As múmias se mexem
31/01/2011
O gênio político Sandro Mabel (PR-GO), dono das bolachas Mabel (classe C) e candidato a presidir a Câmara dos Deputados, deu a seguinte declaração (vazada sem que ele soubesse) há algumas semanas sobre o aumento do salário mínimo, ainda não decidido pelo governo Dilma:
"Eu sempre sou a favor que se suba o salário mínimo, mas acho que tem que existir sempre uma dosagem. Quanto mais [eles têm], mais exigentes eles ficam. Eles querem mais coisas. Então tem que tomar cuidado", disse o deputado.
Os acontecimentos dos últimos dias em um dos maiores países do mundo árabe, o Egito, pode ser resultado dessa lógica explicitada pela simplicidade mau caráter de Mabel.
O fato é que os egípcios finalmente se manifestam contra uma ditadura de quase 30 anos, que manipula seguidamente eleições e tolhe a liberdade política no país.
O Egito segue o mesmo roteiro de inconformidade e protestos (embora em proporções bem maiores) de outros países da região, como Argélia, Líbia, Jordânia e Iêmen.
Na Tunísia, os protestos populares foram suficientes para derrubar há duas semanas o ditador Zine Ben Ali, que se mantinha no poder há 23 anos.
Foi a Tunísia, aliás, que literalmente pôs fogo no mundo árabe. Ben Ali caiu após protestos que se seguiram à auto imolação com gasolina e fogo de um camelô agredido por policiais após ter sua banca de frutas confiscada.
Longe do radar global, os países do norte da África vêm (assim como os ao sul do Saara) passando por transformações econômicas importantes nos últimos anos.
Na média, é uma das regiões mais dinâmicas do mundo. Isso não tem a ver somente com petróleo e bases comparativas muito baixas.
Mas com as atuais mudanças globais. Com grandes países consumidores como China, Índia e mesmo o Brasil aumentando necessariamente o volume de investimentos e comércio com a região. E com um amadurecimento de políticas macroeconômicas responsáveis.
O Egito cresce ao redor de 5% ao ano desde 2008. A Tunísia, perto dos 4%. Abaixo do Saara, a Nigéria e Angola devem crescer acima de 7% neste ano.
Embora o crescimento desses países seja agora constante, há dois aspectos relevantes sobre eles: desemprego e inflação seguem elevados, o que indica concentração da riqueza que vem sendo gerada; e existe uma tremenda falta de análises, estatísticas e números a respeito dessas economias, seja do FMI ou do Banco Mundial.
Algo de muito novo e relevante ocorre por ali.
Mas, tirando as análises geopolíticas do século passado, quase nada sabemos sobre isso.
Fonte:folha online
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