sábado, agosto 27, 2011

Conexión Caracas-Havana-SP

16/07/2011
CARACAS
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, embarcou neste sábado de volta a Cuba para seguir lá, ao menos por enquanto, o tratamento do seu câncer "na região pélvica".
Antes de partir, ele dirigiu amorosas palavras à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendiam que ele fosse atendido no hospital Sírio-Libanês em São Paulo. Ele não descartou aceitar a oferta, falou de "compatibilizar possibilidades", e confirmou a visita de seu chanceler, Nicolás Maduro, ao hospital.
Não há um detalhado prognóstico de Chávez _quão grave é seu estado, qual o estágio do câncer, etc. Tampouco há uma avaliação desapaixonada sobre as capacidades médicas cubanas a ponto de recomendar uma troca imediata por São Paulo.
Como me dizia um oncologista do Sírio, os médicos cubanos não costumam publicar nas principais revistas científicas do setor nem frequentam simpósios internacionais. É o óbvio: num regime fechado como o cubano pouco se sabe das técnicas, drogas a que eles têm acesso (o embargo americano também envolve veto a patentes de remédios, ainda que com exceções).
O aspecto de regime fechado que levanta dúvidas sobre o tratamento em Havana é, por outro lado, um trunfo importante para Chávez. O presidente não tem nenhum pudor em dizer que "não deve dar detalhes" de sua saúde. Neste sábado, ele foi obrigado a ouvir em rede nacional questionamentos da oposição com esse teor.
Estando em Cuba, o controle de informação a respeito de sua saúde é incomparavelmente maior do que em São Paulo. Na ilha de seu "médico superior" Fidel Castro, ele foi operado num centro médico militar duas vezes. Só 14 dias depois da primeira operação começou a pipocar aqui e ali algo sobre seu estado, citando fontes de inteligência americana.
Um aspecto lateral, mas não desprezível, é o ideológico. Deixar a heróica medicina cubana, desenvolvida em revolução, e recorrer a um dos mais caros e famosos hospitais privados da América do Sul demandaria um ajuste de discurso.
Os opositores não esperaram muito para começar a criticá-lo por isso, citando o caráter "capitalista" claro e também as pontes entre o Sírio e o mais prestigioso centro oncológico do mundo, em Houston. O chefe da oncologia do hospital paulistano, Paulo Hoff, foi uma estrela precoce no Texas até voltar ao Brasil.
Fonte: Blog Pelo Mundo

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