Entre os economistas versados em história, a simples menção a determinados anos suscita arrepios. Por exemplo, três anos atrás Christina Romer, então chefe do Conselho de Assessores Econômicos do presidente Barack Obama, recomendou aos políticos que não reencenassem 1937. Este foi o ano em que Franklin Delano Roosevelt passou, muito antes da hora, de estímulo fiscal para austeridade, mergulhando de volta na recessão a economia que estava em processo de recuperar-se dela. Infelizmente, o conselho dela foi ignorado.
Agora, porém, ando ouvindo mais e mais sobre um ano ainda mais fatídico. De repente, economistas normalmente calmos estão falando em 1931, o ano em que tudo desabou.
Tudo começou com uma crise bancária num país europeu pequeno (a Áustria). A Áustria procurou acudir com um resgate aos bancos, mas o custo crescente do resgate colocou em dúvida a solvência do próprio governo. Os problemas da Áustria não deveriam ter sido suficientes para ter efeitos importantes sobre a economia mundial, mas, na prática, geraram um pânico que se espalhou pelo mundo. Isso lhe soa familiar?
Mas a lição realmente crucial de 1931 disse respeito aos perigos da renúncia à tomada de medidas políticas. Governos europeus mais fortes poderiam ter ajudado a Áustria a gerir seus problemas. Os bancos centrais, especialmente o Banco da França e o Federal Reserve, poderiam ter feito muito mais para limitar os danos. Mas ninguém com poder de conter a crise tomou a iniciativa de fazê-lo; todos os que poderiam e deveriam ter agido declararam que era a responsabilidade de outros.
E isso está acontecendo de novo, tanto na Europa quanto na América.
Considere primeiramente como os líderes europeus vêm lidando com a crise dos bancos na Espanha (esqueça a Grécia, que é praticamente uma causa perdida; é na Espanha que o destino da Europa será decidido). Como foi o caso da Áustria em 1931, a Espanha tem bancos que enfrentam problemas e precisam desesperadamente de mais capital, mas o governo espanhol de hoje, como o governo austríaco da época, enfrenta questionamentos sobre sua própria solvência.
Então o que devem fazer os líderes europeus, que têm um interesse enorme em conter a crise espanhola? Parece óbvio que os países credores europeus precisam, de alguma maneira, assumir parte dos riscos financeiros com que os bancos espanhóis se defrontam. Não, a Alemanha não vai gostar disso --, mas, com a própria sobrevivência do euro em jogo, um pouco de risco financeiro deveria ser uma consideração de monta menor.
Mas não. A "solução" encontrada pela Europa foi emprestar dinheiro ao governo espanhol e dizer a esse governo que resgate seus próprios bancos. Os mercados financeiros não demoraram a entender que isso não soluciona nada --apenas deixa o governo da Espanha ainda mais afundado em dívidas. E agora a crise europeia está mais profunda que nunca.
Mas não nos limitemos a ridicularizar os europeus, já que muitos de nossos próprios políticos vêm agindo com irresponsabilidade igual. E não me refiro apenas aos republicanos no Congresso, que muitas vezes dão a impressão de estarem tentando sabotar a economia intencionalmente.
Falemos, ao invés disso, do Federal Reserve. O Fed tem um chamado mandado duplo: ele deve trabalhar tanto pela estabilidade dos preços quanto pelo emprego pleno. E na semana passada o Fed divulgou seu conjunto mais recente de projeções econômicas, mostrando que prevê fracassar nas duas partes de seu mandado, com inflação abaixo da meta e desemprego muito acima da meta por anos ainda por vir.
É uma perspectiva terrível, e o Fed sabe disso. Ben Bernanke, o presidente do Fed, avisou em especial sobre os danos causados ao país pelo nível sem precedentes de desemprego de longo prazo.
Então o que o Fed propõe fazer em relação ao problema? Quase nada. É verdade que na semana passada ele anunciou algumas ações que supostamente injetariam ânimo na economia. Mas acho que é justo dizer que todo o mundo que tem alguma familiaridade com a situação vê essas ações como sendo pateticamente inadequadas --o mínimo absoluto que o Fed poderia fazer para afastar as acusações de não estar fazendo nada.
Por que o Fed não quer agir? Meu palpite é que o banco está sendo intimidado por aqueles parlamentares republicanos; que tem medo de fazer qualquer coisa que possa ser vista como sendo uma ajuda política a Obama, ou seja, qualquer coisa que possa ajudar a economia. Talvez exista alguma outra explicação, mas o fato é que o Fed, assim como o Banco Central Europeu, assim como o Congresso dos Estados Unidos e como o governo da Alemanha, decidiu que evitar o desastre econômico é responsabilidade de outros.
Nada disso deveria estar acontecendo. Assim como em 1931, os países ocidentais possuem os recursos de que precisam para evitar a catástrofe e até mesmo para recuperar a prosperidade; e nós contamos com a vantagem adicional de saber muito mais do que sabiam nossos bisavôs sobre como ocorrem depressões e como pôr fim a elas. Mas conhecimentos e recursos de nada adiantam se aqueles que os possuem se recusam a usá-los.
E é isso o que parece estar acontecendo. As questões fundamentais da economia mundial não são tão assustadoras assim, por si sós; é a quase universal renúncia à responsabilidade que infunde medo crescente a mim e a muitos outros economistas.
Tradução de Clara Allain
Paul Krugman é prêmio Nobel de Economia (2008), colunista do jornal "The New York Times" e professor na Universidade Princeton (EUA). Um dos mais renomados economistas da atualidade, é autor ou editor de 20 livros e tem mais de 200 artigos científicos publicados. Escreve às segundas, no site da Folha, e aos sábados, na versão impressa de "Mundo".
Fonte: folha online
segunda-feira, junho 25, 2012
Papeis do divórcio- 25/06/2012
Se Lula não tivesse saído em socorro de José Sarney e ajudado a esterilizar o escândalo dos atos secretos, a presidência do Senado teria caído nas mãos do PSDB em 2010, em plena campanha eleitoral. Imagine como a oposição teria explorado a denúncia de que o comitê dilmista produziu dossiê criminoso sobre o candidato tucano.
Não houvesse fechado acordo para reabilitar Fernando Collor, Lula enfrentaria, 20 anos depois do impeachment, dificuldades para achar outro nome disposto a se infiltrar na CPI do Cachoeira com o único propósito de atacar a imprensa.
Se o Planalto não tivesse disparado a ordem para abafar os múltiplos processos de corrupção e salvar o mandato de Renan Calheiros, provavelmente hoje o PMDB não estaria inteirinho na coalizão federal.
Todos esses movimentos tiveram propósito e sucesso. Na estratégia hegemonista de Lula, o custo de acolher ex-adversários é irrisório.
Até porque os abraços de Lula não raro sufocam. Vale lembrar que os sarneyzistas estão sendo aos poucos desalojados de seus redutos no setor elétrico federal, que o bunker collorido na Petrobras acaba de ser desmontado e que Renan está prestes a perder o comando da estatal de transporte de combustíveis.
Nada mais natural, portanto, que o ex-presidente não se incomode em afagar em público o ex-"sem vergonha" e ex-"trombadinha" Paulo Maluf, a fim de garantir 95 segundos a mais na propaganda diária de TV dos petistas em São Paulo. Nada mais natural, também, que ele não mostre nenhum pingo de arrependimento após a péssima repercussão -e até faça piada disso.
O episódio deixou claro, mais uma vez, que existe um divórcio entre a "realpolitik" e o eleitor, hoje entregue à apatia ou à aversão. Cabe esclarecer, porém, que esse divórcio interessou muito a Lula. Foi um trunfo para o PT, mais organizado e ligado ao Estado, crescer sozinho.
Melchiades Filho é diretor-executivo da Sucursal de Brasília. Formou-se em jornalismo e fez pós-graduação em pesquisa de mercado na USP. Na Folha desde 1987, já foi editor de "Esporte" e correspondente em Washington. Escreve às segundas na coluna Brasília, na Página A2 da versão impressa.
Fonte: folha online
Não houvesse fechado acordo para reabilitar Fernando Collor, Lula enfrentaria, 20 anos depois do impeachment, dificuldades para achar outro nome disposto a se infiltrar na CPI do Cachoeira com o único propósito de atacar a imprensa.
Se o Planalto não tivesse disparado a ordem para abafar os múltiplos processos de corrupção e salvar o mandato de Renan Calheiros, provavelmente hoje o PMDB não estaria inteirinho na coalizão federal.
Todos esses movimentos tiveram propósito e sucesso. Na estratégia hegemonista de Lula, o custo de acolher ex-adversários é irrisório.
Até porque os abraços de Lula não raro sufocam. Vale lembrar que os sarneyzistas estão sendo aos poucos desalojados de seus redutos no setor elétrico federal, que o bunker collorido na Petrobras acaba de ser desmontado e que Renan está prestes a perder o comando da estatal de transporte de combustíveis.
Nada mais natural, portanto, que o ex-presidente não se incomode em afagar em público o ex-"sem vergonha" e ex-"trombadinha" Paulo Maluf, a fim de garantir 95 segundos a mais na propaganda diária de TV dos petistas em São Paulo. Nada mais natural, também, que ele não mostre nenhum pingo de arrependimento após a péssima repercussão -e até faça piada disso.
O episódio deixou claro, mais uma vez, que existe um divórcio entre a "realpolitik" e o eleitor, hoje entregue à apatia ou à aversão. Cabe esclarecer, porém, que esse divórcio interessou muito a Lula. Foi um trunfo para o PT, mais organizado e ligado ao Estado, crescer sozinho.
Melchiades Filho é diretor-executivo da Sucursal de Brasília. Formou-se em jornalismo e fez pós-graduação em pesquisa de mercado na USP. Na Folha desde 1987, já foi editor de "Esporte" e correspondente em Washington. Escreve às segundas na coluna Brasília, na Página A2 da versão impressa.
Fonte: folha online
Os pelados de Foucault- 25/06/2012
Na antiga ágora ateniense, a regra era debater bem vestido. Num discurso famoso, Ésquines destruiu seu opositor Timarco por ter, entre outras lambanças, quebrado esse protocolo.
Sólon, disse Ésquines fazendo menção a um dos pais da democracia grega, era "modesto demais até para falar com seus braços para fora da túnica". Já Timarco "dia desses numa assembleia do povo arrancou sua túnica e saltou feito um ginasta, seminu". A gente de bem "cobriu os olhos de vergonha pela cidade, por deixarmos homens como esse posarem de nossos conselheiros".
A ginástica, esta sim, deveria ser praticada sem roupa ou em traje sumário, mesmo em público. O objetivo era mostrar as proezas do corpo moldado. O exercício era tão valorizado na educação ateniense que o termo "gymnos" (nu) deu séculos de piruetas e hoje nomeia as escolas para adolescentes, os ginásios.
Eis que, da Ucrânia ao Brasil, uma onda de nudismo invade a ágora moderna e subverte o modelo clássico. Vestidas na ginástica e peladas na rua, as ativistas do grupo Femen desafiam a pudicícia e a truculência das autoridades eslavas. Fora, Eurocopa; basta de mulheres exploradas pela prostituição; chega de cortar a aposentadoria do povo. As bandeiras são diversas, o método não.
A moda chegou à Rio+20. A organização Tambores de Safo desfilou com mulheres de topless sob críticas de feministas das antigas. Um homem e duas mulheres do grupo Ocupa Rio tiraram tudo. "Democracia real não representa; a vida não está à venda", escreveram, entre a pelve e o pescoço. São influenciados, explica um dos líderes desta agremiação, pelas ideias do ensaísta francês Michel Foucault (1926-1984).
Filósofo da conspiração total o "poder", essa entidade sem forma, está em toda a parte e vai te pegar, Foucault parece ele mesmo ter ocupado a cabeça das organizações de esquerda. Bem, não só a cabeça.
Vinicius Mota é Secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno Mundo. Escreve a coluna São Paulo, na Página A2 da versão impressa.
Fonte: folha online
Sólon, disse Ésquines fazendo menção a um dos pais da democracia grega, era "modesto demais até para falar com seus braços para fora da túnica". Já Timarco "dia desses numa assembleia do povo arrancou sua túnica e saltou feito um ginasta, seminu". A gente de bem "cobriu os olhos de vergonha pela cidade, por deixarmos homens como esse posarem de nossos conselheiros".
A ginástica, esta sim, deveria ser praticada sem roupa ou em traje sumário, mesmo em público. O objetivo era mostrar as proezas do corpo moldado. O exercício era tão valorizado na educação ateniense que o termo "gymnos" (nu) deu séculos de piruetas e hoje nomeia as escolas para adolescentes, os ginásios.
Eis que, da Ucrânia ao Brasil, uma onda de nudismo invade a ágora moderna e subverte o modelo clássico. Vestidas na ginástica e peladas na rua, as ativistas do grupo Femen desafiam a pudicícia e a truculência das autoridades eslavas. Fora, Eurocopa; basta de mulheres exploradas pela prostituição; chega de cortar a aposentadoria do povo. As bandeiras são diversas, o método não.
A moda chegou à Rio+20. A organização Tambores de Safo desfilou com mulheres de topless sob críticas de feministas das antigas. Um homem e duas mulheres do grupo Ocupa Rio tiraram tudo. "Democracia real não representa; a vida não está à venda", escreveram, entre a pelve e o pescoço. São influenciados, explica um dos líderes desta agremiação, pelas ideias do ensaísta francês Michel Foucault (1926-1984).
Filósofo da conspiração total o "poder", essa entidade sem forma, está em toda a parte e vai te pegar, Foucault parece ele mesmo ter ocupado a cabeça das organizações de esquerda. Bem, não só a cabeça.
Vinicius Mota é Secretário de Redação da Folha. Foi editor de Opinião (coordenador dos editoriais) e do caderno Mundo. Escreve a coluna São Paulo, na Página A2 da versão impressa.
Fonte: folha online
sexta-feira, junho 15, 2012
IMPOSTOS
IBPT - INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Percentual de Tributos sobre o "Preço Final"!
PRODUTO % Tributos/preço final
Passagens aéreas8,65%
Transporte Aéreo de Cargas8,65%
Transporte Rod. Interestadual Passageiros16,65%
Transporte Rod. Interestadual Cargas21,65%
Transp. Urbano Passag. - Metropolitano 22,98%
Vassoura26,25%
CONTA DE ÁGUA 29,83%
Mesa de Madeira30,57%
Cadeira de Madeira30,57%
Armário de Madeira30,57%
Cama de Madeira30,57%
Sofá de Madeira/plástico34,50%
Bicicleta34,50%
Tapete34,50%
MEDICAMENTOS 36%
Motocicleta de até 125 cc44,40%
CONTA DE LUZ 45,81%
CONTA DE TELEFONE 47,87%
Motocicleta acima de 125 cc49,78%
Gasolina 57,03%
Cigarro 81,68%
PRODUTOS ALIMENTÍCIOS BÁSICOS
Carne bovina18,63%
Frango17,91%
Peixe 18,02%
Sal 29,48%
Trigo 34,47%
Arroz 18,00%
Óleo de soja 37,18%
Farinha34,47%
Feijão 18,00%
Açúcar 40,40%
Leite 33,63%
Café 36,52%
Macarrão 35,20%
Margarina 37,18%
Margarina 37,18%
Molho de tomate 36,66%
Ervilha 35,86%
Milho Verde 37,37%
Biscoito 38,50%
Chocolate 32,00%
Achocolatado 37,84%
Ovos21,79%
Frutas22,98%
Álcool 43,28%
Detergente 40,50%
Saponáceo 40,50%
Sabão em barra 40,50%
Sabão em pó 42,27%
Desinfetante 37,84%
Água sanitária 37,84%
Esponja de aço44,35%
PRODUTOS BÁSICOS DE HIGIENE
Sabonete 42%
Xampu 52,35%
Condicionador 47,01%
Desodorante 47,25%
Aparelho de barbear 41,98%
Papel Higiênico 40,50%
Pasta de Dente 42,00%
MATERIAL ESCOLAR
Caneta 48,69%
Lápis 36,19%
Borracha 44,39%
Estojo 41,53%
Pastas plásticas 41,17%
Agenda 44,39%
Papel sulfite 38,97%
Livros 13,18%
Papel38,97%
Agenda 44,39%
Mochilas 40,82%
Régua 45,85%
Pincel36,90%
Tinta plástica 37,42%
BEBIDAS
Refresco em pó 38,32%
Suco 37,84%
Água 45,11%
Cerveja56,00%
Cachaça 83,07%
Refrigerante47,00%
CD 47,25%
DVD51,59%
Brinquedos41,98%
LOUÇAS
Pratos 44,76%
Copos 45,60%
Garrafa térmica 43,16%
Talheres 42,70%
Panelas 44,47%
PRODUTOS DE CAMA, MESA E BANHO
Toalhas - (mesa e banho) 36,33%
Lençol 37,51%
Travesseiro 36,00%
Cobertor 37,42%
Automóvel43,63%
ELETRODOMÉSTICOS
Sapatos 37,37%
Roupas 37,84%
Aparelho de som 38,00%
Computador 38,00%
Fogão 39,50%
Telefone Celular41,00%
Ventilador 43,16%
Liquidificador 43,64%
Batedeira43,64%
Ferro de Passar 44,35%
Refrigerador 47,06%
Vídeo-cassete52,06%
Microondas 56,99%
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Fertilizantes 27,07%
Tijolo 34,23%
Telha 34,47%
Móveis (estantes, cama, armários) 37,56%
Vaso sanitário 44,11%
Tinta 45,77%
Casa popular 49,02%
Mensalidade Escolar37,68% (ISS DE 5%)
ALÉM DESTES IMPOSTOS, VC PAGA DE 15% A 27,5% DO SEU SALÁRIO A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDA
Percentual de Tributos sobre o "Preço Final"!
PRODUTO % Tributos/preço final
Passagens aéreas8,65%
Transporte Aéreo de Cargas8,65%
Transporte Rod. Interestadual Passageiros16,65%
Transporte Rod. Interestadual Cargas21,65%
Transp. Urbano Passag. - Metropolitano 22,98%
Vassoura26,25%
CONTA DE ÁGUA 29,83%
Mesa de Madeira30,57%
Cadeira de Madeira30,57%
Armário de Madeira30,57%
Cama de Madeira30,57%
Sofá de Madeira/plástico34,50%
Bicicleta34,50%
Tapete34,50%
MEDICAMENTOS 36%
Motocicleta de até 125 cc44,40%
CONTA DE LUZ 45,81%
CONTA DE TELEFONE 47,87%
Motocicleta acima de 125 cc49,78%
Gasolina 57,03%
Cigarro 81,68%
PRODUTOS ALIMENTÍCIOS BÁSICOS
Carne bovina18,63%
Frango17,91%
Peixe 18,02%
Sal 29,48%
Trigo 34,47%
Arroz 18,00%
Óleo de soja 37,18%
Farinha34,47%
Feijão 18,00%
Açúcar 40,40%
Leite 33,63%
Café 36,52%
Macarrão 35,20%
Margarina 37,18%
Margarina 37,18%
Molho de tomate 36,66%
Ervilha 35,86%
Milho Verde 37,37%
Biscoito 38,50%
Chocolate 32,00%
Achocolatado 37,84%
Ovos21,79%
Frutas22,98%
Álcool 43,28%
Detergente 40,50%
Saponáceo 40,50%
Sabão em barra 40,50%
Sabão em pó 42,27%
Desinfetante 37,84%
Água sanitária 37,84%
Esponja de aço44,35%
PRODUTOS BÁSICOS DE HIGIENE
Sabonete 42%
Xampu 52,35%
Condicionador 47,01%
Desodorante 47,25%
Aparelho de barbear 41,98%
Papel Higiênico 40,50%
Pasta de Dente 42,00%
MATERIAL ESCOLAR
Caneta 48,69%
Lápis 36,19%
Borracha 44,39%
Estojo 41,53%
Pastas plásticas 41,17%
Agenda 44,39%
Papel sulfite 38,97%
Livros 13,18%
Papel38,97%
Agenda 44,39%
Mochilas 40,82%
Régua 45,85%
Pincel36,90%
Tinta plástica 37,42%
BEBIDAS
Refresco em pó 38,32%
Suco 37,84%
Água 45,11%
Cerveja56,00%
Cachaça 83,07%
Refrigerante47,00%
CD 47,25%
DVD51,59%
Brinquedos41,98%
LOUÇAS
Pratos 44,76%
Copos 45,60%
Garrafa térmica 43,16%
Talheres 42,70%
Panelas 44,47%
PRODUTOS DE CAMA, MESA E BANHO
Toalhas - (mesa e banho) 36,33%
Lençol 37,51%
Travesseiro 36,00%
Cobertor 37,42%
Automóvel43,63%
ELETRODOMÉSTICOS
Sapatos 37,37%
Roupas 37,84%
Aparelho de som 38,00%
Computador 38,00%
Fogão 39,50%
Telefone Celular41,00%
Ventilador 43,16%
Liquidificador 43,64%
Batedeira43,64%
Ferro de Passar 44,35%
Refrigerador 47,06%
Vídeo-cassete52,06%
Microondas 56,99%
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Fertilizantes 27,07%
Tijolo 34,23%
Telha 34,47%
Móveis (estantes, cama, armários) 37,56%
Vaso sanitário 44,11%
Tinta 45,77%
Casa popular 49,02%
Mensalidade Escolar37,68% (ISS DE 5%)
ALÉM DESTES IMPOSTOS, VC PAGA DE 15% A 27,5% DO SEU SALÁRIO A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDA
quinta-feira, junho 14, 2012
Collor, o peferido dos novos feios, sujos e malvados-12/06/2012
Ai, ai… Pô, gente… A VEJA não segue os meus conselhos. Que pena! Deveria usar Fernando Collor como garoto-propaganda. A campanha publicitária seria mais ou menos assim: “Este homem não gosta de nós!”. E pronto! Não consigo pensar em campanha publicitária mais esclarecedora. Ora, leitores: se aqueles que se querem nossos inimigos não são, por si, um atestado definitivo de nossa boa ou má conduta, convenham que são ao menos um sinal importante.
Collor, hoje um lulista fanático e um dirceuzista juramentado, usou seu tempo na CPI para resgatar a agenda inicial da turma: atacar a VEJA e a Procuradoria-Geral da Repúbica. Dizer o quê? Já expus ao menos vinte motivos (daqui a pouco, republico o post) para este patriota odiar a revista. Ao longo do mandato, atropelado que foi por seu próprio cleptogoverno, ganhou de presente 20 capas.
Além da moral e dos costumes, ele hoje divide com muitos petistas o ódio à imprensa livre. Até este escriba já foi processado, em 1997, por este homem público por causa de uma matéria de capa da revista República. Vejam:
Como se nota ali, a página tem um corte diagonal. Numa metade, Collor andando de jet ski; sobre a sua imagem, a palavra “livres”; na outra metade, os pobres pendurados nas janelas do Carandiru; sobre eles, a palavra “presos”. A chamada que remetia à reportagem afirma: “Cadeia no Brasil só para batedor de carteira. Mas a impunidade dos poderosos e corruptos pode acabar”. O ex-caçador de marajás e hoje caçador de jornalistas não gostou. Ele processou a revista e a mim, mas perdeu. Prevaleceram a liberdade de imprensa e a liberdade de opinião. Numa democracia, é permitido a gente achar que alguém como Collor deveria estar na cadeia.
Collor é mesmo um portento. Quem, segundo a Polícia Federal, a Interpol e o FBI negociou com bandidos comprovados foi gente de sua família, que, provaram essas instituições, comprou o Dossiê Cayman. A reportagem está aqui. Aquilo, sim, era coisa de bandidos. Circulou na imprensa por anos a fio, até que seus responsáveis fossem parar atrás das grades.
Na sua intervenção tresloucada de hoje, Collor anunciou nada menos de seis representações contra Roberto Gurgel, procurador-geral da República, e a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques: uma na esfera cível, uma na penal e quatro na administrativa. Acusou, sem meias palavras, o procurador-geral de “fazer moeda de troca” das investigações.
Assim como Collor tem motivos pessoais para odiar a VEJA, também os tem para tentar desmoralizar o procurador-geral e, muito especialmente, a subprocuradora Cláudia Sampaio. Reportagem da Folha explica o motivo:
“Alvo do senador Fernando Collor (PTB-AL) na CPI do Cachoeira, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio pediu a condenação do ex-presidente, em 2008, por supostos peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica em ação no STF (Supremo Tribunal Federal). A denúncia do Ministério Público diz que Collor se beneficiou de esquema de “caixa dois” montado por membros de seu governo (1990-92) e empresas de publicidade. Procurado desde quinta, Collor não se manifestou. Ainda sem decisão final, o processo é um desdobramento das investigações que levaram ao impeachment do então presidente, em 1992.”
Collor cumpre na CPI a agenda combinada com Lula e Dirceu, de quem é hoje mero estafeta. Mas tem também seus motivos pessoais para o exercício permanente do ódio, que tão bem o notabilizou. Isso faz dele o grande herói dos blogs sujos. Todos estão em companhia adequada.
Por Reinaldo Azevedo
Fonte: veja online
Collor, hoje um lulista fanático e um dirceuzista juramentado, usou seu tempo na CPI para resgatar a agenda inicial da turma: atacar a VEJA e a Procuradoria-Geral da Repúbica. Dizer o quê? Já expus ao menos vinte motivos (daqui a pouco, republico o post) para este patriota odiar a revista. Ao longo do mandato, atropelado que foi por seu próprio cleptogoverno, ganhou de presente 20 capas.
Além da moral e dos costumes, ele hoje divide com muitos petistas o ódio à imprensa livre. Até este escriba já foi processado, em 1997, por este homem público por causa de uma matéria de capa da revista República. Vejam:
Como se nota ali, a página tem um corte diagonal. Numa metade, Collor andando de jet ski; sobre a sua imagem, a palavra “livres”; na outra metade, os pobres pendurados nas janelas do Carandiru; sobre eles, a palavra “presos”. A chamada que remetia à reportagem afirma: “Cadeia no Brasil só para batedor de carteira. Mas a impunidade dos poderosos e corruptos pode acabar”. O ex-caçador de marajás e hoje caçador de jornalistas não gostou. Ele processou a revista e a mim, mas perdeu. Prevaleceram a liberdade de imprensa e a liberdade de opinião. Numa democracia, é permitido a gente achar que alguém como Collor deveria estar na cadeia.
Collor é mesmo um portento. Quem, segundo a Polícia Federal, a Interpol e o FBI negociou com bandidos comprovados foi gente de sua família, que, provaram essas instituições, comprou o Dossiê Cayman. A reportagem está aqui. Aquilo, sim, era coisa de bandidos. Circulou na imprensa por anos a fio, até que seus responsáveis fossem parar atrás das grades.
Na sua intervenção tresloucada de hoje, Collor anunciou nada menos de seis representações contra Roberto Gurgel, procurador-geral da República, e a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques: uma na esfera cível, uma na penal e quatro na administrativa. Acusou, sem meias palavras, o procurador-geral de “fazer moeda de troca” das investigações.
Assim como Collor tem motivos pessoais para odiar a VEJA, também os tem para tentar desmoralizar o procurador-geral e, muito especialmente, a subprocuradora Cláudia Sampaio. Reportagem da Folha explica o motivo:
“Alvo do senador Fernando Collor (PTB-AL) na CPI do Cachoeira, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio pediu a condenação do ex-presidente, em 2008, por supostos peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica em ação no STF (Supremo Tribunal Federal). A denúncia do Ministério Público diz que Collor se beneficiou de esquema de “caixa dois” montado por membros de seu governo (1990-92) e empresas de publicidade. Procurado desde quinta, Collor não se manifestou. Ainda sem decisão final, o processo é um desdobramento das investigações que levaram ao impeachment do então presidente, em 1992.”
Collor cumpre na CPI a agenda combinada com Lula e Dirceu, de quem é hoje mero estafeta. Mas tem também seus motivos pessoais para o exercício permanente do ódio, que tão bem o notabilizou. Isso faz dele o grande herói dos blogs sujos. Todos estão em companhia adequada.
Por Reinaldo Azevedo
Fonte: veja online
Vinte motivos de Collor oara odiar a Veja.Ou: O PT de antes e o PT de agora- 12/06/2012
Reinaldo Azevedo
É compreensível que o senador Fernando Collor odeie tanto a VEJA. As capas da revista que espelham a sua trajetória no poder falam por si, muito especialmente aquela em que Pedro, o irmão, conta tudo. Por que não lembrá-las? Todas as edições estão disponíveis aos leitores, mesmo aos não assinantes, na íntegra. Collor não detesta a revista porque ela tenha contado mentiras a seu respeito, mas porque os fatos irrefutáveis relatados em sucessivas edições resultaram na sua queda. O povo de Alagoas o elegeu senador. Tem uma mandato legítimo como o de qualquer outro. Mas não tem legitimidade para tentar intimidar a imprensa. Tampouco se apaga a sua história.
Este senhor precisa entender que a imprensa livre não existe por vontade dos políticos. Os políticos é que existem por vontade da democracia, de que a imprensa livre é um dos pilares.
Vejam. Volto para arrematar.
Voltei
Nos anos de 1991 e 1992, o PT era um partido de oposição e achava que a VEJA prestava relevantes serviços ao país. E prestava mesmo! Ontem como hoje. Se algum parlamentar da base collorida sonhasse em enviar a imprensa para o banco dos réus, o partido certamente reagiria. Por amor à democracia? Não! Esse, tínhamos nós. Os petistas tinham apenas um projeto de poder.
Quando chegaram lá, elegeram a imprensa livre como sua principal adversária – justamente aquela que era paparicada na véspera. Afinal, algo havia mudado: no poder, o PT, como acontece com todo mundo que vence a eleição, deixou o papel de pedra para ser vidraça; deixou de investigar para ser investigado. E não se conformou.
Uma banda do partido não teve dúvida. Juntou-se com o seu adversário de antes – e as capas acima valem por uma folha corrida – para tentar perseguir o jornalismo independente. Tentem saber, hora dessas, por curiosidade, o que fazia o lixão que hoje ataca a revista. Para fazer o que se vê acima – e o que se viu nos governos que se sucederam –, é preciso ter coragem. Quem vive de rastros, implorando dinheiro oficial para existir, nao consegue ser dono nem da própria opinião, tanto menos de um jornalismo crítico e independente.
A imprensa que tem vergonha na cara não mudou. Essa é a história.
Texto publicado originalmente às 4h52
Por Reinaldo Azevedo
Linkin Park - Rolling In The Deep (Adele Cover - Live)
Linkin Park performing a cover of Adele's "Rolling In The Deep" live at the 2011 iTunes Festival. The track as well as five more live recordings from the night are available.
EUA já venderam US$ 50 bilhões em armas em 2012-14/06/2012
Jung Yeon-Je
As vendas militares dos Estados Unidos ao exterior desde o início do ano fiscal de 2012 atingiram o recorde de 50 bilhões de dólares, graças a acordos com Arábia Saudita e Japão para a aquisição de caças, informou nesta quinta-feira uma fonte oficial.
"Hoje posso confirmar que se trata de um ano recordista para as vendas militares ao exterior. Já ultrapassamos os 50 bilhões de dólares em vendas no ano fiscal de 2012", que termina no dia 30 de setembro, explicou em entrevista coletiva Andrew Shapiro, subsecretário de Estado para Assuntos político-militares.
As vendas de material militar a outros países verificou um aumento de 70% sobre o período anterior.
Shapiro destacou que o governo americano espera vender à Índia 22 helicópteros de ataque Apache, por 14 bilhões de dólares, o que aumentará o valor registrado até o momento.
"Evidentemente, a venda à Arábia Saudita foi muito significativa", explicou o especialista, ao citar os 29,4 bilhões de dólares, que incluem 84 caças F-15SA construídos pela Boeing.
"Mas as cifras também incluem a venda do Joing Strike Fighter ao Japão, totalizando 10 bilhões de dólares", acrescentou Shapiro.
© Copyright AFP - Todos os direitos de reprodução e representação reservados
Fonte: veja online
As vendas militares dos Estados Unidos ao exterior desde o início do ano fiscal de 2012 atingiram o recorde de 50 bilhões de dólares, graças a acordos com Arábia Saudita e Japão para a aquisição de caças, informou nesta quinta-feira uma fonte oficial.
"Hoje posso confirmar que se trata de um ano recordista para as vendas militares ao exterior. Já ultrapassamos os 50 bilhões de dólares em vendas no ano fiscal de 2012", que termina no dia 30 de setembro, explicou em entrevista coletiva Andrew Shapiro, subsecretário de Estado para Assuntos político-militares.
As vendas de material militar a outros países verificou um aumento de 70% sobre o período anterior.
Shapiro destacou que o governo americano espera vender à Índia 22 helicópteros de ataque Apache, por 14 bilhões de dólares, o que aumentará o valor registrado até o momento.
"Evidentemente, a venda à Arábia Saudita foi muito significativa", explicou o especialista, ao citar os 29,4 bilhões de dólares, que incluem 84 caças F-15SA construídos pela Boeing.
"Mas as cifras também incluem a venda do Joing Strike Fighter ao Japão, totalizando 10 bilhões de dólares", acrescentou Shapiro.
© Copyright AFP - Todos os direitos de reprodução e representação reservados
Fonte: veja online
Rappers saem no tapa por Rihanna, diz tabloide-14/05/2012
Chris Brown e Drake teriam se agredido em bar de Nova York. Brown chegou a publicar uma foto de seu queixo sangrando, mas imagem foi retirada do ar
Fonte: veja online
De acordo com o tabloide britânico The Sun, os rappers Chris Brown e Drake se envolveram em uma briga por causa da cantora Rihanna.
Na noite desta quarta-feira, Brown publicou uma foto no Twitter de seu queixo sangrando, supostamente após ser atingido por uma garrafa durante a briga, que teria acontecido em um bar de Nova York. A foto já foi apagada.
Segundo o tabloide, os músicos têm uma rixa há anos porque Drake namorou Rihanna depois de Brown. Por isso, para apaziguar os ânimos, quando percebeu que Drake estava no mesmo bar, Brown teria enviado uma garrafa de champagne para o colega. Mas Drake não gostou muito da oferta, e teria devolvido a garrafa com um bilhete que dizia: "Estou fazendo sexo com o amor da sua vida. Aceite."
Foi nesse momento, de acordo com fontes do The Sun, que Brown teria partido para cima de Drake, que o atingiu com um soco. Antes que Brown pudesse reagir, outro homem atingiu o rapper com uma garrafa, abrindo seu queixo. A segurança do bar interveio e separou a briga. Drake foi embora, e Brown teve de ser levado ao hospital.
Brown e Rihanna terminaram seu relacionamento em 2009, depois que ele a agrediu. Apesar disso, tudo indica que estejam se reconciliando. A cantora, no entanto, não estaria nos seus melhores dias. Depois de levantar preocupação entre seus amigos mais próximos por não estar cuidando de sua saúde, Rihanna recebeu um ultimato de Jay-Z, que ameaçou expulsá-la da gravadora Roc Nation caso ela não se cuide.
Na tarde desta quinta-feira, Drake enviou comunicado à imprensa negando que tenha se envolvido em uma briga com Brown.Fonte: veja online
sábado, junho 09, 2012
sexta-feira, junho 08, 2012
MPF recomenda à Marinha medidas para 'coibir' repressão a quilombolas-08/06/2012
Procuradoria proíbe qualquer tipo de coação moral ou física aos residentes.
Marinha disputa posse do território ocupado pelos quilombolas na Justiça.
As denúncias de repressão contra os residentes do quilombo Rio dos Macacos, território situado perto da Base Naval de Aratu, entre as cidades de Salvador e Simões Filho, são focos de ação do Ministério Público Federal (MPF-BA). A Procuradoria direcionou recomendação ao Comando do 2º Distrito Naval da Marinha no dia 1° de junho, com o intuito de coibir "constrangimento físico e moral" aos remanescentes de escravos. A Marinha, que disputa a posse do território na Justiça, tem 15 dias para se posicionar acerca das providências que serão tomadas.
A abertura da representação, assinada pelos procuradores Ovídio Augusto Amoedo Machado e Melina Flores, foi motivada pelas denúncias recebidas pelo órgão e noticiadas na imprensa. No entanto, teve como base um inquérito civil que apura ato de improbidade administrativa feito por militares contra os moradores.
A recomendação prevê que o comandante seja responsável pela tomada de três providências. A primeira aborda a proibição de qualquer tipo de coação física ou moral e adverte que cabe à Justiça resolver o impasse, "a quem compete, exclusivamente, e por meios de seus servidores próprios, executar e fazer cumprir o que for decidido".
Em seguida, os procuradores solicitam que o órgão militar "exerça o controle e a fiscalização efetiva dos atos praticados por oficiais subordinados" e que repreenda qualquer tipo de "prática arbitrária ou agressiva" com medidas disciplinares. E, por fim, recomenda à Marinha que informe ao MPF a ocorrência dos fatos ilícitos.
Há registro de que mais de 200 famílias moram no local, ocupadas pelos quilombolas há cerca de 230 anos. Há uma Ação Reivindicatória, impetrada pela Marinha na 10ª Vara Federal Cível na Bahia, solicitando a reintegração de posse para fins militares. A execução da reintegração seria executada em março deste ano, mas foi suspensa por ordem do governo federal. O órgão militar relata que a suspensão da ação ocorreu com o propósito de "assegurar a conclusão da articulação com as esferas e instâncias do governo responsáveis por uma retirada pacífica, com realocação segura dos réus". Na ocasião, movimentos sociais afirmaram que a comunidade não teve defesa na ação.
'Vivemos em guerra'
As defensorias públicas estadual e federal, além de movimentos sociais, atuam para resolver o impasse, porque existe uma ordem judicial que proíbe qualquer obra no local, segundo relatou a defensora estadual Fabiana Almeida.
Antiga fazenda
Em março, Vilma Reis, presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia (CDCN-BA), explicou ao G1 que a área em que hoje vivem as famílias de quilombolas era fazenda há 238 anos. Segundo ela, em 1972 foram retiradas do local 57 famílias, época em que a Vila Naval foi construída. "Até hoje essas famílias expulsas estão encostadas no muro, porque nunca perderam o vínculo com a comunidade", disse.
Vilma Reis retrata que a fazenda pertencia à família Martins, por décadas dona de grande parte do território do recôncavo baiano, mas que abdicou da propriedade de São Tomé de Paripe com a decadência do açúcar. "Foram se envolver em outras atividades, mas os quilombolas permaneceram no local. Se for lá, ainda vê os restos de fazenda, das correntes e de todo o material que servia para a tortura [dos escravos]. O laudo da Marinha mostra totalmente o contrário", descreve.
Fonte;globo.com
Marinha disputa posse do território ocupado pelos quilombolas na Justiça.
As denúncias de repressão contra os residentes do quilombo Rio dos Macacos, território situado perto da Base Naval de Aratu, entre as cidades de Salvador e Simões Filho, são focos de ação do Ministério Público Federal (MPF-BA). A Procuradoria direcionou recomendação ao Comando do 2º Distrito Naval da Marinha no dia 1° de junho, com o intuito de coibir "constrangimento físico e moral" aos remanescentes de escravos. A Marinha, que disputa a posse do território na Justiça, tem 15 dias para se posicionar acerca das providências que serão tomadas.
A abertura da representação, assinada pelos procuradores Ovídio Augusto Amoedo Machado e Melina Flores, foi motivada pelas denúncias recebidas pelo órgão e noticiadas na imprensa. No entanto, teve como base um inquérito civil que apura ato de improbidade administrativa feito por militares contra os moradores.
A recomendação prevê que o comandante seja responsável pela tomada de três providências. A primeira aborda a proibição de qualquer tipo de coação física ou moral e adverte que cabe à Justiça resolver o impasse, "a quem compete, exclusivamente, e por meios de seus servidores próprios, executar e fazer cumprir o que for decidido".
Em seguida, os procuradores solicitam que o órgão militar "exerça o controle e a fiscalização efetiva dos atos praticados por oficiais subordinados" e que repreenda qualquer tipo de "prática arbitrária ou agressiva" com medidas disciplinares. E, por fim, recomenda à Marinha que informe ao MPF a ocorrência dos fatos ilícitos.
Há registro de que mais de 200 famílias moram no local, ocupadas pelos quilombolas há cerca de 230 anos. Há uma Ação Reivindicatória, impetrada pela Marinha na 10ª Vara Federal Cível na Bahia, solicitando a reintegração de posse para fins militares. A execução da reintegração seria executada em março deste ano, mas foi suspensa por ordem do governo federal. O órgão militar relata que a suspensão da ação ocorreu com o propósito de "assegurar a conclusão da articulação com as esferas e instâncias do governo responsáveis por uma retirada pacífica, com realocação segura dos réus". Na ocasião, movimentos sociais afirmaram que a comunidade não teve defesa na ação.
'Vivemos em guerra'
O G1 conversou no fim do mês de maio com a líder comunitária Rosimeire Silva dos Santos, que narrou o tratamento realizado pelos militares aos moradores. Na ocasião, houve um conflito entre as partes, depois que a Marinha entrou no território para impedir a reconstrução de uma casa de barro que havia sido destruída pela chuva.
"Passamos a noite toda vigiados. Hoje já entrou um camburão. Na madrugada, passaram em frente à casa de meu irmão. Estão dentro do mato. A gente não sabe se vai sair vivo ou morto. Vivemos em guerra, a escola das crianças é arma na cabeça. Tenho muitas balas aqui que guardei", disse ela, que é mãe de quatro filhas. Segundo conta, os militares que cercaram o quilombo utilizaram violência, prática que denuncia ser constante.
"Chegaram com fuzis, metralhadoras e duas caixas de granadas, pelo que viram e me disseram, porque não entendo de arma. Nossos filhos, que correram para abraçar a gente, eles empurraram. Apontaram a arma [contra a criança], mas depois mandaram se retirar. Pisaram em uma senhora, colocaram arma na barriga de minha irmã", afirma Rosimeire. A Marinha do Brasil nega a versão de que fuzileiros navais tenham estado "dentro" da comunidade no período da madrugada. Afirma ainda que é comum o trânsito de militares armados por se tratar de área militar.As defensorias públicas estadual e federal, além de movimentos sociais, atuam para resolver o impasse, porque existe uma ordem judicial que proíbe qualquer obra no local, segundo relatou a defensora estadual Fabiana Almeida.
Antiga fazenda
Em março, Vilma Reis, presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia (CDCN-BA), explicou ao G1 que a área em que hoje vivem as famílias de quilombolas era fazenda há 238 anos. Segundo ela, em 1972 foram retiradas do local 57 famílias, época em que a Vila Naval foi construída. "Até hoje essas famílias expulsas estão encostadas no muro, porque nunca perderam o vínculo com a comunidade", disse.
Vilma Reis retrata que a fazenda pertencia à família Martins, por décadas dona de grande parte do território do recôncavo baiano, mas que abdicou da propriedade de São Tomé de Paripe com a decadência do açúcar. "Foram se envolver em outras atividades, mas os quilombolas permaneceram no local. Se for lá, ainda vê os restos de fazenda, das correntes e de todo o material que servia para a tortura [dos escravos]. O laudo da Marinha mostra totalmente o contrário", descreve.
Fonte;globo.com
STF considera 'incabível' recurso da Bahia sobre salários de professores-08/06/2012
Recurso pedia suspensão de liminar de determinava pagamento de salários.
Professores da rede estadual estão em greve há 59 dias em todo o estado.
O presidente Carlos Ayres Britto, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento ao recurso de suspensão de liminar, impetrado pelo Governo da Bahia, que almejava anular a ordem do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) sobre o pagamento dos salários dos professores estaduais. A categoria está em greve há 59 dias em campanha por reajuste salarial.
A posição do Supremo foi proferida nesta sexta-feira (8) e deve ser publicada no Diário Oficial de Justiça no início da próxima semana. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o recurso foi considerado "incabível", por isso, o mérito não será apreciado pela Corte. "É um balsâmo, alivia muito e dá mais gás ao movimento. Depois de meses de salários confiscados, o Supremo dá um presente desses antes do dia dos namorados", comemora o presidente do sindicato da categoria (APLB), Rui Oliveira.
O corte nos pontos dos profissionais grevistas foi comunicado às 33 diretorias regionais, na capital e no interior do estado, no dia 18 de abril. A medida foi baseada, segundo a secretaria de Educação, na decisão do próprio TJ-BA, que determinou a ilegalidade do movimento grevista. No recurso acerca do pagamento dos salários, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) argumentou que pagar salários vai de encontro com a declaração de ilegalidade afirmada pela Justiça baiana.
Negociação
Representantes do sindicato dos professores estaduais (APLB) se reuniram nesta sexta-feira (8) com o arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, na Residencia Episcopal, em Salvador, para abordar medidas que ajudem a por fim à greve no ensino público. O secretário-geral da APLB, Claudemir Nonato, afirma a categoria fez dois pedidos ao líder católico.
"Primeiro, queremos que ele tente com o governo um possível diálogo, para que possa sentar e discutir o fim da greve. Segundo, queremos que o governo apresente para a categoria a proposta que foi feita à imprensa, de forma escrita", explica o sindicalista. A proposta do governo foi foco de uma reunião entre o sindicato, a secretaria de Administração e o Ministerio Público Estadual. Na ocasião, os sindicalistas discordaram do apresentado.
Claudemir Nonato afirma ainda que o movimento está disposto a abdicar de atuais exigências no sentido de retomar as atividades o mais breve possível. Por isso, o comando de greve se reúne no sábado (9) para elaborar uma contraproposta, que será apresentada aos professores na assembleia marcada para as 9h do dia 12 de junho (terça-feira). A contraproposta, segundo ele, tem como base a do governo. "Vamos nos reunir de antemão e formular a contraproposta", diz.
Proposta
A proposta feita pelo governo prevê reajuste salarial de 22% para aqueles professores que não têm ensino superior. Outros professores teriam os 6,5% aprovados na Assembleia Legislativa da Bahia, além de dois avanços, de 7 a 7,5%, nos meses de novembro deste ano e abril de 2013, respectivamente. O total seria de 22% para os professores que estão em atividade. No entanto, para ter direito ao aumento, os professores teriam que ter presença regular em cursos de qualificação promovidos pelo governo.
"Ela vai atingir 90% a 100% de quem está na ativa. Não estamos falando de provas, nós estamos falando de cursos de qualificação. Ninguém tem que fazer prova, tem que estar presente no curso, se qualificou para poder fazer jus a uma promoção", explica o governador Jaques Wagner.
O sindicato aponta, por outro lado, que a proposta não contempla os professores aposentados, em licença médica e estágio probatório. Afirma ainda que o governo estaria colocando cursos de qualificação no lugar da prova de desempenho, avaliação feita todos os anos, que concede avanços na carreira e aumento de salários a um número limitado de professores.
A categoria insiste na exigência do cumprimento do acordo de novembro de 2011, indicando que o governo se comprometeu a dar a todos os professores reajuste de 22,22%, estabelecido pelo Ministério da Educação como piso nacional do magistério. "Entedemos que não é preciso ter esse caráter [a promoção]. Que pode ser feito de forma automática, sem curso, sem nenhuma restrição", opina Marlene Betros, vice-coordenadora da APLB.
Movimento grevista
Os professores pediram reajuste de 22,22%. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio. Na última terça-feira (29), conseguiram uma liminar da Justiça que determina o pagamento dos sálarios do mês de abril e maio, que estavam suspensos. O Governo da Bahia informou que iria recorrer da decisão.
fonmte; globo.com
Professores da rede estadual estão em greve há 59 dias em todo o estado.
O presidente Carlos Ayres Britto, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento ao recurso de suspensão de liminar, impetrado pelo Governo da Bahia, que almejava anular a ordem do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) sobre o pagamento dos salários dos professores estaduais. A categoria está em greve há 59 dias em campanha por reajuste salarial.
A posição do Supremo foi proferida nesta sexta-feira (8) e deve ser publicada no Diário Oficial de Justiça no início da próxima semana. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o recurso foi considerado "incabível", por isso, o mérito não será apreciado pela Corte. "É um balsâmo, alivia muito e dá mais gás ao movimento. Depois de meses de salários confiscados, o Supremo dá um presente desses antes do dia dos namorados", comemora o presidente do sindicato da categoria (APLB), Rui Oliveira.
O corte nos pontos dos profissionais grevistas foi comunicado às 33 diretorias regionais, na capital e no interior do estado, no dia 18 de abril. A medida foi baseada, segundo a secretaria de Educação, na decisão do próprio TJ-BA, que determinou a ilegalidade do movimento grevista. No recurso acerca do pagamento dos salários, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) argumentou que pagar salários vai de encontro com a declaração de ilegalidade afirmada pela Justiça baiana.
Negociação
Representantes do sindicato dos professores estaduais (APLB) se reuniram nesta sexta-feira (8) com o arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, na Residencia Episcopal, em Salvador, para abordar medidas que ajudem a por fim à greve no ensino público. O secretário-geral da APLB, Claudemir Nonato, afirma a categoria fez dois pedidos ao líder católico.
"Primeiro, queremos que ele tente com o governo um possível diálogo, para que possa sentar e discutir o fim da greve. Segundo, queremos que o governo apresente para a categoria a proposta que foi feita à imprensa, de forma escrita", explica o sindicalista. A proposta do governo foi foco de uma reunião entre o sindicato, a secretaria de Administração e o Ministerio Público Estadual. Na ocasião, os sindicalistas discordaram do apresentado.
Claudemir Nonato afirma ainda que o movimento está disposto a abdicar de atuais exigências no sentido de retomar as atividades o mais breve possível. Por isso, o comando de greve se reúne no sábado (9) para elaborar uma contraproposta, que será apresentada aos professores na assembleia marcada para as 9h do dia 12 de junho (terça-feira). A contraproposta, segundo ele, tem como base a do governo. "Vamos nos reunir de antemão e formular a contraproposta", diz.
Proposta
A proposta feita pelo governo prevê reajuste salarial de 22% para aqueles professores que não têm ensino superior. Outros professores teriam os 6,5% aprovados na Assembleia Legislativa da Bahia, além de dois avanços, de 7 a 7,5%, nos meses de novembro deste ano e abril de 2013, respectivamente. O total seria de 22% para os professores que estão em atividade. No entanto, para ter direito ao aumento, os professores teriam que ter presença regular em cursos de qualificação promovidos pelo governo.
"Ela vai atingir 90% a 100% de quem está na ativa. Não estamos falando de provas, nós estamos falando de cursos de qualificação. Ninguém tem que fazer prova, tem que estar presente no curso, se qualificou para poder fazer jus a uma promoção", explica o governador Jaques Wagner.
O sindicato aponta, por outro lado, que a proposta não contempla os professores aposentados, em licença médica e estágio probatório. Afirma ainda que o governo estaria colocando cursos de qualificação no lugar da prova de desempenho, avaliação feita todos os anos, que concede avanços na carreira e aumento de salários a um número limitado de professores.
A categoria insiste na exigência do cumprimento do acordo de novembro de 2011, indicando que o governo se comprometeu a dar a todos os professores reajuste de 22,22%, estabelecido pelo Ministério da Educação como piso nacional do magistério. "Entedemos que não é preciso ter esse caráter [a promoção]. Que pode ser feito de forma automática, sem curso, sem nenhuma restrição", opina Marlene Betros, vice-coordenadora da APLB.
Movimento grevista
Os professores pediram reajuste de 22,22%. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio. Na última terça-feira (29), conseguiram uma liminar da Justiça que determina o pagamento dos sálarios do mês de abril e maio, que estavam suspensos. O Governo da Bahia informou que iria recorrer da decisão.
fonmte; globo.com
Dupla ameaça à hegemonia petista? Não... 07/06/2012
O bom estado da economia e o carisma de Lula permitiram ao PT fazer barba e bigode do Brasil nos últimos anos. Mas ambos, a economia e Lula, estão mais fracos. Se fosse viva, a oposição poderia tirar partido disso.
O carisma de Lula, esse herói macunaímico, foi fundamental para tornar o Brasil mais inclusivo e para os pobres se sentirem finalmente representados no coração do poder. Lula lá em si já mostrou um país (mais) inclusivo.
Mas ele não está mais lá. E, mais do que o carisma de Lula, foi a ascensão econômica das massas, fruto da adesão petista ao capitalismo, que abriu esse céu de brigadeiro para o projeto PT de dominação nacional.
Mas com a crise global, que de marolinha não tem nada, a economia brasileira perde lustro e velocidade. O consumo das famílias, mola do neocapitalismo petista, dá sinais de exaustão pelo endividamento crescente. Se avançarmos muito nesse endividamento, podemos criar nosso próprio subprime e nossos próprios bancos estressados.
Há coragem e iniciativa na luta de Dilma e equipe contra o alto juro no Brasil. A crise global é uma oportunidade para esse enfrentamento. A arrecadação de tributos voraz também facilita o mínimo equilíbrio fiscal.
Mas o espírito animal dos empresários murchou com a crise e a percepção de que deficiências graves como baixa educação da mão de obra, infraestrutura precária e cara, ambiente de negócios ruim e pesada carga tributária não são enfrentadas de forma convincente pelo país.
Por isso o desenvolvimentismo, segundo previsões do odiado mercado, deve fechar seu segundo ano com expansão econômica abaixo de 3%, menos que a média dos emergentes e dos latino-americanos. Se ficar assim até 2014, a reeleição de Dilma (ou de Lula) pode perder apoio popular e a oposição, ganhar discurso na área econômica que lhe faltou em 2010.
Mas, sem tragédias gregas ou europeias, as economias global e brasileira devem voltar a crescer mais em 2013 e 2014, com as nuvens de 2012 se dissipando na economia.
Já do lado político, a liderança de Lula sofre pela primeira vez contestação mais séria. Suas preferências eleitorais neste ano geram insatisfeitos como Marta Suplicy e outros. O julgamento do mensalão pode manchar, agora oficialmente, o legado lulista. Mais forte do que isso, a inescapável dicotomia Lula versus Dilma, por mais que neguem, é mutuamente desgastante.
Lula tem como prioridades o mensalão e o seu sonho de aniquilar o que restou da oposição (depois de ter "exterminado" a direita, como prometera). As prioridades de Dilma são obviamente outras. Essa oposição entre criador e criatura enfraquece o PT.
Se a oposição fosse mais forte e organizada, as eleições deste ano poderiam ser o primeiro teste mais forte da hegemonia petista. Mas, como sempre nos últimos anos, quem está na ofensiva é o PT. O grande jogo de poder hoje não é disputado por governo e oposição, mas por Dilma e Lula.
Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos "Dinheiro" (2004-2010) e "Mundo" (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha.com às quintas.
Fonte: folha online
O carisma de Lula, esse herói macunaímico, foi fundamental para tornar o Brasil mais inclusivo e para os pobres se sentirem finalmente representados no coração do poder. Lula lá em si já mostrou um país (mais) inclusivo.
Mas ele não está mais lá. E, mais do que o carisma de Lula, foi a ascensão econômica das massas, fruto da adesão petista ao capitalismo, que abriu esse céu de brigadeiro para o projeto PT de dominação nacional.
Mas com a crise global, que de marolinha não tem nada, a economia brasileira perde lustro e velocidade. O consumo das famílias, mola do neocapitalismo petista, dá sinais de exaustão pelo endividamento crescente. Se avançarmos muito nesse endividamento, podemos criar nosso próprio subprime e nossos próprios bancos estressados.
Há coragem e iniciativa na luta de Dilma e equipe contra o alto juro no Brasil. A crise global é uma oportunidade para esse enfrentamento. A arrecadação de tributos voraz também facilita o mínimo equilíbrio fiscal.
Mas o espírito animal dos empresários murchou com a crise e a percepção de que deficiências graves como baixa educação da mão de obra, infraestrutura precária e cara, ambiente de negócios ruim e pesada carga tributária não são enfrentadas de forma convincente pelo país.
Por isso o desenvolvimentismo, segundo previsões do odiado mercado, deve fechar seu segundo ano com expansão econômica abaixo de 3%, menos que a média dos emergentes e dos latino-americanos. Se ficar assim até 2014, a reeleição de Dilma (ou de Lula) pode perder apoio popular e a oposição, ganhar discurso na área econômica que lhe faltou em 2010.
Mas, sem tragédias gregas ou europeias, as economias global e brasileira devem voltar a crescer mais em 2013 e 2014, com as nuvens de 2012 se dissipando na economia.
Já do lado político, a liderança de Lula sofre pela primeira vez contestação mais séria. Suas preferências eleitorais neste ano geram insatisfeitos como Marta Suplicy e outros. O julgamento do mensalão pode manchar, agora oficialmente, o legado lulista. Mais forte do que isso, a inescapável dicotomia Lula versus Dilma, por mais que neguem, é mutuamente desgastante.
Lula tem como prioridades o mensalão e o seu sonho de aniquilar o que restou da oposição (depois de ter "exterminado" a direita, como prometera). As prioridades de Dilma são obviamente outras. Essa oposição entre criador e criatura enfraquece o PT.
Se a oposição fosse mais forte e organizada, as eleições deste ano poderiam ser o primeiro teste mais forte da hegemonia petista. Mas, como sempre nos últimos anos, quem está na ofensiva é o PT. O grande jogo de poder hoje não é disputado por governo e oposição, mas por Dilma e Lula.
Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos "Dinheiro" (2004-2010) e "Mundo" (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha.com às quintas.
Fonte: folha online
Governo da Bahia e empresa negam plágio em estudo ambiental-07/06/2012
O governo da Bahia e a Hydros Engenharia e Planejamento negaram a existência de plágio no estudo de impacto ambiental do Porto Sul, complexo portuário de R$ 3,5 bilhões projetado para Ilhéus (BA).
Eles disseram que o estudo cita explicitamente os autores e que trechos sem aspas e sem referências foram corrigidos.
O Ministério Público Federal havia aberto investigação sobre a suspeita de plágio nos estudos do empreendimento, cuja construção tem valor estimado em R$ 3,5 bilhões
Com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e da iniciativa privada, a construção do porto é uma das principais promessas de campanha do governador Jaques Wagner (PT).
Segundo a Procuradoria, parágrafos inteiros do estudo de impacto ambiental, apresentado como inédito e específico do empreendimento, são idênticos ao de artigo científico publicado em 2007 por dois pesquisadores da UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), na Bahia.
Em nota, o governo disse que o suposto plágio está em trechos de um estudo de autoria da consultoria ICON - Instituto de Conhecimento que diz explicitamente quem os realizou. "São citados os nomes de quem se queixa e de outras entidades."
A nota diz que a "identificação de trechos sem aspas e sem referência já foram objeto de correção nos estudos complementares coordenados pela empresa contratada pelo Estado, inclusive seguindo orientação do Ibama".
Segundo o governo, a equipe técnica que realizou os estudos ambientais é formada por profissionais com experiência e responsabilidade técnica, e que parte deles são professores universitários e profissionais seniores.
A Hydros, empresa responsável pelos estudos, disse que "houve a expressa citação do nome do denunciante no texto e nas suas referências bibliográficas, em respeito aos seus direitos autorais".
Por meio de nota, a empresa disse também que, "considerando nota técnica do Ibama de 2 de fevereiro de 2012, o consórcio realizou nova formatação do texto e procedeu revisão das citações e referências bibliográficas utilizadas, contempladas nos estudos complementares a serem entregues ao Ibama".
Fonte: folha online
Eles disseram que o estudo cita explicitamente os autores e que trechos sem aspas e sem referências foram corrigidos.
O Ministério Público Federal havia aberto investigação sobre a suspeita de plágio nos estudos do empreendimento, cuja construção tem valor estimado em R$ 3,5 bilhões
Com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e da iniciativa privada, a construção do porto é uma das principais promessas de campanha do governador Jaques Wagner (PT).
Segundo a Procuradoria, parágrafos inteiros do estudo de impacto ambiental, apresentado como inédito e específico do empreendimento, são idênticos ao de artigo científico publicado em 2007 por dois pesquisadores da UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), na Bahia.
Em nota, o governo disse que o suposto plágio está em trechos de um estudo de autoria da consultoria ICON - Instituto de Conhecimento que diz explicitamente quem os realizou. "São citados os nomes de quem se queixa e de outras entidades."
A nota diz que a "identificação de trechos sem aspas e sem referência já foram objeto de correção nos estudos complementares coordenados pela empresa contratada pelo Estado, inclusive seguindo orientação do Ibama".
Segundo o governo, a equipe técnica que realizou os estudos ambientais é formada por profissionais com experiência e responsabilidade técnica, e que parte deles são professores universitários e profissionais seniores.
A Hydros, empresa responsável pelos estudos, disse que "houve a expressa citação do nome do denunciante no texto e nas suas referências bibliográficas, em respeito aos seus direitos autorais".
Por meio de nota, a empresa disse também que, "considerando nota técnica do Ibama de 2 de fevereiro de 2012, o consórcio realizou nova formatação do texto e procedeu revisão das citações e referências bibliográficas utilizadas, contempladas nos estudos complementares a serem entregues ao Ibama".
Fonte: folha online
Decisões da Justiça saem até com convite de churrasco-08/-06/2012
Textos "misteriosos" têm aparecido no meio de despachos formais do Judiciário. "Escolha a hora e as palavras certas, mas não espere nem mais um dia para terminar este relacionamento. Seja sincero... Diga: 'Não quero mais' ou 'Não está dando certo' ou 'O amor acabou'", dizia o trecho de uma nota processual publicada no "Diário da Justiça" do RS, no fim do ano passado.
A informação é de reportagem de Carolina Leal publicada na edição desta sexta-feira da Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo especialistas, problemas como esses são fruto de um "copia e cola" equivocado na hora de o servidor publicar um despacho enviado pelo juiz.
O Judiciário gaúcho já tinha protagonizado outra publicação inusitada: "Churrasco de 'Amigos' na casa da Morgana. Dia: 06/12/2008 (...) O que levar??? Bebidas!!! Cada um leva seu fardinho!!!"
"Falta checagem", afirma o vice-presidente da OAB-SP, Marcos da Costa. "O volume de trabalho é muito grande."
Fonte: folha online
A informação é de reportagem de Carolina Leal publicada na edição desta sexta-feira da Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo especialistas, problemas como esses são fruto de um "copia e cola" equivocado na hora de o servidor publicar um despacho enviado pelo juiz.
O Judiciário gaúcho já tinha protagonizado outra publicação inusitada: "Churrasco de 'Amigos' na casa da Morgana. Dia: 06/12/2008 (...) O que levar??? Bebidas!!! Cada um leva seu fardinho!!!"
"Falta checagem", afirma o vice-presidente da OAB-SP, Marcos da Costa. "O volume de trabalho é muito grande."
Fonte: folha online
Justiça nega pedido de Belo para "calar" Viviane Araújo em "A Fazenda"-07/06/2012
O cantor Belo sofreu um revés na sua luta para tentar impedir que sua "honra" seja violada.
Após se casar recentemente com a dançarina Gracyanne Barbosa, ele havia pedido na Justiça que a ex, Viviane Araújo, fosse proibida de fazer comentários que violassem sua "dignidade".
Ele queria que Viviane pagasse multa de R$ 500 mil se isso ocorresse enquanto ela está confinada no reality show "A Fazenda" (Record).
Segundo a coluna Olá, assinada por Vivian Masutti e publicada no jornal "Agora", o pedido foi negado (ainda cabe recurso).
Até o momento, Viviane não disse nada que pudesse abalar a honra do pagodeiro.
Após se casar recentemente com a dançarina Gracyanne Barbosa, ele havia pedido na Justiça que a ex, Viviane Araújo, fosse proibida de fazer comentários que violassem sua "dignidade".
Ele queria que Viviane pagasse multa de R$ 500 mil se isso ocorresse enquanto ela está confinada no reality show "A Fazenda" (Record).
Segundo a coluna Olá, assinada por Vivian Masutti e publicada no jornal "Agora", o pedido foi negado (ainda cabe recurso).
Até o momento, Viviane não disse nada que pudesse abalar a honra do pagodeiro.
Escândalos no Vaticano expõem fracasso da liderança do papa Bento 16- 05/06/2012
Apesar do mordomo pessoal do papa Bento 16 ter sido preso em conexão com o escândalo do "Vatileaks", novos documentos divulgados no final de semana indicam que ele tinha fortes colaboradores que permanecem não identificados. Os documentos secretos expõem a liderança desajeitada e impotente do pontífice na Igreja.
Os dois se conheciam? Um era a fonte do outro? Teriam se unido para prejudicar o chefe da Igreja Católica, o papa Bento 16, nascido na Alemanha?
Poucos em Roma foram objeto de tamanha especulação ultimamente quanto esses dois homens. Mas apesar de sua proximidade física, provavelmente não devem se esbarrar tão cedo.
Um deles está em uma cela de detenção de 16 metros quadrados, na delegacia de polícia do Vaticano, dentro dos domínios papais. Ele está sentado ali há quase duas semanas, e quase todos conhecem seu nome: Paolo Gabriele, 46, mordomo pessoal do papa.
Pouco antes do Pentecostes, o secretário privado de Bento, Monsegneur Georg Gänswein, teria descoberto que Gabriele era um espião. Investigadores encontraram no apartamento de Gabriele quatro caixas com cópias de cartas estritamente confidenciais de e para o papa Bento.
Desde então, Gabriele foi considerado traidor e chamado de "il corvo", animal conhecido por sua capacidade de enganar. Seus advogados dizem que ele vai finalmente ser submetido a questionamentos nesta semana e que está disposto a contar tudo.
Seria este o clímax do chamado escândalo do "Vatileaks", que vem se desenrolando desde janeiro, quando começou a surgir uma série de documentos secretos? Ou será apenas o começo? Não há dúvida que este dilúvio de papéis do Vaticano é um sinal do que a revista italiana "Panorama" chama de uma das "piores crises da história da Santa Sede", ou o que o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi descreveu como "difícil teste" para o papa.
De qualquer forma, é uma história de crime que nem mesmo Dan Brown poderia ter imaginado -na qual Gabriele possivelmente é apenas uma figura marginal, porque a segurança do Vaticano ainda está buscando os verdadeiros mandantes por trás do escândalo.
De fato, eles parecem estar foragidos. Apesar da prisão do mordomo, os vazamentos continuaram. Enquanto o papa estava em uma viagem de três dias para Milão, o jornal italiano "La Repubblica" publicou documentos do Vaticano, sendo dois com a assinatura do secretário.
"Um ato imoral"
Após os mais recentes eventos cercando o escândalo de resultados acertados de jogos da seleção de futebol da Itália, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, sugeriu simplesmente suspender os jogos da série A por dois ou três anos. Muitos romanos acharam que isso não era uma má ideia, a princípio, mas que deveria ser aplicada à Igreja e não ao futebol. Fechem a Santa Sede, concordaram, mas não os estádios.
Mas o Vaticano está na defensiva. Durante sua audiência geral no dia 30 de maio, Bento fez seus primeiros comentários públicos acerca do escândalo do Vatileaks e disse que continua a apoiar seus colegas no Vaticano, leais ou não. O arcebispo Angelo Becciu, subsecretário de Estado do Vaticano, cargo equivalente ao de ministro do interior, disse ao jornal do Vaticano "L'Osservatore Romano" que considerava a publicação de cartas confidenciais "um ato imoral de gravidade inusitada" e estimulou os jornalistas a "evitarem claramente a iniciativa de um colega" a quem não hesita em chamar de criminoso.
Esse colega é Gianluigi Nuzzi. Aos olhos do Vaticano, ele é claramente o verdadeiro culpado por esse assunto. O famoso jornalista investigativo já havia revelado casos de corrupção e lavagem de dinheiro no banco do Vaticano em 2009 em seu livro "Vaticano S.p.A" ou "Vaticano Ltda". Agora o Vaticano está ameaçando entrar na justiça contra sua mais recente obra, "His Holiness: The Secret Papers of Benedict 16" (Sua Santidade: os documentos secretos de Bento 16), publicado no dia 18 de maio. Vários dias depois, o diretor do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, foi demitido de seu cargo por negligência do dever. Reportagens disseram que os memorandos vazados indicam diferenças nas políticas de transparência financeira dentro do Vaticano.
Uma janela única para o Vaticano
Nuzzi acontece de estar hospedado no Hotel Ambasciatori, na Via Veneto de Roma, a uma curta caminhada da delegacia do Vaticano. A rua foi famosa por sua dolce vita,quando o astro diretor Federico Fellini ainda estava vivo e quando nem a Itália nem o Vaticano estavam afundados em crises.
Os dois telefones celulares na mesa de café na frente de Nuzzi estão tocando. Seus colegas informam que um político está pedindo sua prisão. A cada poucos minutos ele é abordado por fãs querendo que assine seus livros, inclusive pessoas que trabalham no Vaticano ali perto. Elas sussurram e se perguntam sobre as misteriosas fontes de Nuzzi.
Apesar de alguns dos documentos não serem nada surpreendentes, as revelações de Nuzzi abrem uma janela única para o funcionamento interno do Vaticano e fornecem prova de como é o jogo político nos domínios do Santo Padre. Eles mostram que, como em toda parte, há mentiras, intrigas e brigas homéricas entre partidos rivais.
Alguns dos 30 faxes revelam aspectos banais da vida diária do papa, tais como ofertas de doações por celebridades e pedidos de audiência. Um documento mostra o número da conta bancária do papa. De fato, dizem que foi este documento que colocou o secretário privado do papa Gänswein na trilha de Gabriele em suas investigações, já que apenas Gabriele poderia ter tido acesso a ele.
Contudo, outros documentos são mais explosivos. Por exemplo, há um memorando que o papa enviou ao embaixador do Vaticano em Berlim, no qual dá ao embaixador permissão para reclamar com a chanceler Angela Merkel por ter criticado o comportamento de Bento na questão cercando um grupo católico controverso, a Sociedade de São Pio X (Sspx). Mas, na maior parte, o livro contém cartas críticas a Tarcisio Bertone, o número dois de Bento, secretário de Estado do Vaticano. Bertone é acusado de ter feito acusações contra um arcebispo que tem fama de querer limpar as coisas, o que levou o arcebispo ser prontamente transferido para outra posição como punição.
Fontes chamadas "Maria"
Nuzzi diz que não tem medo de ações legais e que seu trabalho foi cuidadosa e meticulosamente pesquisado. É claro que ele não vai revelar suas fontes, preferindo em vez disso chamá-las pelo nome coletivo de "Maria". De fato, a história de como ele entrou em contato com Maria parece um filme de aventura, como as reuniões que jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward tinham com sua fonte "Garganta Profunda" em um estacionamento de Washington enquanto investigavam o escândalo de Watergate.
Nuzzi alega que se encontrou com dois intermediadores no ano passado, que examinaram sua confiabilidade e o levaram a um apartamento vazio no bairro de Prati, em Roma, após tomarem uma rota confusa. Ali, ele diz que pediram que se sentasse em uma cadeira de plástico oposta a sua principal fonte, que "nunca aceitou nenhum centavo", segundo Nuzzi. Ele confirma que "Maria" de fato eram vários indivíduos e que as pessoas que deram documentos a ele "sabiam o que estavam fazendo".
Nuzzi diz que os indivíduos da Santa Sede com quem teve contato estavam frustrados com a cultura intolerável de segredos e acobertamentos no Vaticano e que este era o motivo por trás de suas ações. Ele diz que espera gerar um debate, uma perestroica -apesar de isso parecer um exagero e um tanto inocente.
Seu livro de forma alguma é para denegrir o papa, acrescenta Nuzzi. Pelo contrário, ele vê o papa como revolucionário, pois acredita que Bento 16 quer trazer alguma transparência aos negócios do banco do Vaticano e combateu a pedofilia mais do que seus predecessores. De fato, ele espera que sua revelação proteja o papa, ou ao menos é o que diz. Mas na realidade, Nuzzi está prejudicando o papa porque os documentos revelam principalmente uma coisa: a debilidade de Bento 16 como líder.
"O mais chocante foi ver como esse papa é solitário e quanto trabalho ele tem para manter o grupo unido ou sua dificuldade de obter informações, diante de todas as intrigas e filtragens em torno dele", diz Nuzzi.
A especulação continua
Ainda não se sabe quem vazou os documentos de Nuzzi e quem queria que o mundo descobrisse sobre o suposto estado deplorável dentro do Vaticano. Ainda assim, há muita especulação na Praça São Pedro e durante as conferências de imprensa agora diárias na Sala Stampa, frequentada por um porta-voz papal envergonhado e observadores do Vaticano que têm que escrever várias páginas de reportagens sobre as intrigas do palácio na corte de Bento 16 diariamente.
Essas especulações por vezes estão relacionadas com lutas por poder entre as altas autoridades da Igreja italiana, que visam colocar seus candidatos favoritos em boas posições para a próxima eleição papal. Outros especulam que envolve a conspiração contra Bertone, o número dois no Vaticano e confidente do papa, a quem muitos veem como excessivamente presunçoso. Defensores dessa teoria salientam que após o recente escândalo de pedofilia, houve um período no qual as pessoas dentro da Igreja estavam pedindo a renúncia de Bertone.
Mais que tudo, o escândalo do Vatileaks e as revelações de Nuzzi demonstram que ainda é difícil revelar o funcionamento interno político do Vaticano ao público. Neste sentido, pouco mudou por trás dos muros da Santa Sede.
De fato, Gabriele não é o primeiro espião a ser exposto. No que agora parece ser um caso praticamente esquecido, houve outro corvo que ironicamente trabalhou para outro papa que escolheu o nome Bento. Rudolf Von Gerlach, o camareiro papal, tentou frustrar políticas de Bento 15, que tinha a intenção de salvaguardar a neutralidade da Igreja durante a Primeira Guerra Mundial.
Von Gerlach, que tinha muito mais influência que Gabriele, um simples mordomo, fomentou laços excelentes com a Alemanha e seus aliados. Gerlach foi acusado de traição; Bento 15 ficou preso em um fogo cruzado e achou vítima de uma conspiração anticlerical.
E o que aconteceu a Von Gerlach? Apesar de ser condenado à prisão perpétua, ele finalmente foi solto. Então, morou na Suíça, onde ele abandonou a batina, viveu uma vida extravagante e nutriu laços extremamente próximos com o papa em Roma para o resto de sua vida.
Em outras palavras, ser brevemente detido nas masmorras do Vaticano não necessariamente significa o fim de uma carreira.
Fonte: uol noticias
Os dois se conheciam? Um era a fonte do outro? Teriam se unido para prejudicar o chefe da Igreja Católica, o papa Bento 16, nascido na Alemanha?
Poucos em Roma foram objeto de tamanha especulação ultimamente quanto esses dois homens. Mas apesar de sua proximidade física, provavelmente não devem se esbarrar tão cedo.
Um deles está em uma cela de detenção de 16 metros quadrados, na delegacia de polícia do Vaticano, dentro dos domínios papais. Ele está sentado ali há quase duas semanas, e quase todos conhecem seu nome: Paolo Gabriele, 46, mordomo pessoal do papa.
Pouco antes do Pentecostes, o secretário privado de Bento, Monsegneur Georg Gänswein, teria descoberto que Gabriele era um espião. Investigadores encontraram no apartamento de Gabriele quatro caixas com cópias de cartas estritamente confidenciais de e para o papa Bento.
Desde então, Gabriele foi considerado traidor e chamado de "il corvo", animal conhecido por sua capacidade de enganar. Seus advogados dizem que ele vai finalmente ser submetido a questionamentos nesta semana e que está disposto a contar tudo.
Seria este o clímax do chamado escândalo do "Vatileaks", que vem se desenrolando desde janeiro, quando começou a surgir uma série de documentos secretos? Ou será apenas o começo? Não há dúvida que este dilúvio de papéis do Vaticano é um sinal do que a revista italiana "Panorama" chama de uma das "piores crises da história da Santa Sede", ou o que o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi descreveu como "difícil teste" para o papa.
De qualquer forma, é uma história de crime que nem mesmo Dan Brown poderia ter imaginado -na qual Gabriele possivelmente é apenas uma figura marginal, porque a segurança do Vaticano ainda está buscando os verdadeiros mandantes por trás do escândalo.
De fato, eles parecem estar foragidos. Apesar da prisão do mordomo, os vazamentos continuaram. Enquanto o papa estava em uma viagem de três dias para Milão, o jornal italiano "La Repubblica" publicou documentos do Vaticano, sendo dois com a assinatura do secretário.
"Um ato imoral"
Após os mais recentes eventos cercando o escândalo de resultados acertados de jogos da seleção de futebol da Itália, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, sugeriu simplesmente suspender os jogos da série A por dois ou três anos. Muitos romanos acharam que isso não era uma má ideia, a princípio, mas que deveria ser aplicada à Igreja e não ao futebol. Fechem a Santa Sede, concordaram, mas não os estádios.
Mas o Vaticano está na defensiva. Durante sua audiência geral no dia 30 de maio, Bento fez seus primeiros comentários públicos acerca do escândalo do Vatileaks e disse que continua a apoiar seus colegas no Vaticano, leais ou não. O arcebispo Angelo Becciu, subsecretário de Estado do Vaticano, cargo equivalente ao de ministro do interior, disse ao jornal do Vaticano "L'Osservatore Romano" que considerava a publicação de cartas confidenciais "um ato imoral de gravidade inusitada" e estimulou os jornalistas a "evitarem claramente a iniciativa de um colega" a quem não hesita em chamar de criminoso.
Esse colega é Gianluigi Nuzzi. Aos olhos do Vaticano, ele é claramente o verdadeiro culpado por esse assunto. O famoso jornalista investigativo já havia revelado casos de corrupção e lavagem de dinheiro no banco do Vaticano em 2009 em seu livro "Vaticano S.p.A" ou "Vaticano Ltda". Agora o Vaticano está ameaçando entrar na justiça contra sua mais recente obra, "His Holiness: The Secret Papers of Benedict 16" (Sua Santidade: os documentos secretos de Bento 16), publicado no dia 18 de maio. Vários dias depois, o diretor do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, foi demitido de seu cargo por negligência do dever. Reportagens disseram que os memorandos vazados indicam diferenças nas políticas de transparência financeira dentro do Vaticano.
Uma janela única para o Vaticano
Nuzzi acontece de estar hospedado no Hotel Ambasciatori, na Via Veneto de Roma, a uma curta caminhada da delegacia do Vaticano. A rua foi famosa por sua dolce vita,quando o astro diretor Federico Fellini ainda estava vivo e quando nem a Itália nem o Vaticano estavam afundados em crises.
Os dois telefones celulares na mesa de café na frente de Nuzzi estão tocando. Seus colegas informam que um político está pedindo sua prisão. A cada poucos minutos ele é abordado por fãs querendo que assine seus livros, inclusive pessoas que trabalham no Vaticano ali perto. Elas sussurram e se perguntam sobre as misteriosas fontes de Nuzzi.
Apesar de alguns dos documentos não serem nada surpreendentes, as revelações de Nuzzi abrem uma janela única para o funcionamento interno do Vaticano e fornecem prova de como é o jogo político nos domínios do Santo Padre. Eles mostram que, como em toda parte, há mentiras, intrigas e brigas homéricas entre partidos rivais.
Alguns dos 30 faxes revelam aspectos banais da vida diária do papa, tais como ofertas de doações por celebridades e pedidos de audiência. Um documento mostra o número da conta bancária do papa. De fato, dizem que foi este documento que colocou o secretário privado do papa Gänswein na trilha de Gabriele em suas investigações, já que apenas Gabriele poderia ter tido acesso a ele.
Contudo, outros documentos são mais explosivos. Por exemplo, há um memorando que o papa enviou ao embaixador do Vaticano em Berlim, no qual dá ao embaixador permissão para reclamar com a chanceler Angela Merkel por ter criticado o comportamento de Bento na questão cercando um grupo católico controverso, a Sociedade de São Pio X (Sspx). Mas, na maior parte, o livro contém cartas críticas a Tarcisio Bertone, o número dois de Bento, secretário de Estado do Vaticano. Bertone é acusado de ter feito acusações contra um arcebispo que tem fama de querer limpar as coisas, o que levou o arcebispo ser prontamente transferido para outra posição como punição.
Fontes chamadas "Maria"
Nuzzi diz que não tem medo de ações legais e que seu trabalho foi cuidadosa e meticulosamente pesquisado. É claro que ele não vai revelar suas fontes, preferindo em vez disso chamá-las pelo nome coletivo de "Maria". De fato, a história de como ele entrou em contato com Maria parece um filme de aventura, como as reuniões que jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward tinham com sua fonte "Garganta Profunda" em um estacionamento de Washington enquanto investigavam o escândalo de Watergate.
Nuzzi alega que se encontrou com dois intermediadores no ano passado, que examinaram sua confiabilidade e o levaram a um apartamento vazio no bairro de Prati, em Roma, após tomarem uma rota confusa. Ali, ele diz que pediram que se sentasse em uma cadeira de plástico oposta a sua principal fonte, que "nunca aceitou nenhum centavo", segundo Nuzzi. Ele confirma que "Maria" de fato eram vários indivíduos e que as pessoas que deram documentos a ele "sabiam o que estavam fazendo".
Nuzzi diz que os indivíduos da Santa Sede com quem teve contato estavam frustrados com a cultura intolerável de segredos e acobertamentos no Vaticano e que este era o motivo por trás de suas ações. Ele diz que espera gerar um debate, uma perestroica -apesar de isso parecer um exagero e um tanto inocente.
Seu livro de forma alguma é para denegrir o papa, acrescenta Nuzzi. Pelo contrário, ele vê o papa como revolucionário, pois acredita que Bento 16 quer trazer alguma transparência aos negócios do banco do Vaticano e combateu a pedofilia mais do que seus predecessores. De fato, ele espera que sua revelação proteja o papa, ou ao menos é o que diz. Mas na realidade, Nuzzi está prejudicando o papa porque os documentos revelam principalmente uma coisa: a debilidade de Bento 16 como líder.
"O mais chocante foi ver como esse papa é solitário e quanto trabalho ele tem para manter o grupo unido ou sua dificuldade de obter informações, diante de todas as intrigas e filtragens em torno dele", diz Nuzzi.
A especulação continua
Ainda não se sabe quem vazou os documentos de Nuzzi e quem queria que o mundo descobrisse sobre o suposto estado deplorável dentro do Vaticano. Ainda assim, há muita especulação na Praça São Pedro e durante as conferências de imprensa agora diárias na Sala Stampa, frequentada por um porta-voz papal envergonhado e observadores do Vaticano que têm que escrever várias páginas de reportagens sobre as intrigas do palácio na corte de Bento 16 diariamente.
Essas especulações por vezes estão relacionadas com lutas por poder entre as altas autoridades da Igreja italiana, que visam colocar seus candidatos favoritos em boas posições para a próxima eleição papal. Outros especulam que envolve a conspiração contra Bertone, o número dois no Vaticano e confidente do papa, a quem muitos veem como excessivamente presunçoso. Defensores dessa teoria salientam que após o recente escândalo de pedofilia, houve um período no qual as pessoas dentro da Igreja estavam pedindo a renúncia de Bertone.
Mais que tudo, o escândalo do Vatileaks e as revelações de Nuzzi demonstram que ainda é difícil revelar o funcionamento interno político do Vaticano ao público. Neste sentido, pouco mudou por trás dos muros da Santa Sede.
De fato, Gabriele não é o primeiro espião a ser exposto. No que agora parece ser um caso praticamente esquecido, houve outro corvo que ironicamente trabalhou para outro papa que escolheu o nome Bento. Rudolf Von Gerlach, o camareiro papal, tentou frustrar políticas de Bento 15, que tinha a intenção de salvaguardar a neutralidade da Igreja durante a Primeira Guerra Mundial.
Von Gerlach, que tinha muito mais influência que Gabriele, um simples mordomo, fomentou laços excelentes com a Alemanha e seus aliados. Gerlach foi acusado de traição; Bento 15 ficou preso em um fogo cruzado e achou vítima de uma conspiração anticlerical.
E o que aconteceu a Von Gerlach? Apesar de ser condenado à prisão perpétua, ele finalmente foi solto. Então, morou na Suíça, onde ele abandonou a batina, viveu uma vida extravagante e nutriu laços extremamente próximos com o papa em Roma para o resto de sua vida.
Em outras palavras, ser brevemente detido nas masmorras do Vaticano não necessariamente significa o fim de uma carreira.
Fonte: uol noticias
Ex-chefe de banco do Vaticano preparou dossiê secreto, diz fonte-07/06/2012
NÁPOLES, Itália, 7 Jun (Reuters) - Policiais italianos que fizeram buscas na casa e no escritório de Ettore Gotti Tedeschi, ex-chefe do banco do Vaticano, descobriram um dossiê confidencial relativo aos três anos que passou no cargo, disse uma fonte judicial na quinta-feira.
O dossiê parece ter sido preparado por Gotti Tesdeschi para se defender das acusações sobre irregularidades na sua gestão à frente do banco Instituto para as Obras da Religião (IOR), do qual foi demitido em 24 de maio, após o conselho da instituição aprovar uma moção de desconfiança acusando-o de negligência.
A demissão excepcionalmente repentina, que se seguiu à prisão do mordomo pessoal do papa Bento 16, pela acusação de furtar documentos pontifícios, marcou o auge de um escândalo de vazamentos que abala o Vaticano desde janeiro.
A polícia fez na terça-feira buscas no domicílio de Gotti Tedeschi em Piacenza e no seu escritório em Milão (ambas no norte do país), cumprindo ordem de promotores de Nápoles (sul) que investigam supostos episódios de corrupção envolvendo a empresa bélica Finmeccanica.
Os promotores napolitanos e o Vaticano dizem que a investigação da Finmeccanica não tem nada a ver com o banco do Vaticano, e que Gotti Tedeschi não foi posto sob suspeita nesse caso.
A fonte judicial disse que o dossiê encontrado durante as buscas foi entregue a promotores de Roma que investigam acusações de lavagem de dinheiro envolvendo o IOR.
Fabio Palazzo, advogado de Gotti Tedeschi, disse que a polícia "confiscou" anotações que seu cliente considerava úteis na sua defesa contra as acusações feitas no conselho do IOR.
Gotti Tedeschi e o diretor-geral do IOR, Paolo Cipriani, foram postos sob suspeita em 2010, quando o banco não conseguiu explicar a origem de 23 milhões de euros transferidos pelo banco pontifício entre contas mantidas pela instituição em dois outros bancos. O valor chegou a ser congelado por promotores, mas acabou sendo liberado.
Católico conservador, Gotti Tedeschi, de 67 anos, participa do conselho do banco estatal italiano Cassa Depositi e Prestiti, e é presidente de operações bancárias de varejo na Itália do Banco Santander.
Fonte: uol.noticias
O dossiê parece ter sido preparado por Gotti Tesdeschi para se defender das acusações sobre irregularidades na sua gestão à frente do banco Instituto para as Obras da Religião (IOR), do qual foi demitido em 24 de maio, após o conselho da instituição aprovar uma moção de desconfiança acusando-o de negligência.
A demissão excepcionalmente repentina, que se seguiu à prisão do mordomo pessoal do papa Bento 16, pela acusação de furtar documentos pontifícios, marcou o auge de um escândalo de vazamentos que abala o Vaticano desde janeiro.
A polícia fez na terça-feira buscas no domicílio de Gotti Tedeschi em Piacenza e no seu escritório em Milão (ambas no norte do país), cumprindo ordem de promotores de Nápoles (sul) que investigam supostos episódios de corrupção envolvendo a empresa bélica Finmeccanica.
Os promotores napolitanos e o Vaticano dizem que a investigação da Finmeccanica não tem nada a ver com o banco do Vaticano, e que Gotti Tedeschi não foi posto sob suspeita nesse caso.
A fonte judicial disse que o dossiê encontrado durante as buscas foi entregue a promotores de Roma que investigam acusações de lavagem de dinheiro envolvendo o IOR.
Fabio Palazzo, advogado de Gotti Tedeschi, disse que a polícia "confiscou" anotações que seu cliente considerava úteis na sua defesa contra as acusações feitas no conselho do IOR.
Gotti Tedeschi e o diretor-geral do IOR, Paolo Cipriani, foram postos sob suspeita em 2010, quando o banco não conseguiu explicar a origem de 23 milhões de euros transferidos pelo banco pontifício entre contas mantidas pela instituição em dois outros bancos. O valor chegou a ser congelado por promotores, mas acabou sendo liberado.
Católico conservador, Gotti Tedeschi, de 67 anos, participa do conselho do banco estatal italiano Cassa Depositi e Prestiti, e é presidente de operações bancárias de varejo na Itália do Banco Santander.
Fonte: uol.noticias
Verdade sobre novos escândalos no Vaticano jamais será revelada, assim como casos do passado-08/06/2012
A detenção do mordomo do papa deixou a descoberto uma guerra de poder no Vaticano. O cardeal Bertone enviou para o exílio alguns de seus colaboradores mais queridos. Bento 16 tenta obter uma trégua, mas a luta é encarniçada.
Nesta história cheia de traição, métodos obscuros, soldados do Altíssimo que lutam pelo poder com armas do demônio, um mordomo ladrão, um papa doente e um banco que usa o nome de Deus em vão, talvez o único homem bom seja o padre George.
George Gänswein é alemão, tem 57 anos, 1,80 metros de altura, corpo atlético, cabelos louros, olhos claros. Há nove anos é o secretário pessoal de Joseph Ratzinger, e há alguns meses seu único antídoto contra o ar envenenado do Vaticano. Um dia não muito distante, chegou ao seu número de fax - ao qual poucas pessoas têm acesso - uma carta comprometedora dirigida ao papa.
Depois que Bento 16 a lesse, monsenhor Gänswein decidiu guardá-la em seu pequeno escritório situado dentro do apartamento papal. Não convinha que aquela missiva saísse dançando por um Vaticano transformado em campo de batalha. Por isso, quando o padre George a viu publicada em um livro, com dezenas de documentos secretos, soube imediatamente que o traidor, o corvo, a toupeira, tinha de ser alguém muito próximo. Alguém da família.
Assim são chamados intramuros. A família pontifícia. A família do papa. Os habitantes do Apartamento - assim, com A maiúsculo, é como escrevem no Vaticano - no qual Joseph Ratzinger, mais caseiro que seu antecessor, o muito viajante Karol Wojtyla, passa a maior parte do dia. Além do padre George e do outro secretário, o sacerdote maltês Alfred Xuereb, "a família do papa" é composta por quatro laicas consagradas - Carmela, Loredana, Cristina e Rosella -, uma freira que o ajuda nos trabalhos de estudo e escrita, sóror Birgit Wansing, e um assistente de câmara, Paolo Gabriele, seu fiel Paoletto, o primeiro que há seis anos lhe dá bom-dia, o ajuda a vestir-se e a celebrar a missa, o acompanha em todas as audiências públicas e privadas, lhe serve o café da manhã, o vinho nas refeições e a infusão da tarde, o acompanha em seus passeios pelo jardim do terraço e, ao cair da noite, o ajuda a despir-se e ir para a cama.
"Boa noite, santidade."
A noite de 22 de maio foi a última em que Paolo Gabriele, 46, casado e com três filhos e dupla cidadania - italiana e vaticana -, acompanhou o papa. No dia seguinte, a Gendarmeria do Vaticano se apresentou em sua casa na Via de Porta Angelica, sobre o muro que separa os dois Estados, e o deteve. O segredo foi mantido por dois dias. No dia 25, no entanto, a notícia vazou: detido o mordomo do papa por revelar e divulgar documentos secretos. Os jornalistas buscam imagens do corvo, ou traidor. Não é difícil encontrá-las. Basta olhar as fotos do papamóvel. Junto do motorista, sempre com ar sério, aparece Paolo Gabriele. Atrás, de pé, distribuindo bênçãos, o papa, e no último assento, sorridente, o padre George Gänswein.
Se não fosse por seu físico - a revista "Vanity Fair" chegou a chamá-lo de monsenhor George Clooney -, o teólogo alemão seria um perfeito desconhecido. Até alguns meses atrás, George Gänswein executava exclusivamente seu papel de discreto ajudante de Joseph Ratzinger, sua sombra desde 1996, quando o então cardeal prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a antiga Inquisição, o chamou para o seu lado. No entanto, de um tempo para cá, padre George não teve remédio senão desempenhar um papel mais delicado: o de passagem secreta para ver o papa.
Aos 85 anos, Bento 16 vive isolado em seu Apartamento, encurralado pelas lutas entre os cardeais que tentam ganhar poder antes da celebração do próximo conclave. Ratzinger é um homem idoso e doente, mas é, sobretudo, um homem só. Seu velho amigo e teórico braço-direito, Tarcisio Bertone, o secretário de Estado do Vaticano, foi se afastando dele e ao mesmo tempo se transformou no inimigo a vencer pelos demais cardeais italianos.
É acusado de ambição desmedida, de relações perigosas com os poderes fortes da Itália, inclusive de se deixar influir por "ambientes maçônicos". O papa, que nos últimos tempos observou com tristeza como o cardeal Bertone demitiu ou enviou para o exílio alguns de seus colaboradores mais queridos, sempre responde com a mesma frase a quem o aconselha a mudar de secretário de Estado; "Já sou um papa velho..."
Tenta obter uma trégua, mas o resultado é o contrário. A luta é cada vez mais encarniçada. Bertone se radicaliza e seus inimigos também não descansam. Sentado junto ao fax do Apartamento, o padre George continua recebendo cartas terríveis dirigidas a Bento 16.
Joseph Ratzinger não se parece em nada com Karol Wojtyla. É verdade que uma grande amizade os unia e que João Paulo 2º se apoiou no cardeal alemão até sua morte. O polonês era luminoso, cordial, incansável. Passava o dia apertando mãos, sorrindo, percorrendo o mundo. Em tal medida que, ainda hoje, quando se passeia pelo centro de Roma, dá a impressão de que o papa continua sendo o polonês, porque seus postais são os mais presentes, os que mais vendem.
Não era difícil, portanto, falar com João Paulo 2º, fazer-lhe chegar uma mensagem. Bento 16, por sua vez, não se apaixona pelas relações humanas. É tímido, embora cordial, sisudo, paciente, amante da leitura, mais pendente dos assuntos do céu que dos da terra. De fato, só alguns cardeais escolhidos - Ruini, Scola, Bagnasco - conseguiram demonstrar pessoalmente a ele sua opinião desfavorável sobre Bertone. Ocorreu há um ano, durante um almoço no Palácio de Castel Gandolfo, a residência de verão do papa. Os demais têm de se conformar com utilizar um canal: o fax do padre George Gänswein...
Um canal que, desde o último verão, deixa de ser seguro. O primeiro golpe chega com a divulgação, através de um programa de televisão, de uma carta do arcebispo Carlo Maria Viganò, atual núncio nos EUA, na qual conta ao papa diversos casos de corrupção dentro do Vaticano e lhe pede para não ser removido de seu cargo de secretário-geral do Governatório - o departamento encarregado de licitações e fornecimentos. Viganò, porém, é enviado para longe de Roma pelo secretário de Estado, Tarcisio Bertone. Diversas fontes afirmam que o papa chegou a chorar com essa decisão, mas não se atreveu a contradizer Bertone.
O segundo vazamento revela um suposto complô para matar o pontífice. Trata-se de uma carta muito recente enviada a Bento 16 pelo cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos, na qual lhe conta que o cardeal italiano Paolo Romeo, arcebispo de Palermo (Sicília), acaba de realizar uma viagem à China durante a qual teria comentado: "O papa morrerá em 12 meses". Mas não só isso. Segundo a carta do bispo colombiano, escrita em alemão e sob o selo de "estritamente confidencial", o arcebispo de Palermo despachou à vontade no país asiático, contando supostos segredos do Vaticano, como que o papa e seu número 2, Bertone, têm vontade de se matar reciprocamente e que Bento 16 está deixando tudo bem amarrado para que seu sucessor à frente da Igreja seja o atual arcebispo de Milão, o cardeal Angelo Scola.
Aqueles vazamentos de documentos, embora ainda a conta-gotas, causam comoção no Vaticano. Seu porta-voz, o padre Federico Lombardi, chega a admitir que a Igreja está sofrendo seu "Vaticanleaks" particular. O jornal "L'Osservatore Romano" publica um editorial em que descreve a situação de Bento 16: um pastor cercado por lobos.
Enquanto isso, Paolo Gabriele continua chegando todos os dias às 6 da manhã ao Apartamento para acordar o papa. É um privilegiado. Todos os funcionários do Vaticano o são. Não ganham um grande salário, mas fazem parte do plantel de uma empresa com 20 séculos de antiguidade, que dificilmente irá à falência, com prestígio social na cidade de Roma e uma série de vantagens - moradia dentro dos 40 hectares do Vaticano, gasolina muito barata - que na maioria dos casos são herdadas por seus filhos. A tempestade que nestes dias - o final de 2011 - açoita a Igreja passará. Como sempre, pelos séculos dos séculos.
Há uma anedota muito representativa. Há alguns anos, um jornalista espanhol perguntou a um cardeal sobre um conflito no seio da Igreja. O purpurado, muito sério, iniciou assim sua resposta: "Já tivemos esse problema no século 13...".
A resposta, embora com outras palavras, continua sendo a mesma, inclusive a mais comum durante os dias posteriores à detenção de Paoletto: "Já tivemos problemas parecidos, inclusive maiores, e sempre seguimos em frente. Talvez o que mude agora é a velocidade e a magnitude na difusão da notícia. Isso, e não sua gravidade, é o que amplia o problema". O problema, uma guerra de poder, puramente italiana. Tanto os sobrenomes que ilustram essa história de intrigas e golpes baixos como as armas escolhidas para o duelo têm denominação de origem. "Um típico jogo italiano", o qualificam alguns meios de informação. Além disso, há uma razão de peso para que seja assim.
A cadeira de Pedro continua sendo ocupada por um estrangeiro desde 1978. A um papa polonês (João Paulo 2º, de 1978 a 2005) sucedeu um papa alemão (Bento 16, de então até hoje) e, se os cardeais italianos com menos de 80 anos - os que podem participar do conclave - não estiverem atentos poderão perder uma oportunidade de ouro. Atualmente, os cardeais eleitores são 122. Italianos, 30 (menos de um quarto), 11 americanos e seis alemães. Se quando Ratzinger morrer ou se demitir não o suceder um italiano, na próxima vez será mais difícil.
Antes inclusive do escândalo, já era patente o peso excessivo da Igreja italiana no Vaticano. Praticamente todos os cargos de responsabilidade relacionados às finanças estão em mãos italianas, apesar de os maiores contribuintes serem americanos e alemães. Da mesma forma, embora os EUA, a Ásia e a África sejam mais o presente que o futuro da Igreja Católica, no último consistório, realizado em 18 de fevereiro passado, não foi nomeado nenhum cardeal africano, e só um latino-americano.
Há alguns dias, um alto representante do Vaticano manifestou sua contrariedade: "Na América Latina já estão 47% dos católicos do mundo. Ali as igrejas estão cheias e na Europa vazias, mas o Vaticano continua demorando muito para nomear cardeais que não sejam europeus...". Miloslav Vlk, cardeal de Praga e porta-voz da Igreja Internacional, o diz sem rodeios: "Talvez tenhamos perdido o impulso que nos deram Paulo 6º e João Paulo 2º e depois recolhido por Bento 16: uma Igreja que se abre para o mundo, um colégio cardinalício e uma Cúria mais internacionais, e portanto mais capazes de escutar as vozes e captar a energia que chegam também de longe".
A detenção do mordomo ocorre algumas horas depois de outro fato muito grave. A demissão fulminante de Ettore Gotti Tedeschi, presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como Banco Vaticano. A primeira explicação fala em "irregularidades em sua gestão", mas depois o tom vai aumentando até chegar quase ao linchamento. A primeira explicação oficial critica o economista de 67 anos por "não ter desenvolvido funções de primeira importância para seu cargo".
A verdade é que o Banco Vaticano está sendo submetido desde setembro passado a uma investigação judicial por suposta violação das normas contra a lavagem de capitais. Além de Gotti Tedeschi - presidente também do Santander Consumer Bank, a filial italiana do Banco Santander -, a promotoria investiga o diretor-geral do IOR, Paolo Cipriani. O diretor mostra-se enfurecido em suas declarações à imprensa: "Prefiro não falar. Se o fizesse, só diria palavras feias. Debato-me entre a ânsia de explicar a verdade e não querer turvar o Santo Padre com tais explicações".
Tedeschi é dos poucos que guarda fidelidade ao papa. De fato, foi o próprio Joseph Ratzinger quem o recomendou a Bertone. Eram mais que velhos amigos. O economista, membro do Opus Dei, havia colaborado com o papa na encíclica "Caritas in veritate". Agora, a colaboração que lhe pedia era mais terrena, e, portanto, mais difícil: resgatar das mãos do demônio as contas de Deus. Limpar o Banco Vaticano. Bertone e Tedeschi se chocam. Parece que há tempo não se falam. O economista amigo do papa ameaça se demitir. O secretário de Estado se adianta e o demite. Mas não se contenta com isso. Em plena guerra de vazamentos, aparece um documento no qual se ataca o já ex-presidente...
O assunto fica em segundo lugar. Toda a atenção agora está concentrada na sorte de Paolo Gabriele. A primeira pergunta é: por que fez isso? A segunda: para quem? Roma é tomada por um bando de corvos anônimos que se dizem companheiros de Paoletto, uma espécie de cruzada contra os assuntos turvos do Vaticano. "Paoletto não está só", afirmam, "somos muitos, inclusive muito acima. Queremos defender o papa, denunciar a corrupção, fazer limpeza no Vaticano."
As vozes anônimas confirmam o que já se sabia - o Vaticano é há meses um campo de batalha entre diferentes facções que lutam pelo poder -, mas suas teóricas intenções são difíceis de acreditar. Tão incríveis quanto alguns detalhes da operação: à frente estaria uma mulher e a tropa seria formada por uma plêiade de vingadores, de cardeais a mordomos, incluindo um pirata informático. Seu principal objetivo: proteger o papa de Tarcisio Bertone.
Depois de vários dias em silêncio, o papa fala. Mas não diz nada. Remonta 20 séculos atrás para lembrar que Jesus também foi traído. Acusa os meios de comunicação de ampliar o problema e confirma em seus cargos todos os seus colaboradores - incluindo Tarcisio Bertone Os muros do Vaticano se fecham ainda mais. O mistério, sempre presente nas histórias religiosas e laicas de Roma, envolve tudo. Paoletto já falou? Disse se roubou a correspondência do papa por sua conta ou por encomenda? Talvez seja o padre George, sentado junto a seu fax, o único que sabe a verdade, talvez o único que cumpra sua função de proteger o papa. Ou talvez não. Se em alguma coisa concordam crentes e descrentes de um lado e outro do Tibre é em que, como é habitual nos assuntos referentes ao Vaticano, jamais se saberá a verdade. Nunca se conhecerá o verdadeiro chefe de Paolo Gabriele, a identidade do corvo vestido de púrpura.
A Igreja Católica, que precisa da fé para continuar existindo, continua sentindo-se cômoda na obscuridade. "Já tivemos esse problema no século 13..." Em sua primeira encíclica - "Deus caritas est" (2005) -, Bento 16 citava uma frase de santo Agostinho que hoje soa profética: "Sem justiça, o que são os reinos senão um grande bando de ladrões?"
Intrigas e as lutas de poder provocaram escândalos durante séculos
Corvos no Vaticano? Maledicência e contas pendentes resolvidas nos meios de comunicação? "Peccata minuta" diante do histórico de escândalos do Estado pontifício, um território de apenas meio quilômetro quadrado onde as lutas de poder e a ambição sem limites criaram um microclima insano durante séculos. Não é preciso retroagir aos tempos dos Borgia (transformados, com fama de envenenadores, em bodes-expiatórios de toda a depravação do Renascimento italiano) para encontrar episódios sombrios desse suposto centro da espiritualidade cristã.
Em 28 de setembro de 1978, morria aos 65 anos João Paulo 1º, o italiano Albino Luciani, 33 dias depois de ser eleito papa. Oficialmente morreu de infarto, mas o cadáver de um pontífice nunca é submetido a autópsia. As teorias conspiratórias dispararam até alcançar o bispo Paul Marcinkus, então responsável pelo Instituto de Obras da Religião, o Banco Vaticano. João Paulo 1º havia se negado a ocultar o escândalo que sobrevoava as finanças vaticanas?
Os dados que se conhecem tornam pouco plausível essa hipótese, mas a verdade é que Marcinkus, um robusto prelado americano de origem lituana que havia se convertido na sombra de Paulo 6º, tinha motivos para lamentar a morte deste. Sua relação com Michele Sindona, um banqueiro ligado à Máfia, gerou suspeitas sobre a manipulação de dinheiro ilícito procedente dos EUA.
O escândalo explodiu em 1982, com a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, uma instituição católica da qual o Banco Vaticano era o principal acionista. A Santa Sé aceitou pagar milhões de dólares em indenizações a entidades estrangeiras afetadas pelo colapso do Ambrosiano. Roberto Calvi, presidente do banco, e Sindona optaram, supostamente, por suicidar-se. Marcinkus encontrou, entretanto, a proteção de João Paulo 2º, sucessor do papa Luciani, que o manteve no cargo até 1989. Um ano antes de se consumar a falência do Ambrosiano, o papa polonês sofreu um atentado gravíssimo, que as sucessivas investigações judiciais e o posterior julgamento não conseguiram esclarecer totalmente.
Outro tanto se pode dizer do assassinato, pelas mãos de guardas suíços, do comandante dessa histórica tropa papal, Alois Estermann, no mesmo dia em que foi confirmado em seu cargo, em maio de 1998. O Vaticano manejou melhor esse assunto explosivo, mas tampouco conseguiu evitar a gigantesca boataria em torno dele.
Foram os anos em que João Paulo 2º viajava pelo mundo e recebia no Vaticano, como um amigo pessoal, o padre Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, uma comunidade de religiosos com enorme desenvolvimento e consideração no México e em outros países. Maciel era um personagem influente nos palácios vaticanos e um dos mais queridos colaboradores do papa. Com grande discrição, trazia o dinheiro para as arcas sempre exaustas da Igreja e enchia com multidões as cerimônias religiosas presididas por Wojtyla. Mas a conduta do mexicano estava na boca de todo mundo. Numerosas denúncias de ex-legionários o descreviam como um sujeito cínico e amoral e um pedófilo consumado.
João Paulo 2º resistiu até sua morte, na primavera de 2005, a que se tomassem medidas contra Maciel, que um ano antes abandonou seu cargo à frente dos Legionários e morreu em 2008 com 89 anos, sem ser molestado por ninguém.
Joseph Ratzinger, que sucedeu Wojtyla à frente da Igreja com a promessa de acabar com a corrupção interna, arquivou a investigação sobre Maciel. Mas com a morte do fundador ficou claro seu histórico sexual de um depravado sem atenuantes.
Fonte: folha online
Nesta história cheia de traição, métodos obscuros, soldados do Altíssimo que lutam pelo poder com armas do demônio, um mordomo ladrão, um papa doente e um banco que usa o nome de Deus em vão, talvez o único homem bom seja o padre George.
George Gänswein é alemão, tem 57 anos, 1,80 metros de altura, corpo atlético, cabelos louros, olhos claros. Há nove anos é o secretário pessoal de Joseph Ratzinger, e há alguns meses seu único antídoto contra o ar envenenado do Vaticano. Um dia não muito distante, chegou ao seu número de fax - ao qual poucas pessoas têm acesso - uma carta comprometedora dirigida ao papa.
Depois que Bento 16 a lesse, monsenhor Gänswein decidiu guardá-la em seu pequeno escritório situado dentro do apartamento papal. Não convinha que aquela missiva saísse dançando por um Vaticano transformado em campo de batalha. Por isso, quando o padre George a viu publicada em um livro, com dezenas de documentos secretos, soube imediatamente que o traidor, o corvo, a toupeira, tinha de ser alguém muito próximo. Alguém da família.
Assim são chamados intramuros. A família pontifícia. A família do papa. Os habitantes do Apartamento - assim, com A maiúsculo, é como escrevem no Vaticano - no qual Joseph Ratzinger, mais caseiro que seu antecessor, o muito viajante Karol Wojtyla, passa a maior parte do dia. Além do padre George e do outro secretário, o sacerdote maltês Alfred Xuereb, "a família do papa" é composta por quatro laicas consagradas - Carmela, Loredana, Cristina e Rosella -, uma freira que o ajuda nos trabalhos de estudo e escrita, sóror Birgit Wansing, e um assistente de câmara, Paolo Gabriele, seu fiel Paoletto, o primeiro que há seis anos lhe dá bom-dia, o ajuda a vestir-se e a celebrar a missa, o acompanha em todas as audiências públicas e privadas, lhe serve o café da manhã, o vinho nas refeições e a infusão da tarde, o acompanha em seus passeios pelo jardim do terraço e, ao cair da noite, o ajuda a despir-se e ir para a cama.
"Boa noite, santidade."
A noite de 22 de maio foi a última em que Paolo Gabriele, 46, casado e com três filhos e dupla cidadania - italiana e vaticana -, acompanhou o papa. No dia seguinte, a Gendarmeria do Vaticano se apresentou em sua casa na Via de Porta Angelica, sobre o muro que separa os dois Estados, e o deteve. O segredo foi mantido por dois dias. No dia 25, no entanto, a notícia vazou: detido o mordomo do papa por revelar e divulgar documentos secretos. Os jornalistas buscam imagens do corvo, ou traidor. Não é difícil encontrá-las. Basta olhar as fotos do papamóvel. Junto do motorista, sempre com ar sério, aparece Paolo Gabriele. Atrás, de pé, distribuindo bênçãos, o papa, e no último assento, sorridente, o padre George Gänswein.
Se não fosse por seu físico - a revista "Vanity Fair" chegou a chamá-lo de monsenhor George Clooney -, o teólogo alemão seria um perfeito desconhecido. Até alguns meses atrás, George Gänswein executava exclusivamente seu papel de discreto ajudante de Joseph Ratzinger, sua sombra desde 1996, quando o então cardeal prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a antiga Inquisição, o chamou para o seu lado. No entanto, de um tempo para cá, padre George não teve remédio senão desempenhar um papel mais delicado: o de passagem secreta para ver o papa.
Aos 85 anos, Bento 16 vive isolado em seu Apartamento, encurralado pelas lutas entre os cardeais que tentam ganhar poder antes da celebração do próximo conclave. Ratzinger é um homem idoso e doente, mas é, sobretudo, um homem só. Seu velho amigo e teórico braço-direito, Tarcisio Bertone, o secretário de Estado do Vaticano, foi se afastando dele e ao mesmo tempo se transformou no inimigo a vencer pelos demais cardeais italianos.
É acusado de ambição desmedida, de relações perigosas com os poderes fortes da Itália, inclusive de se deixar influir por "ambientes maçônicos". O papa, que nos últimos tempos observou com tristeza como o cardeal Bertone demitiu ou enviou para o exílio alguns de seus colaboradores mais queridos, sempre responde com a mesma frase a quem o aconselha a mudar de secretário de Estado; "Já sou um papa velho..."
Tenta obter uma trégua, mas o resultado é o contrário. A luta é cada vez mais encarniçada. Bertone se radicaliza e seus inimigos também não descansam. Sentado junto ao fax do Apartamento, o padre George continua recebendo cartas terríveis dirigidas a Bento 16.
Joseph Ratzinger não se parece em nada com Karol Wojtyla. É verdade que uma grande amizade os unia e que João Paulo 2º se apoiou no cardeal alemão até sua morte. O polonês era luminoso, cordial, incansável. Passava o dia apertando mãos, sorrindo, percorrendo o mundo. Em tal medida que, ainda hoje, quando se passeia pelo centro de Roma, dá a impressão de que o papa continua sendo o polonês, porque seus postais são os mais presentes, os que mais vendem.
Não era difícil, portanto, falar com João Paulo 2º, fazer-lhe chegar uma mensagem. Bento 16, por sua vez, não se apaixona pelas relações humanas. É tímido, embora cordial, sisudo, paciente, amante da leitura, mais pendente dos assuntos do céu que dos da terra. De fato, só alguns cardeais escolhidos - Ruini, Scola, Bagnasco - conseguiram demonstrar pessoalmente a ele sua opinião desfavorável sobre Bertone. Ocorreu há um ano, durante um almoço no Palácio de Castel Gandolfo, a residência de verão do papa. Os demais têm de se conformar com utilizar um canal: o fax do padre George Gänswein...
Um canal que, desde o último verão, deixa de ser seguro. O primeiro golpe chega com a divulgação, através de um programa de televisão, de uma carta do arcebispo Carlo Maria Viganò, atual núncio nos EUA, na qual conta ao papa diversos casos de corrupção dentro do Vaticano e lhe pede para não ser removido de seu cargo de secretário-geral do Governatório - o departamento encarregado de licitações e fornecimentos. Viganò, porém, é enviado para longe de Roma pelo secretário de Estado, Tarcisio Bertone. Diversas fontes afirmam que o papa chegou a chorar com essa decisão, mas não se atreveu a contradizer Bertone.
O segundo vazamento revela um suposto complô para matar o pontífice. Trata-se de uma carta muito recente enviada a Bento 16 pelo cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos, na qual lhe conta que o cardeal italiano Paolo Romeo, arcebispo de Palermo (Sicília), acaba de realizar uma viagem à China durante a qual teria comentado: "O papa morrerá em 12 meses". Mas não só isso. Segundo a carta do bispo colombiano, escrita em alemão e sob o selo de "estritamente confidencial", o arcebispo de Palermo despachou à vontade no país asiático, contando supostos segredos do Vaticano, como que o papa e seu número 2, Bertone, têm vontade de se matar reciprocamente e que Bento 16 está deixando tudo bem amarrado para que seu sucessor à frente da Igreja seja o atual arcebispo de Milão, o cardeal Angelo Scola.
Aqueles vazamentos de documentos, embora ainda a conta-gotas, causam comoção no Vaticano. Seu porta-voz, o padre Federico Lombardi, chega a admitir que a Igreja está sofrendo seu "Vaticanleaks" particular. O jornal "L'Osservatore Romano" publica um editorial em que descreve a situação de Bento 16: um pastor cercado por lobos.
Enquanto isso, Paolo Gabriele continua chegando todos os dias às 6 da manhã ao Apartamento para acordar o papa. É um privilegiado. Todos os funcionários do Vaticano o são. Não ganham um grande salário, mas fazem parte do plantel de uma empresa com 20 séculos de antiguidade, que dificilmente irá à falência, com prestígio social na cidade de Roma e uma série de vantagens - moradia dentro dos 40 hectares do Vaticano, gasolina muito barata - que na maioria dos casos são herdadas por seus filhos. A tempestade que nestes dias - o final de 2011 - açoita a Igreja passará. Como sempre, pelos séculos dos séculos.
Há uma anedota muito representativa. Há alguns anos, um jornalista espanhol perguntou a um cardeal sobre um conflito no seio da Igreja. O purpurado, muito sério, iniciou assim sua resposta: "Já tivemos esse problema no século 13...".
A resposta, embora com outras palavras, continua sendo a mesma, inclusive a mais comum durante os dias posteriores à detenção de Paoletto: "Já tivemos problemas parecidos, inclusive maiores, e sempre seguimos em frente. Talvez o que mude agora é a velocidade e a magnitude na difusão da notícia. Isso, e não sua gravidade, é o que amplia o problema". O problema, uma guerra de poder, puramente italiana. Tanto os sobrenomes que ilustram essa história de intrigas e golpes baixos como as armas escolhidas para o duelo têm denominação de origem. "Um típico jogo italiano", o qualificam alguns meios de informação. Além disso, há uma razão de peso para que seja assim.
A cadeira de Pedro continua sendo ocupada por um estrangeiro desde 1978. A um papa polonês (João Paulo 2º, de 1978 a 2005) sucedeu um papa alemão (Bento 16, de então até hoje) e, se os cardeais italianos com menos de 80 anos - os que podem participar do conclave - não estiverem atentos poderão perder uma oportunidade de ouro. Atualmente, os cardeais eleitores são 122. Italianos, 30 (menos de um quarto), 11 americanos e seis alemães. Se quando Ratzinger morrer ou se demitir não o suceder um italiano, na próxima vez será mais difícil.
Antes inclusive do escândalo, já era patente o peso excessivo da Igreja italiana no Vaticano. Praticamente todos os cargos de responsabilidade relacionados às finanças estão em mãos italianas, apesar de os maiores contribuintes serem americanos e alemães. Da mesma forma, embora os EUA, a Ásia e a África sejam mais o presente que o futuro da Igreja Católica, no último consistório, realizado em 18 de fevereiro passado, não foi nomeado nenhum cardeal africano, e só um latino-americano.
Há alguns dias, um alto representante do Vaticano manifestou sua contrariedade: "Na América Latina já estão 47% dos católicos do mundo. Ali as igrejas estão cheias e na Europa vazias, mas o Vaticano continua demorando muito para nomear cardeais que não sejam europeus...". Miloslav Vlk, cardeal de Praga e porta-voz da Igreja Internacional, o diz sem rodeios: "Talvez tenhamos perdido o impulso que nos deram Paulo 6º e João Paulo 2º e depois recolhido por Bento 16: uma Igreja que se abre para o mundo, um colégio cardinalício e uma Cúria mais internacionais, e portanto mais capazes de escutar as vozes e captar a energia que chegam também de longe".
A detenção do mordomo ocorre algumas horas depois de outro fato muito grave. A demissão fulminante de Ettore Gotti Tedeschi, presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como Banco Vaticano. A primeira explicação fala em "irregularidades em sua gestão", mas depois o tom vai aumentando até chegar quase ao linchamento. A primeira explicação oficial critica o economista de 67 anos por "não ter desenvolvido funções de primeira importância para seu cargo".
A verdade é que o Banco Vaticano está sendo submetido desde setembro passado a uma investigação judicial por suposta violação das normas contra a lavagem de capitais. Além de Gotti Tedeschi - presidente também do Santander Consumer Bank, a filial italiana do Banco Santander -, a promotoria investiga o diretor-geral do IOR, Paolo Cipriani. O diretor mostra-se enfurecido em suas declarações à imprensa: "Prefiro não falar. Se o fizesse, só diria palavras feias. Debato-me entre a ânsia de explicar a verdade e não querer turvar o Santo Padre com tais explicações".
Tedeschi é dos poucos que guarda fidelidade ao papa. De fato, foi o próprio Joseph Ratzinger quem o recomendou a Bertone. Eram mais que velhos amigos. O economista, membro do Opus Dei, havia colaborado com o papa na encíclica "Caritas in veritate". Agora, a colaboração que lhe pedia era mais terrena, e, portanto, mais difícil: resgatar das mãos do demônio as contas de Deus. Limpar o Banco Vaticano. Bertone e Tedeschi se chocam. Parece que há tempo não se falam. O economista amigo do papa ameaça se demitir. O secretário de Estado se adianta e o demite. Mas não se contenta com isso. Em plena guerra de vazamentos, aparece um documento no qual se ataca o já ex-presidente...
O assunto fica em segundo lugar. Toda a atenção agora está concentrada na sorte de Paolo Gabriele. A primeira pergunta é: por que fez isso? A segunda: para quem? Roma é tomada por um bando de corvos anônimos que se dizem companheiros de Paoletto, uma espécie de cruzada contra os assuntos turvos do Vaticano. "Paoletto não está só", afirmam, "somos muitos, inclusive muito acima. Queremos defender o papa, denunciar a corrupção, fazer limpeza no Vaticano."
As vozes anônimas confirmam o que já se sabia - o Vaticano é há meses um campo de batalha entre diferentes facções que lutam pelo poder -, mas suas teóricas intenções são difíceis de acreditar. Tão incríveis quanto alguns detalhes da operação: à frente estaria uma mulher e a tropa seria formada por uma plêiade de vingadores, de cardeais a mordomos, incluindo um pirata informático. Seu principal objetivo: proteger o papa de Tarcisio Bertone.
Depois de vários dias em silêncio, o papa fala. Mas não diz nada. Remonta 20 séculos atrás para lembrar que Jesus também foi traído. Acusa os meios de comunicação de ampliar o problema e confirma em seus cargos todos os seus colaboradores - incluindo Tarcisio Bertone Os muros do Vaticano se fecham ainda mais. O mistério, sempre presente nas histórias religiosas e laicas de Roma, envolve tudo. Paoletto já falou? Disse se roubou a correspondência do papa por sua conta ou por encomenda? Talvez seja o padre George, sentado junto a seu fax, o único que sabe a verdade, talvez o único que cumpra sua função de proteger o papa. Ou talvez não. Se em alguma coisa concordam crentes e descrentes de um lado e outro do Tibre é em que, como é habitual nos assuntos referentes ao Vaticano, jamais se saberá a verdade. Nunca se conhecerá o verdadeiro chefe de Paolo Gabriele, a identidade do corvo vestido de púrpura.
A Igreja Católica, que precisa da fé para continuar existindo, continua sentindo-se cômoda na obscuridade. "Já tivemos esse problema no século 13..." Em sua primeira encíclica - "Deus caritas est" (2005) -, Bento 16 citava uma frase de santo Agostinho que hoje soa profética: "Sem justiça, o que são os reinos senão um grande bando de ladrões?"
Em foto tirada no dia 23 de maio, o mordomo Paolo Gabriele (na frente) acompanha Bento 16 no Papa Móvel, chegando à praça São Pedro, no Vaticano
Intrigas e as lutas de poder provocaram escândalos durante séculos
Corvos no Vaticano? Maledicência e contas pendentes resolvidas nos meios de comunicação? "Peccata minuta" diante do histórico de escândalos do Estado pontifício, um território de apenas meio quilômetro quadrado onde as lutas de poder e a ambição sem limites criaram um microclima insano durante séculos. Não é preciso retroagir aos tempos dos Borgia (transformados, com fama de envenenadores, em bodes-expiatórios de toda a depravação do Renascimento italiano) para encontrar episódios sombrios desse suposto centro da espiritualidade cristã.
Em 28 de setembro de 1978, morria aos 65 anos João Paulo 1º, o italiano Albino Luciani, 33 dias depois de ser eleito papa. Oficialmente morreu de infarto, mas o cadáver de um pontífice nunca é submetido a autópsia. As teorias conspiratórias dispararam até alcançar o bispo Paul Marcinkus, então responsável pelo Instituto de Obras da Religião, o Banco Vaticano. João Paulo 1º havia se negado a ocultar o escândalo que sobrevoava as finanças vaticanas?
Os dados que se conhecem tornam pouco plausível essa hipótese, mas a verdade é que Marcinkus, um robusto prelado americano de origem lituana que havia se convertido na sombra de Paulo 6º, tinha motivos para lamentar a morte deste. Sua relação com Michele Sindona, um banqueiro ligado à Máfia, gerou suspeitas sobre a manipulação de dinheiro ilícito procedente dos EUA.
O escândalo explodiu em 1982, com a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, uma instituição católica da qual o Banco Vaticano era o principal acionista. A Santa Sé aceitou pagar milhões de dólares em indenizações a entidades estrangeiras afetadas pelo colapso do Ambrosiano. Roberto Calvi, presidente do banco, e Sindona optaram, supostamente, por suicidar-se. Marcinkus encontrou, entretanto, a proteção de João Paulo 2º, sucessor do papa Luciani, que o manteve no cargo até 1989. Um ano antes de se consumar a falência do Ambrosiano, o papa polonês sofreu um atentado gravíssimo, que as sucessivas investigações judiciais e o posterior julgamento não conseguiram esclarecer totalmente.
Outro tanto se pode dizer do assassinato, pelas mãos de guardas suíços, do comandante dessa histórica tropa papal, Alois Estermann, no mesmo dia em que foi confirmado em seu cargo, em maio de 1998. O Vaticano manejou melhor esse assunto explosivo, mas tampouco conseguiu evitar a gigantesca boataria em torno dele.
Foram os anos em que João Paulo 2º viajava pelo mundo e recebia no Vaticano, como um amigo pessoal, o padre Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, uma comunidade de religiosos com enorme desenvolvimento e consideração no México e em outros países. Maciel era um personagem influente nos palácios vaticanos e um dos mais queridos colaboradores do papa. Com grande discrição, trazia o dinheiro para as arcas sempre exaustas da Igreja e enchia com multidões as cerimônias religiosas presididas por Wojtyla. Mas a conduta do mexicano estava na boca de todo mundo. Numerosas denúncias de ex-legionários o descreviam como um sujeito cínico e amoral e um pedófilo consumado.
João Paulo 2º resistiu até sua morte, na primavera de 2005, a que se tomassem medidas contra Maciel, que um ano antes abandonou seu cargo à frente dos Legionários e morreu em 2008 com 89 anos, sem ser molestado por ninguém.
Joseph Ratzinger, que sucedeu Wojtyla à frente da Igreja com a promessa de acabar com a corrupção interna, arquivou a investigação sobre Maciel. Mas com a morte do fundador ficou claro seu histórico sexual de um depravado sem atenuantes.
Fonte: folha online
quinta-feira, junho 07, 2012
Ayres Britto lembra aos petistas: STF é independente
Presidente do tribunal afirmou que os ministros não se deixarão influenciar por pressões para atrasar o julgamento do mensalão.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou nesta quarta-feira que a Corte não se deixará influenciar por pressões para atrasar o julgamento do mensalão. “O Judiciário é imune a esses dissensos”, disse Ayres Brito ao chegar ao tribunal. “Isso não nos tira do eixo. Não perderemos o foco, que é julgar atentos à prova dos autos. O STF é sobranceiro, altivo e independente”.
Reportagem de VEJA desta semana mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem usando sua influência para chantagear ministros do STF. Nesta terça-feira, o ministro Gilmar Mendes acusou Lula de operar uma central de fofocas para tentar “melar” o julgamento do mensalão, que tem de acontecer ainda este ano para que os crimes mais graves não prescrevam.
A data do julgamento do mensalão, no entanto, só pode ser marcada quando o revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, apresentar seu voto. Ayres Britto calcula que o tribunal levará mais de cem horas e até seis semanas para julgar o caso. “Estamos tentando definir uma data para que o julgamento se faça de uma vez por todas”, afirmou o presidente do Supremo.
Ayres Britto evitou, no entanto, opinar sobre a fala de Gilmar Mendes, que, na terça-feira, subiu o tom contra Lula. “Certamente Gilmar Mendes tomará as providências compatíveis com o quadro que ele mesmo traçou”, disse. Mendes, por sua vez, chegou ao tribunal sorridente, mas não quis falar com a imprensa.
Marco Aurélio de Mello disse compreender a vontade de Lula de fazer chegar aos ministros sua opinião sobre o julgamento do mensalão, mas condenou a tentativa de intimidar quem quer que seja. “Lula está integrado a um partido”, observou Marco Aurélio. "Há quem diga que ele é o partido. E há pessoas do partido acusadas no processo. O que discrepa da realidade é ele falar sobre contraprestação de proteção a um ministro. Gilmar Mendes não precisa ser protegido. Ele não está sendo investigado pela CPI”.
Segundo Marco Aurélio, Mendes comunicou ao presidente do STF, Ayres Brito, sobre a pressão feita por Lula na quarta-feira passada. “Ele percebeu que estavam minando o seu caminho com notícias que não correspondiam à realidade e resolveu escancarar a conversa com Lula”, afirmou Marco Aurélio.
Abaixo-assinado - Quatro representantes do Movimento 31 de Julho Contra a Corrupção e a Impunidade protocolaram no Supremo Tribunal Federal nesta tarde um documento com 37.000 assinaturas pedindo aos ministros celeridade no julgamento do mensalão. “Esse é um caso emblemático da corrupção no Brasil”, afirmou a engenheira Ana Luiza Archer, uma das fundadoras do movimento.
As assinaturas foram coletadas por meio da internet e presencialmente por mais de trinta grupos de ativistas. O documento pede que os magistrados não permitam que os crimes do mensalão prescrevam antes do julgamento. “Deixar que ocorra a prescrição e que os acusados continuem se aproveitando da demora do julgamento significa a verdadeira oficialização da impunidade no Brasil”, informa o abaixo-assinado
Fonte: veja online
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou nesta quarta-feira que a Corte não se deixará influenciar por pressões para atrasar o julgamento do mensalão. “O Judiciário é imune a esses dissensos”, disse Ayres Brito ao chegar ao tribunal. “Isso não nos tira do eixo. Não perderemos o foco, que é julgar atentos à prova dos autos. O STF é sobranceiro, altivo e independente”.
Reportagem de VEJA desta semana mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem usando sua influência para chantagear ministros do STF. Nesta terça-feira, o ministro Gilmar Mendes acusou Lula de operar uma central de fofocas para tentar “melar” o julgamento do mensalão, que tem de acontecer ainda este ano para que os crimes mais graves não prescrevam.
A data do julgamento do mensalão, no entanto, só pode ser marcada quando o revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, apresentar seu voto. Ayres Britto calcula que o tribunal levará mais de cem horas e até seis semanas para julgar o caso. “Estamos tentando definir uma data para que o julgamento se faça de uma vez por todas”, afirmou o presidente do Supremo.
Ayres Britto evitou, no entanto, opinar sobre a fala de Gilmar Mendes, que, na terça-feira, subiu o tom contra Lula. “Certamente Gilmar Mendes tomará as providências compatíveis com o quadro que ele mesmo traçou”, disse. Mendes, por sua vez, chegou ao tribunal sorridente, mas não quis falar com a imprensa.
Marco Aurélio de Mello disse compreender a vontade de Lula de fazer chegar aos ministros sua opinião sobre o julgamento do mensalão, mas condenou a tentativa de intimidar quem quer que seja. “Lula está integrado a um partido”, observou Marco Aurélio. "Há quem diga que ele é o partido. E há pessoas do partido acusadas no processo. O que discrepa da realidade é ele falar sobre contraprestação de proteção a um ministro. Gilmar Mendes não precisa ser protegido. Ele não está sendo investigado pela CPI”.
Segundo Marco Aurélio, Mendes comunicou ao presidente do STF, Ayres Brito, sobre a pressão feita por Lula na quarta-feira passada. “Ele percebeu que estavam minando o seu caminho com notícias que não correspondiam à realidade e resolveu escancarar a conversa com Lula”, afirmou Marco Aurélio.
Abaixo-assinado - Quatro representantes do Movimento 31 de Julho Contra a Corrupção e a Impunidade protocolaram no Supremo Tribunal Federal nesta tarde um documento com 37.000 assinaturas pedindo aos ministros celeridade no julgamento do mensalão. “Esse é um caso emblemático da corrupção no Brasil”, afirmou a engenheira Ana Luiza Archer, uma das fundadoras do movimento.
As assinaturas foram coletadas por meio da internet e presencialmente por mais de trinta grupos de ativistas. O documento pede que os magistrados não permitam que os crimes do mensalão prescrevam antes do julgamento. “Deixar que ocorra a prescrição e que os acusados continuem se aproveitando da demora do julgamento significa a verdadeira oficialização da impunidade no Brasil”, informa o abaixo-assinado
Fonte: veja online
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