Caso de polícia, essa polícia
Lindemberg Alves Fernandes, 22, não tinha antecedentes criminais. Mas tinha um revólver, que usou a queima-roupa para matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, 15, com um tiro na cabeça e para acertar a amiga de ambos Nayara Rodrigues da Silva, com outro em pleno rosto.
Roberto Costa Jr., 28, era motorista da família Sendas e filho do motorista pessoal e funcionário de quase três décadas do empresário Arthur Antônio Sendas, 73. Costa Jr. também não tinha antecedentes criminais. Mas, como Lindemberg, tinha um revólver e não titubeou em matar o patrão dele e do pai com um tiro no rosto.
Daniel Pereira de Souza, 22, tinha sido detido por tráfico de drogas e andava armado. Desde que saiu da cadeia, três meses atrás, ele insistia que queria retomar o relacionamento com Camila Silva Araújo, 16, com quem tinha um filho de um ano e meio. Camila foi irredutível. Recebeu um tiro na cabeça e morreu.
Você não acha que foi tudo muito fácil? Lindemberg, Roberto e Daniel foram ali na esquina e compraram suas armas, entraram nas casas de suas vítimas e brincaram com a vida e a morte. Assim, determinarem o destino de famílias inteiras.
Um fator decisivo dessas tragédias é, evidentemente, o perfil frio e descontrolado dos três assassinos. Mas um outro, que não pode passar despercebido, é a facilidade com que qualquer um pode comprar armas neste país, a qualquer hora, por qualquer motivo, a qualquer preço. Ninguém sabe, ninguém viu.
Lindemberg, Roberto e Daniel, entre milhares de outros, são os assassinos que puxaram o gatilho. Mas ninguém pergunta pelos assassinos que lhes venderam as armas. Quem são? Onde estão? Quem serão suas próximas vítimas?
Esse é um típico caso de polícia. Mas com essa polícia que nós temos por aqui...
Fonte: folha online
Cometário do blog:
A articulista, a depeito da fazer uma análise correta numa pespectiva geral, simplifica nossa dram. Armas podem ser compradas, com relativa facilidade, em qualquer lugar do mundo. Nos EUA com a polícia mais eficiente do mundo, o aceso à armas é totalmente facilitado. Nosso drama não são os personagens trágicos por ela citados, é a incompetência crônica e genética da nossa organização policial. Os delitos acima não seriam cometidos se no inconsciente dos agressores houvesse o temor objetivo de que seriam punidos e que seus direitos seriam retirados. O termor da certeza da punição inibe ações, pensamentos e impétos criminósos.
A polícia que nões temos é desorganizada por natureza. Combate o crime dividida. Seleciona oferecendo salários mentirosos, e por isso seleciona`apenas os menos incompetentes, pois quem se preparou não tem qualquer estímulo para ingressar numa carreira que pode lhe tirar a vida sem qualquer recompensa.
Parafresando um certo demágogo, NUNCA ANTES NESTE PAÍS foi tão necessária a óbvia unificação das polícias como agora. Entretanto nada se discute, niguém quer mexer neste vespeiro.
Enquanto isso sigo perguntado, os avanços econômiocos alcançados e capitalizados pelo atual governo, na verdade não passam de consequência da estabilidade da economia desde 1994 ? o que permitiu que as pessoas pudessem planejar suas vidas.
Essa é a nossa realidade. A frouxidão moral que nos abateu desde o mensalão passou a idéia de tudo é permitido, de o jeitinho brasioliero é legítimo, que vale qualquer coisa para levar vantagem.
Pra que estudar, todos se acham merecedores de ganhos sociais e econômicos sem que haja qualquer alusão ao merecimento, a regra é "eu sou pobre, eu mereço".
O governo segue dizendo que as causas da criminalidade são sociais, culpando os pobres pelo crime, como se sendo pobre será um criminoso, ao mesmo tempo preconceituando e legitimando.
Ruy Otto
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