Guardian’: super-ricos brasileiros ignoram a crise
A imagem do Brasil no estrangeiro continua sendo um borrão.
Uma parte da Europa e dos EUA nos vê como uma grande Amazônia.
Outra parte enxerga aqui uma Sodoma de mulatas gostosas e de sexo barato.
Em Paris, bresiliens ainda soa como de sinônimo de travesti.
Nos filmes de Hollywood, é para o Rio que vêm os bandidos que escapam com a grana afanada.
Em meio às distorções, o diário britânico “The Guardian” saiu-se com uma notícia inusitada neste sábado (29).
Não fala de violência, de Carnaval, de futebol, de desmatamento ou de corrupção. Trata do Brasil dos super-ricos.
O texto anota que o brasileiro endinheirado atravessa a crise global ileso.
Na contramaré do resto do mundo, os patrícios bem-nascidos continuam consumindo, consumindo e consumindo.
Diz a notícia a certa altura: "Revistas de comportamento estão repletas de anúncios de spas e resorts...”
“...Bolsas de estilistas famosos e pulseiras de diamantes que custam mais do que muitos brasileiros ganham durante a vida inteira".
O “Guardian” cita um “estudo recente” feito pela MFC Consultoria e Conhecimento.
Revela que o Brasil é líder mundial no aumento de novos ricos:
"Nos últimos dois anos, o número de milionários subiu de 130 mil para 220 mil e pelo menos por enquanto, a crise econômica não fez com que eles parassem de gastar".
Em 2007, afirma a notícia, o mercado de luxo –conhecido como mercado AAA—cresceu 17%.
Espera-se cresça a taxas semelhantes em 2008.
O mercado de luxo visceja de Manaus às metrópoles do sudeste, tais como Rio e São Paulo, diz o diário britânico.
Recorda-se que Lula assumiu a presidência em 2003 prometendo arrancar milhões de brasileiros da pobreza.
Mas seu ciclo de poder, afirma a notícia, coincidiu com um "boom" dos ricos.
Coisa que, por inédita, faz com que o presidente ostente o histórico índice de aprovação de 57% entre os brasileiros de bolsos fartos.
A única janela para a crise aberta na notícia é uma menção à queda no preço das commodities e ao atraso em grandes projetos de infra-estrutura.
Para o “Guardian”, são indícios de que a crise financeira global começa a afetar o Brasil.
As classes baixa e média já estariam padecendo os efeitos da escassez do crédito.
E, em 2009, também o mercado de luxo pode arrefecer.
Por ora, o jornal foi buscar no Jardim Pernambuco uma imagem de fecho. É uma espécie de oásis do Leblon, Zona Sul do Rio.
Ali, 60 seguranças monitoram, dia e noite, cinco ruas de um lotemento de casas de luxo. Escreve o “Gurdian”:
“...A crise parece uma possibilidade distante em lugares como o Jardim Pernambuco, onde o silêncio da tarde só é quebrado pelo canto dos pássaros e o barulho das bolas de tênis".
Ouvida pelo jornal, a cientista política Lucia Hipólito cita um comentário jocoso encontradiço no Brasil: “Lula é o pai dos pobres e a mãe dos ricos”.
Não se pode dizer que o Brasil levado aos leitores britânicos neste sábado seja irreal.
A tolice está em diferenciar o rico brasileiro dos milionários de outras nacionalidades.
A diferença entre o dinheiro miúdo e o dinheiro graúdo é que o segundo sempre fala mais alto. Sob Lula ou sob Gordon Brown.
Não há crise capaz de modificar essa realidade.
fonte: blog do josias de souza 29/11/2008
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