quinta-feira, maio 31, 2012
David Garrett - November Rain - Berlin 08.06.2010
David Garrett & Marcus Wolf / Band & Orchester in Berlin Wuhlheide, 08.06.2010 - performing "November Rain"
Gal Costa & Caetano Veloso - Coração Vagabundo
Disco de estréia, tanto de Caetano Veloso, como de Gal Costa, "Domingo" ainda trazia a influência da Bossa Nova, tanto nas composições como no jeito de cantar. "Coração Vagabundo" é uma música de Caetano e um bom exemplo do que ainda viria pela frente.
segunda-feira, maio 28, 2012
Lula diz estar 'indignado' com notícia sobre reunião com ministro- 28/05/2012
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (28) estar indignado com a reportagem da revista "Veja" na qual o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirma ter ouvido do petista pedido de adiamento do julgamento do mensalão.
"Meu sentimento é de indignação", afirmou o ex-presidente em nota.
Segundo a revista, Mendes relatou que, em encontro em abril, Lula propôs blindar qualquer investigação sobre ele na CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. Em troca, o ministro apoiaria o adiamento do julgamento.
De acordo com a nota de Lula, a versão da revista sobre a conversa é inverídica.
Lula afirma que nunca interferiu em decisões do Supremo e da Procuradoria-Geral da República nos oito anos que foi presidente, inclusive na ação penal do mensalão.
"O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
Nesta segunda-feira, a oposição informou que vai ingressar com pedido de investigação na Procuradoria Geral da República contra o ex-presidente.
DEM, PSDB, PPS e PSOL afirmam que Lula cometeu três crimes e precisa ser responsabilizado judicialmente.
A reunião ocorreu no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro do governo Lula e ex-ministro do Supremo.
Lula disse a Mendes, segundo a "Veja", que é "inconveniente" julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que o ministro se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje investigado na CPI.
Jobim confirmou o encontro em seu escritório, mas negou o teor.
LEIA A NOTA
Sobre a reportagem da revista "Veja" publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF Gilmar Mendes sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. "Meu sentimento é de indignação", disse o ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria-Geral da República em relação a ação penal do chamado mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. "O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.
Assessoria de imprensa do Instituto Lula
"Meu sentimento é de indignação", afirmou o ex-presidente em nota.
Segundo a revista, Mendes relatou que, em encontro em abril, Lula propôs blindar qualquer investigação sobre ele na CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários. Em troca, o ministro apoiaria o adiamento do julgamento.
De acordo com a nota de Lula, a versão da revista sobre a conversa é inverídica.
Lula afirma que nunca interferiu em decisões do Supremo e da Procuradoria-Geral da República nos oito anos que foi presidente, inclusive na ação penal do mensalão.
"O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
Nesta segunda-feira, a oposição informou que vai ingressar com pedido de investigação na Procuradoria Geral da República contra o ex-presidente.
DEM, PSDB, PPS e PSOL afirmam que Lula cometeu três crimes e precisa ser responsabilizado judicialmente.
A reunião ocorreu no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro do governo Lula e ex-ministro do Supremo.
Lula disse a Mendes, segundo a "Veja", que é "inconveniente" julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que o ministro se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje investigado na CPI.
Jobim confirmou o encontro em seu escritório, mas negou o teor.
LEIA A NOTA
Sobre a reportagem da revista "Veja" publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF Gilmar Mendes sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:
1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. "Meu sentimento é de indignação", disse o ex-presidente, sobre a reportagem.
2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria-Geral da República em relação a ação penal do chamado mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. "O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", afirmou Lula.
4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.
Assessoria de imprensa do Instituto Lula
Caetano Veloso canta "Você não entende nada"
Participação de Caetano Veloso no programa de Elizeth Cardoso, no início dos anos 70.
Pipoca: um estouro em antioxidantes e fibras
Estudo recém-saído do forno - ou seria da panela? - mostra que esse verdadeiro blockbuster das sessões de cinema concentra mais certos antioxidantes do que frutas e verduras. Sem contar a quantidade de fibras.
Um punhado de milho, um fiozinho de óleo e uma panela no fogo... Voilà! Bastam alguns minutos - e muitos "pops" - para a combinação resultar em massas brancas, pequenas e bem macias. É a famosa pipoca. Vira e mexe no centro de acaloradas discussões, ela costuma ser acusada de ser um tanto quanto traiçoeira para a saúde. A presença de gordura e o fato de nos incentivar a extrapolar nas pitadas de sal estão entre as principais queixas. No que depender da ciência, entretanto, a má fama está com os dias contados.
É que, se preparada corretamente - não vale apelar para a praticidade da versão de micro-ondas -, ela é uma explosão de benefícios, informação reforçada por um estudo recente da Universidade de Scranton, nos Estados Unidos. Segundo o time de cientistas, pasme, a pipoca reúne mais certos antioxidantes do que uma porção de frutas e verduras. Ou seja: ela seria uma aliada ardilosa na guerra contra os radicais livres, aquelas moléculas instáveis e perigosas que atacam as células e provocam desastres que vão de envelhecimento precoce a câncer. "Isso se deve à diferença entre a quantidade de água encontrada na pipoca, que é de 3 a 5%, e a detectada nos vegetais, que chega a 90%", informa Joe Vinson, líder do trabalho. Na prática, esses valores referentes à umidade revelam que no subproduto do milho os compostos fenólicos - benditos antioxidantes! - ficariam concentrados, enquanto nas outras classes alimentares eles apareceriam mais diluídos. "A pipoca é o único snack formado 100% pelo grão. Já os antioxidantes encontrados em outros produtos à base de sementes integrais, por exemplo, são removidos ou sofrem degradação durante o processamento."
Só para você saber - e não morrer mais de raiva -, as substâncias protetoras da saúde estão na casca, aquela capa que teima em ficar agarrada nos dentes. E, se o milho que levar para casa der origem a uma pipoca naturalmente amarela ou creme, bingo! Sinal de que a parte fofinha do alimento é ainda fonte de carotenoides. "Essas substâncias também atuam como antioxidantes e, no corpo, são convertidas em vitamina A", ensina a cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, no interior de Minas Gerais. A transformação é ótima para o sistema imunológico e para os olhos, que ficam blindados contra degeneração macular relacionada à idade.
Apesar de grudenta, a casca da pipoca está cheia de atributos. Afinal, nela também estão doses generosas de fibras, substâncias que contribuem para a formação do bolo fecal. "Para eliminá-lo com maior facilidade, é necessário aumentar o consumo de água", lembra a nutricionista Viviane Piatecka, do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região. O melhor é que o papel das fibras não fica restrito a dar um empurrão ao funcionamento do intestino. Elas também são reverenciadas por tornar a digestão mais lenta, prolongando, assim, a sensação de barriga forrada - uma vantagem e tanto para quem quer derrubar o ponteiro da balança.
Já na parte fofa e geralmente branca dessa pequena notável fica guardado outro amigão do organismo: o amido resistente. O nome, convém dizer, não foi dado à toa. Isso porque ele passa praticamente intacto pelo aparelho digestivo. Só no intestino grosso é que micro-organismos da flora o transformam em ácidos graxos de cadeia curta. "Eles deixam a área mais ácida, favorecendo a proteção contra células cancerosas. Por isso, o consumo de amido resistente tem sido associado à redução do risco de tumores no órgão", detalha Maria Cristina, da Embrapa.
Mas não vá achando que o sinal está verde para se entupir com a pipoca vendida no cinema ou a industrializada para micro-ondas. Essas são justamente as que merecem estar no banco dos réus - os motivos você conhece nos quadros à direita. O recomendado para se beneficiar das qualidades do alimento é prepará-lo na boa e velha panela, com só um pouquinho de óleo para não formar uma verdadeira bomba calórica. Se desejar, a gordura pode até ficar de fora da receita. "É só colocar uma porção de milho em um saquinho como aqueles para pão e vedá-lo na ponta. Depois, deixe por alguns minutos no micro-ondas", instrui Eduardo Sawazaki, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no interior paulista. Está aí um lanche para ninguém botar defeito.
Calorias da pipoca
Alimento Calorias*
5 xíc. de chá lotadas de pipoca 497
1 tigela cheia de flocos de aveia 390
8 unidades de ameixa preta 239
1 maçã pequena 59
1 prato raso coberto de alface 18
*Calorias por 100 gramas
Não exagere na pipoca do microndasBasta botar a embalagem no forno e esperar cerca de três minutos. Quem não quer praticidade numa tarde preguiçosa? O problema é que essa rapidez toda traz doses de gordura. A pior gordura é a trans, acusada de levar ao entupimento de artérias, que as indústrias tentam substituir por tipos mais saudáveis. Desculpe a insistência, mas fique atento no rótulo.
Já a notícia ruim é que agora há um composto denegrindo a imagem da pipoca de micro. Trata-se do diacetil, um flavorizante que confere sabor e aroma de manteiga ao produto. Segundo estudiosos dos Estados Unidos, sua inalação contínua é capaz de causar danos aos pulmões. Tudo bem, haja pipoca até que isso aconteça. Mas, exagerados ou não, os americanos exigem a retirada do ingrediente. Por aqui só nos resta ter cautela e evitar ficar na cozinha enquanto estiver aquele perfume de falsa manteiga no ar.
Fibas da pipoca
5 xíc. de chá lotadas de pipoca 11 g
1 tigela aveia de flocos de aveia 10 g
8 unidades de ameixa preta 9 g
1 maçã pequena 2 g
1 prato raso coberto de alface 2 g
*Atenção: todas as porções, aqui, equivalem a 100 gramas
Cuidado com a pipoca doce
Sabe aquela pipoca levemente doce, com sabor de infância, geralmente vendida em sacos cor-de-rosa? Ela é feita industrialmente, em temperaturas elevadíssimas, com o mesmo milho da canjica das festas juninas. “Como a casca é retirada, sobra quase que só amido, pura fonte de carboidrato”, conta o engenheiro agronômo Eduardo Sawasaki. Ou seja, é um lanche energético com 383 calorias em 100 gramas.
Tipos de milho
Cada tipo tem suas qualidades:
O milho da pipoca é o mais duro e com a casca mega-resistente. Dos três tipos, é o que ganha de longe em fibras.
O milho verde, da pamonha, é chamado assim por ser colhido antes de amadurecer. É cheio de carotenóides, que, no organismo, viram vitamina A.
O grão branco do milho de canjica ou munguzá, como se diz no Nordeste , passa por processamento e a casca vai embora. De todos é a melhor fonte de ferro.
Escolha amelhor pipoca
No supermercado, observe o formato e a cor dos grãos. Eles devem estar arredondados, feito pérolas, e com a coloração uniforme. Manchas esfumaçadas denunciam que o amido está mole, o que empobrece o alimento. Na hora de preparar, não abuse do óleo, até porque o milho encharcado tende a demorar muito para estourar. Mexa sempre a panela, que deve ser bem grossa — assim o calor alcança todos os grãos. Para incrementar o aroma, adicione ervas como o alecrim e o orégano à gordura. Agora, se você curte mesmo a praticidade de uma pipoca para microondas, então ao menos opte por aquelas livres de gorduras trans e com o menor teor de sódio.
Fonte: saude.abril.com.br
Um punhado de milho, um fiozinho de óleo e uma panela no fogo... Voilà! Bastam alguns minutos - e muitos "pops" - para a combinação resultar em massas brancas, pequenas e bem macias. É a famosa pipoca. Vira e mexe no centro de acaloradas discussões, ela costuma ser acusada de ser um tanto quanto traiçoeira para a saúde. A presença de gordura e o fato de nos incentivar a extrapolar nas pitadas de sal estão entre as principais queixas. No que depender da ciência, entretanto, a má fama está com os dias contados.
É que, se preparada corretamente - não vale apelar para a praticidade da versão de micro-ondas -, ela é uma explosão de benefícios, informação reforçada por um estudo recente da Universidade de Scranton, nos Estados Unidos. Segundo o time de cientistas, pasme, a pipoca reúne mais certos antioxidantes do que uma porção de frutas e verduras. Ou seja: ela seria uma aliada ardilosa na guerra contra os radicais livres, aquelas moléculas instáveis e perigosas que atacam as células e provocam desastres que vão de envelhecimento precoce a câncer. "Isso se deve à diferença entre a quantidade de água encontrada na pipoca, que é de 3 a 5%, e a detectada nos vegetais, que chega a 90%", informa Joe Vinson, líder do trabalho. Na prática, esses valores referentes à umidade revelam que no subproduto do milho os compostos fenólicos - benditos antioxidantes! - ficariam concentrados, enquanto nas outras classes alimentares eles apareceriam mais diluídos. "A pipoca é o único snack formado 100% pelo grão. Já os antioxidantes encontrados em outros produtos à base de sementes integrais, por exemplo, são removidos ou sofrem degradação durante o processamento."
Só para você saber - e não morrer mais de raiva -, as substâncias protetoras da saúde estão na casca, aquela capa que teima em ficar agarrada nos dentes. E, se o milho que levar para casa der origem a uma pipoca naturalmente amarela ou creme, bingo! Sinal de que a parte fofinha do alimento é ainda fonte de carotenoides. "Essas substâncias também atuam como antioxidantes e, no corpo, são convertidas em vitamina A", ensina a cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, no interior de Minas Gerais. A transformação é ótima para o sistema imunológico e para os olhos, que ficam blindados contra degeneração macular relacionada à idade.
Apesar de grudenta, a casca da pipoca está cheia de atributos. Afinal, nela também estão doses generosas de fibras, substâncias que contribuem para a formação do bolo fecal. "Para eliminá-lo com maior facilidade, é necessário aumentar o consumo de água", lembra a nutricionista Viviane Piatecka, do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região. O melhor é que o papel das fibras não fica restrito a dar um empurrão ao funcionamento do intestino. Elas também são reverenciadas por tornar a digestão mais lenta, prolongando, assim, a sensação de barriga forrada - uma vantagem e tanto para quem quer derrubar o ponteiro da balança.
Já na parte fofa e geralmente branca dessa pequena notável fica guardado outro amigão do organismo: o amido resistente. O nome, convém dizer, não foi dado à toa. Isso porque ele passa praticamente intacto pelo aparelho digestivo. Só no intestino grosso é que micro-organismos da flora o transformam em ácidos graxos de cadeia curta. "Eles deixam a área mais ácida, favorecendo a proteção contra células cancerosas. Por isso, o consumo de amido resistente tem sido associado à redução do risco de tumores no órgão", detalha Maria Cristina, da Embrapa.
Mas não vá achando que o sinal está verde para se entupir com a pipoca vendida no cinema ou a industrializada para micro-ondas. Essas são justamente as que merecem estar no banco dos réus - os motivos você conhece nos quadros à direita. O recomendado para se beneficiar das qualidades do alimento é prepará-lo na boa e velha panela, com só um pouquinho de óleo para não formar uma verdadeira bomba calórica. Se desejar, a gordura pode até ficar de fora da receita. "É só colocar uma porção de milho em um saquinho como aqueles para pão e vedá-lo na ponta. Depois, deixe por alguns minutos no micro-ondas", instrui Eduardo Sawazaki, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no interior paulista. Está aí um lanche para ninguém botar defeito.
Calorias da pipoca
Alimento Calorias*
5 xíc. de chá lotadas de pipoca 497
1 tigela cheia de flocos de aveia 390
8 unidades de ameixa preta 239
1 maçã pequena 59
1 prato raso coberto de alface 18
*Calorias por 100 gramas
Não exagere na pipoca do microndasBasta botar a embalagem no forno e esperar cerca de três minutos. Quem não quer praticidade numa tarde preguiçosa? O problema é que essa rapidez toda traz doses de gordura. A pior gordura é a trans, acusada de levar ao entupimento de artérias, que as indústrias tentam substituir por tipos mais saudáveis. Desculpe a insistência, mas fique atento no rótulo.
Já a notícia ruim é que agora há um composto denegrindo a imagem da pipoca de micro. Trata-se do diacetil, um flavorizante que confere sabor e aroma de manteiga ao produto. Segundo estudiosos dos Estados Unidos, sua inalação contínua é capaz de causar danos aos pulmões. Tudo bem, haja pipoca até que isso aconteça. Mas, exagerados ou não, os americanos exigem a retirada do ingrediente. Por aqui só nos resta ter cautela e evitar ficar na cozinha enquanto estiver aquele perfume de falsa manteiga no ar.
Fibas da pipoca
5 xíc. de chá lotadas de pipoca 11 g
1 tigela aveia de flocos de aveia 10 g
8 unidades de ameixa preta 9 g
1 maçã pequena 2 g
1 prato raso coberto de alface 2 g
*Atenção: todas as porções, aqui, equivalem a 100 gramas
Cuidado com a pipoca doce
Sabe aquela pipoca levemente doce, com sabor de infância, geralmente vendida em sacos cor-de-rosa? Ela é feita industrialmente, em temperaturas elevadíssimas, com o mesmo milho da canjica das festas juninas. “Como a casca é retirada, sobra quase que só amido, pura fonte de carboidrato”, conta o engenheiro agronômo Eduardo Sawasaki. Ou seja, é um lanche energético com 383 calorias em 100 gramas.
Tipos de milho
Cada tipo tem suas qualidades:
O milho da pipoca é o mais duro e com a casca mega-resistente. Dos três tipos, é o que ganha de longe em fibras.
O milho verde, da pamonha, é chamado assim por ser colhido antes de amadurecer. É cheio de carotenóides, que, no organismo, viram vitamina A.
O grão branco do milho de canjica ou munguzá, como se diz no Nordeste , passa por processamento e a casca vai embora. De todos é a melhor fonte de ferro.
Escolha amelhor pipoca
No supermercado, observe o formato e a cor dos grãos. Eles devem estar arredondados, feito pérolas, e com a coloração uniforme. Manchas esfumaçadas denunciam que o amido está mole, o que empobrece o alimento. Na hora de preparar, não abuse do óleo, até porque o milho encharcado tende a demorar muito para estourar. Mexa sempre a panela, que deve ser bem grossa — assim o calor alcança todos os grãos. Para incrementar o aroma, adicione ervas como o alecrim e o orégano à gordura. Agora, se você curte mesmo a praticidade de uma pipoca para microondas, então ao menos opte por aquelas livres de gorduras trans e com o menor teor de sódio.
Fonte: saude.abril.com.br
12 guinadas médicas que podem mudar sua vida
Dizem que a ciência é um campo de verdades transitórias. Não à toa, na bolsa de valores da saúde, algumas recomendações entram em alta, enquanto a cotação de outras despenca. Selecionamos reviravoltas que em algum momento vão repercutir no seu dia a dia.
1. Você deveria comer mais ovo
Não há melhor símbolo para ilustrar e começar a reportagem do que esse alimento. Por décadas, ele permaneceu à margem daquilo que é considerado um cardápio saudável. A má reputação parecia ter motivo. Afinal, o ovo era encarado como um poço de colesterol. A absolvição veio quando cientistas descobriram um composto especial em sua fórmula: a lecitina. "Trata-se de um emulsificante natural de gordura, que inibe a absorção do colesterol no intestino", explica Rosana Perim, gerente de nutrição do Hospital do Coração, na capital paulista. Com seu retorno triunfal ao menu, uma porção de nutrientes do bem ficou disponível. "Ele é fonte de minerais e proteínas, das quais a albumina é o destaque. Também reúne vitaminas A, D e as do complexo B", descreve a nutricionista Ana Clara Martins, professora da Universidade Federal de Goiás. Mas atenção: como a gema é rica em colesterol, recomenda-se não exagerar todo dia, especialmente se a dieta já for composta de carne, leite e queijos gordurosos. Três unidades semanais já são um prato cheio para a saúde.
2. Quem tem doença séria precisa malhar
"Sob a alegação de que o corpo deveria guardar suas energias, já foi padrão prescrever repouso absoluto em casos como câncer ou infarto", relata Moisés da Cunha Lima, fisiatra do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. Mas trabalhos científicos ao redor do globo derrubaram essa tese. "Obviamente há restrições e cuidados especiais logo após o diagnóstico, mas manter-se em movimento, hoje, é parte integrante do tratamento de vários males considerados graves", reforça Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, em Salvador. Uma das razões para essa quebra de paradigma é que as atividades físicas aplacam as dores, a fadiga, o estresse e a perda de massa muscular, sintomas pra lá de comuns quando um problema sério dá as caras. Aliás, elas são cada vez mais vistas como um remédio eficaz para atuar diretamente nas enfermidades, já que fortificam o sistema imunológico, regulam os batimentos cardíacos, promovem emagrecimento...
3. Cuidado com o excesso de exames
Pré-diabete, pré-hipertensão... Houve uma época em que, na ausência desses nomes criados para designar um estágio que antecede o problema propriamente dito, o médico esperava o diagnóstico e, só aí, traçava o plano terapêutico. Hoje, as mudanças no estilo de vida e, se necessário, a prescrição de medicamentos são cobradas antes de os exames cravarem os valores da doença em si. "Os pré-diabéticos têm só metade do seu pâncreas produzindo insulina, e os estudos mostram que, entre eles, as taxas de mortalidade são mais altas", exemplifica o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. "Não por menos já receitamos a esses pacientes remédios para melhorar a ação da insulina", diz.
5. Veneno dá origem a novos remédios
Um escorpião que guarda em sua peçonha uma promessa e tanto contra a pressão alta, uma aranha cuja toxina estimula a ereção e outro aracnídeo que tem, em seu veneno, compostos bactericidas. Os bichos citados acima e suas aplicações terapêuticas são objetos de estudo do laboratório da professora Maria Elena de Lima, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais. E dão ideia de como pode ser aproveitada uma exímia fonte de novas drogas: os venenos animais. Tanto no Brasil como lá fora são realizadas pesquisas com esse material oferecido por cobras, insetos e companhia (veja exemplos no slideshow abaixo). "Ao analisar os venenos e seu efeito sobre o organismo, conseguimos descobrir outros mecanismos de ação para remédios ou criar fármacos com as substâncias encontradas", explica Maria Elena. Ainda na década de 1960, um médico brasileiro desvendou, pelo veneno da jararaca, a base para um medicamento que se tornou um dos principais recursos contra a hipertensão. Mas há casos em que a doença resiste a ele. Em breve, porém, um escorpião poderá oferecer o antídoto para driblar o problema.
6. Limpeza demais prejudica
Criar o pequeno em ambientes muito limpos propicia uma situação indesejada: o sistema imune da criança fica destreinado para enfrentar germes e, pior, tende a disparar reações alérgicas diante de substâncias inócuas. É o que propõe a "teoria da higiene" (veja o slideshow abaixo), que ganha força com um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Ao deixar ratos - cujas células de defesa são parecidas com as nossas - em um local estéril, observou-se que esses animais apresentavam mais doenças inflamatórias no intestino e nos pulmões do que os largados em habitat normal. Lógico que ninguém defende conviver com a sujeira 24 horas por dia. "Cuidados como lavar as mãos após as brincadeiras devem ser mantidos", orienta a alergologista Renata Cocco, da Universidade Federal de São Paulo.
Amizade animal Crescer com um pet em casa é um modo divertido de entrar em contato com micro-organismos e substâncias que ajudam o sistema imune a se desenvolver. Com a vantagem de que essa relação desperta afeto e senso de responsabilidade.
7. Evite carne grelhada demais
Não vá pensando que você pode se esbaldar de fritura. A melhor forma de degustar carne ainda é na versão grelhada. Mas no ponto certo. Torrar demais leva à produção de substâncias nocivas - caso das aminas heterocíclicas, apontadas como patrocinadoras de males neurodegenerativos. "O ideal é que não fique nem cru nem muito passado. Ou seja, o cozimento deve ser suficiente para fazer o interior da carne mudar de cor, mas sem apresentar sinais de tempo excessivo no fogo, como aparência queimada, ressecamento e rigidez", ensina Gilberto Simeone, professor do curso de nutrição da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais.
8. Vício por comida deve ser tratado
Embora a compulsão alimentar tenha sido descrita há algumas décadas, só agora passará a integrar o manual que serve de referência internacional para o manejo das desordens psiquiátricas. A condição é marcada por ataques periódicos e recorrentes de gula, com direito a iguarias estranhas. "Entre os obesos que procuram tratamento para o excesso de peso, a prevalência da compulsão é de 30%", conta o psiquiatra Adriano Segal, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Esse quadro requer orientação especializada. "Podemos indicar sessões de terapia cognitivo-comportamental e receitar remédios como inibidores de apetite e antidepressivos", esclarece Segal.
9. Todo mundo tem que consumir gordura
O nutriente tão censurado em regimes da moda deve, sim, fazer parte da dieta. Com bom senso, é claro. O primeiro passo para um consumo inteligente é entender que há mais de uma versão de gordura dando sopa por aí e cada uma merece seu espaço no dia a dia (confira no slideshow abaixo). A mono e a poli-insaturada, por exemplo, têm prioridade. "A primeira evita a formação de placas nos vasos e, por isso, auxilia a prevenir complicações cardiovasculares", informa a nutricionista Samantha Rhein, professora do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo. "Já a segunda combate inflamações, melhora o controle da pressão e contribui para a integridade do sistema nervoso." A saturada demanda mais controle. "Em excesso, ela coloca o coração em risco", avisa Ana Paula Chacra, cardiologista do Instituto do Coração de São Paulo. O perigo maior mora na trans - aquela dos alimentos industrializados. É que, além de elevar os níveis do colesterol ruim (LDL), ela derruba os do bom (HDL). Esta é melhor esquecer.
Ômegas em desequilíbrio Das poli-insaturadas, duas versões sobressaem: o ômega-3, dos peixes de água fria, e o ômega-6, dos óleos vegetais. O problema é que consumimos muito mais o tipo 6. "Essa desproporção pode potencializar os riscos cardiovasculares", avisa a nutricionista Samantha Rhein
10. Videogame pode ser saudável
Os novos consoles exigem do jogador muito movimento e preparo físico. Se antes era necessário deslocar somente os dedos, sentado confortavelmente no sofá, agora o desafio é superar os obstáculos do jogo remexendo o esqueleto. E isso, para começar, resulta num belo gasto de calorias. "Ao se exercitar com o videogame em intensidade moderada por um tempo prolongado, já é possível melhorar o condicionamento", atesta o cardiologista Daniel Kopiler, chefe do Serviço de Reabilitação Cardíaca do Instituto Nacional de Cardiologia. Se os golpes, corridas e danças virtuais ainda não substituem em 100% os esportes tradicionais, no mínimo afastam o sedentarismo e promovem bem-estar, sobretudo para os idosos. "Os games aperfeiçoam o caminhar e o equilíbrio em pessoas com idade avançada", confirma o geriatra Virgílio Garcia Moreira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, eles já são usados inclusive como ferramenta na recuperação de pacientes que sofreram baques como um derrame.
11. Exercício em excesso faz mal
A resistência dos triatletas passa a ideia de que eles são extremamente saudáveis. Mas na Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, pesquisadores avaliaram o sistema imunológico desses atletas e, depois, compararam-no com o de idosas que faziam atividades físicas leves. "Acredite se quiser: as defesas das senhoras estavam mais preparadas para combater infecções do que as dos esportistas", revela a educadora física Tânia Pithon-Curi, que coordenou o trabalho. E isso é apenas um exemplo. Se suar a camisa moderadamente traz benesses dos pés à cabeça, o exagero é um tiro pela culatra, como você verá na tabela à direita. "Daí a importância de buscar profissionais que tracem os limites segundo as características do indivíduo", salienta Jomar Souza.
12. Parto normal depois da cesárea
As mães de segunda viagem podem escolher o parto natural mesmo que o primogênito tenha nascido de cesariana. O grande temor, há alguns anos, era o rompimento da cicatriz uterina do primeiro procedimento. "Mas agora sabemos que é possível fazer um parto normal, com anestesia, dois anos depois da cesárea", esclarece o obstetra Luiz Fernando Leite, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. É por meio de uma conversa com o médico que fica definido se o bebê pode vir ao mundo sem cirurgia. "Tudo deve ser acompanhado de perto no hospital, que está munido dos equipamentos necessários para possíveis emergências", ressalta a obstetra Márcia Maria da Costa, do Hospital e Maternidade São Luiz, na capital paulista
Fonte: saude.abril.com.br
1. Você deveria comer mais ovo
Não há melhor símbolo para ilustrar e começar a reportagem do que esse alimento. Por décadas, ele permaneceu à margem daquilo que é considerado um cardápio saudável. A má reputação parecia ter motivo. Afinal, o ovo era encarado como um poço de colesterol. A absolvição veio quando cientistas descobriram um composto especial em sua fórmula: a lecitina. "Trata-se de um emulsificante natural de gordura, que inibe a absorção do colesterol no intestino", explica Rosana Perim, gerente de nutrição do Hospital do Coração, na capital paulista. Com seu retorno triunfal ao menu, uma porção de nutrientes do bem ficou disponível. "Ele é fonte de minerais e proteínas, das quais a albumina é o destaque. Também reúne vitaminas A, D e as do complexo B", descreve a nutricionista Ana Clara Martins, professora da Universidade Federal de Goiás. Mas atenção: como a gema é rica em colesterol, recomenda-se não exagerar todo dia, especialmente se a dieta já for composta de carne, leite e queijos gordurosos. Três unidades semanais já são um prato cheio para a saúde.
2. Quem tem doença séria precisa malhar
"Sob a alegação de que o corpo deveria guardar suas energias, já foi padrão prescrever repouso absoluto em casos como câncer ou infarto", relata Moisés da Cunha Lima, fisiatra do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. Mas trabalhos científicos ao redor do globo derrubaram essa tese. "Obviamente há restrições e cuidados especiais logo após o diagnóstico, mas manter-se em movimento, hoje, é parte integrante do tratamento de vários males considerados graves", reforça Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, em Salvador. Uma das razões para essa quebra de paradigma é que as atividades físicas aplacam as dores, a fadiga, o estresse e a perda de massa muscular, sintomas pra lá de comuns quando um problema sério dá as caras. Aliás, elas são cada vez mais vistas como um remédio eficaz para atuar diretamente nas enfermidades, já que fortificam o sistema imunológico, regulam os batimentos cardíacos, promovem emagrecimento...
3. Cuidado com o excesso de exames
Um trabalho americano assinado por nove sociedades médicas avaliou 1 200 indivíduos submetidos a uma bateria de testes e concluiu que, na maioria dos casos, as informações obtidas eram irrelevantes. O problema é que, além de expor as pessoas à radiação nos exames de imagem, pecar pelo excesso atrapalha a busca pelo diagnóstico porque pode desviar o foco inicial da investigação ou gerar resultados falsos positivos - quando acusam uma doença inexistente. "Assim como remédios, os exames têm indicações específicas e contraindicações", afirma o clínico-geral Nelson Carvalhaes, do laboratório Fleury, na capital paulista. "Conhecer bem o paciente e seu histórico corresponde a 90% do diagnóstico", diz Paulo Olzon, clínico-geral da Universidade Federal de São Paulo. O excesso não é bom
4. Tratar problemas antes de apareceremPré-diabete, pré-hipertensão... Houve uma época em que, na ausência desses nomes criados para designar um estágio que antecede o problema propriamente dito, o médico esperava o diagnóstico e, só aí, traçava o plano terapêutico. Hoje, as mudanças no estilo de vida e, se necessário, a prescrição de medicamentos são cobradas antes de os exames cravarem os valores da doença em si. "Os pré-diabéticos têm só metade do seu pâncreas produzindo insulina, e os estudos mostram que, entre eles, as taxas de mortalidade são mais altas", exemplifica o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. "Não por menos já receitamos a esses pacientes remédios para melhorar a ação da insulina", diz.
5. Veneno dá origem a novos remédios
Um escorpião que guarda em sua peçonha uma promessa e tanto contra a pressão alta, uma aranha cuja toxina estimula a ereção e outro aracnídeo que tem, em seu veneno, compostos bactericidas. Os bichos citados acima e suas aplicações terapêuticas são objetos de estudo do laboratório da professora Maria Elena de Lima, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais. E dão ideia de como pode ser aproveitada uma exímia fonte de novas drogas: os venenos animais. Tanto no Brasil como lá fora são realizadas pesquisas com esse material oferecido por cobras, insetos e companhia (veja exemplos no slideshow abaixo). "Ao analisar os venenos e seu efeito sobre o organismo, conseguimos descobrir outros mecanismos de ação para remédios ou criar fármacos com as substâncias encontradas", explica Maria Elena. Ainda na década de 1960, um médico brasileiro desvendou, pelo veneno da jararaca, a base para um medicamento que se tornou um dos principais recursos contra a hipertensão. Mas há casos em que a doença resiste a ele. Em breve, porém, um escorpião poderá oferecer o antídoto para driblar o problema.
6. Limpeza demais prejudica
Criar o pequeno em ambientes muito limpos propicia uma situação indesejada: o sistema imune da criança fica destreinado para enfrentar germes e, pior, tende a disparar reações alérgicas diante de substâncias inócuas. É o que propõe a "teoria da higiene" (veja o slideshow abaixo), que ganha força com um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Ao deixar ratos - cujas células de defesa são parecidas com as nossas - em um local estéril, observou-se que esses animais apresentavam mais doenças inflamatórias no intestino e nos pulmões do que os largados em habitat normal. Lógico que ninguém defende conviver com a sujeira 24 horas por dia. "Cuidados como lavar as mãos após as brincadeiras devem ser mantidos", orienta a alergologista Renata Cocco, da Universidade Federal de São Paulo.
Amizade animal Crescer com um pet em casa é um modo divertido de entrar em contato com micro-organismos e substâncias que ajudam o sistema imune a se desenvolver. Com a vantagem de que essa relação desperta afeto e senso de responsabilidade.
7. Evite carne grelhada demais
Não vá pensando que você pode se esbaldar de fritura. A melhor forma de degustar carne ainda é na versão grelhada. Mas no ponto certo. Torrar demais leva à produção de substâncias nocivas - caso das aminas heterocíclicas, apontadas como patrocinadoras de males neurodegenerativos. "O ideal é que não fique nem cru nem muito passado. Ou seja, o cozimento deve ser suficiente para fazer o interior da carne mudar de cor, mas sem apresentar sinais de tempo excessivo no fogo, como aparência queimada, ressecamento e rigidez", ensina Gilberto Simeone, professor do curso de nutrição da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais.
8. Vício por comida deve ser tratado
Embora a compulsão alimentar tenha sido descrita há algumas décadas, só agora passará a integrar o manual que serve de referência internacional para o manejo das desordens psiquiátricas. A condição é marcada por ataques periódicos e recorrentes de gula, com direito a iguarias estranhas. "Entre os obesos que procuram tratamento para o excesso de peso, a prevalência da compulsão é de 30%", conta o psiquiatra Adriano Segal, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Esse quadro requer orientação especializada. "Podemos indicar sessões de terapia cognitivo-comportamental e receitar remédios como inibidores de apetite e antidepressivos", esclarece Segal.
9. Todo mundo tem que consumir gordura
O nutriente tão censurado em regimes da moda deve, sim, fazer parte da dieta. Com bom senso, é claro. O primeiro passo para um consumo inteligente é entender que há mais de uma versão de gordura dando sopa por aí e cada uma merece seu espaço no dia a dia (confira no slideshow abaixo). A mono e a poli-insaturada, por exemplo, têm prioridade. "A primeira evita a formação de placas nos vasos e, por isso, auxilia a prevenir complicações cardiovasculares", informa a nutricionista Samantha Rhein, professora do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo. "Já a segunda combate inflamações, melhora o controle da pressão e contribui para a integridade do sistema nervoso." A saturada demanda mais controle. "Em excesso, ela coloca o coração em risco", avisa Ana Paula Chacra, cardiologista do Instituto do Coração de São Paulo. O perigo maior mora na trans - aquela dos alimentos industrializados. É que, além de elevar os níveis do colesterol ruim (LDL), ela derruba os do bom (HDL). Esta é melhor esquecer.
Ômegas em desequilíbrio Das poli-insaturadas, duas versões sobressaem: o ômega-3, dos peixes de água fria, e o ômega-6, dos óleos vegetais. O problema é que consumimos muito mais o tipo 6. "Essa desproporção pode potencializar os riscos cardiovasculares", avisa a nutricionista Samantha Rhein
10. Videogame pode ser saudável
Os novos consoles exigem do jogador muito movimento e preparo físico. Se antes era necessário deslocar somente os dedos, sentado confortavelmente no sofá, agora o desafio é superar os obstáculos do jogo remexendo o esqueleto. E isso, para começar, resulta num belo gasto de calorias. "Ao se exercitar com o videogame em intensidade moderada por um tempo prolongado, já é possível melhorar o condicionamento", atesta o cardiologista Daniel Kopiler, chefe do Serviço de Reabilitação Cardíaca do Instituto Nacional de Cardiologia. Se os golpes, corridas e danças virtuais ainda não substituem em 100% os esportes tradicionais, no mínimo afastam o sedentarismo e promovem bem-estar, sobretudo para os idosos. "Os games aperfeiçoam o caminhar e o equilíbrio em pessoas com idade avançada", confirma o geriatra Virgílio Garcia Moreira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, eles já são usados inclusive como ferramenta na recuperação de pacientes que sofreram baques como um derrame.
11. Exercício em excesso faz mal
A resistência dos triatletas passa a ideia de que eles são extremamente saudáveis. Mas na Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, pesquisadores avaliaram o sistema imunológico desses atletas e, depois, compararam-no com o de idosas que faziam atividades físicas leves. "Acredite se quiser: as defesas das senhoras estavam mais preparadas para combater infecções do que as dos esportistas", revela a educadora física Tânia Pithon-Curi, que coordenou o trabalho. E isso é apenas um exemplo. Se suar a camisa moderadamente traz benesses dos pés à cabeça, o exagero é um tiro pela culatra, como você verá na tabela à direita. "Daí a importância de buscar profissionais que tracem os limites segundo as características do indivíduo", salienta Jomar Souza.
12. Parto normal depois da cesárea
As mães de segunda viagem podem escolher o parto natural mesmo que o primogênito tenha nascido de cesariana. O grande temor, há alguns anos, era o rompimento da cicatriz uterina do primeiro procedimento. "Mas agora sabemos que é possível fazer um parto normal, com anestesia, dois anos depois da cesárea", esclarece o obstetra Luiz Fernando Leite, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. É por meio de uma conversa com o médico que fica definido se o bebê pode vir ao mundo sem cirurgia. "Tudo deve ser acompanhado de perto no hospital, que está munido dos equipamentos necessários para possíveis emergências", ressalta a obstetra Márcia Maria da Costa, do Hospital e Maternidade São Luiz, na capital paulista
Fonte: saude.abril.com.br
domingo, maio 27, 2012
OAB rebate críticas de Aécio à atuação de Thomaz Bastos no caso Cachoeira-27/05/2012
Ex-ministro da Justiça (governo Lula), Thomaz Bastos recebeu pesadas críticas do senador Aécio Neves (PSDB-MG) por sua atuação em defesa de Cachoeira
"O advogado não pode ter sua figura confundida com a de seu cliente, não deve ser hostilizado pela opinião pública e pelas autoridades policiais ou judiciárias ou sofrer linchamento moral por parcela da mídia", prega o presidente da Ordem do Advogados do Brasil em São Paulo (OAB/SP), em nota oficial divulgada neste domingo, 27, para rebater críticas ao criminalista Márcio Thomaz Bastos, defensor do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Ex-ministro da Justiça (governo Lula), Thomaz Bastos recebeu pesadas críticas do senador Aécio Neves (PSDB-MG) por sua atuação em defesa de Cachoeira, principal personagem da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal.
Thomaz Bastos defende Cachoeira na Justiça e também perante o Congresso, onde tramita Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as atividades do bicheiro.
"O advogado é como o padre, que abomina o pecado, mas ama o pecador", compara a OAB/SP. "O advogado abomina o crime e deve amar sua missão de defender aqueles que a ele recorrem para ter um julgamento justo."
A nota oficial da OAB/SP é subscrita por seu presidente, Luiz Flávio Borges D’Urso. "Venho a público, diante das insistentes críticas dirigidas ao advogado Márcio Thomaz Bastos, em razão de sua atuação como defensor em casos de grande repercussão nacional, mais uma vez salientar que o papel do advogado é obrigatório e absolutamente indispensável para que se obtenha Justiça", assinala D’Urso.
O presidente da OAB/SP argumenta que "jamais se pode confundir o advogado com seu cliente".
"O fato de Thomaz Bastos ter sido ministro da Justiça não o impede de agora advogar livremente, sem qualquer restrição legal, aliás, o que já ocorre com inúmeros outros colegas que ocuparam postos e cargos de destaque na política nacional, também como ministros da Justiça, secretários de Estado da Justiça, secretários de Estado da Segurança Pública", assinala D’Urso.
Ele ressalta que "diante de julgamentos de crimes de grande repercussão, quando o público em geral não admite ao acusado nem mesmo argumentos em sua defesa, imediatamente a opinião pública antagoniza o advogado que, para cumprir bem sua função, precisa enfrentar esse pré julgamento sem temor, com total independência, apesar da incompreensão".
Fonte: estadão.com
"O advogado não pode ter sua figura confundida com a de seu cliente, não deve ser hostilizado pela opinião pública e pelas autoridades policiais ou judiciárias ou sofrer linchamento moral por parcela da mídia", prega o presidente da Ordem do Advogados do Brasil em São Paulo (OAB/SP), em nota oficial divulgada neste domingo, 27, para rebater críticas ao criminalista Márcio Thomaz Bastos, defensor do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Ex-ministro da Justiça (governo Lula), Thomaz Bastos recebeu pesadas críticas do senador Aécio Neves (PSDB-MG) por sua atuação em defesa de Cachoeira, principal personagem da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal.
Thomaz Bastos defende Cachoeira na Justiça e também perante o Congresso, onde tramita Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as atividades do bicheiro.
"O advogado é como o padre, que abomina o pecado, mas ama o pecador", compara a OAB/SP. "O advogado abomina o crime e deve amar sua missão de defender aqueles que a ele recorrem para ter um julgamento justo."
A nota oficial da OAB/SP é subscrita por seu presidente, Luiz Flávio Borges D’Urso. "Venho a público, diante das insistentes críticas dirigidas ao advogado Márcio Thomaz Bastos, em razão de sua atuação como defensor em casos de grande repercussão nacional, mais uma vez salientar que o papel do advogado é obrigatório e absolutamente indispensável para que se obtenha Justiça", assinala D’Urso.
O presidente da OAB/SP argumenta que "jamais se pode confundir o advogado com seu cliente".
"O fato de Thomaz Bastos ter sido ministro da Justiça não o impede de agora advogar livremente, sem qualquer restrição legal, aliás, o que já ocorre com inúmeros outros colegas que ocuparam postos e cargos de destaque na política nacional, também como ministros da Justiça, secretários de Estado da Justiça, secretários de Estado da Segurança Pública", assinala D’Urso.
Ele ressalta que "diante de julgamentos de crimes de grande repercussão, quando o público em geral não admite ao acusado nem mesmo argumentos em sua defesa, imediatamente a opinião pública antagoniza o advogado que, para cumprir bem sua função, precisa enfrentar esse pré julgamento sem temor, com total independência, apesar da incompreensão".
Fonte: estadão.com
Os bons companheiros- Demétrio Magnoli- 24/04/2012
Demétrio Magnoli
De "caçador de marajás" Fernando Collor transfigurou-se em caçador de jornalistas. Na CPI do Cachoeira seu alvo é Policarpo Jr., da revista Veja, a quem acusa de se associar ao contraventor "para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem". Collor calunia, covardemente protegido pela cápsula da imunidade parlamentar. Os áudios das investigações policiais circulam entre políticos e jornalistas - e quase tudo se encontra na internet. Eles atestam que o jornalista não intercambiou favores com Cachoeira. A relação entre os dois era, exclusivamente, de jornalista e fonte - algo, aliás, registrado pelo delegado que conduziu as investigações.
Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações - verdadeiras ou falsas - com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. O jornalismo não tem o direito de oferecer nada às fontes, exceto o sigilo, assegurado pela lei. Mas não tem, também, o direito de sonegar ao público notícias relevantes, mesmo que sua divulgação seja do interesse circunstancial de uma facção criminosa.
Os áudios em circulação comprovam que Policarpo Jr. seguiu rigorosamente os critérios da ética jornalística. Informações vazadas por fontes diversas, até mesmo pela quadrilha de Cachoeira, expuseram escândalos reais de corrupção na esfera federal. Dilma Rousseff demitiu ministros com base nessas notícias, atendendo ao interesse público. A revista em que trabalha o jornalista foi a primeira a publicar as notícias sobre a associação criminosa entre Demóstenes Torres e a quadrilha de Cachoeira - uma prova suplementar de que não havia conluio com a fonte. Quando Collor calunia Policarpo Jr., age sob o impulso da mola da vingança: duas décadas depois da renúncia desonrosa, pretende ferir a imprensa que revelou à sociedade a podridão de seu governo.
A vingança, porém, não é tudo. O senador almeja concluir sua reinvenção política inscrevendo-se no sistema de poder do lulopetismo. Na CPI opera como porta-voz de José Dirceu, cujo blog difunde a calúnia contra o jornalista. Às vésperas do julgamento do caso do mensalão, o réu principal, definido pelo procurador-geral da República como "chefe da quadrilha", engaja-se na tentativa de desqualificar a imprensa - e, com ela, as informações que o incriminam.
O mensalão, porém, não é tudo. A sujeição da imprensa ao poder político entrou no radar de Lula justamente após a crise que abalou seu primeiro mandato. Franklin Martins foi alçado à chefia do Ministério das Comunicações para articular a criação de uma imprensa chapa-branca e, paralelamente, erguer o edifício do "controle social da mídia". A sucessão, contudo, representou uma descontinuidade parcial, que se traduziu pelo afastamento de Martins e pela renúncia ao ensaio de cerceamento da imprensa. Dirceu não admitiu a derrota, persistindo numa campanha que encontra eco em correntes do PT e mobiliza jornalistas financiados por empresas estatais. Policarpo Jr. ocupa, no momento, o lugar de alvo casual da artilharia dirigida contra a liberdade de informar.
No jogo da calúnia, um papel instrumental é desempenhado pela revista Carta Capital. A publicação noticiou falsamente que Policarpo Jr. teria feito "200 ligações" telefônicas para Cachoeira. Em princípio, nada haveria de errado nisso, pois a ética nas relações de jornalistas com fontes não pode ser medida pela quantidade de contatos. Entretanto, por si mesmo, o número cumpria a função de arar o terreno da suspeita, preparando a etapa do plantio da acusação, a ser realizado pela palavra sem freios de Collor. Os áudios, entretanto, evidenciaram a magnitude da mentira: o jornalista trocou duas - não 200 - ligações com sua fonte.
A revista não se circunscreveu à mentira factual. Um editorial, assinado por Mino Carta, classificou a suposta "parceria Cachoeira-Policarpo Jr." como "bandidagem em comum". Editoriais de Mino Carta formam um capítulo sombrio do jornalismo brasileiro. Nos anos seguintes ao AI-5, o atual diretor de redação da Carta Capital ocupava o cargo de editor de Veja, a publicação em que hoje trabalha o alvo de suas falsas denúncias. Os editoriais com a sua assinatura eram peças de louvação da ditadura militar e da guerra suja conduzida nos calabouços. Um deles, de 4 de fevereiro de 1970, consagrava-se ao elogio da "eficiência" da Operação Bandeirante (Oban), braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime, cuja atuação "tranquilizava o povo". O material documental está disponível no blog do jornalista Fábio Pannunzio (http://www.pannunzio.com.br/), sob a rubrica Quem foi quem na ditadura.
Na Veja de então, sob a orientação de Carta, trabalhava o editor de Economia Paulo Henrique Amorim. A cooperação entre os cortesãos do regime militar renovou-se, décadas depois, pela adesão de ambos ao lulismo. Hoje Amorim faz de seu blog uma caixa de ressonância da calúnia de Carta dirigida a Policarpo Jr. O fato teria apenas relevância jurídica se o blog não fosse financiado por empresas estatais: nos últimos três anos, tais fontes públicas transferiram bem mais de R$ 1 milhão para a página eletrônica, distribuídos entre a Caixa Econômica Federal (R$ 833 mil), o Banco do Brasil (R$ 147 mil), os Correios (R$ 120 mil) e a Petrobrás (que, violando a Lei da Transparência, se recusa a prestar a informação).
Dilma não deu curso à estratégia de ataque à liberdade de imprensa organizada no segundo mandato de Lula. Mas, como se evidencia pelo patrocínio estatal da calúnia contra Policarpo Jr., a presidente não controla as rédeas de seu governo - ao menos no que concerne aos interesses vitais de Dirceu. A trama dos bons companheiros revela a existência de um governo paralelo, que ninguém elegeu.
* SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@UOL.COM.BR
Fonte: estão.com
De "caçador de marajás" Fernando Collor transfigurou-se em caçador de jornalistas. Na CPI do Cachoeira seu alvo é Policarpo Jr., da revista Veja, a quem acusa de se associar ao contraventor "para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem". Collor calunia, covardemente protegido pela cápsula da imunidade parlamentar. Os áudios das investigações policiais circulam entre políticos e jornalistas - e quase tudo se encontra na internet. Eles atestam que o jornalista não intercambiou favores com Cachoeira. A relação entre os dois era, exclusivamente, de jornalista e fonte - algo, aliás, registrado pelo delegado que conduziu as investigações.
Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações - verdadeiras ou falsas - com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. O jornalismo não tem o direito de oferecer nada às fontes, exceto o sigilo, assegurado pela lei. Mas não tem, também, o direito de sonegar ao público notícias relevantes, mesmo que sua divulgação seja do interesse circunstancial de uma facção criminosa.
Os áudios em circulação comprovam que Policarpo Jr. seguiu rigorosamente os critérios da ética jornalística. Informações vazadas por fontes diversas, até mesmo pela quadrilha de Cachoeira, expuseram escândalos reais de corrupção na esfera federal. Dilma Rousseff demitiu ministros com base nessas notícias, atendendo ao interesse público. A revista em que trabalha o jornalista foi a primeira a publicar as notícias sobre a associação criminosa entre Demóstenes Torres e a quadrilha de Cachoeira - uma prova suplementar de que não havia conluio com a fonte. Quando Collor calunia Policarpo Jr., age sob o impulso da mola da vingança: duas décadas depois da renúncia desonrosa, pretende ferir a imprensa que revelou à sociedade a podridão de seu governo.
A vingança, porém, não é tudo. O senador almeja concluir sua reinvenção política inscrevendo-se no sistema de poder do lulopetismo. Na CPI opera como porta-voz de José Dirceu, cujo blog difunde a calúnia contra o jornalista. Às vésperas do julgamento do caso do mensalão, o réu principal, definido pelo procurador-geral da República como "chefe da quadrilha", engaja-se na tentativa de desqualificar a imprensa - e, com ela, as informações que o incriminam.
O mensalão, porém, não é tudo. A sujeição da imprensa ao poder político entrou no radar de Lula justamente após a crise que abalou seu primeiro mandato. Franklin Martins foi alçado à chefia do Ministério das Comunicações para articular a criação de uma imprensa chapa-branca e, paralelamente, erguer o edifício do "controle social da mídia". A sucessão, contudo, representou uma descontinuidade parcial, que se traduziu pelo afastamento de Martins e pela renúncia ao ensaio de cerceamento da imprensa. Dirceu não admitiu a derrota, persistindo numa campanha que encontra eco em correntes do PT e mobiliza jornalistas financiados por empresas estatais. Policarpo Jr. ocupa, no momento, o lugar de alvo casual da artilharia dirigida contra a liberdade de informar.
No jogo da calúnia, um papel instrumental é desempenhado pela revista Carta Capital. A publicação noticiou falsamente que Policarpo Jr. teria feito "200 ligações" telefônicas para Cachoeira. Em princípio, nada haveria de errado nisso, pois a ética nas relações de jornalistas com fontes não pode ser medida pela quantidade de contatos. Entretanto, por si mesmo, o número cumpria a função de arar o terreno da suspeita, preparando a etapa do plantio da acusação, a ser realizado pela palavra sem freios de Collor. Os áudios, entretanto, evidenciaram a magnitude da mentira: o jornalista trocou duas - não 200 - ligações com sua fonte.
A revista não se circunscreveu à mentira factual. Um editorial, assinado por Mino Carta, classificou a suposta "parceria Cachoeira-Policarpo Jr." como "bandidagem em comum". Editoriais de Mino Carta formam um capítulo sombrio do jornalismo brasileiro. Nos anos seguintes ao AI-5, o atual diretor de redação da Carta Capital ocupava o cargo de editor de Veja, a publicação em que hoje trabalha o alvo de suas falsas denúncias. Os editoriais com a sua assinatura eram peças de louvação da ditadura militar e da guerra suja conduzida nos calabouços. Um deles, de 4 de fevereiro de 1970, consagrava-se ao elogio da "eficiência" da Operação Bandeirante (Oban), braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime, cuja atuação "tranquilizava o povo". O material documental está disponível no blog do jornalista Fábio Pannunzio (http://www.pannunzio.com.br/), sob a rubrica Quem foi quem na ditadura.
Na Veja de então, sob a orientação de Carta, trabalhava o editor de Economia Paulo Henrique Amorim. A cooperação entre os cortesãos do regime militar renovou-se, décadas depois, pela adesão de ambos ao lulismo. Hoje Amorim faz de seu blog uma caixa de ressonância da calúnia de Carta dirigida a Policarpo Jr. O fato teria apenas relevância jurídica se o blog não fosse financiado por empresas estatais: nos últimos três anos, tais fontes públicas transferiram bem mais de R$ 1 milhão para a página eletrônica, distribuídos entre a Caixa Econômica Federal (R$ 833 mil), o Banco do Brasil (R$ 147 mil), os Correios (R$ 120 mil) e a Petrobrás (que, violando a Lei da Transparência, se recusa a prestar a informação).
Dilma não deu curso à estratégia de ataque à liberdade de imprensa organizada no segundo mandato de Lula. Mas, como se evidencia pelo patrocínio estatal da calúnia contra Policarpo Jr., a presidente não controla as rédeas de seu governo - ao menos no que concerne aos interesses vitais de Dirceu. A trama dos bons companheiros revela a existência de um governo paralelo, que ninguém elegeu.
* SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@UOL.COM.BR
Fonte: estão.com
sábado, maio 26, 2012
Jogador brasileiro faz pedido de casamento inusitado e vira notícia nos EUA-26/05/2012
O jogador brasileiro Nenê, 30, ganhou as páginas do jornal "New York Post" após fazer um pedido de casamento bem inusitado.
Contratado pelo Paris Saint-Germain, ele aproveitou uma passagem pela cidade americana para pedir a mão da namorada, a modelo Jessica Garducci.
O atleta levou a moça para jantar na última quarta-feira (23) em um exclusivo restaurante que fica no topo de um edifício no Meatpacking.
Após a refeição, foram projetados na parede do local um poema em português e uma foto do casal em 3D.
Em seguida, cerca de 40 pessoas que estavam no local começaram a dançar a música "Marry You" (casar com você), de Bruno Mars.
Nenê se juntou aos dançarinos, depois ficou de joelhos e pediu a mão de Jessica, que aceitou se casar com ele.
O jogador pagou por uma garrafa de nove litros de champanhe para comemorar com todos os presentes.
Fonte: uol.com.br
John Travolta se refugia nas Bahamas para não falar de acusações de assédio- 26/05/2012
John Travolta, 58, não quer saber de comentar as acusações de assédio sexual que envolveram seu nome nos últimos tempos.
Ele se refugiou na ilha privada que possui nas Bahamas, segundo o blogueiro americano de celebridades Perez Hilton.
O ator, que nega as acusações, está acompanhado da mulher, Kelly Preston, e dos filhos. Antes, ele supostamente estava enclausurado na propriedade que tem na Flórida.
Travolta está sendo processado por dois massagistas que dizem ter sido assediados por ele.
Em meio ao escândalo, outras acusações surgiram, mas não chegaram a à Justiça. Fonte: uol.com.br
Enrique Iglesias renuncia herança de seu pai estimada em 5 bilhões de dólares- 25/05/2012
Enrique Iglesias não quer saber de herança nenhuma de seu pai Julio Iglesias, um dos homens mais ricos da Espanha, com uma fortuna valiada em mais de 5,2 bilhões de dólares, entre capital e patrimônios.
Mais do que o sucesso que alcançou no Brasil, o cantor romântico Julio Iglesias (68) é um dos homens mais poderosos da Espanha. Detentor da nona maior fortuna de seu país estimada em cerca de 5,2 bilhões de dólares, segundo dados do livro Riquíssimos, escrito pelo jornalista Jesus Salgado, Julio é dono da terceira parte de Punta Cana (na República Dominicana), além de grandes residências e outros patrimônios.
Toda esta fortuna seria dividida entre seus oito filhos, de acordo com os desejos do cantor. Acontece que seu herdeiro mais famoso, o também cantor Enrique Iglesias (37), não está nem aí pra isso. Portanto, os bilhões de Julio Iglesias serão divididos apenas entre seus outros sete filhos.
De acordo com a imprensa espanhola, Enrique Iglesias não quer saber do dinheiro do pai e se considera financeiramente independente de Julio. “Sua relação com o pai nunca foi das melhores, eles ficam anos sem conversar, nem mesmo por telefone. Enrique sente que fez sua carreira sem a ajuda dele, e por isso não quer seu dinheiro agora”, revelou uma fonte próxima ao jovem cantor.
Fonte: uol. com.br
Mais do que o sucesso que alcançou no Brasil, o cantor romântico Julio Iglesias (68) é um dos homens mais poderosos da Espanha. Detentor da nona maior fortuna de seu país estimada em cerca de 5,2 bilhões de dólares, segundo dados do livro Riquíssimos, escrito pelo jornalista Jesus Salgado, Julio é dono da terceira parte de Punta Cana (na República Dominicana), além de grandes residências e outros patrimônios.
Toda esta fortuna seria dividida entre seus oito filhos, de acordo com os desejos do cantor. Acontece que seu herdeiro mais famoso, o também cantor Enrique Iglesias (37), não está nem aí pra isso. Portanto, os bilhões de Julio Iglesias serão divididos apenas entre seus outros sete filhos.
De acordo com a imprensa espanhola, Enrique Iglesias não quer saber do dinheiro do pai e se considera financeiramente independente de Julio. “Sua relação com o pai nunca foi das melhores, eles ficam anos sem conversar, nem mesmo por telefone. Enrique sente que fez sua carreira sem a ajuda dele, e por isso não quer seu dinheiro agora”, revelou uma fonte próxima ao jovem cantor.
Fonte: uol. com.br
terça-feira, maio 22, 2012
O roubo do chá da China
No século XIX, um distinto botânico escocês chamado Roberto Fortune partiu em uma arriscada missão para desvendar os segredos da bebida. Essa aventura foi o início de um negócio extremamente lucrativo para a Inglaterra, com o plantio intensivo na Índia
por Eric Pincas
No número 9 da Gilston Road, em Londres, uma placa azul avisa que ali morreu o botânico Robert Fortune, em 1880. Um ilustre desconhecido até mesmo no país do five o’clock tea, o chá das 5, em que perto de 70% da população bebe diariamente uma xícara do líquido aromático. Poucos conhecem a extraordinária aventura desse homem que, na metade do século XIX, roubou, na cara dos chineses, os segredos de seu chá. Foi o início de um negócio extremamente lucrativo para os britânicos: cerca de 900 bilhões de xícaras são consumidas anualmente no mundo todo.
Até hoje nenhum historiador se debruçou sobre a arriscada missão empreendida por Robert Fortune. Coube a Willy Perelsztejn, amante de chás, jurista de formação e produtor de documentários, o mérito de ter desvendado esse episódio importante da história econômica e cultural do ex-Império Britânico. Em 1996, depois de ter lido A rota do chá e das flores, o diário de viagem de Robert Fortune, ele suspeitou que a narrativa romanceada escondia um roteiro bem diferente. Ele então se associou à irmã, Diane, cineasta, e a Joëlle Kilimnik, sua colaboradora, e pesquisou durante quatro anos até conseguir as provas de que a aventura de Fortune se tratava, de fato, de uma espionagem industrial.
Nos anos 1840, a China era o principal produtor e fornecedor de chá no mundo, apesar das tentativas de concorrência das plantações de Assam no nordeste da Índia, cultivadas pelos irmãos Bruce nos anos 1830. Infelizmente para os ingleses, a qualidade desse chá se revelou bem fraca para quem esperava rivalizar com os produtores chineses. Em 1834, a Companhia das Índias Orientais, a serviço da Coroa britânica desde 1599, perdeu seu monopólio sobre a importação do chá em benefício de comerciantes independentes. A autoprodução se tornou, assim, o principal objetivo desse gigante mercantil que controlava, em seu apogeu, no final do século XVIII, um quarto do comércio mundial.
Dependente da China, a Companhia das Índias Orientais fez de tudo para se apropriar de amostras de chá chinês e transplantá-las nas montanhas do Himalaia. Mas ainda faltava encontrar um especialista que conseguisse decifrar os segredos cuidadosamente guardados do know-how chinês. E, ainda, se aventurar em uma área além dos 45 km dos portos abertos aos estrangeiros nas terras da China proibida. Tudo isso parecia muito audacioso.
A missão se mostrava extrema-mente perigosa. Fortune foi o primeiro, depois dos portugueses, a ousar penetrar na China proibida. Se fosse pego pelos guardas do imperador, certamente seria punido com a pena de morte. Também tinha de escapar dos vários piratas que infestavam a região, lutar contra as correntes de vários rios e encontrar seu caminho a partir de mapas portugueses cheios de erros. Sem falar nos riscos de doenças. Mas Fortune, longe de se desestabilizar, estava, pelo contrário, excitado por se arriscar dessa forma. Como afirmou Willy Perelsztejn: “Foi um brilhante britânico, por ser aventureiro”.
Ao longo de sua expedição, Fortune se entusiasmou diante da diversidade de culturas: pêssegos, ameixas e laranjas à profusão. Uma paisagem montanhosa e cheia de vales que abrigava verdejantes plantações de chá. A cada etapa da viagem, o botânico fazia anotações, que enviava ao jornal Botanical Chronical. Os Perelsztejn encontraram 14 desses artigos.
Acordando bem cedo de manhã para observar a flora, Fortune sabia como os grãos de chá eram venerados nessas terras longínquas. Cada pequena folha verde remetia a uma história de muitos milênios. Ao longo de suas peregrinações na região do chá verde, Fortune constatou que o clima brumoso e a terra rica em prata favoreciam as plantações de chás medicinais. Assim, conseguiu determinar quais eram o clima e o solo ideais para um bom chá. Na região de Ningbo, ele recolheu vários grãos. Frequentemente, seus anfitriões, impressionados pelo porte de seu convidado e suas boas maneiras, ofereciam-lhe seu melhor chá para agradecer a visita. No dia 15 de dezembro de 1848, Fortune escreveu ao governador das Índias: “Tenho o prazer de informar-lhe que consegui uma grande quantidade de grãos e de mudas que, espero, chegarão intactas até a Índia. Estimo que todas pertençam à espécie Thea viridis. (...) Mandei plantar uma boa parte dos grãos coletados durante os dois últimos meses aqui nos jardins com a intenção de enviá-los posteriormente para a Índia”. Os jardins em questão eram os dos consulados e dos negociantes ingleses utilizados por Fortune como laboratório. Tudo o que enviava a Calcutá era dividido em três navios para minimizar os riscos de perda de carga.
Em 12 de fevereiro de 1849, de passagem por Hong Kong, ele comunicou ao governador das Índias seu desejo de prospectar na região dos montes Wuyi Shan, hoje Jiangxi, a dos famosos chás pretos. No caminho, fez uma escala nos templos budistas. Cada um deles ficava ao lado de uma plantação. Vem daí a dimensão espiritual dessa bebida venerada pelos monges – que confiaram a Fortune alguns dos segredos do chá, principal-mente a importância da qualidade da água, condição sine qua non para que as folhas exalem todo seu sabor.
Na região do chá preto, vestido de mandarim da Tartária, ele compreendeu o que faz as folhas de chá verde ficarem marrons ou pretas: a fermentação. Ela é que dá ao chá sua cor escura. O chá Oolong é semifermentado, e o verde não passa por esse processo. Os europeus da época bebiam na maioria das vezes o chá preto, pois ele fermentava durante o transporte no navio. No final de alguns meses, Fortune soube que os primeiros grãos enviados apodreceram durante a viagem.
Ele resolveu, então, adotar as caixas de Ward, que levam o nome do botânico que as inventou no começo do século XIX. São pequenas estufas portáteis, com um fundo de argila, completamente herméticas e que, mesmo expostas à luz, conservam a umidade necessária para a germinação. Mas, antes de voltar para a Índia, Fortune devia convencer alguns fabricantes chineses a acompanhá-los, já que eram os únicos capazes de transmitir seu conhecimento aos produtores indianos. Por intermédio dos compradores – os conselheiros chineses dos negociadores ocidentais –, ele recrutou oito trabalhadores, seis fabricantes e dois produtores de caixas de chá por três anos. Ele conseguiu a garantia do governador da Índia de que eles seriam bem recebidos. O sucesso da operação dependia dessa integração. A partida dos chineses para as Índias não levantava suspeitas. Em 1851, muitos deles deixavam seu império, então em ruínas, indo principalmente para são Francisco e o Eldorado californiano.
Em 16 de março de 1851, Fortune e seus trabalhadores chegavam a Calcutá a bordo de verdadeiros “jardins flutuantes” repletos de caixas de Ward. Mais de 20 mil pés foram plantados nas montanhas do Himalaia. Depois de três anos, Fortune acabou conseguindo fechar o ciclo, adquirindo o conhecimento agronômico indispensável aos produtores indianos para que pudessem fazer concorrência aos chineses.
De retorno à Inglaterra, o botânico publicou o relato de sua viagem e tomou o cuidado de eliminar todos os detalhes relativos à sua missão de espionagem, tirando certo proveito disso. Ele partiria novamente para a China de 1853 a 1856 para aprimorar seus conhecimentos sobre os chás perfumados e envolver outros fabricantes para o cultivo em grande escala na Índia. Fortune passaria o resto de sua vida na discrição. Não recebeu nenhuma distinção honorífica da Coroa britânica nem porcentagem sobre a mina de ouro que conseguiu descobrir para seu país. Contudo, ele não passaria necessidade em seus últimos dias, o que já era uma oportunidade e tanto para um botânico.
Ao mesmo tempo, nas colinas enevoadas no Himalaia, e principalmente nos hoje célebres jardins de Darjeeling, conhecidos por produzir o “champanhe dos chás”, a produção estava em aumento constante. Em 1866, 4% do chá consumido pelos ingleses vinha das Índias. Em 1903, esse número passou a 59%. Os chineses, que não compreendiam como os segredos do chá pudessem ter escapado, representavam apenas 10% das vendas aos ocidentais. Com o tempo, a China recuperou parte das vendas e hoje é o segundo produtor mundial, com 19%, depois da Índia (34%).
Hoje, o Centro de pesquisa do Chá de Hangzhou, o jardim do Éden onde se cultiva o chá verde, é o único local, na China, onde se podem encontrar os livros de Robert Fortune. Entretanto, ninguém sabe – ainda – que ele atuou como espião a serviço de sua Majestade.
Fonte: Revista Historia Viva-
por Eric Pincas
No número 9 da Gilston Road, em Londres, uma placa azul avisa que ali morreu o botânico Robert Fortune, em 1880. Um ilustre desconhecido até mesmo no país do five o’clock tea, o chá das 5, em que perto de 70% da população bebe diariamente uma xícara do líquido aromático. Poucos conhecem a extraordinária aventura desse homem que, na metade do século XIX, roubou, na cara dos chineses, os segredos de seu chá. Foi o início de um negócio extremamente lucrativo para os britânicos: cerca de 900 bilhões de xícaras são consumidas anualmente no mundo todo.
Até hoje nenhum historiador se debruçou sobre a arriscada missão empreendida por Robert Fortune. Coube a Willy Perelsztejn, amante de chás, jurista de formação e produtor de documentários, o mérito de ter desvendado esse episódio importante da história econômica e cultural do ex-Império Britânico. Em 1996, depois de ter lido A rota do chá e das flores, o diário de viagem de Robert Fortune, ele suspeitou que a narrativa romanceada escondia um roteiro bem diferente. Ele então se associou à irmã, Diane, cineasta, e a Joëlle Kilimnik, sua colaboradora, e pesquisou durante quatro anos até conseguir as provas de que a aventura de Fortune se tratava, de fato, de uma espionagem industrial.
Nos anos 1840, a China era o principal produtor e fornecedor de chá no mundo, apesar das tentativas de concorrência das plantações de Assam no nordeste da Índia, cultivadas pelos irmãos Bruce nos anos 1830. Infelizmente para os ingleses, a qualidade desse chá se revelou bem fraca para quem esperava rivalizar com os produtores chineses. Em 1834, a Companhia das Índias Orientais, a serviço da Coroa britânica desde 1599, perdeu seu monopólio sobre a importação do chá em benefício de comerciantes independentes. A autoprodução se tornou, assim, o principal objetivo desse gigante mercantil que controlava, em seu apogeu, no final do século XVIII, um quarto do comércio mundial.
Dependente da China, a Companhia das Índias Orientais fez de tudo para se apropriar de amostras de chá chinês e transplantá-las nas montanhas do Himalaia. Mas ainda faltava encontrar um especialista que conseguisse decifrar os segredos cuidadosamente guardados do know-how chinês. E, ainda, se aventurar em uma área além dos 45 km dos portos abertos aos estrangeiros nas terras da China proibida. Tudo isso parecia muito audacioso.
Em 1848, os olhares se voltaram para Robert Fortune. Ele conhecia a China – tinha vivido lá entre 1842 e 1845, trabalhando para a Sociedade de Horticultura de Londres –, falava chinês, que aprendeu durante essa viagem, já havia se iniciado nos hábitos do Extremo Oriente e levado para a Europa uma centena de plantas desconhecidas dos ocidentais – entre elas o famoso bonsai.
Fortune já era um nome controverso na comunidade científica, por sustentar a opinião de que o chá verde e o preto faziam parte de uma mesma espécie. A afirmação era considerada uma heresia para os ocidentais. Nomeado conservador do Chelsea Physic Garden em 1845, ele parecia ser o homem ideal para realizar o projeto da Companhia das Índias Orientais. Assim, no dia 20 de junho de 1848, ele deixou Southampton em direção a Hong Kong. Ainda não sabia qual era o objetivo de sua missão.
Diane Perelsztejn e Joëlle Kilimnik encontraram nos arquivos da ilustre companhia comercial, conservados na Biblioteca Britânica, a ordem de missão endereçada a Fortune em 3 de julho de 1848 pelo governador das Índias Orientais, o marquês de Dalhousie, seguindo os conselhos do doutor Jameson, botânico encarregado das plantações experimentais no Himalaia: “Você deve selecionar plantas e grãos das melhores espécies de chá verde vindos das principais regiões produtoras e, depois, transportá-los, sob sua responsabilidade, da China a Calcutá e, de lá, até o Himalaia. Você deve também voltar todos os seus esforços para contratar produtores de chá experientes e bons fabricantes, sem os quais não poderemos desenvolver nossas plantações no Himalaia”.
Fortune endossou o papel de espião designado em sua missão sem hesitar. Tanto pelo gosto por aventura como pelo atrativo econômico: a Coroa britânica ofereceu-lhe 550 libras por ano por essa missão que deveria durar 24 meses, enquanto ele recebia 100 libras por ano no Chelsea Physic Garden.
Fortune endossou o papel de espião designado em sua missão sem hesitar. Tanto pelo gosto por aventura como pelo atrativo econômico: a Coroa britânica ofereceu-lhe 550 libras por ano por essa missão que deveria durar 24 meses, enquanto ele recebia 100 libras por ano no Chelsea Physic Garden.
Em setembro de 1848, Fortune já estava em Xangai, então um pequeno porto de comércio considerado o “paraíso dos aventureiros”, aberto a estrangeiros desde o Tratado de Nanquim, assinado em 1842. Um tratado que pôs fim à primeira Guerra do Ópio e representou importantes concessões aos britânicos. Desde 1838, quando o imperador chinês promulgou um édito proibindo seus súditos de fumar ópio, o produto, vindo da Índia, entrava clandestinamente no país. Na época da proibição, cerca de 2 milhões de chineses já tinham se tornado viciados em ópio. Uma desgraça para os homens, mas uma glória para os mercadores britânicos que encontravam nesse sumo de papoula uma moeda de troca que lhes permitia preservar os lingotes de prata da Coroa.
Nesse contexto tenso e hostil aos europeus, Robert Fortune teve de ser astucioso para se misturar à população local sem ser notado. E isso não era uma tarefa fácil, já que ele media cerca de 1,80 metro e tinha um tom de pele cor-de-rosa que entregava sua origem escocesa. Mas Fortune passou a se vestir como os chineses e raspou a cabeça, deixando uma trança como a que tinha usado em sua primeira viagem ao país. Restava torcer para que os camponeses do interior, que nunca haviam visto um europeu, não o identificassem. Acompanhado por dois homens originários da região do chá verde – Wang, empregado doméstico, e um coolie (trabalhador braçal), que aceitaram ajudar o botânico mediante pagamento – Fortune, rebatizado Sing Wah, iniciou seu périplo em direção aos montes Huangshan, região repu-tada por seus chás verdes, passando por Hangzhou e o rio Verde.A missão se mostrava extrema-mente perigosa. Fortune foi o primeiro, depois dos portugueses, a ousar penetrar na China proibida. Se fosse pego pelos guardas do imperador, certamente seria punido com a pena de morte. Também tinha de escapar dos vários piratas que infestavam a região, lutar contra as correntes de vários rios e encontrar seu caminho a partir de mapas portugueses cheios de erros. Sem falar nos riscos de doenças. Mas Fortune, longe de se desestabilizar, estava, pelo contrário, excitado por se arriscar dessa forma. Como afirmou Willy Perelsztejn: “Foi um brilhante britânico, por ser aventureiro”.
Ao longo de sua expedição, Fortune se entusiasmou diante da diversidade de culturas: pêssegos, ameixas e laranjas à profusão. Uma paisagem montanhosa e cheia de vales que abrigava verdejantes plantações de chá. A cada etapa da viagem, o botânico fazia anotações, que enviava ao jornal Botanical Chronical. Os Perelsztejn encontraram 14 desses artigos.
Acordando bem cedo de manhã para observar a flora, Fortune sabia como os grãos de chá eram venerados nessas terras longínquas. Cada pequena folha verde remetia a uma história de muitos milênios. Ao longo de suas peregrinações na região do chá verde, Fortune constatou que o clima brumoso e a terra rica em prata favoreciam as plantações de chás medicinais. Assim, conseguiu determinar quais eram o clima e o solo ideais para um bom chá. Na região de Ningbo, ele recolheu vários grãos. Frequentemente, seus anfitriões, impressionados pelo porte de seu convidado e suas boas maneiras, ofereciam-lhe seu melhor chá para agradecer a visita. No dia 15 de dezembro de 1848, Fortune escreveu ao governador das Índias: “Tenho o prazer de informar-lhe que consegui uma grande quantidade de grãos e de mudas que, espero, chegarão intactas até a Índia. Estimo que todas pertençam à espécie Thea viridis. (...) Mandei plantar uma boa parte dos grãos coletados durante os dois últimos meses aqui nos jardins com a intenção de enviá-los posteriormente para a Índia”. Os jardins em questão eram os dos consulados e dos negociantes ingleses utilizados por Fortune como laboratório. Tudo o que enviava a Calcutá era dividido em três navios para minimizar os riscos de perda de carga.
Em 12 de fevereiro de 1849, de passagem por Hong Kong, ele comunicou ao governador das Índias seu desejo de prospectar na região dos montes Wuyi Shan, hoje Jiangxi, a dos famosos chás pretos. No caminho, fez uma escala nos templos budistas. Cada um deles ficava ao lado de uma plantação. Vem daí a dimensão espiritual dessa bebida venerada pelos monges – que confiaram a Fortune alguns dos segredos do chá, principal-mente a importância da qualidade da água, condição sine qua non para que as folhas exalem todo seu sabor.
Na região do chá preto, vestido de mandarim da Tartária, ele compreendeu o que faz as folhas de chá verde ficarem marrons ou pretas: a fermentação. Ela é que dá ao chá sua cor escura. O chá Oolong é semifermentado, e o verde não passa por esse processo. Os europeus da época bebiam na maioria das vezes o chá preto, pois ele fermentava durante o transporte no navio. No final de alguns meses, Fortune soube que os primeiros grãos enviados apodreceram durante a viagem.
Ele resolveu, então, adotar as caixas de Ward, que levam o nome do botânico que as inventou no começo do século XIX. São pequenas estufas portáteis, com um fundo de argila, completamente herméticas e que, mesmo expostas à luz, conservam a umidade necessária para a germinação. Mas, antes de voltar para a Índia, Fortune devia convencer alguns fabricantes chineses a acompanhá-los, já que eram os únicos capazes de transmitir seu conhecimento aos produtores indianos. Por intermédio dos compradores – os conselheiros chineses dos negociadores ocidentais –, ele recrutou oito trabalhadores, seis fabricantes e dois produtores de caixas de chá por três anos. Ele conseguiu a garantia do governador da Índia de que eles seriam bem recebidos. O sucesso da operação dependia dessa integração. A partida dos chineses para as Índias não levantava suspeitas. Em 1851, muitos deles deixavam seu império, então em ruínas, indo principalmente para são Francisco e o Eldorado californiano.
Em 16 de março de 1851, Fortune e seus trabalhadores chegavam a Calcutá a bordo de verdadeiros “jardins flutuantes” repletos de caixas de Ward. Mais de 20 mil pés foram plantados nas montanhas do Himalaia. Depois de três anos, Fortune acabou conseguindo fechar o ciclo, adquirindo o conhecimento agronômico indispensável aos produtores indianos para que pudessem fazer concorrência aos chineses.
Fortune deu sugestões para melhorar a cultura do chá: “cultivar no flanco de colinas”, tipo de terreno que havia de sobra no Himalaia; conseguir “um bom terreno com grau de umidade natural”. Também alertou: “Na China o chá nunca é colhido antes do terceiro ou quarto ano; é preciso adaptar as colheitas ao clima (...)”. Willy Perelsztejn insiste no fato de que “as inovações de Fortune em termos de transporte das mudas de chá e os preparadores chineses que selecionou permitiram desenvolver a cultura intensiva do chá na Índia”.
Robert Fortune tinha consciência do valor do segredo de mais de 5 mil anos que tinha acabado de roubar dos Filhos do Céu. Mas não mediu a catástrofe econômica que geraria, no fim do século XIX, para os produtores chineses. Fortune agiu essencialmente pela curiosidade científica, mesmo se a atraente remuneração em troca de seus serviços não o tenha deixado indiferente. Obedecendo, sem pestanejar, às ordens da Companhia das Índias Orientais, ele exprimiu sua mais profunda devoção à Coroa britânica.De retorno à Inglaterra, o botânico publicou o relato de sua viagem e tomou o cuidado de eliminar todos os detalhes relativos à sua missão de espionagem, tirando certo proveito disso. Ele partiria novamente para a China de 1853 a 1856 para aprimorar seus conhecimentos sobre os chás perfumados e envolver outros fabricantes para o cultivo em grande escala na Índia. Fortune passaria o resto de sua vida na discrição. Não recebeu nenhuma distinção honorífica da Coroa britânica nem porcentagem sobre a mina de ouro que conseguiu descobrir para seu país. Contudo, ele não passaria necessidade em seus últimos dias, o que já era uma oportunidade e tanto para um botânico.
Ao mesmo tempo, nas colinas enevoadas no Himalaia, e principalmente nos hoje célebres jardins de Darjeeling, conhecidos por produzir o “champanhe dos chás”, a produção estava em aumento constante. Em 1866, 4% do chá consumido pelos ingleses vinha das Índias. Em 1903, esse número passou a 59%. Os chineses, que não compreendiam como os segredos do chá pudessem ter escapado, representavam apenas 10% das vendas aos ocidentais. Com o tempo, a China recuperou parte das vendas e hoje é o segundo produtor mundial, com 19%, depois da Índia (34%).
Hoje, o Centro de pesquisa do Chá de Hangzhou, o jardim do Éden onde se cultiva o chá verde, é o único local, na China, onde se podem encontrar os livros de Robert Fortune. Entretanto, ninguém sabe – ainda – que ele atuou como espião a serviço de sua Majestade.
Fonte: Revista Historia Viva-
segunda-feira, maio 21, 2012
terça-feira, maio 08, 2012
Câmara cogita interferir no Judiciário porque perdeu força, dizem analistas-27/04/2012
Maurício Savarese
Do UOL, em Brasília
Por unanimidade, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta para que parlamentares possam intervir em decisões da Justiça. Para especialistas ouvidos pelo UOL, essa é uma reação após seguidas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) classificadas como “ativismo judicial”, como a interrupção da gravidez de bebês anencéfalos e a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
A PEC (proposta de emenda à constituição) do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) visa deixar claro que o Congresso Nacional pode derrubar normas que “excedam o poder regulamentar” ou “limites da delegação legislativa”. O texto ainda precisa tramitar em uma comissão especial e, se aprovado, ser submetido ao plenário. Se superar todos esses passos, precisa ainda da aprovação do Senado.
O relator da proposta na CCJ, Nelson Marchezan (PSDB-RS), diz que a ideia é lidar com atividades “atípicas” da Justiça, o que não afetaria questões “estritamente jurisdicionais, como sentenças. A sugestão tem sido apoiada principalmente pela bancada evangélica, depois de o Supremo tomar decisões que contrariam preceitos religiosos.
“Alertei a isso desde o ano passado. Mais cedo ou mais tarde o Congresso iria reagir, na mesma medida em que o Supremo atua em funções do Legislativo”, disse o constitucionalista Ives Gandra Martins. “Para mim nem seria necessário, já existe na Constituição um mecanismo para isso. O que os legisladores estão querendo é uma medida mais dura, em especial depois da decisão dos anencéfalos”, afirmou.
Para Gandra Martins, a Câmara pode aprovar o mecanismo de acordo com o artigo 49, inciso 11 do texto constitucional, atribuindo aos parlamentares o dever de “zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes”. “Eles têm de ocupar o seu espaço e essa medida é claramente isso.”
Advogado de várias causas polêmicas que passaram pelo Supremo recentemente e professor titular da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Luis Roberto Barroso afirma que “é legítima a aspiração do Congresso de retomar seu espaço”, mas duvida que a votação da comissão da Câmara chegue às etapas finais. “Só uma Assembleia Constituinte poderia mudar isso”, disse ele.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux criticou nesta quinta-feira (26) a decisão da CCJ. "A instância reflexiva do poder Judiciário só se instala quando há uma inação do Parlamento", disse Fux durante o julgamento sobre cotas raciais em universidades públicas.
Modelos
Segundo Barroso, há dois modelos de constitucionalismo: um no qual o Parlamento tem a maior força (como acontece no Reino Unido) e outro com base em um texto legal, caso dos Estados Unidos. “O Brasil após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) claramente adota o padrão norte-americano. Se essa PEC vigorasse, afetaria toda a concepção estrtutural que temos, com o Supremo dando a palavra final. É de difícil constitucionalidade”, avaliou.
“Em todo o mundo, quando há decisões da mais alta corte em temas polêmicos, ocorrem essas críticas de ativismo judicial. Em algumas questões até é possível detectar isso. Mas não somos diferentes do resto do mundo”, afirmou Barroso. “As polêmicas nem sempre são decididas no Legislativo, que às vezes emperra. Como o problema ocorre na vida real, ao Judiciário só cabe resolver. O Legislativo não se fortalece mudando isso.”
Marcelo Semer, ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia (AJD), acredita que “o Legislativo está se sentindo um pouco superado” porque “muitos desses casos polêmicos poderiam ter sido resolvidos lá”. “Mas o ativismo do Judiciário vai continuar acontecendo quando estiver ligado à proteção do direito individual”, afirmou. “Se essa PEC prosperar na Câmara, o Supremo vai barrar com a premissa da separação de poderes.”
Segundo ele, “o legislador não é soberano”, embora sua vontade expressa na redação das leis deva ser respeitada. “O último intérprete é o Supremo. Os parlamentares sabem disso. Por isso acredito que essa medida tenha mais caráter demagógico e de mostrar que existe uma resposta sendo preparada do que de algo que realmente venha a acontecer.”
Fonte: uol noticias
Do UOL, em Brasília
Por unanimidade, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta para que parlamentares possam intervir em decisões da Justiça. Para especialistas ouvidos pelo UOL, essa é uma reação após seguidas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) classificadas como “ativismo judicial”, como a interrupção da gravidez de bebês anencéfalos e a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
A PEC (proposta de emenda à constituição) do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) visa deixar claro que o Congresso Nacional pode derrubar normas que “excedam o poder regulamentar” ou “limites da delegação legislativa”. O texto ainda precisa tramitar em uma comissão especial e, se aprovado, ser submetido ao plenário. Se superar todos esses passos, precisa ainda da aprovação do Senado.
O relator da proposta na CCJ, Nelson Marchezan (PSDB-RS), diz que a ideia é lidar com atividades “atípicas” da Justiça, o que não afetaria questões “estritamente jurisdicionais, como sentenças. A sugestão tem sido apoiada principalmente pela bancada evangélica, depois de o Supremo tomar decisões que contrariam preceitos religiosos.
“Alertei a isso desde o ano passado. Mais cedo ou mais tarde o Congresso iria reagir, na mesma medida em que o Supremo atua em funções do Legislativo”, disse o constitucionalista Ives Gandra Martins. “Para mim nem seria necessário, já existe na Constituição um mecanismo para isso. O que os legisladores estão querendo é uma medida mais dura, em especial depois da decisão dos anencéfalos”, afirmou.
Para Gandra Martins, a Câmara pode aprovar o mecanismo de acordo com o artigo 49, inciso 11 do texto constitucional, atribuindo aos parlamentares o dever de “zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes”. “Eles têm de ocupar o seu espaço e essa medida é claramente isso.”
Advogado de várias causas polêmicas que passaram pelo Supremo recentemente e professor titular da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Luis Roberto Barroso afirma que “é legítima a aspiração do Congresso de retomar seu espaço”, mas duvida que a votação da comissão da Câmara chegue às etapas finais. “Só uma Assembleia Constituinte poderia mudar isso”, disse ele.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux criticou nesta quinta-feira (26) a decisão da CCJ. "A instância reflexiva do poder Judiciário só se instala quando há uma inação do Parlamento", disse Fux durante o julgamento sobre cotas raciais em universidades públicas.
Modelos
Segundo Barroso, há dois modelos de constitucionalismo: um no qual o Parlamento tem a maior força (como acontece no Reino Unido) e outro com base em um texto legal, caso dos Estados Unidos. “O Brasil após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) claramente adota o padrão norte-americano. Se essa PEC vigorasse, afetaria toda a concepção estrtutural que temos, com o Supremo dando a palavra final. É de difícil constitucionalidade”, avaliou.
“Em todo o mundo, quando há decisões da mais alta corte em temas polêmicos, ocorrem essas críticas de ativismo judicial. Em algumas questões até é possível detectar isso. Mas não somos diferentes do resto do mundo”, afirmou Barroso. “As polêmicas nem sempre são decididas no Legislativo, que às vezes emperra. Como o problema ocorre na vida real, ao Judiciário só cabe resolver. O Legislativo não se fortalece mudando isso.”
Marcelo Semer, ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia (AJD), acredita que “o Legislativo está se sentindo um pouco superado” porque “muitos desses casos polêmicos poderiam ter sido resolvidos lá”. “Mas o ativismo do Judiciário vai continuar acontecendo quando estiver ligado à proteção do direito individual”, afirmou. “Se essa PEC prosperar na Câmara, o Supremo vai barrar com a premissa da separação de poderes.”
Segundo ele, “o legislador não é soberano”, embora sua vontade expressa na redação das leis deva ser respeitada. “O último intérprete é o Supremo. Os parlamentares sabem disso. Por isso acredito que essa medida tenha mais caráter demagógico e de mostrar que existe uma resposta sendo preparada do que de algo que realmente venha a acontecer.”
Fonte: uol noticias
Ministro do STF rejeita nova tentativa de desmembramento do mensalão-08/05/2012
O ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), rejeitou mais uma vez a tentativa de desmembrar o processo em duas partes. O pedido foi apresentado pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-diretor do Banco Rural, José Roberto Salgado. A decisão é do dia 2 de maio, mas foi divulgada apenas hoje (8).
Segundo alegou Bastos, seu cliente tem o direito de ser processado inicialmente pela Justiça Comum porque não tem foro privilegiado. Atualmente, apenas três dos 38 réus do mensalão têm foro privilegiado --ou seja, devem ser processados criminalmente apenas pelo STF. São eles os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry Neto (PP-MT).
O pedido de Bastos já havia sido negado por Barbosa no final do ano passado, mas o advogado queria que o pleito fosse levado para o plenário. Barbosa negou o pedido alegando que os ministros do STF já analisaram o mesmo tipo de solicitação diversas vezes, optando sempre pela manutenção do processo na íntegra.
A ação penal do mensalão tramita no STF desde 2007. Em tese, crimes com penas menores, como formação de quadrilha, prescreveram no ano passado devido à demora no julgamento. Ainda não há data para que o caso vá a plenário: o agendamento depende da liberação do voto do relator Barbosa e do revisor Ricardo Lewandowski.
Fonte: uol noticias
Segundo alegou Bastos, seu cliente tem o direito de ser processado inicialmente pela Justiça Comum porque não tem foro privilegiado. Atualmente, apenas três dos 38 réus do mensalão têm foro privilegiado --ou seja, devem ser processados criminalmente apenas pelo STF. São eles os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry Neto (PP-MT).
O pedido de Bastos já havia sido negado por Barbosa no final do ano passado, mas o advogado queria que o pleito fosse levado para o plenário. Barbosa negou o pedido alegando que os ministros do STF já analisaram o mesmo tipo de solicitação diversas vezes, optando sempre pela manutenção do processo na íntegra.
A ação penal do mensalão tramita no STF desde 2007. Em tese, crimes com penas menores, como formação de quadrilha, prescreveram no ano passado devido à demora no julgamento. Ainda não há data para que o caso vá a plenário: o agendamento depende da liberação do voto do relator Barbosa e do revisor Ricardo Lewandowski.
Fonte: uol noticias
domingo, maio 06, 2012
O Judiciário de saia – ou melhor, de calça- 25/02/2012
Até o fim dos anos 60, apenas 2,3% dos magistrados eram mulheres – número que chegou a 11% na década de 90. Hoje, o percentual resvala em 30%.
Cármen Lúcia, ministra do STF, a primeira mulher a usar calças compridas durante uma sessão plenária da Corte (Lula Marques/Folhapress)
O julgamento de Lindemberg Alves, condenado pelo assassinato de Eloá Pimentel, foi caracterizado por episódios singulares – como a revelação de passagens inéditas do mais longo cárcere privado da história policial de São Paulo, a sentença estabelecida em 98 anos e 10 meses e a atuação espalhafatosa de Ana Lúcia Assad, advogada de defesa. Um dos mais marcantes foi a presença de três mulheres no elenco de protagonistas do espetáculo: a promotora Daniela Hashimoto, a juíza Milena Dias e, naturalmente, a própria Ana Lúcia. Tal cena, rigorosamente inviável há poucas décadas, é cada vez mais comum.
Embora ainda minoritária, a participação feminina cresce em todas as áreas do direito. Segundo a cientista política da Universidade de São Paulo (USP) Maria Tereza Sadek, pesquisadora senior do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais, até o fim dos anos 1960, 2,3% dos magistrados eram mulheres – número que subiu para 11% no começo da década de 1990. Hoje, o percentual resvala em 30%.
É justamente entre os magistrados que a minoria feminina é mais perceptível. Apesar de a primeira juíza brasileira, Thereza Grisólia Tang, ter estreado nos tribunais de Santa Catarina em 1954 (veja lista abaixo), esse terreno ainda é árido para as mulheres. Ellen Gracie, a primeira ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), revela que quando se formou pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1970, não podia nem se inscrever em concursos para a magistratura. “Não era uma recusa formal”, conta a ministra, que se aposentou em agosto de 2011. “Preenchíamos os formulários e eles simplesmente eram descartados, sem maiores explicações”.
Maria Berenice Dias, primeira desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, passou pelas mesmas dificuldades. “Até 1973, todas as inscrições feitas por mulheres eram previamente negadas”, afirma. “Na minha época, tivemos que brigar para que as provas não fossem identificadas. Na entrevista de admissão, o desembargador chegou a perguntar se eu era virgem”. Ainda hoje, mesmo no STF, as magistradas precisam vencer obstáculos.
Durante o julgamento sobre a validade da Lei Maria da Penha, em fevereiro deste ano, a ministra Cármen Lúcia desabafou: "Às vezes acham que juíza desse tribunal não sofre preconceito. Mentira, sofre! Há os que acham que isso aqui não é lugar de mulher, como uma vez me disse uma determinada pessoa sem saber que eu era uma dessas." Cármem Lúcia foi a primeira mulher que ousou vestir calças compridas durante uma sessão plenária da Corte – e isso foi em 2007.
Maria Tereza atribui essa disparidade entre os sexos ao conservadorismo. "Na defensoria pública, por exemplo, que é uma instituição mais recente, encontramos mais mulheres do que homens advogando em alguns estados”, diz. “No Ministério Público, a porcentagem feminina varia entre 40% a 50%."
Defensoria Pública - De acordo com estudo publicado em 2009 pela Defensoria Pública da União, as mulheres já são maioria no Pará, no Paraná, em Roraima e no Tocantins. Na Defensoria Pública Estadual, a presença feminina é maior na Bahia, no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Paraná. Em números gerais, 50,1% dos defensores públicos estaduais são do sexo masculino, enquanto os da União somam 65,4%.
Ao mesmo tempo em que é uma instituição mais feminina que as demais áreas do direito, a Defensoria Pública também é uma das mais jovens. A média de idade dos defensores públicos da União é de 32 anos – e de 39 anos nas defensorias públicas Estaduais. Na magistratura, a média é 49 anos.
No Ministério Público da União (MPU), os números também são animadores. Dos 623 integrantes do Ministério Público Federal (MPF), 42,37% são mulheres. No Ministério Público do Trabalho (MPT), elas representam 49,37% dos 725 procuradores. Surpreendentemente, uma das duas subdivisões do MPU que têm mulheres no cargo mais alto é o Ministério Público Militar (MPM). Embora só 36,98% dos membros do MPM sejam do sexo feminino, Cláudia Márcia Ramalho Moreira Luz é a quarta mulher seguida a assumir o cargo de procuradora-geral de Justiça Militar. No Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a procuradora-geral de Justiça é Eunice Pereira Carvalhido.
Consequências - Com o aumento da participação feminina, o Poder Judiciário tende a se transformar. "A mulher traz mudanças significativas para a magistratura", acredita Sérgia Miranda, desembargadora do Tribunal de Justiça do Ceará e presidente da Secretaria da Mulher Magistrada da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). "Essa diferença pode ser notada principalmente na forma de aplicação da lei. A mulher é mais humanista".
Para Ellen Gracie, as transformações não ocorrem de uma hora para outra, mas já existem mudanças visíveis, principalmente nas questões relacionadas ao direito de família. "A mulher tem uma visão mais sensível para esse tipo de assunto", afirma a ministra, que se aposentou recentemente.
Se até o começo do século XXI não havia mulheres entre os onze ministros do STF, hoje há duas. Dos sete ministros titutlares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dois são mulheres. Entre os 689.927 advogados inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as mulheres correspondem a 44,83% (309.349). Apesar de nenhum estado brasileiro ter mais advogadas, essa realidade tende a mudar nos próximos anos: as mulheres já são maioria em grande parte dos cursos de direito.
"Infelizmente, ainda são poucas as mulheres que ocupam os cargos mais altos nos tribunais, mas acredito que seja apenas uma questão de tempo até que esse quadro mude", observa Sérgia. "Muitas promoções são feitas pelo critério de antiguidade e os homens ainda encabeçam a maioria das listas neste ponto".
Ellen Gracie é a prova de que as mudanças estão chegando a galope. Nomeada em 2000 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, a primeira mulher a integrar o STF afirma que não sofreu preconceito dos colegas. “Não cheguei a me sentir intimidada, porque havia estudado ou sido aluna de alguns dos ministros", conta. "Mas sentia que me tratavam com polidez excessiva. Era algo estranho para eles".
Para a ministra, "é uma questão de tempo até que o equilíbrio absoluto seja alcançado”. Ela fala por experiência própria. Em menos de quatro décadas, Ellen Gracie, que quando se formou não pode nem se inscrever em concursos para a magistratura, chegou à presidência da instância máxima da Justiça do país.
Fonte: veja online
Cármen Lúcia, ministra do STF, a primeira mulher a usar calças compridas durante uma sessão plenária da Corte (Lula Marques/Folhapress)
O julgamento de Lindemberg Alves, condenado pelo assassinato de Eloá Pimentel, foi caracterizado por episódios singulares – como a revelação de passagens inéditas do mais longo cárcere privado da história policial de São Paulo, a sentença estabelecida em 98 anos e 10 meses e a atuação espalhafatosa de Ana Lúcia Assad, advogada de defesa. Um dos mais marcantes foi a presença de três mulheres no elenco de protagonistas do espetáculo: a promotora Daniela Hashimoto, a juíza Milena Dias e, naturalmente, a própria Ana Lúcia. Tal cena, rigorosamente inviável há poucas décadas, é cada vez mais comum.
Embora ainda minoritária, a participação feminina cresce em todas as áreas do direito. Segundo a cientista política da Universidade de São Paulo (USP) Maria Tereza Sadek, pesquisadora senior do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais, até o fim dos anos 1960, 2,3% dos magistrados eram mulheres – número que subiu para 11% no começo da década de 1990. Hoje, o percentual resvala em 30%.
É justamente entre os magistrados que a minoria feminina é mais perceptível. Apesar de a primeira juíza brasileira, Thereza Grisólia Tang, ter estreado nos tribunais de Santa Catarina em 1954 (veja lista abaixo), esse terreno ainda é árido para as mulheres. Ellen Gracie, a primeira ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), revela que quando se formou pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1970, não podia nem se inscrever em concursos para a magistratura. “Não era uma recusa formal”, conta a ministra, que se aposentou em agosto de 2011. “Preenchíamos os formulários e eles simplesmente eram descartados, sem maiores explicações”.
Maria Berenice Dias, primeira desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, passou pelas mesmas dificuldades. “Até 1973, todas as inscrições feitas por mulheres eram previamente negadas”, afirma. “Na minha época, tivemos que brigar para que as provas não fossem identificadas. Na entrevista de admissão, o desembargador chegou a perguntar se eu era virgem”. Ainda hoje, mesmo no STF, as magistradas precisam vencer obstáculos.
Durante o julgamento sobre a validade da Lei Maria da Penha, em fevereiro deste ano, a ministra Cármen Lúcia desabafou: "Às vezes acham que juíza desse tribunal não sofre preconceito. Mentira, sofre! Há os que acham que isso aqui não é lugar de mulher, como uma vez me disse uma determinada pessoa sem saber que eu era uma dessas." Cármem Lúcia foi a primeira mulher que ousou vestir calças compridas durante uma sessão plenária da Corte – e isso foi em 2007.
Maria Tereza atribui essa disparidade entre os sexos ao conservadorismo. "Na defensoria pública, por exemplo, que é uma instituição mais recente, encontramos mais mulheres do que homens advogando em alguns estados”, diz. “No Ministério Público, a porcentagem feminina varia entre 40% a 50%."
Defensoria Pública - De acordo com estudo publicado em 2009 pela Defensoria Pública da União, as mulheres já são maioria no Pará, no Paraná, em Roraima e no Tocantins. Na Defensoria Pública Estadual, a presença feminina é maior na Bahia, no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Paraná. Em números gerais, 50,1% dos defensores públicos estaduais são do sexo masculino, enquanto os da União somam 65,4%.
Ao mesmo tempo em que é uma instituição mais feminina que as demais áreas do direito, a Defensoria Pública também é uma das mais jovens. A média de idade dos defensores públicos da União é de 32 anos – e de 39 anos nas defensorias públicas Estaduais. Na magistratura, a média é 49 anos.
No Ministério Público da União (MPU), os números também são animadores. Dos 623 integrantes do Ministério Público Federal (MPF), 42,37% são mulheres. No Ministério Público do Trabalho (MPT), elas representam 49,37% dos 725 procuradores. Surpreendentemente, uma das duas subdivisões do MPU que têm mulheres no cargo mais alto é o Ministério Público Militar (MPM). Embora só 36,98% dos membros do MPM sejam do sexo feminino, Cláudia Márcia Ramalho Moreira Luz é a quarta mulher seguida a assumir o cargo de procuradora-geral de Justiça Militar. No Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a procuradora-geral de Justiça é Eunice Pereira Carvalhido.
Consequências - Com o aumento da participação feminina, o Poder Judiciário tende a se transformar. "A mulher traz mudanças significativas para a magistratura", acredita Sérgia Miranda, desembargadora do Tribunal de Justiça do Ceará e presidente da Secretaria da Mulher Magistrada da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). "Essa diferença pode ser notada principalmente na forma de aplicação da lei. A mulher é mais humanista".
Para Ellen Gracie, as transformações não ocorrem de uma hora para outra, mas já existem mudanças visíveis, principalmente nas questões relacionadas ao direito de família. "A mulher tem uma visão mais sensível para esse tipo de assunto", afirma a ministra, que se aposentou recentemente.
Se até o começo do século XXI não havia mulheres entre os onze ministros do STF, hoje há duas. Dos sete ministros titutlares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dois são mulheres. Entre os 689.927 advogados inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as mulheres correspondem a 44,83% (309.349). Apesar de nenhum estado brasileiro ter mais advogadas, essa realidade tende a mudar nos próximos anos: as mulheres já são maioria em grande parte dos cursos de direito.
"Infelizmente, ainda são poucas as mulheres que ocupam os cargos mais altos nos tribunais, mas acredito que seja apenas uma questão de tempo até que esse quadro mude", observa Sérgia. "Muitas promoções são feitas pelo critério de antiguidade e os homens ainda encabeçam a maioria das listas neste ponto".
Ellen Gracie é a prova de que as mudanças estão chegando a galope. Nomeada em 2000 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, a primeira mulher a integrar o STF afirma que não sofreu preconceito dos colegas. “Não cheguei a me sentir intimidada, porque havia estudado ou sido aluna de alguns dos ministros", conta. "Mas sentia que me tratavam com polidez excessiva. Era algo estranho para eles".
Para a ministra, "é uma questão de tempo até que o equilíbrio absoluto seja alcançado”. Ela fala por experiência própria. Em menos de quatro décadas, Ellen Gracie, que quando se formou não pode nem se inscrever em concursos para a magistratura, chegou à presidência da instância máxima da Justiça do país.
A juíza Ellen Gracie Northfleet foi a primeira mulher a se tornar ministra do Supremo Tribunal Federal, em 2000. Nomeada pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso, Ellen presidiu o STF e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entre 2006 e 2008. Ao longo de dez anos e meio, proferiu cerca de 30.000 decisões e foi vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral. A ministra poderia continuar no tribunal até 2018, mas em 2011, aos 63 anos, pediu a aposentadoria e foi substituída pela ministra Rosa Weber.
Uma das duas atuais representantes femininas no Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Carmen Lúcia inovou, em 2007, ao ser a primeira a usar calças compridas durante uma sessão plenária da Corte. Mais recentemente, a ministra não escondeu sua experiência pessoal durante o julgamento da Lei Maria da Penha: “Às vezes acham que juíza desse tribunal não sofre preconceito. Mentira, sofre! Há os que acham que isso aqui não é lugar de mulher, como uma vez me disse uma determinada pessoa sem saber que eu era uma dessas”.
Em 2009, Deborah Duprat entrou para a história como a primeira mulher a comandar a Procuradoria-Geral da República, cargo máximo de representação do Ministério Público Federal. A sub-procuradora-geral assumiu interinamente o cargo durante 22 dias, período correspondente à transição entre Antonio Fernando Souza e Roberto Gurgel. Apesar de rápida, a atuação de Deborah nas sessões do Supremo Tribunal Federal foi intensa, marcada pelo desengavetamento da ação sobre o aborto de fetos anencéfalos e pelo ajuizamento de outros processos polêmicos, como a Marcha da Maconha e a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Maria Berenice Dias foi a primeira mulher a se tornar juíza no Rio Grande do Sul, em 1973. Vinte e cinco anos depois, foi também pioneira no estado como desembargadora do Tribunal de Justiça, onde ficou conhecida por decisões relacionadas aos direitos da mulher e das minorias, especialmente dos homossexuais. Em 2008, aposentou-se da magistratura para abrir um escritório de advocacia especializado em direito homoafetivo. É também presidente da Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM).
A baiana Luislinda Dias Valois dos Santos foi a primeira mulher negra a se tornar juíza no Brasil, em 1984. Reconhecida por lutar contra o preconceito racial, foi a primeira juíza no país a proferir uma sentença contra o racismo. Aos 69 anos, foi promovida no fim de 2011, pelo critério de antiguidade, ao cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia.
A juíza fluminense Patrícia Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, ficou conhecida pela atuação rigorosa contra o crime organizado na região. Em agosto de 2011, o assassinato brutal da magistrada, de 44 anos, chocou o país. Onze policiais militares foram acusados de participar da morte de Patrícia, atingida por 21 tiros quando chegava em casa.
Thereza Grisólia Tang foi a primeira mulher a tornar-se juíza no Brasil, ingressando na magistratura de Santa Catarina em 1954. Ela permaneceu como a única mulher do judiciário de Santa Catarina por quase vinte anos. Thereza foi presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina e também do Tribunal Regional Eleitoral (TER) do estado. Faleceu em 2009, aos 87 anos.
A advogada Esther de Figueiredo Ferraz entrou na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco em 1940 e se tornou a primeira mulher a lecionar na instituição. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a advogada foi pioneira ao escolher sua especialidade, o Direito Criminal, espaço predominantemente masculino. Foi também a primeira reitora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1965. Em 1982, tornou-se a primeira mulher a ocupar um ministério no Brasil, assumindo a pasta da Educação no governo do general João Figueiredo. A advogada faleceu em 2008, aos 93 anos.
Em 1902, Maria Augusta Saraiva foi a primeira mulher a se tornar bacharel pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Depois de formada, exerceu a profissão em escritórios de advocacia, atuando também na área criminal. Maria Augusta Saraiva faleceu em São Paulo no dia 28 de setembro de 1961, aos 82 anos. A ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) criou um prêmio que leva o seu nome, para homenagear as mulheres na profissão.
Amélia Duarte foi a primeira mulher a fazer parte do Ministério Público. Hoje, dos 623 membros do Ministério Público Federal (MPF), 42,37% são mulheres. Atualmente, duas subdivisões do Ministério Público da União têm mulheres no cargo mais alto: No Ministério Público Militar (MPM), Cláudia Márcia Ramalho Moreira Luz é a quarta mulher seguida a assumir o cargo de procuradora-geral de Justiça Militar. No Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a procuradora-geral de Justiça é Eunice Pereira Carvalhido.
Fonte: veja online
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