A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) condenou uma ação da Polícia Federal que, na noite de quarta-feira (29), "invadiu" a redação e a gráfica do jornal "Correio do Estado", em Campo Grande (MS), para impedir a distribuição da edição do dia seguinte, caso estivesse prevista a divulgação de uma pesquisa eleitoral.
Segundo o jornal, a pesquisa foi concluída somente na quinta-feira (30). O caso foi divulgado nesta sexta-feira (31). O "Correio" informou em seu site que um oficial da Justiça Eleitoral e dois policiais federais chegaram à sede da empresa na noite de quarta, às 19h40 (horário local), após o fim do expediente do jornal.
A publicação afirma que eles obrigaram o editor-executivo Ico Victório a assinar duas medidas liminares expedidas pela juíza da 36ª Zona Eleitoral Elisabeth Baisch.
O pedido para impedir a divulgação da pesquisa, de acordo com o "Correio", foi feito pelos candidatos à prefeitura Reinaldo Azambuja (PSDB) e Alcides Bernal (PP).
Comunicado publicado no site da ABI informa que ambos alegaram que a pesquisa beneficiaria o candidato Edson Giroto (PMDB), pois ele apareceria em todas as situações de segundo turno, o que, para Azambuja e Bernal, deixaria uma "mensagem subliminar" aos eleitores.
A Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul informou que os policiais apenas cumpriram a determinação judicial de acompanhar o oficial de Justiça numa ação "normal" em que "não houve incidente".
A ABI avaliou o episódio como uma "violação grave de disposições constitucionais" e, em nota, solicitou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que "intervenha para cessação de violências com precedentes apenas na ditadura militar".
A associação também encaminhou nota ao presidente do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul), desembargador Josué de Oliveira, afirmando que a juíza autora das liminares "cometeu grave violação constitucional".
O advogado do jornal, Laércio Arruda Guilhen, ingressou no TRE com agravo de instrumento para obter o juízo de retratação e a revogação da liminar, o que permitiria a publicação da pesquisa.
O jornal informou ainda que entrará com representação contra a juíza na Corregedoria do Tribunal e no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
A reportagem não conseguiu contato com o TRE-MS.
Fonte: folha online
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