PF ameaça em carta deflagrar mobilização na Páscoa
Depois de render-se às reivindicações dos controladores de vôo amotinados, o governo se vê às voltas com o risco de enfrentar uma rebelião na Polícia Federal. Abespinhados com declarações feitas na semana passada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (foto), delegados e policiais federais de todo país acenam com a hipótese de deflagrar em todo país manifestações por melhorias salariais já na quarta-feira (4) da semana que vem, véspera do feriado de Páscoa.
A ameaça dos funcionários da PF, que se declaram “em estado de greve”, foi feita por escrito, em carta enviada a Paulo Bernardo, na última sexta-feira (30), pelo presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Sandro Torres Avelar. Dois dias antes, referindo-se a uma paralisação de advertência de 24 horas realizada na véspera pela PF, o ministro classificara o movimento de "precipitado".Na mesma entrevista, Paulo Bernardo negara a existência de um compromisso do governo de conceder reajuste salarial à PF. "Vocês não vão achar que nós saímos por aí prometendo reajustes para todo mundo. Nós queremos fazer isso avaliando aquilo que é reivindicado, se é justo. Se tem procedência a reivindicação, pode ser atendida, se nós tivermos também recursos para isso."
Foi esse ponto da fala do ministro que mais acirrou os ânimos das entidades de classe da PF. Na carta ao ministro (íntegra aqui), a ADPF declarou-se “surpresa” com o fato de Paulo Bernardo desconhecer “o compromisso” do governo. Sandro Avelar, o presidente da entidade, anexou à carta dirigida a Paulo Bernardo um ofício assinado pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) em 2 de fevereiro de 2006.
No ofício (íntegra aqui), Thomaz Bastos assume o “compromisso” de aprovar pedido de aumento apresentado pela direção da PF em “proposta de 11 de julho de 2005”, cuja cópia também foi enviada a Paulo Bernardo. Previa um reajuste salarial de 60%. Anota ainda o texto do ofício de Thomaz Bastos que o reajuste seria “dividido em duas vezes”, ainda em 2006. Algo que resultou de um “acerto com a equipe econômica” do governo.
Os primeiros 30% foram efetivamente incorporados aos contracheques dos delegados e agentes da PF. Porém, a segunda parcela, prevista para dezembro de 2006, não foi honrada. Vem daí a irritação da PF e a ameaça de deflagrar uma greve nacional por tempo indeterminado.
Na carta a Paulo Bernardo, a ADPF recorda que o ministério do Planejamento, dirigido por ele, integra a “equipe econômica” que Thomaz Bastos dissera ter consultado. “Como não podemos acreditar que o senhor ministro da Justiça assinaria um documento oficial eivado de afirmações inverídicas, restaria a hipótese de alguém, se fazendo passar por ele, enganar a todo o DPF, começando pelo senhor diretor-geral [Paulo Lacerda], em Brasília, passando por todas as unidades do DPF, do Oiapoque ao Chuí”, anotou o delegado Sandro Avelar.
“Tal improvável fato, se confirmado, dará certamente azo aos procedimentos investigatórios cabíveis”, ironizou o presidente da ADPF(O que ele quer dizer com isso? Quem será investigado ?). Em seguida, ele ameaçou: “Informamos que as declarações de V. Exª. causaram grande instabilidade e acirraram os ânimos dos policiais federais, prejudicando o calendário sugerido pelas entidades classistas de âmbito nacional com a previsão de novo ato público somente no dia 18 de abril, fazendo com que diversos Estados da Federação, por suas lideranças locais, entendessem por repudiá-las já, antecipando as manifestações para a próxima quarta-feira, dia 4 de abril”.
Fonte: blog do josias de Souza folha online 02 de abril de 2007
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