domingo, setembro 04, 2011

Sobrou para o mensageiro

Quando vêm as emoções, nada melhor que olhar os fatos. O PT achou que poderia agregar valor a Dilma com a tal “faxina”, mas depois notou que a brincadeira poderia sair politicamente cara, nas internas e na relação com aliados

Blog do Alon
O Partido dos Trabalhadores volta a ceder à tentação de culpar a imprensa por dores de cabeça da sigla. É um recurso conhecido. A imprensa brasleira não é santa nem infalível, não paira acima das divisões político-partidárias, mas aqui uvas são uvas e maças são maçãs.
O governo enfrenta problemas com o Partido da República (PR), um aliado do PT. A imprensa usou a palavra faxina para descrever as demissões em massa no Ministério dos Transportes.
Depois o termo pegou, acabou generalizado. E nos bastidores o governismo cansou de manifestar satisfação pelos ganhos que o novo atributo presidencial traria em áreas sensíveis, como a classe média.
A mágoa política do PR em relação ao governo do PT seria menor se a coisa tivesse, em vez de “faxina”, recebido, por exemplo, o nome tecnicamente neutro de “reestruturação”? Acho que não.
O PR chateou-se por perder o espaço. E o governo usou os efeitos do trabalho jornalístico para alcançar determinados objetivos. Entre eles, e principalmente, aumentar muito o controle da presidente da República sobre a pasta dos Transportes.
É do jogo.
Eis um fato. O PT/governo foi o principal beneficiário da tal faxina nos Transportes. Lucrou com a mudança estratégica. É possível que não tenha gostado da remoção tática de algum dos seus- infelizmente, ainda não se descobriu como fazer omelete sem quebrar ovos.
Note-se que o PT não soltou um pio quando a imprensa foi tornando públicos os escorregões verbais do então ministro da Defesa, que perdeu o cargo pelo dito. Como um peixe, morreu pela boca.
Ao contrário, o PT achou foi bom trocar um ministro menos próximo do partido por um mais.
Lá no começo da onda, o PT tampouco manifestara qualquer desagrado pelas difíceis circunstâncias políticas a que o então ministro-chefe da Casa Civil foi levado após as revelações sobre a atividade empresarial dele antes de voltar ao governo.
Ao contrário. Ficou registrado que depois do “nada consta” emitido pelo Procurador-Geral da República o então ministro, ele mesmo do PT, tentou permanecer no cargo, mas não obteve para tanto o apoio do seu partido.
Fonte: Blog do Noblat

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