como dói viver quando falta a esperança!” –suspirava, tísico, um Manuel Bandeira de 1912. Tão antigo e fora de moda quanto o gramofone. Tão atual e contemporâneo quanto a “coalizão.”

Fonte: blog do josias de souza

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